As Minhas Músicas – Bran Morrighan https://branmorrighan.com Literatura, Leitura, Música e Quotidiano Mon, 15 Mar 2021 10:52:00 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.8.2 https://branmorrighan.com/wp-content/uploads/2020/12/cropped-Preto-32x32.png As Minhas Músicas – Bran Morrighan https://branmorrighan.com 32 32 [Queres é (a) Letra!] Linda Martini – E Não Sobrou Ninguém https://branmorrighan.com/2021/02/linda-martini-e-nao-sobrou-ninguem.html https://branmorrighan.com/2021/02/linda-martini-e-nao-sobrou-ninguem.html#respond Fri, 05 Feb 2021 10:42:22 +0000 https://branmorrighan.com/?p=24991 E Não Sobrou Ninguém

Linda Martini – E Não Sobrou Ninguém

Os Linda Martini sempre foram uma banda de instintos aguçados que com uma sonoridade incisiva conseguiram apelar sempre a um lado humano muito visceral. Desde o primeiro EP (Linda Martini, 2005) que cada disco trouxe uma reinvenção tanto lírica como sonora, sem nunca perder a personalidade forte que lhes conquistou milhares e milhares de fãs por todo o país e além fronteiras.

Não será arriscado dizer que dificilmente desiludem e quem segue os elementos da banda pelas redes sociais também se consegue aperceber que existe uma veia activista forte e exemplar (pelo menos na minha opinião). Esse activismo é agora mais uma vez reforçado com “E Não Sobrou Ninguém”, tema hoje lançado pelos Linda Martini.

O título de “E NÃO SOBROU NINGUÉM” é inspirado no célebre poema de Martin Niemoller sobre a ascensão do nacional-socialismo na Alemanha. É uma reflexão sobre eventos recentes e sobre séculos de atrocidades, injustiça, preconceito e discriminação para com seres humanos que não se enquadram na etnia, género, religião, posição social ou comportamento sexual dominante.

A cor da nossa pele, com quem nos deitamos, o que temos entre as pernas, que língua falamos, em que país nascemos, a que Deus rezamos, quanto ganhamos por mês. Nada disto nos define, nada disto nos faz melhores pessoas. – Linda Martini

Nunca tanto como hoje foi urgente quebrar barreiras racistas e discriminatórias. A desinformação abunda até em meios de comunicação credíveis e o ser humano tem–se deixado levar por aquilo que lhe é mais fácil acreditar se puder culpar uma terceira pessoa/entidade pela sua desgraça, sem qualquer esforço de verificar a veracidade do mesmo.

Para mim, esta canção dos Linda Martini é uma chapada de luva branca e uma espécie de manifesto contra a imbecilidade que parece reinar estes dias entre a população portuguesa e até internacional. Tenho a certeza que, quando finalmente pudermos voltar aos mosh pits e à catarse dos concertos, este vai ser um dos temas mais aclamados da banda. Merece-o, certamente. Obrigada, Linda Martini.

E NÃO SOBROU NINGUÉM” é uma canção escrita e interpretada por André Henriques, Cláudia Guerreiro, Hélio Morais e Pedro Geraldes, que dão pelo nome coletivo de LINDA MARTINI. Foi gravada por Santi Garcia em Lisboa, nos estúdios Namouche, em Janeiro de 2021.

Créditos 

Título: E NÃO SOBROU NINGUÉM
Duração: 04:17
Letra: André Henriques
Música: André Henriques, Cláudia Guerreiro, Hélio Morais, Pedro Geraldes
Intérpretes: André Henriques – voz e guitarra / Cláudia Guerreiro – Baixo e voz / Hélio Morais – Bateria / Pedro Geraldes – Guitarra
Produção: Santi Garcia e Linda Martini
Gravação: Santi Garcia assistido por Bernardo Centeno e Francesca River, nos Estúdios Namouche 
Mistura: Santi Garcia nos Estúdios Ultramarinos Costa Brava
Masterização: Victor Garcia nos Estúdios Ultramarinos Mastering
Realização, Câmara e Edição: Ana Viotti

Letra

Preto, negro, de cor escura
Branco ou cor-de-rosa, como cal em pedra dura
Chinês made in Taiwan, amarelo, olhos em bico
Um cigano, um do leste e um zuca
Entram num bar com um ar aflito

Por cada braço em riste
Será que te riste,
Ou levaste a sério?
Quando vierem por ti amanhã
Vais gritar “ai mamã, ai mamã,
Cresceu-me um império de ódio no cu!”

Ai, que te roubam o trabalho
A mulher, o salário, ai
A bandeira, o país
Ai, a culpa é dos outros,
Tu pagas impostos, não é?
Só queres ser feliz

A minha pele é cor de água
A minha pele é cor de vidro
A minha pele é cor de mágoa
Um tom qualquer desconhecido

A tua pele é cor de pó
A tua pele é cor de mofo
A tua pele é uma cor só
Um tom qualquer, eu nem te oiço

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[Queres é (a) Letra!] André Henriques – Uma Casa na Praia https://branmorrighan.com/2020/08/queres-e-letra-andre-henriques-uma-casa.html https://branmorrighan.com/2020/08/queres-e-letra-andre-henriques-uma-casa.html#respond Fri, 07 Aug 2020 21:30:00 +0000

Uma Casa na Praia, de André Henriques

Fazem ideia do quanto sinto saudades da praia? E enquanto trabalho, a uma Sexta-feira à tarde, com um sol bonito lá fora, dou por mim a cantar baixinho esta canção. Claro que tenho uma voz terrível, ahah, mas a verdade é que quem canta seus males espanta e achei que era adequado quebrar esta resistência a publicar algo no blogue com esta música de André Henriques, que muitos poderão conhecer como vocalista e guitarrista nos Linda Martini. O André lançou o seu álbum a solo há já alguns meses e desde então que quero escrever sobre o mesmo. Por causa de toda esta resistência, de que já falei aqui num Diário de Bordo anterior, ainda não o fiz, mas aos poucos hei-de lá chegar. 

Quero também fazer notar o videoclip de “Uma Casa na Praia”. Não sei quanto a vocês, mas eu sinto-me sempre um pouco hipnotizada pelas frames, já que na minha interpretação pessoal (cada um vai reagir e ter pensamentos diferentes) de cada enquadramento existe uma grande empatia. Entre a dormência e a rotina, a vontade de a quebrar e o sentimento de ser preciso um esforço desmesurável para tal, a verdade é que muitos vivemos em piloto automático com preocupações que com o passar do tempo se tornam insignificantes. Só que, no entanto, o tempo passou. 

Sigam a sua página: https://www.facebook.com/andrehenriquesoficial

Sobre a canção, o André partilha:
“Fala da cidade, do trabalho e das rotinas. Sempre que a oiço lembro-me do último dia das férias de verão, quando sabemos que no dia a seguir vamos voltar ao cimento e aos empurrões nos transportes públicos. E depois é aquela utopia: e se ficássemos aqui para sempre, onde somos mais felizes? Mas logo a seguir surgem as dúvidas e os argumentos que nós próprios construímos para nos prendermos. Toquei a música para a banda que me acompanha e instintivamente toda a gente encontrou o seu lugar em poucos minutos. A ginga remete-me para África/ Brasil, o que a torna única no contexto do disco.”
André Henriques 

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[DESTAQUE] Nébula, de Slowburner – o voltar o útero do universo https://branmorrighan.com/2020/07/destaque-nebula-de-slowburner-o-voltar.html https://branmorrighan.com/2020/07/destaque-nebula-de-slowburner-o-voltar.html#respond Sun, 05 Jul 2020 16:02:00 +0000

Bom dia! Hoje trago-vos a nova composição de Slowburner, Nébula. O artista português, que conhecemos pelo seu enorme talento ao piano, decidiu navegar por caminhos ainda não desvendados e criou esta belíssima obra de arte. 

Este pequeno projecto é o resultado de algumas experiências que fiz nos últimos meses. Acabei por compor uma soundtrack e adicionar efeitos sonoros para um vídeo que gravei em 2018. Foi algo interessante para mim, na medida em que foi algo que me permitiu explorar uma vertente mais experimental que não tenho explorado muito (ainda).

Nébula é um tema que pode ser ouvido de forma independente, mas que faz todo o sentido ouvir enquanto se contempla o vídeo que a acompanha e os efeitos extras que este traz com ele. Este lado experimental de Slowburner emerge numa altura oportuna. Enquanto me deixava levar pelas atmosferas crescentes, os movimentos das nébulas, por vezes subtis, por vezes ribombantes, faziam com que algo no meu peito também se movimentasse com uma maior profundidade. É engraçado que com o vídeo é quase como se nos sentíssemos remetidos ao útero da terra, às sensações primevas que nos dão vida. 

Estou encantada com esta nova faceta de Slowburner e muito curiosa com o que possa estar para vir. Deixo-vos com os diversos links onde o podem encontrar.

Bandcamp

Youtube

Patreon 

Instagram 

Facebook

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Eternos São os Corvos https://branmorrighan.com/2019/08/eternos-sao-os-corvos.html https://branmorrighan.com/2019/08/eternos-sao-os-corvos.html#respond Sun, 11 Aug 2019 16:17:00 +0000

Ter o blogue BranMorrighan tem-me proporcionado experiências incríveis e únicas. Esta vida paralela que tenho levado (muito menos nos últimos anos por causa do doutoramento) tem sido das fontes mais enriquecedoras de realização e orgulho. Orgulho por mim e por aqueles que tenho visto crescer. Orgulho pelos desafios encontrados, mas também pelos desafios propostos que tomaram a forma de belíssimas obras de arte. De compilação literárias e mixtapes musicais, confesso sem problema nenhum que parte de mim fica toda babada quando vê os projectos crescerem para além dos desafios apresentados.

É o caso do João Vairinhos, que assume oficialmente a sua carreira a solo, depois de ter sido desafiado a compor individualmente para a mixtape dos #10anosblogbranmorrighan. O tema já se encontra no Spotify e, quem sabe, até ao final teremos novidades suas em nome próprio. Entretanto, ele não pára, claro. Nos seus projectos colectivos actuais contam nomes como LÖBO, Ricardo Remédio, The Youths e Wildnorthe. Se o seu nome à bateria já é nacionalmente conhecido, só posso esperar que também tenham o privilégio de o descobrir noutras texturas e atmosferas criativas. Eu sei que eu já sou fã. 

Fica aqui a ligação para este tema que me diz tanto, também ilustrado por uma fotografia que eu própria tirei enquanto andei perdida pelas estradas de Cambridge, UK. 

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[DESTAQUE] Noko Woi, banda de Salvador Sobral, lança novo single – Bottomless Pig https://branmorrighan.com/2019/02/destaque-noko-woi-banda-de-salvador.html https://branmorrighan.com/2019/02/destaque-noko-woi-banda-de-salvador.html#respond Mon, 25 Feb 2019 16:07:00 +0000

Para nós, portugueses, o nome Salvador Sobral é já um nome icônico. E não, não é só porque ganhou o Festival da Eurovisão em 2017, apesar de talvez ter sido esse o grande pontapé de saída para se reconhecer outros projectos o músico português. Das suas próprias músicas à colaboração com Júlio Resende (Alexander Search), ficou estabelecido que não foi um golpe de sorte, que Salvador Sobral tem um alma virada para o universo e que a sua criatividade gosta pouco de limites. Não conhecia esta sua banda, mas Noko Woi, com origem em Espanha, é um dos projectos do qual faz parte. 

Neste momento a banda encontra-se a promover uma série de vídeos ao vivo antes de lançarem o próximo disco que se encontra em fase final de produção. Devo confessar que comecei a ouvir a canção sem sequer saber de quem se tratava, mas claro que a voz de Salvador Sobral é única e houve algo li que me fez logo querer saber mais sobre o projecto. E a verdade é que fiquei encantada com a sonoridade da banda. Cada um dos músicos acaba por contribuir com a sua personalidade em cada instrumento e admiro ainda mais o facto de não serem lineares. De não seguirem o formato canção perfeitinho. Há momentos de caos e desordem, mas também de harmonia e de leveza. Entre uma linha de baixo pulsante, sintetizadores prontos a eletrizarem, guitarra e percussão prontos a acompanharem a festa e duas vozes que se complementam perfeitamente, Noko Woi é daquelas bandas perfeitas para se ouvir numa bela tarde primaveril, deitados na relva a contemplar o céu. 

The Indie-pop band, Noko Woi, that has as its main voice Salvador Sobral, winner of Eurovision 2017, returns with renewed energy and new material after a few intense years. Noko Woi’s debut performance came to be at no other than the flagship, most international music festival of Barcelona – SÓNAR 2014 – where, accompanied with some impressive visual content produced especially for each track, they played their self-titled first album, recorded and mixed at Leo’s own studio and mastered at the Red Bull Music Academy studios in London. In July 2018 they meet for several days in a studio to record what will be their second album “Poke the Eye,” which will be released this year including songs featured on their youtube channel. It’s hard to pin-point the band to a single genre, Noko Woi, which means “to listen around” in Warao, a Venezuelan native language, invites you to a journey with multiple, simultaneous destinations at once, and inspires you to “balter”: to dance without particular skill or grace, but with extreme joy. Listen around to find that their sound, doesn’t sound like anything else. They sound like Noko Woi. The band was born in 2014 as a project by the keyboardist / producer Leo Aldrey, performing in various stages of Barcelona such as the Sónar Festival, Sala Apolo, Sala Barts and others.

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[FreshFindings] Descobrindo “I Shaved My Father’s Face” de Patient Hands https://branmorrighan.com/2019/02/freshfindings-descobrindo-i-shaved-my.html https://branmorrighan.com/2019/02/freshfindings-descobrindo-i-shaved-my.html#respond Sat, 23 Feb 2019 20:39:00 +0000

Uma das maiores maravilhas da música é a sua capacidade de nos surpreender e de nos tocar em recantos que palavras e imagens muitas vezes não conseguem. Recentemente descobri Patient Hands, através do seu tema “I Shaved My Father’s Face”, o logo senti a necessidade de saber mais sobre este artista. A primeira vez que ouvi o tema senti uma espécie de peso no peito. Não um peso com conotação necessariamente má, mas intensa, intrigante e desconcertante. Mais tarde tudo fez sentido. A música pode vir de escombros interiores e ainda assim reflectir uma luz que nos deixa menos sozinhos. 

O tema começa em crescendo com uma mistura de sons que pouco nos diz sobre o que está para vir e assim que a sua voz entra em campo é fácil interrogarmo-nos sobre as origens da canção. Se por um lado parece existir uma zona cinzenta muito forte e desconfortável, a entrada da guitarra acústica faz-nos ter esperança num caminho redentor. E quando chegamos por volta do minuto 2:20 já estamos numa viagem que urge consolo e redenção.

A música evoluiu para paisagens ecléticas e cada vez mais compostas. Reflectindo, os quase sete minutos que compõem o tema assemelha-se na verdade a uma viagem repleta de perguntas que procura respostas difíceis de encontrar. Depois de ler mais sobre o artista, todas estas associações fizeram sentido. Ele próprio o diz no prefácio do seu disco Stoic que saiu a 15 de Fevereiro:

Stoic begins in the dark.

I lost myself somewhere inside me. I was a foreigner; a refugee. But I had nowhere to run to, and nowhere to leave. I couldn’t find love for myself, or anyone else. I became physically ill for at least eleven months. I had a brush with cancer, and I was overcome by emptiness. I tried to get back to who I knew myself to be before the illness by walking the Camino de Santiago. I tried to force a change, but found that I couldn’t.

(…)

Stoic, then, is a document of those years of my life. It was a world I visited, and a private conversation I had with myself. The album walks a line between self-satire and sincerity perhaps best captured in “I Shaved My Father’s Face” and “The Poisoner”. It’s full of references and humour that only I am ‘in’ on. In a way, I don’t expect the record to make sense to anyone else. But maybe that’s okay. In the end, Stoic is a love record. It’s about enduring the dark night, and finding the courage to live with an open heart. I hope it speaks to you.

Bem, de certeza que falou comigo ou não estaria eu aqui a escrever sobre o mesmo. Os temas não são todos lineares nem confortáveis, mas desempenham perfeitamente o seu papel. E para além de todo este caminho de luz e escuridão que percorremos com o seu disco, é também de admirar todo o cuidado com a edição que tem disponível no bandcamp. Não sei o que o futuro traz ao Alex, mas é admirável a obra de arte que ele conseguiu construir através de todo o seu sofrimento. Do meu lado, só posso desejar que venha o que vier, que continue a fazer discos de amor, que prevaleça perante toda a escuridão que encontre e que tenha sempre coragem para enfrentar o que tiver de enfrentar. 

Playlist FreshFindings BranMorrighan aqui.

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[FreshFindings] Descobrindo Finals! de Duglo e Albermale https://branmorrighan.com/2019/02/freshfindings-descobrindo-finals-de.html https://branmorrighan.com/2019/02/freshfindings-descobrindo-finals-de.html#respond Fri, 22 Feb 2019 17:07:00 +0000

Sabem aquela sensação de quando ouvimos uma música pela primeira vez e logo aos primeiros segundos temos a certeza que a vamos voltar a ouvir muitas e muitas vezes? Bem-vindos a “Finals!” a última canção do EP Night Tempo de Duglo e Albermale. Apaixonei-me pelo tema logo nos primeiros segundos com as primeiras notas ao piano. Senti uma espécie de arrepio na espinha. Uma intensidade emocional inesperada que foi se foi atenuando e intensificando ao mesmo tempo que outros sons se juntavam. Os samples utilizados remeteram-me para um interior de rasgar o peito numa cadência sublime. Existe sempre uma atmosfera que evoca uma imagética escura, mas bela ao mesmo tempo. Só vim a reparar no artwork mais tarde, mas acho completamente adequado. Estamos nas nuvens e na floresta, estamos claros e confusos ao mesmo tempo. Uma espécie de debate visceral entre a harmonia e inquietude. Confesso, sinto falta de descobrir canções como esta que me fazem sentir tanto com tão pouco. Ouçam e deixem-se levar nesta viagem minimalista, mas arrebatadora.

PS: Criei uma playlist no Spotify para os FreshFindings aqui

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A Beleza das Cinco Tragédias de Tio Rex https://branmorrighan.com/2018/06/a-beleza-das-cinco-tragedias-de-tio-rex.html https://branmorrighan.com/2018/06/a-beleza-das-cinco-tragedias-de-tio-rex.html#respond Tue, 05 Jun 2018 19:47:00 +0000

Não é fácil voltar a um tempo em que o universo de Tio Rex não esteja presente. Desde que conheci o trabalho de Miguel Reis que houve pelo menos dois aspectos que ficaram retidos na minha memória: um primeiro sensorial, em que ouvir Tio Rex se transforma numa espécie de viagem entre a luz e a sombra que habita o nosso interior; e um outro emocional, em que nessa viagem visitamos alegrias e tristezas, monstros, tragédias, mas também amor e partilha.

Em Março, Tio Rex voltou às canções em inglês com mais um EP – “5 Tragedies”. O formato não nos é totalmente desconhecido já que em Outubro de 2014 lançou outro EP – “5 Monstros”. A beleza destes pequenos discos remete precisamente para a simplicidade com que o músico português aborda os escombros que muitas vezes nos habitam. 

Em “5 Tragedies” existe todo um imaginário que acaba por ter uma poderosa imagética. É como se em cada tema fossemos transportados para um pequeno conto do qual somos protagonistas. Cada um destes contos consiste numa narrativa que nos confronta com pequenas tragédias, desde sermos capazes de vender a nossa alma por troca do vazio, à imagem que possam ter de nós (incluindo nós mesmos), passando pelo risco dos vícios e pela morte dos deuses (da música), terminando com uma colaboração belíssima com João Mota (de Um Corpo Estranho) em que o contraste grave de Miguel Reis com o tom mais suave de João Mota, entrelaçando também a língua inglesa com a língua portuguesa, nos remete para um cais marítimo, de pernas pendentes, pensamentos soltos, tudo ao ritmo das palavras de ambos. 

Entre composições sonoras mais fortes e pujantes e outras mais singelas e ressonantes, o percurso por este EP acontece rápido de mais. Foi preciso ouvi-lo várias vezes, deixá-lo em loop no carro, regressar a ele em casa, deixar as suas letras, as suas melodias, ecoarem primeiro nos meus ouvidos, depois no meu peito e por fim minhas emoções para conseguir açambarcar as suas paisagens por inteiro. É lindo e vale mais do que a pena ser ouvido. 

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[DESTAQUE] ANTWERPEN – Disco de Estreia de SURMA já Disponível https://branmorrighan.com/2017/10/destaque-antwerpen-disco-de-estreia-de.html https://branmorrighan.com/2017/10/destaque-antwerpen-disco-de-estreia-de.html#respond Fri, 13 Oct 2017 09:05:00 +0000

O disco da minha querida SURMA está finalmente disponível em todas as plataformas digitais. Também está disponível para compra em CD no bandcamp! A partir de dia 26, haverá vinis para os mais aficcionados ou coleccionadores, já que está um vinil semi-transparente bem bonito!

Antwerpen acaba por ser o resultado de uma dedicação e entrega incríveis e incansáveis. A sua inspiração no silêncio e a harmonia que encontrou com a Casota Collective, que a ajudou a produzir o disco, têm como resultado um disco que certamente irá surpreender todos os seus fãs pela frescura, ousadia e irreverência com que expressa as suas emoções através de composições que são pautadas pelo desafio de não seguirem uma estrutura bem definida ou o formato tradicional de canções. A Débora assume-se, claramente, como produtora e não há como não sentir um orgulho enorme e um coração cheio cheio de admiração! Mas pronto, eu sou a suspeita do costume 🙂

Deixo-vos com as informações oficiais!

Dia 13 de Outubro de 2017, marca o dia em que SURMA lança o seu disco de estreia – Antwerpen. Marca também o anúncio oficial da sua presença na edição de 2018 de um dos maiores festivais do mundo – South By Shouthwest (SXSW).

Em dois anos e meio, Débora Umbelino levou o seu projecto solitário de exploração de sons, Surma, até sete países em mais de 150 concertos. Tinha apenas o single “Maasai” quando começou a gravar o disco de estreia e todo o caminho traçado até aquela altura lhe parecia um período zero que a tinha deixado apenas com vontade de avançar ainda mais numa demanda cada vez mais sua. Enquanto one woman band que domina teclas, voz, cordas, pedais e botões, e não se deixa ficar num ou noutro género musical, Surma preparou o seu registo de estreia “Antwerpen” como se estivesse num laboratório, observando cada reacção sonora de cada nota e de cada instrumento, criando a partir daí. Em colaboração com a Casota Collective, que integra elementos dos First Breath After Coma, construiu uma renovada identidade sonora e visual, da qual “Hemma” foi o primeiro cartão de visita.

Antwerpen é hoje lançado em versão CD e digital, pela Omnichord Records. O vinil colorido chega a dia 26 de Outubro.

SURMA já começou a sua digressão de apresentação e não vai abrandar tão cedo. São mais de trinta datas entre Portugal, Espanha e França (onde estará já na próxima semana no MaMA Festival). Para 2018, tem já garantida a sua participação no festival norte-americano SXSW, em Austin (Texas), a ter lugar na segunda quinzena de Março, em Austin (Texas).

All tracks by Surma, Rui Gaspar, Telmo Soares and Pedro Sincopado, except “Saag”, by Surma and Rui Gaspar.“Voyager” contains a sample from “Nomathemba” by Ladysmith Black Mambazo. Additional vocals in “Plass”, “Voyager” and “Nyika” by Rui Gaspar. Additional instruments and vocals in “Uppruni” by Joana Guerra. Additional instruments in “Kismet” by Milena Kolovska. Produced by Rui Gaspar, Telmo Soares and Pedro Sincopado @ Casota Collective Mixed by Rui Gaspar and Paulo Mouta Pereira  Mastering by Paulo Mouta Pereira. Cover sculpture and artwork by Sal Nunkachov. Layout by João Diogo.

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JW Ridley lança EP de Estreia – A música electrónica em forma de poesia e contemplação https://branmorrighan.com/2017/10/jw-ridley-lanca-ep-de-estreia-musica.html https://branmorrighan.com/2017/10/jw-ridley-lanca-ep-de-estreia-musica.html#respond Sun, 08 Oct 2017 10:44:00 +0000 https://www.facebook.com/jwridleymusic

Tomei contacto com JW Ridley em Maio deste ano e houve logo qualquer coisa em 1990, o seu single de estreia, que me fez ficar atenta. Na altura perguntei-lhe o que é que o tinha motivado a fazer música e ele respondeu: 

I was always fascinated with music for as long as i can remember, I remember it always seemed to engage me more than anything else, i was completely in my own little world with music as a kid, it felt very private.  I got into playing when i started secondary school, My stepfather moved in and he brought a spanish guitar with him so i just kind of picked it up and started playing around with it over time. My mother played the piano a bit too and so music was around me somewhat. I was always in to writing before i started to try and do anything with an instrument so it was both of these things that drew me in, i think. 

E na altura ele dizia estar a gostar muito de Jeremy Corbin e a não gostar tanto de Theresa May. Ainda não tive oportunidade de falar com ele novamente, mas com o lançamento do seu EP de estreia tornou-se imperativo tê-lo por aqui. Não, não é português, e sei que vos habituei a mostrar projectos essencialmente portugueses, mas acho que o caminho do JW Ridley tem sido muito bem feito e que a sua música merece chegar além fronteiras. 

Os ambientes criados em cada um dos temas, fazem-nos mergulhar em estados emocionais, por vezes até meditativos, de profunda contemplação. Os quatro temas foram criados pelo músico e, se no início as restrições económicas restringiram-lhe também a forma como podia gravar as canções, cedo usou isso a seu favor. Poderão ler tudo mais detalhadamente na press original inglesa. Sinto uma energia mesmo muito boa quando ouço a voz de JW Ridley e, por aqui, receberá todo o apoio que me for possível. Que belo começo de carreira. 

JW Ridley releases his self-produced debut EP ‘JW Ridley’ on SOME KINDA LOVE / [PIAS] at the end of September. The EP was written and recorded in Jack’s childhood bedroom during a period where he left London and holed up in his family’s suburban home to work on music. Working alone for over a year, he was intent on finding his voice and spent endless hours locked away meticulously crafting the sound of his new project.

Creating every element of its 4 tracks by himself, the ‘JW Ridley’ EP is a wholly personal introduction to Ridley’s profound and impassioned writing. Whilst it was economics that initially confined him to using a 4-track tape recorder, he became obsessed with the sound of the cassette and used its limitations as part of the creative process. Its saturated aesthetic is evident through bright synths, soulful bass, driving guitar lines, propulsive drum beats and haunting vocals, all contributing to a lo-fi yet deeply emotive atmosphere. Jack’s stirring vocals wash over the whole thing, reminiscent of early Bunnymen, Joy Division and The Cure.

From the reflective melancholy of ‘Somewhere Else’, the brooding intensity of ‘Jaguar Spring’ and the forceful urgency of ‘Blitz’ to the mournful landscape of ‘1990’, it’s a remarkable, poignant introduction to the world of JW Ridley.

The newcomer is already finding a keen audience; the Line of Best Fit praised his music as “the kind of robust, maximalist songwriting that makes you sit bolt upright”, whilst Stereogum called his sound “energized krautrock all running through a washed-out filter”.

It’s an extremely promising introduction to an exceptional new artist, and with a run of shows announced for the Autumn, the EP marks the start of an exciting journey for JW Ridley.

Sterogum – “”energized krautrock all running through a washed-out filter”.

DIY  – “hazy, sprawling epic”

i-D – “an indie dream”

NME – “new banger”

Hero – soulful poetic and avant-garde sensibilities”

Wonderland – “emotionally charged”

Line of Best Fit – Song of the Day

Radio support from from Huw Stephens, Steve Lamacq, Lauren Laverne, Tom Ravenscroft and Zane Lowe.

JW Ridley will be available through SOME KINDA LOVE / [PIAS] digitally.

Tracklisting:

1. Somewhere Else

2. Blitz

3. Jaguar Spring

4. 1990

A limited edition signed vinyl featuring Blitz and 1990 is available at https://jwridleymusic.bandcamp.com.  

The Tenement Trail, Glasgow – 30 September

The Lexington, London, supporting Eastern Barbers – 17 October

Huw Stephen’s SWM Festival, Cardiff – 21 October

Rich Mix, London, supporting Wovoka Gentle – 7 November

Sumday festival, Middlesborough – 25 November

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