Abel Beja – Bran Morrighan https://branmorrighan.com Literatura, Leitura, Música e Quotidiano Mon, 28 Dec 2020 05:34:47 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.9 https://branmorrighan.com/wp-content/uploads/2020/12/cropped-Preto-32x32.png Abel Beja – Bran Morrighan https://branmorrighan.com 32 32 [Playlist da Quinzena] 16 a 30 de Novembro de 2014 – As Escolhas de Abel Beja (Primitive Reason) https://branmorrighan.com/2014/11/playlist-da-quinzena-16-30-de-novembro-4.html https://branmorrighan.com/2014/11/playlist-da-quinzena-16-30-de-novembro-4.html#respond Sun, 16 Nov 2014 16:00:00 +0000

Heitor Villa-Lobos – Prelude n.4 interpretado por Manuel Barrueco: Um dos meus compositores preferidos de música para Guitarra Clássica. Não é por acaso que o repertório de Villa-Lobos é um ‘standard’ entre interpretes do género. Tive a oportunidade de assistir a um concerto/masterclass de Manuel Barrueco quando estudava na faculdade, um dos momentos que me marcou muito e considero-o um dos grandes interpretes do instrumento.

Baden Powell – Alcântara: Curiosamente, só descobri este grande músico brasileiro quando vim para Portugal. Vi um documentário sobre ele na TV, na RTP 2 se não me engano, e desde então tem sido uma fonte de inspiração na viola dedilhada.

The Doors – Spanish Caravan: Esta banda faz-me sempre lembrar o meu pai e a minha infância, quando iamos no carro para qualquer lado. Não tinhamos muitos gostos musicais em comum (não me identificava com as cassettes de música popular portuguesa que trazia sempre com ele), mas quando tocavam os Doors na rádio ele metia o volume bem alto e curtiamos o som à brava! A somar a isto, as letras desta música em particular, “take me to Portugal, take me to Spain”, acho que nesse momento começou aquela curiosidade de um dia descobrir as minhas raízes.

Bob Marley & the Wailers – Slave Driver: Este disco marcou-me muito quando o ouvi pela primeira vez. Na altura ainda não ouvia muito Reggae, mas numa viagem à Florida no início dos anos ‘90 um grande amigo mostrou-me “Talkin’ Blues” e fiquei rendido! Contém algumas músicas gravadas ‘ao vivo’ num estúdio de uma rádio em San Francisco. A banda andava em digressão pelos Estados Unidos e estavam bem rodados. Ouve-se a intensidade e determinação do Bob e companheiros ao conquistar os americanos, e os pequenos comentários (retiradas de uma entrevista para a rádio) são demais!

Creation Rebel – The Dope: A par do Rock e World Music, o Reggae e o Dub são dos géneros musicais que mais aprecio. Os Creation Rebel, os músicos de estúdio e o trabalho do produtor Adrian Sherwood, são uma grande escola de Dub. Tiveram uma grande influência em mim e tornaram-se uma referência no meu estilo de tocar guitarra e abordagem à música em geral.

Jimi Hendrix – Little Wing: Não há muito a dizer que ainda não tenha sido dito sobre Jimi. Foi um ‘game changer’ quando apareceu na cena musical em Londres e tinha um estílo único. Esta música é uma das grandes referências para os guitarristas. Quando ouves a guitarra sabes que é o Jimi, e isso diz tudo!

Cream – Sunshine Of Your Love: Cream foi o primeiro ‘supergrupo’ a ter sucesso e influenciaram muitos outros que surgiram mais tarde. Eram conhecidos pelas extensas improvisações ao vivo mas também tiveram alguns singles, como é o caso deste tema que escolhi, que marcaram gerações. “Sunshine” foi das primeiras músicas que aprendi a tocar na guitarra. Jack Bruce (baixista e vocalista), nome incontornável na casa do meu tio onde passava tardes a ouvir música na adolescência, morreu recentemente. Esta escolha é uma pequena homenagem ao grande músico.

The Who – The Real Me; Led Zeppelin – Good Times Bad Times: As duas bandas que mais me inspiraram desde a adolescência. Acho que são das maiores influências de sempre no Rock em geral. Ainda hoje em dia, o som deles está “carimbado” em qualquer tema do género e não só. Afinal, o que seria o hip-hop sem os samples de batidas de John Bonham?!

Black Sabbath – Symptom Of The Universe: O mesmo pode-se dizer dos Black Sabbath em relação à música ‘pesada’. E o Tony Iommi, grande referência nas malhas de guitarra distorcida! Imagina o que era ouvir este som nos anos ‘70 depois da ‘Hippie Generation’ e Woodstock. Impressionante! Acho que foi a melhor forma de chatear os meus pais, e os meus vizinhos… Ainda hoje é! 🙂

Dub Trio – Not For Nothing: Um Dub/Rock Cross-over trio instrumental de Nova Iorque que surgiu em 2004. Será que também foram influenciados pelos Primitive Reason?! Não sei, mas são das bandas novas mais interessantes que tenho ouvido nos últimos anos. Também fazem parte da banda de Matisyahu e o Mike Patton já gravou algumas músicas com eles. Worth checking out!

Fotografia por Sofia Teixeira

Abel Beja é músico nos Primitive Reason, fazendo parte da banda há quase 15 dos 20 anos de existência da mesma. Para além de ser um dado adquirido que adora guitarras e basquetebol, foi também um grande prazer saber mais sobre as suas origens e as suas memórias dos seus primeiros tempos com Primitive Reason. Sobre todas estas coisas podem ler na entrevista que ele cedeu ao Morrighan, aqui: http://goo.gl/M2HYq9

Só posso agradecer a disponibilidade e simpatia infinita com que o Abel aceitou este meu pequeno desafio. É uma honra ter um mês Primitive Reason (a quinzena passada foi o Guillermo de Llera, fundador dos PR, a fazer as honras da Playlist da Quinzena), quando esta é uma das bandas de maior referência do nosso país. Relembro que podem acompanhar o Abel no seu site oficial: http://abelbeja.com/

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Entrevista a Abel Beja, Músico dos Primitive Reason https://branmorrighan.com/2014/11/entrevista-abel-beja-musico-dos.html https://branmorrighan.com/2014/11/entrevista-abel-beja-musico-dos.html#respond Sun, 16 Nov 2014 14:00:00 +0000 Quando existem bandas que nos marcam é fácil aparecer a vontade de sabermos mais sobre elas e sobre as pessoas que dão a cara por elas. Quando entrevistei os Primitive Reason neste Verão, fiquei com uma admiração sincera pelo Guillermo de Llera e pelo Abel Beja. A paixão com que falavam da sua música era por demais evidente e à semelhança do que fiz na quinzena anterior com o Guillermo, desafiei o Abel a responder a algumas perguntas e a mostrar-nos mais sobre si mesmo enquanto indivíduo. A Playlist da Quinzena que irá hoje para o ar será sua e, como tal, aqui fica a sua entrevista. O meu muito obrigada pela simpatia, humildade e disponibilidade! 

Fotografia por Sofia Teixeira

Abel, como é que se deu a tua entrada no mundo da música? Tiveste formação académica?

Comecei desde cedo a cultivar o gosto pela música. Durante o 1º ciclo escolar passava as tardes, depois das aulas, na casa dos meus avós onde também viviam os meus tios, irmãos mais novos do meu pai, que estavam sempre a ouvir música, sobretudo Classic Rock. 

Um deles era mesmo uma “enciclopédia viva” do género e acabou por ser a minha grande influência na escolha de seguir a vida de músico. Levava-me às lojas de vinil, às escondidas da minha mãe, oferecia-me discos e gravava vídeos de concertos de bandas. Com apenas 7 anos já era grande fã de bandas como The Beatles, Led Zeppelin, The Who ou The Doors. Lembro-me de estar frente à aparelhagem a cantar e a ‘tocar’ com uma raquete de ténis grandes malhas de guitarra ou de chorar quando ouvi dizer que tinha morrido John Bonham! 

Ao ver uma gravação de AC/DC ao vivo e ao deparar-me com o guitarrista a curtir à brava, a dançar freneticamente em palco e a saltar nas colunas, pensei: “É isto mesmo que eu quero fazer da minha vida!”. Comecei a juntar dinheiro e aos 14 anos comprei a minha primeira guitarra eléctrica. Comecei como autodidacta e eventualmente tive aulas privadas. Com 16 anos já tinha formado uma banda e estreei-me a dar concertos. 

Mais tarde, prossegui os meus estudos musicais e obtive uma licenciatura em música na vertente de guitarra clássica na Aaron Copland School of Music em Nova Iorque.

O que é que mais te inspira na música?

A influência que a música tem sobre as pessoas. Assim como na civilização antiga grega acreditavam que a música e a matemática regiam o universo e criavam bons cidadãos, hoje em dia a música continua a provocar sentimentos tão diversos como a alegria, tristeza, nostalgia, raiva ou até confiança. Portanto, é o poder da música sobre os comportamentos do homem que mais me inspira.

Porquê a guitarra como instrumento de eleição? Que referências é que trazes sempre contigo?

Na realidade, e como qualquer miúdo, inicialmente queria era tocar bateria mas não consegui convencer a minha mãe que o barulho seria pouco! Sendo assim, virei a minha atenção para a guitarra, já que qualquer um destes instrumentos é típico na formação do Rock, género que está na base do meu crescimento. Quando peguei numa guitarra pela primeira vez fiquei fascinado e ao assistir ao tal video dos AC/DC apercebi-me que tinha chegado o momento decisivo! Ainda sou um apaixonado pelo ritmo e olhando para trás, todas as minhas bandas preferidas tinham ou têm grandes bateristas. Mesmo em relação à guitarra, o que mais me impressiona não são os grandes solos mas os mestres de rhythm guitar. 

É impossível falar sobre guitarra sem mencionar alguns clássicos com os quais cresci como Jimmy Page, Pete Townsend, Jimi Hendrix, Robby Krieger ou Tony Iommi, mas as minhas referências são muitas e diversas… Baden Powell, Heitor Villa-Lobos, Andy Summers, Andres Segovia, Wes Montgomery, Manuel Barrueco, Earl ‘Chinna’ Smith, Leo Brouwer, Ernest Ranglin, Nile Rodgers, Carlos Paredes, Rabih-Abou-Kahlil, Ustad Vilayat Khan, and the list goes on 😉

Ainda tens memórias da tua primeira interacção com Primitive Reason?

Sim, lembro-me da primeira vez que conheci o Brian Jackson e o resto da banda num pequeno bar em Cascais quando vim a Portugal de férias em 1995. Em 1996, regressei e vi a banda pela primeira vez a tocar ao vivo num bar na Fonte da Telha (Costa da Caparica). Tinham lançado o Alternative Prison há pouco tempo e já arrastavam multidões aos concertos. Quando acabei a faculdade em 1997, decidi fazer uma viagem pela Europa e, de seguida, fiquei a viver em Portugal durante alguns meses para conhecer melhor o país antes de regressar a Nova Iorque. Foi nessa altura que fizemos uns jams juntos pela primeira vez e desenvolvemos uma grande amizade. Fomos sempre mantendo o contacto e, mais tarde, no final de 1998 recebi uma chamada do Jorge Felizardo a dizer que a banda se iria mudar para Nova Iorque. 

Pouco depois ficaram sem guitarrista e comecei a trabalhar com eles. Ajudava no que podia enquanto procuravam um substituto, já que na altura eu continuava a tocar com uma banda que liderava com o meu irmão James. Cheguei a gravar umas maquetes para o que seria o álbum Some of Us que acabariam por gravar por lá. Depois do lançamento do disco, o James e eu fomos convidados a fazer parte da banda.

Fotografia por Sofia Teixeira

E do primeiro concerto? Recordaste do que sentiste ao subir ao palco pela primeira vez?

O meu primeiro concerto com os Primitive Reason foi numa sala mítica nova-iorquina chamada Wetlands, em Junho do ano 2000. Lembro-me que, mal entrei na banda, tive menos de duas semanas para aprender todas as músicas que constavam no alinhamento. O concerto correu muito bem! Apesar de não estar nervoso, já que pisava palcos há uma dúzia de anos, lembro-me de sentir uma certa ansiedade ao pensar que este seria um concerto especial, um marco importante para mim e para a banda que ainda estava a dar os primeiros passos em território estrangeiro.

Entretanto a banda leva mais de 20 anos e tu vais quase com 15 a acompanhá-la. A entrada nos PR mudou-te de alguma maneira?

De certa forma, fez-me crescer enquanto músico profissional, ganhei maturidade, calo como se costuma dizer! Por outro lado, foi de encontro ao que já estava a ser o meu caminho musical e ao meu gosto pela diversidade de estilos que acabei por conseguir aprofundar nesta fusão que é a marca e a essência da banda. A liberdade na criatividade e a irreverência, assim como a quebra de regras e padrões foi uma das principais razões para sentir que estava na banda perfeita, em sintonia com o que acreditava e defendia e é ainda a razão para continuar com a mesma entrega desde a minha entrada. 

Para além do que referi, deu-me a oportunidade de trabalhar com uma banda que já admirava e que assumia níveis de exigência muito grandes, por isso acabou por ser igualmente um novo desafio. Tornou-se uma verdadeira “escola musical”, com a constante entrada e saída de músicos ao longo destes 15 anos, onde já fui ao mesmo tempo aluno e professor. Tem sido uma honra e um orgulho partilhar esta viagem com o Guillermo. 

Passaste muito tempo nos Estados Unidos, gostavas de voltar? O que é que mais te fascinava por lá?

Tive a sorte de os meus pais terem arriscado na aventura de emigrar para os Estados Unidos em finais dos anos ‘60. Nasci e cresci em Jamaica (Queens), Nova Iorque, palco multi-cultural efervescente da cena musical e em particular nos anos ‘70 e ´80 quando havia sempre novidades a surgir. A origem de muitas modas que hoje em dia estão a voltar, o chamado retro, eu vivi em primeira mão. Só da zona onde cresci, emergiram diversas bandas pioneiras do seu género como The Ramones e Run DMC ou Anthrax, respirava-se e vivia-se cultura em qualquer esquina, o que acabava por ser uma constante fonte de inspiração.

Tive a oportunidade única de crescer num local onde tinha acesso a tudo, a qualquer momento com uma riqueza cultural muito variada e com uma infinitude de ofertas ao nível de concertos.

Toda esta experiência, moldou-me enquanto músico e pessoa, foi muito importante no meu desenvolvimento e foi uma rampa para novos caminhos. Aproveitei o melhor do que tinha para me oferecer e senti que tinha chegado à altura de vir para a Europa, nomeadamente Portugal, onde a cultura e os saberes tradicionais me fascinavam e me chamavam para conhecer melhor as minhas raizes. Depois de acabar a faculdade, fui passando cada vez mais tempo por cá, sentia-me cada vez mais em casa. Depois de engressar nos PR e ter feito várias digressões pelos EUA, a banda voltou para Portugal e desde aí, mudei-me definitivamente para cá em 2001.

A vida de músico nem sempre é fácil, com os PR sei que nas tours pelos EUA muitas vezes dormiam em péssimas condições e as viagens conseguiam ser dolorosas. Achas que faltam dessas experiências a quem começa agora no mundo da música? 

Penso que é importante a experiência de estrada para qualquer banda que está no começo. Além da banda se tornar musicalmente mais coesa, é nessa altura que se fortalecem as relações entre colegas e se tornam um verdadeiro grupo. As condições menos boas, apenas vão ditar quem aguenta este percurso de altos e baixos e quem está realmente disposto a sacrificar-se por esta vida de músico.  

És também professor/instrutor de guitarra. Existe algum tipo de filosofia, relacionada com a música, que gostes de passar aos teus alunos?

Para mim, o ensino é uma forma de partilhar conhecimento e experiências.Tento passar a mensagem de que não tenham medo de se expressar livremente, não fiquem presos a regras ou preocupados com o que os outros pensam ou andam a fazer. Tento, acima de tudo, ser um guia, dar sugestões e ajudar na aprendizagem ao tratar cada um como único. Mas digo-lhes sempre  que ser músico, tal como qualquer outra profissão requer 90% de trabalho e 10% de talento.

Qual a tua opinião sobre o panorama musical em Portugal?

Acho que estão a surgir cada vez mais projectos musicais interessantes mas infelizmente, ainda não existem muitas oportunidades para se desenvolverem. Está cada vez mais difícil fazer carreira musical em Portugal porque a indústria já não investe como antigamente. Por outro lado, temos as novas plataformas de divulgação que permitem dar alguma visibilidade a estes projectos e começam a surgir mais festivais que promovem a música portuguesa, o que é muito positivo para o futuro da música nacional. 

Fotografia por Sofia Teixeira

Por muito tempo que passe, achas que os Primitive Reason vão ser sempre uma banda de supremacia musical no que toca ao seu género?

Tenho consciência que os PR foram pioneiros no seu género musical e que têm influenciado outras bandas que foram surgindo ao longo destes anos. É curioso o facto de que já partilhámos o palco com bandas que confessaram que fomos a sua principal influência e depois seguiram o seu caminho. Contudo, nunca olhámos para nós dessa forma. Fomos simplesmente fazendo música sem ter essa preocupação em mente, tentando sempre evoluir como músicos e enquanto banda mantendo a nossa identidade..

O que é que ainda esperas do teu futuro enquanto músico?

Espero conseguir chegar a mais gente com a música e pisar novos palcos nacionais e além fronteiras. Quero continuar a evoluir como músico e professor,  explorar outros instrumentos e estilos musicais e poder continuar a fazer o que gosto, porque a música mais do que uma profissão é uma forma de viver.

Perguntas rápidas:

Banda Preferida não tenho

Música Preferidanão tenho

Livro que mais te marcouTao Te Ching by Lao tzu

Combinação Comida + Bebida PreferidaComida Indiana com Vinho Tinto Português (Douro ou Alentejano)

Local mais bonito que alguma vez visitasteBahamas

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