Balanços – Bran Morrighan https://branmorrighan.com Literatura, Leitura, Música e Quotidiano Mon, 28 Dec 2020 06:02:42 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.8.2 https://branmorrighan.com/wp-content/uploads/2020/12/cropped-Preto-32x32.png Balanços – Bran Morrighan https://branmorrighan.com 32 32 [Diário de Bordo] Os Momentos – Discos – Concertos – Livros – de 2017 https://branmorrighan.com/2017/12/diario-de-bordo-os-momentos-discos.html https://branmorrighan.com/2017/12/diario-de-bordo-os-momentos-discos.html#respond Sun, 31 Dec 2017 18:06:00 +0000

Apesar de todas as turbulências pessoais e de algumas perdas dolorosas, 2017 teve um lado *brilhante*. Houve muito boa música a ser produzida, excelentes romances publicados e concertos que me levaram para outras dimensões sensoriais e emocionais. A nível pessoal, fui escrevendo para o blogue sempre que pude, colaborei com o Música em DX sempre que me foi possível, dei aulas nos dois semestres, fui a duas conferências internacionais (Dubrovnik, Croácia, e Helsínquia, Finlândia) em que dei duas talks, estive pouco mais de um mês a viver no Japão enquanto investigadora científica na Universidade de Kyushu (adorei passear pelo Japão – Hiroshima, Miyajima, Kyoto, Osaka, Nara, Nagasaki e Beppu -, mas detestei viver lá), tive dois artigos científicos publicados, um terceiro aceite e outros dois submetidos (à espera de resultado). Continuei a colaborar com a Omnichord Records e pude ver nascer um dos nossos discos mais bonitos do ano – Antwerpen, da Surma. Claro que me devo estar a esquecer de muitas coisas, mas tudo isto aconteceu sempre em paralelo com a música e a literatura, não existisse agora o Spotify e não andasse eu sempre com livros atrás. Vamos então lá ver que discos e livros me acompanharam e ainda os concertos que ficaram na memória. 

MÚSICA

2017 começou no Musicbox com a festa do 8º aniversário do blogue em que contei com Daily Misconceptions, Mira Un Lobo e First Breath After Coma (acompanhados por Noiserv em dois temas). Foi das noites mais bonitas e foi uma forma bastante gratificante de começar o ano. No dia seguinte fiz novamente curadoria no Musicbox com os Indignu, outra banda que acarinho muito. Embora não vá fazer tops numerados, a referência aos meus discos preferidos saídos em 2017 começa em Janeiro com Lucifer, o disco dos The Poppers. Na altura falei dele por aqui e também o concerto de apresentação (com convidados) que deram no Musicbox foi do caraças. Um belo regresso da banda portuguesa aos discos. 

Fevereiro foi, como tem sido hábito, mês da festa de aniversário no Porto, no Maus Hábitos, com The Rite of Trio, Few Fingers (com Surma como convidada), Then They Flew e Malibu Gas Station (djset). Foi uma partilha muito boa, das noites mais animadas e, mais uma vez, só posso sentir orgulho na forma como tudo correu. No dia seguinte, houve concerto de Sean Riley and The Slowriders no CCB e foi outro momento musical muito bonito. A nível de discos, o Jonny Abbey lançou o seu disco de estreia – Unwinding. Este é um dos jovens mais dinâmicos da nova cena musical e a sua paixão é contagiante!

Março foi mês de ir à Croácia, mas não sem antes ouvir o primeiro disco de Galo Cant’As DuasOs Anjos Também Cantam. Lembro-me de andar viciada no carro a ouvir este disco vezes sem conta. O regresso a Portugal, com a Abril a começar, fez-se com o novo disco dos This Penguin Can FlyCaged Birds Think Flying is a Disease. Aqui estão dois projectos que ainda não vi ao vivo, mas que quero muito ver. Foi também já em Abril que ouvi o novo disco de Mirror People – Bring the light. É sempre um gosto ter música nova de Rui Maia (e companhia). Este quarto mês do ano contou ainda com um disco de Nada-Nada, projecto de Cláudio Fernandes (Pista) e cinco vinis lindíssimos, de comemoração do quinto aniversário da Omnichord Records, cada um representando um elemento e um projecto diferente da editora. Outra iniciativa que tive oportunidade de proporcionar durante este tempo, foi os diários de bordo do Um ao Molhe sobre a sua tour pela Europa! Por último, e para mim um dos melhores discos do ano, foi durante estes dois meses que me fui viciando no disco de Benjamim e Barnaby Keen1986. Também o concerto, no Musicbox, foi dos melhores do ano. 

Passei por Maio envolta e mil e um afazeres e só em Junho voltei a encontrar outro disco que vale a pena ser ouvido e ouvido – Lo-Fi Moda, dos Ermo! Esta dupla conquistou-me desde a sua primeira canção, há tantos anos atrás. Foi também dos primeiros projectos que entrevistei, tudo merecido! Junho foram preparativos para o Japão e fecho do ano lectivo, ao som de TIPO que lançou o primeiro single nesta altura, Acção-Reacção. Julho levou-me então para a outra ponta do mundo, e Agosto trouxe-me de regresso a Portugal para logo a seguir voar para a Finlândia. Na semana que estive em Portugal deu para ir matar saudades do Bons Sons durante um dia, com a Surma e os Whales. 

A rentrée fez-se em grande! Saiu o disco lindíssimo de Tomara, Favourite Ghost. Volta e meia volto às suas paisagens, há algo de profundamente enternecedor e quente neste disco, que me chama constantemente. Em oposição, mais numa onda de provocação, luxúria e mistério, também tivemos o grande disco dos Grandfather’s House, Diving. Está bastante diferente do que têm feito até aqui, mas é o meu preferido. Outras boas referências foram os novos discos dos Orelha Nega, Homem em Catarse e Time for T

Outubro foi aquele mês especial. Surma lançou o seu primeiro longa-duração – Antwerpen – e é, inevitavelmente, um dos discos do ano. Claro que sou suspeita, estive envolvida até à medula no seu lançamento, mas basta olharmos para todos outros melhores do ano para percebermos que é unânime. Acompanho a Débora ainda antes de colaborar com a Omnichord e o meu orgulho nela é infinito. É muito bom ver agora todo o seu esforço a dar frutos. Mas Outubro não ficou por aqui. André Barros & Myrra Rós trouxeram-nos um pedaço da Islândia e do belo com Reasons, um trabalho inspirador e cuja apresentação no CCB foi dos momentos mais mágicos do ano. Tivemos também primeiro single de Jerónimo (o trio mais adorável de Leiria) e o novo disco de Dear Telephone, Cut

Novembro trouxe um disco que me surpreendeu pela positiva e que merece aqui referência – Boavista, de Gonçalo. Um trabalho desafiante, mas também sublime. O penúltimo mês do ano serviu também de palco para Icarus, o tão bonito álbum de Brass Wires Orchestra. Dezembro trouxe uma das melhores surpresas do ano. Já todos sabíamos que Paulo Furtado tinha viajado até ao deserto para nos trazer disco novo. Também temos noção de que The Legendary Tigerman é um dos projectos mais potentes da música portuguesa, não fossem os concertos ao vivo arrebatadores. Quem sabe, inspirado pela época natalícia, uns dias antes do concerto final de Rumble in the Jungle (com Linda Martini), Tigerman disponibilizou nas plataformas digitais Misfit, o seu mais recente disco, cuja edição estava só prevista para Janeiro (e fisicamente só em Janeiro estará disponível). 

Não posso terminar a secção de música sem destacar o excelente trabalho que a Casota Collective tem desempenhado a nível de produção audiovisual. Estes rapazes merecem que se lhe dê atenção e não é à toa que grande parte dos seus vídeos estão nomeados para ou já ganharam prémios.

Ah! E os concertos internacionais de que mais gostei foram: Dream Theater, no Coliseu do Porto, Mastadon, na Sala Tejo, Ben Frost, no Teatro Maria Matos, Lamb, no Coliseu dos Recreios e Royal Blood, no Campo Pequeno (não necessariamente por esta ordem).

LITERATURA

A minha leitura nacional do ano vai, previsivelmente, para Jalan Jalan, de Afonso Cruz. Chegou no último mês do ano, tem mais de seiscentas páginas e é daquelas obras que nos tiram do sítio, que nos abanam, que nos desafiam a sair de nós mesmos e nos incutem a curiosidade de querermos ver o mundo, ler sobre tantas personalidades da história, a maior parte ligadas à filosofia, e tudo isto sem deixar a ciência de fora. Um testemunho pessoal do autor que transforma esta não-ficção num portal para outros universos. Manuela Gonzaga é a autora portuguesa que se segue. Este ano tive a oportunidade de apresentar o seu regresso ao universo do André e foram experiências maravilhosas. Tanto as leituras como as duas apresentações, em Lisboa e no Alentejo. Iluminações de Uma Mulher Livre foi o romance lançado pelo jovem escritor Samuel Pimenta. Uma das coisas que mais aprecio na sua escrita é o facto de não seguir convenções de temas, de ir mais longe. Com este livro ele consegue precisamente isso. Dulce Garcia foi uma das surpresas do ano com o seu Quando Perdes Tudo Não Tens Pressa de Ir a Lado Nenhum. O título, só de si, é bom, mas a narrativa tem ainda mais que se lhe diga. 2017 foi também o ano em que Sandra Carvalho publicou o que faltava da trilogia Crónicas da Terra e do Mar. Haja uma escritora que fala aos corações dos seus leitores e os faz sonhar, mesmo entre as adversidades. Foi com um gosto enorme que apresentei este fechar de ciclo na Feira do Livro de Lisboa. O Ano da Dançarina, de Carla M Soares, e Homem Imprudentemente Poéticos, de Valter Hugo Mãe, fecham os destaques do ano. O primeiro, um romance histórico e, para mim, o melhor da autora até à data (falta-me ler o seu mais recente romance. O segundo, uma viagem à cultura japonesa e a um universo que primeiro se estranha, mas que depois entranha. A voz de Valter Hugo Mãe é poderosa.

A minha leitura internacional do ano vai para Pequenos Boémios, de Eimear McBride. Desenvolvi uma espécie de fixação e deslumbramento com esta autora. Há qualquer coisa no seu estilo narrativo, nos seus protagonistas, nas emoções que evocam que me tocam no âmago. Instrumental, de James Rhodes, foi a segunda leitura que mais impacto teve. Estando agora mais próxima do universo da música e da história de tantos artistas e das suas lutas contra os vícios, esta teve um toque especial, quanto mais não seja pela coragem que sei que foi necessária para partilhar o que James Rhodes partilhou. Outra leitura inesperada, mas que me parece também necessária é Isto Acaba Aqui, de Colleen Hoover. Talvez o tom possa ser mais adolescente, mas toca em temas pertinentes e violentos. Quem não podia ficar de fora nestes destaques literários é Rosa Montero. Este ano li dois livros seus – A Louca da Casa e Carne. Diferentes, como se quer, mas sempre viscerais. Rosa Montero tem o dom de nos transportar para a sua pele, para os seus olhos, para os seus pensamentos. De nos colocar em lugares que inevitavelmente ou já caímos ou podemos vir a cair. Novela de Xadrez, de Stefan Zweig, é um pequeno livro que também merece ser lido, apreciado, e que exige alguma reflexão. Também da colecção miniatura, este ano li, pela primeira vez, A Um Deus Desconhecido, de John Steinback. Deuses! Que livro. Ainda consigo visualizar cada cenário, cada esperança, cada angústia! O Ódio que Semeias, de Angie Thomas, foi a chapada de luva branca que muitos americanos precisavam e que o resto do mundo também devia ter noção. Já muito aqui falei no blogue, mas antes do ano terminar reforço, os livros de David Litchfield (ilustrados/infantis) – O Urso e o Piano e O Gigante Secreto do Avô – são dos mais belos que já vi! Para não tornar isto gigantesco, a nível internacional quero ainda referenciar John Fante, Charles Bukowski, Rachel Cusk Neil Gaiman.

Resumo literário completo aqui: https://www.goodreads.com/user_challenges/6896001

BLOGUE

Bem, na verdade só quero deixar aqui um muito obrigada a todos os que contribuíram para este ano. Leitores, parceiros, colaboradores e cronistas pontuais, todos, todos, todos. O blogue atingiu dois milhões de visualizações, há propostas de projectos interessantes, só me posso sentir grata! Não se esqueçam, Sexta-feira temos festa no Musicbox, a começar às 22h. Apareçam 🙂 

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[Diário de Bordo] As Leituras Que Marcaram o Meu 2016! https://branmorrighan.com/2017/01/diario-de-bordo-as-leituras-que.html https://branmorrighan.com/2017/01/diario-de-bordo-as-leituras-que.html#respond Tue, 03 Jan 2017 14:32:00 +0000

Dizem que li 45 livros. 16 de autores portugueses. Dizem que li pouco. Sinto que li pouco. Ainda assim, do que li, houve livros que ficaram de tal maneira marcados no meu ser que este ano vou optar por fazer um destaque um pouco diferente. Não vou enumerar, só porque sim, os livros. Vou voltar a falar de alguns, se calhar repetindo (não sei, não vou ver) o que já disse nos posts de opiniões. O Goodreads tem esta coisa muito fixe – https://www.goodreads.com/user/year_in_books/2016/3547706 – que nos permite lembrar de forma muito bonita o que lemos ao longo do ano. E eu não podia ter começado 2016 de melhor maneira, ao contrário do que está a acontecer este ano (não sei que raio esperar do livro que comecei), pois comecei com Afonso Cruz. E ao todo li seis livros seus. Coisa pouca, certo? E o primeiro grande destaque vai precisamente para o Afonso, não fazia sentido de outra maneira. Não tanto para as Enciclopédias, que gosto de ler, mas mais por divertimento do que por preenchimento da alma. São os seus romances que realmente acabam por me marcar bastante e Flores e Nem Todas as Baleias Voam, tão diferentes um do outro, mas ao mesmo tempo tão intrinsecamente ligados, desempenharam perfeitamente o seu papel. Adorei também Vamos Comprar Um Poeta. Pequeno e incisivo. Ainda não escrevi sobre ele. Se calhar ainda paro o que ando a ler para o reler e escrever a opinião 🙂 

O segundo grande destaque, indo mais ou menos por ordem cronológica, vai para Uma Rapariga É Uma Coisa Inacabada. Raios partam o raio do livro. Difícil de ler, muito difícil. Não só pela história que é, mas principalmente porque o estilo narrativo, nas primeiras páginas, dá connosco em doidos. Mas depois entramos naquele universo, percebemos a fragmentação, começamos a sentir a perdição. Há livros assim, que nos acertam em cheio, viscerais. 

Eu em Paris, no dia em que ele morreu, há um ano atrás. Entro na Shakespeare and Company, olho para uma prateleira mais alta (ter 1,80m tem as suas vantagens). Vejo-o lá, sozinho. Pego nele, leio parte do que posso. Trago-o comigo. Devoro-o ainda antes de entrar no vôo de volta a Lisboa. Que mais dizer? É um livro que fala da morte de uma mãe, pelos sentidos do marido e dos filhos, pelo corvo. Foi editado meses mais tarde pela Elsinore – O Luto É A Coisa Com Penas. Aconselho, muito mesmo. 

Uns meses mais tarde. Londres. Tate Modern Gallery. Acho que 2016 fica marcado pelas várias viagens que fiz pelo doutoramento. Um doutoramento que tem sido marcado por uma série de acontecimentos incontroláveis e que tanto o têm perturbado. Mas ao menos têm acontecido coisas boas também. Esta viagem a Londres foi qualquer coisa de muito especial e de lá trouxe quatro livros. Este é um deles. Que aborda uma série de questões em relação à mulher, ao seu papel nas relações com os homens, seja em âmbito passional ou profissional. Não é um leitura fácil ou directa, corrida, mas tem muito que se lhe diga e embora tenha sido publicado inicialmente ainda nos anos 90, é considerada uma obra fundamental nos dias de hoje.

O regresso de Nuno Nepomuceno foi estrondoso. Haja autor português que de repente tenha dado um salto de nos deixar abismados. A Célula Adormecida é um livro que merece toda a nossa atenção e destaque. Está bem desenhado, bem construído, coerente e marcante. A narrativa está bastante diferente da da trilogia anterior, mas a cinematografia mantém-se bastante forte. As temáticas são sensíveis, mas o autor arranjou maneira de serem também instrutivas. É uma obra com a qual aprendemos e desmitificamos uma série de coisas. Sobre o Estado Islâmico, sobre o terrorismo, sobre o que realmente acaba por motivar uma série de coisas. Hei-de recomendar sempre e para sempre este livro. 

Este foi um livro que me surpreendeu. Mas o mais invulgar, é que não me surpreendeu enquanto o lia. Houve alturas, durante a leitura, que não sabia bem se estava a gostar ou não. Depois terminei, pousei-o, ainda nem sequer escrevi o post de opinião, mas acreditam que foi a longo prazo que fiquei surpreendida com a forma como a história me marcou? Wakaso e Piconegro são personagens que ganham uma vida imensa, que mesmo a história passando-se num contexto social tão diferente da minha realidade, não são raras as vezes em que por qualquer razão faço paralelismos com eles. Não sei que vos diga. Leiam!

Bem, eu tive mesmo sorte com as (poucas) leituras de 2016. Acabei a série Nascida nas Brumas, com o livro O Herói das Eras, o Filipe Faria também nos agraciou com um romance novo, A Alvorada dos Deuses, Juliet Marillier publicou o segundo livro de Blackthorn and Grim, A Torre dos Espinhos, o Rafael Loureiro também voltou à publicação com Cinzas de Um Novo Mundo, as Edições Saída de Emergência lançaram, para meu deleito, mais um livro de Sherrilyn Kenyon, Amor Em Quarto Crescente, estreei-me com John Fante e Elizabeth Strout, tive o prazer de também conhecer a escrita do premiado Julián Fuks e ainda de dar por mim completamente agarrada a um livro como O Projeto Rosie, de Graeme Simsion. Ah! E claro, a fantástica Miúda da Banda, de Kim Gordon! Que inspiração de mulher! 

Depois destas referências todas chega a altura do último destaque: A Guerra Não Tem Rosto de Mulher. Acho que é impossível não destacar um livro destes. Nem sequer costumo ler não-ficção, ou trabalho mais virado para a documentação/jornalismo de eventos históricos, mas sempre ouvi falar da segunda guerra mundial sob uma perspectiva masculina. A verdade é essa. E não tem nada a ver com feminismos ou outras coisas quaisquer, mas toda a gente sabe que a luta pela igualdade de direitos não significa que as mulheres de repente passem a ser homens. E, sendo mulher, sei que nós temos particularidades que em certos ambientes podem ter efeitos que os homens nunca terão sequer noção. Este é um livro muito forte nesse aspecto, principalmente quando se passa num espaço temporal em que a mulher ainda é vista para pouco mais do que lavar a roupa e tratar dos filhos. E houve tão mais que foi feito. Obrigada, Svetlana. 

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[Diário de Bordo] Discos, discos e mais discos. https://branmorrighan.com/2016/12/diario-de-bordo-discos-discos-e-mais.html https://branmorrighan.com/2016/12/diario-de-bordo-discos-discos-e-mais.html#respond Sat, 31 Dec 2016 17:08:00 +0000

Não é novidade para ninguém que colaboro com a Omnichord Records. Não deve ser novidade para ninguém também que desde 2013 sigo o trabalho desta editora e que esta colaboração nunca aconteceria se eu não achasse que são do melhor que temos em Portugal. É a minha opinião, são os meus gostos e é aquilo em que acredito, ou o BM não seria o “blogue pessoal de Sofia Teixeira”. Vale o que vale. Como tal, dou-me à liberdade de dizer que acho que os três discos que lançámos este ano são dos melhores do ano. Se eu não achasse isso não os tinha trabalhado. Ponto final. Felizmente posso dar-me a essa liberdade, a minha profissão é outra, portanto eu acabo por apenas colaborar com aqueles de quem gosto. Drifter, dos First Breath After Coma, saiu em Maio deste ano e acho que mais palavras da minha parte são desnecessárias. Não me calei com eles ao longo do ano, pois raramente tenho visto uma evolução tão bonita como a que eles têm tido. Humilde, contida, firme, cheia de alegria e orgulho. Sun of Wolves, dos Twin Transistors, também saiu em Maio e depois tivemos Love Is You And Me Under The Night Sky, dos Nice Weather for Ducks, em Junho. São capazes de ter sido dos dois discos nacionais mais desvalorizados e/ou ignorados. E digo isto não por ter trabalhado com eles, mas porque os acho dois discos realmente bons, cada um no seu espectro, e ao vivo provam que há muito mais para além do que se pode ouvir numa rodela. Já não está na Omnichord, mas para mim é um dos nossos melhores artistas, e por isso tenho de destacar o novo trabalho de André Barros, In Between. Outro disco que acho que passou ao lado de tanta gente e é tão bonito, tão bem trabalhado, com composições tão completas. Escusado será dizer que, em 2016, a Surma não teve nenhum disco, mas foi provavelmente a artista portuguesa que mais tocou tanto em Portugal como no estrangeiro. Ou perto disso. Esta miúda é do melhor, tanto em termos artísticos como pessoais. Ouvi dizer que vêm novidades a caminho! E preparem-se que os Whales prometem um 2017 bem jeitoso!

Também em 2016 comecei a colaborar com os Lotus Fever e, como tal, também Still Alive For The Growth entra no meu top do ano. Esta é outra banda que ao vivo ganha toda uma outra dimensão. 

Mais discos do ano? Ora bem, fácil! Heart Beats Slow, de Mira, Un Lobo! é uma escolha tão óbvia quanto inevitável. O novo projecto do Luís tem uma intensidade e uma vibração que encaixou que nem uma luva nas minhas preferências sonoras. Não é à toa que o convidei logo para o aniversário do blogue. O mesmo acontece com Daily Misconceptions e o seu Our Little Sequence of Dreams. Há algum tempo que sigo o trabalho do João e da Sara (na imagem) e não consigo não sentir o maior carinho por eles. Também Ophelia, dos Indignu, vem para o top, não tivesse eu gostado tanto do disco e não os levasse dia 7 de Janeiro ao Musicbox. Mas regressemos agora ao início do ano, ao aniversário do blogue no Maus Hábitos, e relembremos S O M A, de azul-revolto, o projecto do Hugo Barão que ainda vai dar tanto que falar. É claro que este EP também está no meu top do ano. A verdade é que todos os projectos que levo aos meus eventos têm discos que para mim são dos melhores. E depois há outros inegáveis, alguns deles nem sequer consegui escrever sobre eles, mas que claramente passaram semanas a rodar no meu carro, como o disco dos Bed Legs (que concertão em Paredes de Coura!), Old Jerusalem (um dos primeiros discos de 2016 a aquecer o coração), Um Corpo Estranho (na verdade continuo também viciada no disco anterior), You Can’t Win, Charlie Brown (esta malta está cada vez melhor!), Noiserv (adorei a estreia só em piano e músicas em português!), We Bless This Mess (o Nelson foi das poucas pessoas a fazer-me chorar este ano num concerto), Sensible Soccers (já não sei quantas vezes os vi este ano, mas não me canso), Samuel Úria (a personalidade do Samuel é uma característica que extravasa no seu trabalho e para mim é o grande ponto forte), Linda Martini (o concerto no Coliseu foi bonito, mas continuo a achar que o de Paredes de 2012 foi o melhor que vi vosso), entre outros. Ah! E um grande abraço ao David From Scotland! Espero que 2017 seja o ano em que ele arranca mesmo! 🙂 

Perdoem-me o estilo livre do texto, não está escrito para que seja daqueles que as bandas partilham, ou quem quer que seja. É realmente um post muito sincero, mais um registo para mim mesma, do que outra coisa, mas também que possa servir para que caso não conheçam algum destes projectos, que vos dê a curiosidade de ir pesquisá-los. Aqui no blogue encontrarão certamente coisas sobre eles. 

Houve um disco que não mencionei e que escolhi destacar como um dos grandes discos do ano para mim, fora estes todos, pelo simples facto de achar que foi o que passou mais despercebido a tanta gente, e que tanto a minha vida “salvou” desde que ficou disponível. Falo de SAHU, de Nial, lançado pela Zigur Artists a 17 de Outubro. A par com o disco do André Barros, In Between, SAHU tem sido aquela companhia fundamental, quando a esperança já parece perdida. É, na minha opinião, um disco de outro mundo. Mas já falei sobre o mesmo aqui no blogue, por isso basta pesquisarem pelo nome. 

A verdade é que a nível musical vivi tanta coisa este ano, tanta, mas tanta… É tão ingrato tentar colocar coisas em tops, com números, com sei lá. Houve um tempo em que me preocupava com isso, em no final de cada ano fazer balanços com classificações e ordens, mas neste momento o meu coração transborda demais com aqueles de que gosto e mesmo a “ordem” em que vão aparecendo aqui as bandas, acontece porque alguma tinha de vir antes da outra, mas não significa que é mais ou menos do que a outra. Foi fluindo e não estou a editar o texto para correcções ou reflexões de se estarei a ferir susceptibilidades. Quem quiser ler isto como está a ser escrito, basta acreditarem que está a ser sincero e que se alguma banda não aparece aqui, não é porque não tenha sido boa ou eu não tenha ouvido, mas é porque no momento em que estou a escrever este post não me veio à cabeça e aí a falha é da minha memória, que anda tão inconstante, coitada. Eheh. 

Venha um 2017 com outros tantos excelentes discos! 

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[Balanço] Os Melhores Discos de 2015 https://branmorrighan.com/2015/12/balanco-os-melhores-discos-de-2015.html https://branmorrighan.com/2015/12/balanco-os-melhores-discos-de-2015.html#respond Tue, 29 Dec 2015 20:27:00 +0000 Se 2015 foi um excelente ano em termos de Literatura Portuguesa, como podem constatar nas Melhores Leituras de 2015, a Música portuguesa não ficou minimamente atrás. Aliás, nos meus melhores discos de 2015 só vão aparecer discos portugueses, não podia ser de outra maneira já que na verdade pouco ouvi de discos estrangeiros. Claro que saiu o novo de Florence + The Machine e ainda houve o disco de Sufjan Stevens, entre tantos outros, mas a verdade é que o que ouvi este ano foi mesmo maioritariamente português. Em quase todos os meses houve discos novos e bons discos. É deles que vou então falar aqui. A ordem que vão ser apresentados, tal como nos livros não é muito relevante, mas existe uma tríade que merece ser destacada.

Vocês devem estar a pensar que sou maluca ao colocar no mesmo patamar estes três discos, mas na verdade para mim não fazia sentido de outra maneira. Os primeiros dois saíram no mesmo dia do ano, 9 de Março, para não mais saírem das minhas playlists – falo de Thunder & Co e MAHOGANY. Já o disco de André Barros, num género que me parece menos ouvido e apreciado, foi editado a 18 de Maio e tocou-me como poucos o conseguirem fazer.

Continuando, não é à toa que os Thunder & Co. são convidados de honra na festa de aniversário do blogue no Musicbox Lisboa. O seu disco, Nociceptor, foi um marco em 2015 não só pela música como por todo o trabalho visual e principalmente por se manter um projecto fiel a si mesmo, com consistência e maturidade. Foi outro disco que passou no meu carro vezes sem conta, as letras na ponta da língua, a N.I.K. a fazer “os seus estragos” bons (é a minha preferida do disco) e ao vivo a dança é certa. Eles dizem que é um disco lamechas e é um bocadinho, mas é um lamechas dançante bem bom! Vale muito a pena vê-los ao vivo e por isso lá vos esperamos dia 15 de Janeiro!

Também nesse dia vamos ter, num estilo completamente diferente, MAHOGANY. É uma pena não haver a edição física deste disco, mas é outro que me enterneceu desde a primeira audição. É um disco simples, sincero, com um trabalho de samples muito bem conseguido e cuja estética também ajuda a que sejamos transportados para outros cenários. Existe um certo calor e conforto na voz do Duarte Ferreira e nas histórias que nos parece contar. Não sei como é que este disco tem passado ao lado de tanta gente. Claro que cada um tem os seus gostos, mas penso que não será demais dizer que provavelmente é o disco mais subvalorizado do ano. Espero que dia 15 um pouco disso seja remediado!

Concluindo a tríade, o disco do André Barros, Soundtrack Vol.1, foi dos discos que mais mexeu comigo, de sempre. Sempre fui sensível às composições em piano, e não sei se é por estas músicas estarem também contextualizadas em certos filmes ou circunstâncias, mas arrepiei-me sempre que as ouvi e tornaram-se numa espécie de companheiras sempre que o meu estado de espírito atravessa fases mais frágeis. É bom quando encontramos reconhecimento e conforto em melodias que nem precisam de voz para expressarem as nossas emoções. Tenho de destacar a música Gambiarras, com o poema sublime de Valter Hugo Mãe. Se isto não é uma obra de arte lindíssima, não sei o que é. 2015 não foi um ano nada fácil, mas sem dúvida que a música ajudou a torná-lo um lugar menos escuro.

Concluindo, estes três discos foram dos que mais trabalhei aqui no blogue. Houve opiniões, Queres é (a) Letra! e uma cobertura do percurso mais atenta, sempre que possível. 

Seguem-se duas bandas que acompanho praticamente desde que surgiram e que, finalmente, em 2015 viram os seus primeiros discos a serem editados. Les Crazy Coconuts e Few Fingers são dois projectos de Leiria, que transpira música e que tem sido com muito gosto que tenho acompanhado e ajudado no que posso, e reflectem a diversidade, originalidade e qualidade do que se faz por lá. Os primeiros, no seu roch, shoegaze, sapateado, pop e electrónica, trazem-nos um disco a homenagear os programas de rádio e os mentores do sapateado. Os segundos trazem-nos músicas que nos tocam no coração, que servem de banda sonora a tantas circunstâncias da vida, numa sonoridade muito particular e na voz única de Nuno Rancho. Gosto de ambos mais ao vivo do que em disco, por isso podendo é apanhá-los, a energia dos Les Crazy Coconuts é contagiante e o harmonia e a beleza sonora dos Few Fingers é como uma segunda pele de conforto. 


Guitarras… Não sei dedilhar um acorde sequer, mas é impossível não ficar maravilhada com o que se é capaz de fazer com uma. Os discos de Tó Trips e Grutera, mesmo sendo tão diferentes, levam-me a paisagens e a emoções muito próprias. O Tó dispensa apresentações, toda a gente o conhece dos Dead Combo, mas a verdade é que quando está a solo e a fazer-se acompanhar de João Doce, os seus concertos em nome próprio transformam-se num cenário exótico, sentido e intenso. É lindo. Nunca vi o Grutera ao vivo, o que é para mim uma das falhas de 2015, mas o disco tinha de fazer parte desta lista, não me refugiasse eu nele umas quantas vezes.


Continuando com guitarristas de composições singulares, temos o Tio Rex e o Peixe. Ensaio Sobre a Harmonia é dos discos mais honestos que saíram em 2015. Digo isto não só por conhecer as pessoas por trás do projecto, por conhecer o Miguel e a sua paixão pela música, mas também porque bastará estarem atentos às letras e à forma como todo o projecto toma contornos físicos para verem que tudo é feito com muito amor, mas melhor ainda, com muito, muito talento. Motor, uma edição Cultura FNAC, volta a trazer o talento de Peixe, conhecido inicialmente por fazer parte dos Ornatos Violeta, a todos os que apreciam texturas e cenários que oscilam entre o simples e o complexo, que nos levam a fechar os olhos e a deambular por um imagético muito pessoal. 


Uma das grandes notícias de 2015 é que There Must Be a Place vai voltar a existir, mas antes disso houve discos dos dois projectos que o constituem – Best Youth e We Trust. Discos completamente diferentes, o primeiro num estilo muito sensual e ousado, o segundo numa homenagem aos heróis do nosso dia-a-dia. São dois discos que acabam por marcar a música portuguesa não só pela exportação e os concertos no estrangeiro que os Best Youth fizeram, mas também pelo poder de Everyday Heroes, com as suas letras e energias vibrantes. São dois projectos cuja produção ao vivo é digna de se ver e que têm crescido e maturado de forma consistente. Um orgulho para qualquer português. 


Holy Nothing e Mirror People são outros dois projectos que me acompanharam principalmente ao longo do Verão de 2015. Dificilmente têm pontos em comum, mas ambos fizeram parte do leque de escolha no que toca à pista de dança. Já conhecia os Holy Nothing desde o primeiro EP editado o ano passado e estava muito curiosa em relação ao disco. Não desiludiram. Mirror People tive o prazer de conhecer este ano e ainda por cima vou ter a honra de o ter no aniversário do blogue, como convidado dos Thunder & Co. Tanto o Rui Maia como a Maria do Rosário se vão juntar à festa e não podia ter ficado mais contente. Já sabem, 15 de Janeiro! 


Eu bem digo que a música portuguesa anda saudável e que se recomenda em doses industriais e prova disso são também estes dois discos. Há algum tempo que andava expectante em relação ao disco dos The Happy Mess e fiquei muito contente com o resultado final. The Invisible Boy abriu o mote a músicas que ficam na cabeça num rock dançável e enérgico. Maquina Del Amor foi uma das surpresas de 2015. Música matemática, dizem alguns, viagens espaciais dizem outros, eu cá digo para ouvirem e tirarem as vossas próprias conclusões. Ainda não consegui ver nenhum destes dois projectos, mas quero, e muito. 


Os destaques terminam com dois belíssimos discos, de músicos cheios de talento cuja versatilidade é comprovada ao vivo. Juntei Tape Junk e Benjamim porque é impossível não sentir um carinho especial por ambos, em que Alvito tem um papel especial em ambos os discos. João Correia e Luís Nunes, os protagonistas de cada disco, respectivamente, são artistas muitos genuínos e deram origem às conversas/entrevistas que mais gostei de fazer este ano. Existe uma honestidade e uma liberdade nas músicas destes dois discos que fazem falta quando compomos a nossa biblioteca musical. Tenho muito orgulho nestes trabalhos, principalmente porque ao início poderiam ser géneros que eu não ouvisse tanto, mas o que é certo é que me conquistaram. 


É claro que há discos que faltam aqui, como o de Moullinex, Equations, 10 000 Russos, Electric Man, João Martins (Ides of March), Basset Hounds, Os Capitães da Areia e os The Walks. Sinceramente, tem-me fascinado a diversidade e a qualidade do que se tem feito no nosso país. O que inclui também aqueles que se começaram a dar os primeiros passos este ano, mas que ainda não têm discos ou só lançaram EPs. Também quero falar um pouco disso…

Vou começar pela Surma, ex-Backwater and The Screaming Fantasy, é uma das minhas grandes apostas para 2016. Não tenho dúvida alguma que esta miúda ainda vai dar muito à nossa música e que vai chegar muito longe. Tem apenas 21 anos, mas já carrega com ela uma harmonia e coerência sonora e estética admiráveis. Dia 12 de Fevereiro temos concerto de aniversário no Porto no Maus Hábitos! 

Os Twin Transistors são outra banda que brevemente vai dar que falar. Começaram a dar concertos este ano, fala-se em disco já no próximo semestre e já estão confirmados para a edição do Lisbon Psych Fest 2016. São do caraças ao vivo e o melhor que fazem é mesmo ficarem atentos. 


Com EPs lançados temos o LOP, um Split EP de Daily Misconceptions e O Manipualdor. Se existe trabalho equilibrado, uma espécie de jogo entre o yin e o yan, então este é esse trabalho. Também O Manipulador vai estar no 7º Aniversário do blogue em Lisboa. Vi-o ao vivo e fiquei completamente rendida. O trabalho com o baixo, os pedais, a poderosa estética através das projecções… Tudo transforma o concerto num momento único. Imperdível e irresistível é também o primeiro EP de Bússola que sabe a pouco quando já se viu ao vivo. Estou muito ansiosa que venha o disco de longa-duração destes cinco músicos que conseguem preencher qualquer espaço que possa estar vazio com as suas vozes e sonoridades. 


2015 deu também vida a outros dois projectos: Galgo e Burgueses Famintos. Os primeiros, ainda tão jovens e já cheios de vontade, energia e postura contagiantes. Os segundos, jovens também, mas já com uma carga de maturidade e de vida que dão toda uma outra densidade à música e à verbalização do texto.


Também Twisted Freak lançou um novo EP digno de se ouvir, Fancis Dale e Isaura percorreram o país com os seus EPs e conquistaram palcos como o Lux, e ainda tivemos Ermo, Paraguaii, Cave Story e Old Yellow Jack. 

Olhando em retrospectiva, tenho pena de não ter conseguido trabalhar mais outros discos, mas a verdade é que quando se está sozinha atrás de um blogue como o BranMorrighan em que praticamente recebo tantas solicitações como sites de música com autênticas equipas… Existirão sempre factores diferenciadores e é claro que eu própria vou tendo os meus critérios. No geral tenho muito orgulho em todo o trabalho que anda a ser feito em Portugal, tenho apenas pena que muitos se mantenham cegos. 

E é claro que tenho noção que faltam aqui nomes como David Fonseca, Márcia, They’re Heading West, o disco de remisturas da Capicua, etc. etc., mas para esses já falam todos os outros sites e jornais e revistas. A verdade é que eu própria acabo por me envolver mais com projectos que ainda estão a começar ou que de alguma maneira ainda não têm todas as camadas (quase) intransponíveis das grandes editoras que parecem criar uma maior distância para com projectos mais pequenos como é o caso do meu blogue. Mas não tem mal, sinceramente estou contente com o que tenho feito e como tudo tem corrido. É claro que, por exemplo, sendo fã do David Fonseca desde que me lembro que existo tenho pena de nunca ter estado mais perto ou sequer de o ter ainda entrevistado, mas sem pressas. 

Sei que 2016 vai trazer discos novos e começo-me logo a lembrar dos queridos You Can’t Win, Charlie Brown, dos First Breath After Coma, D’Alva, X-Wife, Nice Weather For Ducks, Lotus Fever, Azul-Revolto, Mira un Lobo, RA, Paus, Linda Martini, De La Motta, Miss Titan, etc. etc. Acho que vai ser outro ano alucinante em termos de discos! Boas audições e qualquer sugestão é só deixarem comentário.

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[Balanços] As Melhores Leituras de 2015 https://branmorrighan.com/2015/12/balancos-as-melhores-leituras-de-2015.html https://branmorrighan.com/2015/12/balancos-as-melhores-leituras-de-2015.html#comments Mon, 28 Dec 2015 20:51:00 +0000 2015 foi um ano de grandes leituras. Não li muito, li cerca de 60 livros, mas posso dizer que foram praticamente escolhidas a dedo. Neste post, decidi colocar apenas livros editados em 2015. Apesar de ter feito muitas outras leituras editadas anteriormente, como O Principezinho ou Uma Casa na Escuridão (de José Luís Peixoto), achei que devia dar destaque às obras que mais gostei e que tiveram o presente ano como “marco inicial” no nosso país. Não me surpreende que a maioria das leituras sejam de autores portugueses, muito pelo contrário, que temos muito talento cá em Portugal já eu sei.

Não coloquei uma ordem muito específica a não ser a deste primeiro livro – A ridícula ideia de não voltar a ver-te. Este é o meu livro do ano. Sem qualquer margem para dúvidas e por todas as razões e mais algumas. Revi-me tanto nas palavras de Rosa Montero e em algumas das passagens da vida de Marie Curie que a coragem e a determinação encontradas foram completamente inspiradoras. Pego nele tantas vezes para reler algumas passagens… Imaginem que o livro está quase todo sublinhado. Crime? Não, apenas muita admiração!

LIVRO DO ANO

A seguir temos o livro do ano de autores nacionais – Xerazade, A Última Noite, de Manuela Gonzaga. Este foi um livro que me afectou muito, em demasiados sentidos. Um autor com essa capacidade é um autor que merece e deve ser lido, está mais do que recomendado. Bastará que leiam a minha opinião e compreenderão. É um livro transcendente.

LIVRO DO ANO NACIONAL

Numa leitura mais recente, mas completamente imperdível, Contos de Cães e Maus Lobos, de Valter Hugo Mãe. É, sem dúvida, um livro intemporal que nos remete para tantas fases das nossas vidas, tantas emoções, que ficar-lhe indiferente é uma espécie de missão impossível. Todo o trabalho artístico/visual também está muito bem conseguido. Dá gosto ter uma edição destas tão bem cuidada.

LIVRO INTEMPORAL

Segue-se Afonso Cruz, que não sabe fazer livros que não sejam bons. É uma aposta sempre segura, mas não pensei que vão sempre ao mesmo. Pelo contrário, a cada livro ele surpreende de várias maneiras e em vários assuntos. Vale sempre a pena ler uma obra nova de Afonso Cruz, seja do género infantil (que de infantil tem sempre muito pouco) ou para adultos. Os abanões são constantes, mas a contemplação maior ainda.


Brandon Sanderson é, para mim, um dos melhores escritores de literatura fantástica. Esta trilogia, Nascida nas Brumas, é capaz de ser das mais complexas, belas e aterradores trilogias que já li. E depois de tantos anos a ler fantástico, a capacidade de me surpreender e marcar desta maneira só pode ser destacada.


Samuel Pimenta e Gilberto Noll lado a lado porque ambas as obras são uma crítica enorme à sociedade e ao ser humano. Bem escritos, perturbadores e transformadores. Penso que de vez em quando toda a gente devia ler estes géneros de livros, os processos de crescimento pessoal e até de relação com a sociedade merecem ser revistos.

 

João Tordo e Pedro Vieira, ambos portugueses, ambos com tanto talento, mas de estilos narrativos completamente díspares. Escolhi emparelhá-los não por me terem causado sensações parecidas, mas precisamente por serem tão diferentes terem conseguido cativar-me a um nível muito próximo. Entre o pessoal e o social, cobrem temas completamente diferentes, mas necessários. Talvez seja a única a ver algum sentido nisto, mas a verdade é que vejo.


Tive o prazer de fazer parte da apresentação destes dois livros. Não estão no top por causa disso, estão cá porque eu acredito realmente no valor destas obras e que sem dúvida o público-alvo amante de policiais com romance e espionagem se vão render automaticamente. O Nuno está de parabéns e sei que esta tem sido uma luta com muitos atritos, mas sempre vencida com muito querer e grande qualidade.


A Eterna Demanda e Toda a Luz Que Não Podemos ver foram dois livros de literatura estrangeira que também mexeram com os meus sentidos. O primeiro tem o seu quê de estranho, mas as passagens pertinentes conquistaram. Já o segundo tem toda uma densidade e intensidade que mexe connosco desde o início. Talvez por a protagonista ter a limitação que tem, a certa altura, não sei. Mas ambos muito bons!


Juliet Marillier é a minha autora preferida de tudo o que envolve magia, misticismo e romance. Depois da trilogia de Sevenwaters dificilmente alguma será melhor, mas esta volta a ter uma magia bastante única e foi uma delicia de ler. Ao lado, num género nada a ver, Peregrino. Um livro que me levou perto de um mês a ler, mas que valeu totalmente a pena. É um livro com bastantes camadas, que envolve em si mesmo assuntos muito sérios e actuais, tornando-se assombroso.


Por último, mas sem ficarem a dever nada a ninguém, dois destaques da literatura portuguesa. Vou confessar, eu li uma das versões beta d’A Alvorada dos Deuses, não li esta versão toda bonitinha (isso está para breve), mas penso que é uma conquista e um marco na escrita do Filipe Faria ter um novo romance cá fora. Ele escreve muito bem, mesmo usando termos que inevitavelmente teremos de ir ao dicionário se não quisermos ficar na dúvida, e penso que o devido valor não lhe tem sido totalmente dado. É a ele e ao Rui Conceição Silva, que escreveu um dos livros mitológicos mais extraordinários que já li e por não ter vendido teve de se render ao romance. Mas e que romance! Quando o Sol Brilha tem muito de genuíno, família e emoção. É um livro muito verdadeiro e sincero. 


E é isto! Não querendo desvalorizar outras leituras, como A Rapariga no Comboio ou Doce Tortura, que também gostei muito, acho que estes se destacam pela sua unicidade em género e estilo. Gosto de livros que me transportem para outros locais, que me façam sentir como se lá estivesse, que mexam comigo e me tirem da normalidade. Ou então que apenas traduzam muito daquilo que sinto, daquilo que vejo e nem sempre me consigo expressar. Ainda não terminei a leitura Os Enamoramentos, mas sem dúvida que é outro livro que encaixava aqui muito bem! Boas leituras!

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[Balanço] Os Melhores de 2014! Música Nacional https://branmorrighan.com/2015/01/balanco-os-melhores-de-2014-musica.html https://branmorrighan.com/2015/01/balanco-os-melhores-de-2014-musica.html#respond Sat, 03 Jan 2015 16:24:00 +0000

Facto – a Música Portuguesa atravessa uma das fases mais férteis de sempre. Qualidade e diversidade não lhe faltam, o difícil é conseguir acompanhar a velocidade com que trabalhos novos vão sendo editados e lançados. O facto de hoje em dia ser fácil produzir sem a necessidade de um estúdio, ajuda a que muitos projectos independentes vejam a luz do dia. Os equipamentos caseiros têm cada vez mais qualidade e esta mudança dos tempos nota-se também no tipo de música que tem vindo a ser produzida. A música electrónica, por exemplo, começa a ser vista sob uma nova perspectiva e muitos preconceitos têm sido desfeitos. 

É complicado avaliar um ano que foi tão recheado em lançamentos e dos bons. Fazer tops então é praticamente impossível e serão sempre de uma grande injustiça. Dado que o Morrighan é um blogue pessoal e dado que muito do meu trabalho é baseado em valor humano, as escolhas que aqui vão ser feitas são baseadas não só na qualidade, subjectiva aos meus gostos pessoais, do trabalho, como também na postura. Só este ano fiz mais de 70 entrevistas, a grande maioria pessoalmente, conheci mesmo muita gente, e quero registar esse lado positivo que ter um blogue tem. 

Também a nível de concertos e festivais o ano foi muito rico, mas aí é fácil – Festival Vodafone Paredes de Coura e Fusing for the win. Não pude ir ao Milhões de Festa nem ao Bons Sons (por estar no Fusing), mas desconfio que teriam sido duas experiências também elas muito boas. Estive num dos dias do Alive, o último, e tirando o primeiro concerto no palco principal, dos You Can’t Win, Charlie Brown, a restante noite foi passada no secundário. Também valeu muito a pena! 

Mas vamos aos discos! Este ano tivemos N lançamentos muito, muito bons. Seria impossível percorrê-los a todos, mas vou deixar aqui uma lista dos que realmente me marcaram (ou seja, aqueles que me vêm automaticamente à cabeça.:

Top LPs Nacionais

1. Diffraction/Refraction, You Can’t Win, Charlie Brown

2. Forgetting is a Liability, Mr. Herbert Quain

3. 8, Sensible Soccers 

4. A Bunch of Meninos, Dead Combo / 1975, Xinobi

5. Keep Razors Sharp, Keep Razors Sharp

6. Search for Meaning, Lotus Fever

7. No True Magic, a Jigsaw / How can we be joyful in a world full of knowledge, Bruno Pernadas

8. Canções Mortas, Coelho Radioactivo / Cornerstone, Brass Wires Orchestra

9. The Waiting, Yesterday / Time for T, Time for T / A Mountain and a Tree, Imploding Stars

10. Savage, Moe’s Implosion / Enteléquia, O Abominável

Sim, alguns foram ouvidos em igual medida, por isso ficam par a par. Deixo algumas menções honrosas, pois o ano foi mesmo fértil em discos, a: Donkey, Nobody’s Bizness / Black Bombaim & la la la ressonance / Hook, Killimanjaro / True, The Legendary Tigerman / Pesar o Sol, Capitão Fausto / The Sky Over Brooklyn, João Martins / Mambos de Outros Tipos, Throes + The Shine / We Play With Time, Twisted Freak / Penelope, Sequin / White Haus, White Haus / Um Mundo Quase Perfeito, Pedro e os Lobos / B Fachada, B Fachada / Norton, Norton / Badlav, Jibóia / #batequebate, D’Alva / V, Azevedo Silva / This is Los Waves So What, Los Waves.

Top EPs Nacionais

1. Ouija, azul-revolto

2. There’s Always Something Related to It, Tales and Melodies

3. 5 Monstros, Tio Rex

4. Soothing Edge, For Pete Sake

5. Bare, Gobi Bear

Menções honrosas a: Boundaries, Holy Nothing / The Sunflowers / Porcelain Love, Miss Titan / The Stone John Experience, Stone Dead / Vermelho Donzela, Bad Pig.

Para mim, o artista do ano de 2014 só podia ser um – Noiserv

Não lançou nenhum disco, mas lançou um DVD a comemorar os 10 anos e foi dos artistas que mais concertos deu em 2014. É impossível não admirar a postura de David “Noiserv” Santos, com a sua filosofia “Do it yourself” e sempre disponível para fazer mais e melhor. 

Em relação ao projecto que mais evoluiu em 2014First Breath After Coma

Vi-os pela primeira vez em 2013, mas em 2014 tive a oportunidade de os ver umas quantas vezes, a última no dia 27 de Dezembro de 2014. A evolução é mais que notória, tornaram-se uma banda de divisão superior, a querer morder os calcanhares das grandes bandas de post-rock, criando um género próprio, cantado, com faixas mais curtas, mas nunca menos intensas. Recomendáveis a qualquer altura do ano e em qualquer palco. 

Fotografia de Daniel Fernandes

A Cena ao VivoSensible Soccers

É claro que o 8 está em todos os tops e mais alguns! Para além de ter sido, efectivamente, um dos melhores álbuns de 2014, não é tanto em estúdio que me fascinam, mas ao vivo. A energia que criam enquanto tocam é inexplicável. São pessoas simples, que adoram o que fazem e cuja paixão pela música conseguem transbordar para quem os rodeia. Os sorrisos são contagiantes e o som é electrizante, fazendo o corpo mexer a seu belo prazer. Nota 10. 

Banda que merece todo o meu respeito pela sua carreira Primitive Reason 

Foi em 2014 que conheci pessoalmente, e entrevistei, os Primitive Reason, mais propriamente o Abel e o Guillermo. Foi empatia à primeira vista e não só, um respeito que poucos conseguem impor tão naturalmente como respirar. Artistas no completo sentido da palavra, impressionaram-me pela simplicidade e pela solidez com que voltaram ao meio musical depois de alguns anos parados. 20 anos não são para toda a gente, mas isto ainda não é nada para aquilo que querem fazer.

Existem outros projectos que tenho de, obrigatoriamente, referir. Bella Mafia, Pernas de Alicate, Les Crazy Coconuts, Nice Weather For Ducks, The Allstar Project, Bússola, Moullinex, Dear Telephone, Tiago Sousa, João Lobo e Nome Comum. Foram artistas com os quais fui trabalhando ao longo do ano e que me deu um gosto enorme falar sobre eles. Refiro-os aqui porque espero em 2015 ter boas notícias de cada um deles! Vamos ver o que este ano nos trás. 

Para terminar estes destaques, deixo só mais umas notas. Não gosto muito de bate-bocas pela web, mas estou cansada da desinformação, e respectiva propagação, que muitas vezes existe por aí. Quero, principalmente, congratular quem continua a lutar pela música portuguesa, independentemente do que as massas dizem. É impossível falar de 2014 sem referir, por exemplo, a Raquel Lains. Uma promotora exemplar no que toca à divulgação dos seus artistas e também na promoção que fez do Fusing. Outro destaque é, obviamente, o movimento Leiria Calling, que não se resigna e luta pela descentralização de atenções, com toda a qualidade leiriense saudável, a fervilhar, e a recomendar-se mais do que nunca. Também a ZigurArtists, netlabel, tem a minha admiração, seja pela postura, seja pela forma como também tratam os seus artistas. Gente jovem que também não se conforma. 

É sempre complicado não ferir susceptibilidades, mas quando olho para 2014 são estas as coisas que me vêm à cabeça. Claro que trabalhei com mais pessoas, às quais agradeço de coração toda a atenção despendida, claro que espero vir a conhecê-las melhor e que tenho grandes esperanças e expectativas para 2015, mas é de 2014 que falamos e aqui ficam as minhas memórias mais sinceras. 

No lado mais negativo, ficam algumas bandas que a certa altura poderiam estar no top, mas que passaram para as menções honrosas só porque realmente gostei do seu trabalho. É que quando estamos horas a trabalhar sobre certos artistas, seja em texto ou em fotografia, e depois nem um obrigada se recebe, bem, até à próxima! Venha 2015 e com ele muita coisa boa! 

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[Balanço] Os Melhores de 2014! Literatura https://branmorrighan.com/2015/01/balanco-os-melhores-de-2014-literatura.html https://branmorrighan.com/2015/01/balanco-os-melhores-de-2014-literatura.html#comments Fri, 02 Jan 2015 23:03:00 +0000

Fazer tops, seja do que for, é sempre uma tarefa ingrata. Percebo a necessidade de destacar os melhores, de dar reconhecimento a quem o merece, mas fica sempre tanto por dizer que ponderei bastante antes de iniciar este post. Por isso as coisas vão ser um pouco diferentes este ano. Existe trabalhos que vou referir, em espécie de menção honrosa, e vou então tentar destacar o que teve um marco distinto tanto na literatura como na música.

Começando pela Literatura

Graças ao Goodreads é fácil fazer uma perspectiva dos livros que li, de quais é que gostei mais e/ou menos. Também vocês podem constatar directamente isso, clicando apenas aqui: https://www.goodreads.com/review/list/3547706?read_at=2014&view=covers

Dessa panóplia de 74 livros, posso dizer que o ano ficou marcado por várias estreias a nível nacional. Manuel Jorge Marmelo, Filipa Martins, Tiago Salazar, José Rentes de Carvalho, Manuela Gonzaga, Carla Lima e o incontornável João Tordo. Expandi as minhas leituras no que toca à bibliografia de Afonso Cruz, vi a nossa fantástica Carla M. Soares a lançar mais dois romances e a Sandra Carvalho a iniciar uma nova série.

A nível internacional, quero destacar as séries que terminei, Caçadores de Sombras (tanto Os Instrumentos Mortais como As Origens), de Cassandra Clare, Sevenwaters, de Juliet Marllier, Divergente, de Veronica Roth, Noite dos Demónios, de Peter V. Brett, sendo que esta última é das melhores trilogias que já li. Desde o world building, ao desenvolvimento das personagens, à própria estrutura do enredo, tudo foi feito ao detalhe e de mestria notáveis. As escolhas, mais abaixo. 

Mas vamos então aos destaques. Só estão aqui presentes livros dos quais consegui escrever opini

Top10 Nacional:

1. Para Onde Vão os Guarda-Chuvas, Afonso Cruz

2. O Tempo Morto é Um Bom Lugar, Manuel Jorge Marmelo

3. Biografia Involuntária dos Amantes, João Tordo

4. O Cavalheiro Inglês, Carla M. Soares

5. O Olhar do Açor, Sandra Carvalho

6. Moçambique – Para a Mãe Se Lembrar Como Foi, Manuela Gonzaga

7. Montedor, José Rentes de Carvalho

8. Viajantes, Daniel Costa-Lourenço, Bruno Torrão e Marta Cruz

9. Mustang Branco, Filipa Martins

10. Baloiço Vazio, Carla Lima

Top10 Internacional:

1. Império Final, Brandon Sanderson

2. A Rapariga-Corvo, Jerker Eriksson

3. O Marciano, Andy Weir

4. Um Caso Perdido, Colleen Hoover

5. Mendel dos Livros, Stefan Zweig

6. A Princesa Mecânica, Cassandra Clare

7. A Chama de Sevenwaters, Juliet Marillier

8. A Guerra Diurna, Peter V. Brett

9. Só em Sonhos, Sherrilyn Kenyon

10. Não Digas Nada, Mary Kubica / O Olhar de Sophie, Jojo Moyes

Top Nacional

Vou tentar ser breve nos comentários a estas escolhas. Começando pelo Top Nacional, Afonso Cruz é já incontornável. Não dá para ficar indiferente e quase que estive para colocar todas as obras que li dele naquele Top. Achei que seria injusto para as outras leituras e então coloquei aqueles dois que seria berrante não colocar. Admito que pode haver quem estranhe Afonso Cruz, mas acredito que dada a oportunidade se entranhe de forma irreversível. As estreias com Manuel Jorge Marmelo e João Tordo foram duas apostas em cheio, com uma escrita sólida e atraente, e já tenho outros livros seus à espera de serem lidos. O Tempo Morto é Um Bom Lugar merece tanto a nossa atenção… Leiam a minha opinião, perceberão porquê. Já o que mais me atraiu na Biografia Involuntária dos Amantes foi mesmo o desassossego, a procura, o caminhar sem saber onde se vai chegar. Adorei o retrato de Manuela Gonzaga sobre a sua vida em Moçambique, num gestor enternecedor para a sua mãe. Viajantes, está um retrato muito bonito, entre a poesia e a fotografia, e Montedor leva-nos à génese da obra literária de J. Rentes de Carvalho. Sandra Carvalho e Carla M. Soares provaram, mais uma vez, que são suas autoras de eleição e uma aposta sempre segura. Temos também Filipa Martins e Carla Lima que tendo ambos personagens femininas centrais, exploram universos de obsessões diferentes, de perspectivas interessantes. 

Top Internacional

No Top Internacional tive muita sorte porque foi fácil escolher. Este ano, os livros que li ou eram muito bons ou eram… razoáveis. Dos muito bons, poucos ficaram de fora e esta selecção representa bem a qualidade dos mesmos. Império Final, como já disse, é dos melhores livros de literatura fantástica que já li e, acreditem, já li muitos. A Rapariga-Corvo foi um thriller brutal, arrepiante, tremendamente bem escrito e que aconselho, sem dúvida alguma. Da TOPSELLER, editora de destaque de 2014, temos O Marciano, Ficção Científica, Um Caso Perdido, Romance/Drama e Não Digas Nada, Thriller. Três livros que pura e simplesmente me tomaram a atenção por completo. As narrativas estão muito bem estruturadas, as personagens são interessantes e existe acção e suspense que chegue e sobre. Mendel dos Livros é um pequeno livro que me surpreendeu. Peguei nele por isso mesmo, por ser mais pequeno e talvez mais leve – estava enganada. É intenso e deixa a sua marca. Jojo Moyes, com O Olhar de Sophie, foi uma bela surpresa, nunca tinha lido, mas valeu bem a pena. Já os restantes são clássicos para mim e já foram referidos como destaques, nos términos das respectivas séries.

E aqui ficam os destaques da Literatura no Morrighan em 2014. Quero deixar o meu muito obrigada a todos os parceiros, mas deixar também um agradecimento especial ao grupo Porto Editora (que inclui os parceiros Bertrand e Quetzal), que é das colaborações que mais respeito e reconhecimento tem mostrado pelo meu trabalho, à Editorial Presença por ser das mais fiéis e antigas editoras do blogue, à TOPSELLER por toda a evolução que tem tido e por ter sempre o cuidado de me manter a par das suas novidades, mesmo que nem sempre eu consiga ler ao ritmo que saem, às Edições Saída de Emergência, também as colaborações mais antigas e de confiança que tenho e, por último, à Editorial Planeta e à Penguin Random House por todo o carinho e atenção com que têm brindado tanto a minha pessoa como o BranMorrighan. 

Como isto ficou um pouco maior do que julgava, Os Melhores de 2014! Música, fica para outro post!

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[Balanço] Os Melhores de 2013! Livros, Autores, Álbuns Musicais https://branmorrighan.com/2013/12/balanco-os-melhores-de-2013-livros.html https://branmorrighan.com/2013/12/balanco-os-melhores-de-2013-livros.html#comments Tue, 31 Dec 2013 13:37:00 +0000

Mais um ano passado, mais uma vez um mundo editorial repleto de novidades. Com este post quero eleger os melhores livros que li este ano (de entre 110 a tarefa não foi nada fácil) sendo que o maior destaque vai para a enorme quantidade e qualidade das obras portuguesas que li este ano. Também quero destacar os melhores álbuns musicais que ouvi este ano, dado esta ser uma categoria emergente e em alto crescimento no blogue. Mas passemos aos Tops! 

TOP 10 Livros Singulares 2013! (Livros que não pertencem a sagas.)

1. O Livro do Ano | Os Livros que Devoraram o Meu Pai | Jesus Cristo Bebia Cerveja de Afonso Cruz 

2. A Desumanização de Valter Hugo Mãe

3. A Filha do Papa de Luís Miguel Rocha | Os Abutres do Vaticano de Eric Frattini

4. Em Parte Incerta de Gillian Flynn

5. Salvo pelas Estrelas de Kristine Barnett

6. O Aleph de Jorge Luis Borges

7. Arroz de Palma de Francisco Azevedo

8. A Mulher-Casa de Tânia Ganho | Anna e o Beijo Francês de Stephanie Perkins

9. O Segredo de Compostela de Alberto S Santos

10. As Primeiras Coisas de Bruno Vieira Amaral | O Albatroz de Teresa Lopes Vieira | O Diletante e a Quimera de Pedro Medina Ribeiro

TOP 10 Livros de Sagas 2013! (As sagas/trilogias que contêm o seu nome completo e não apenas um livro, foi porque foram lidas por inteiro durante 2013.)

1. Os Doze (A Passagem #2) de Justin Cronnin

2. A Glória dos Traidores (As Crónicas de Gelo e Fogo #6) de George R.R. Martin

3. Os Lobos de Mercy Falls de Maggie Stiefvater

4. O Príncipe Mecânico (Caçadores de Sombras – As Origens #2) de Cassandra Clare

5. Insurgente (Divergente #2) de Veronica Roth

6. Destinos Interrompidos (Starters #1) de Lissa Price

7. Scarlet (Lunar Chronicles #2) de Marissa Meyer

8. Shadowfell (Shadowfell #1) de Juliet Marillier

9. Maximum Ride – Adeus à Escola (Maximum Ride #2) de James Patterson

10. O Andersenal (Felizes Viveram Uma Vez #2) de Filipe Faria

TOP 10 Autores Nacionais de Leituras em 2013

1. Afonso Cruz

2. Valter Hugo Mãe

3. Luís Miguel Rocha

4. Filipe Faria

5. Tânia Ganho

6. Alberto S Santos

7. Bruno Vieira Amaral

8. Teresa Lopes Vieira

9. Pedro Medina Ribeiro

10. Paulo M. Morais | Nuno Nepomuceno

TOP 15 Álbuns Musicais de 2013 (Obviamente sujeito aos meus gostos pessoais)

1. Turbo Lento, Linda Martini

2. Almost Visible Orchestra (A.V.O), Noiserv

3. The Misadventures Of Anthony Knivet, First Breath After Coma

4. Vem Por Aqui, Ermo

5. Cabeça, Filho da Mãe

TOP 10 Álbuns Musicais Internacionais de 2013 (Obviamente sujeito aos meus gostos pessoais)

1. Trouble Will Find Me, The National

2. If you Leave, Daughter

3. … Like Clockwork, Queens of the Stone Age

4. AM, Arctic Monkeys

5. Holy Fire, Foals

6. Reflektor, Arcade Fire

7. Bankrupt!, Phoenix

8. Modern Vampires of the City, Vampire Weekend

9. Arc, Everything Evrything

10. Woodkid, The Golden Age

E pronto, por este ano chega de TOPs! Poderia fazer mais uns quantos, mais rigorosos, mas o tempo para o final de 2013 escasseia e penso que já resume bastante o ano de 2013 em termos de qualidade literária e musical. Não posso deixar de mencionar, na parte do teatro, a Don’Adelaide Produções e as suas fantásticas iniciativas.

Mais logo farei um post de Balanço do ano em si, mais abrangente e em que mencionarei algumas experiências muito engraçadas e outras enriquecedoras. Fiquem atentos. Obrigada!

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[Opinião Blog Morrighan] Optimus Alive 2013 – Um Balanço “Foi bom, mas podia ter sido melhor” https://branmorrighan.com/2013/07/opiniao-blog-morrighan-optimus-alive.html https://branmorrighan.com/2013/07/opiniao-blog-morrighan-optimus-alive.html#respond Wed, 17 Jul 2013 09:19:00 +0000

Assim começou a minha Sexta-feira passada, dia 12 de Julho. Com um cartaz que prometia, apesar de pouco equilibrado entre os dias, foi com bastante expectativa que lá me pus a caminho do passeio marítimo de Algés. A programação podem vê-laaqui.

O primeiro dia alvejava ser um dia de loucos para quem gostasse de bandas de ambos os palcos, como era o meu caso. O resultado é que acabei por não ver quase nenhum concerto por inteiro. A primeira banda do dia que me interessava era Japandroids, mas depois havia logo Two Door Cinema Club; antes destes acabarem, já Dead Combo estava a começar e no fim já Green Day tinha iniciado também a sua performance. Para grande injustiça, Edward Sharpe & The Magnetic Zeros começou a antes de Green Day acabar e confesso que só Vampire Weekend é que acabou por ser a banda com a minha presença do início ao fim. Cristal Fighters já tinha visto em Paredes de Coura e por isso vi apenas um pouco para depois regressar a casa.

Digo-vos uma coisa, o pior que podem fazer é andar a saltar de palco para palco. Não vêem nada por inteiro e só vos apetece partir à chapada a organização. Os horários e as conjugações dos concertos, podiam, a meu ver, ter sido mais bem organizados. E o problema é que não foi só no primeiro dia assim, mas também no último. Já lá vamos. Outra coisa que me irritou profundamente foi Death From Above 1979 ter cancelado…!

Ainda em relação ao primeiro dia, Vampire Weekend, foi, na minha opinião, o melhor concerto do dia. Começaram a abrir e souberam manter o ritmo, com toda a gente a dançar e um ambiente frenético de excitação. Edward Sharpe & The Magnetic Zeros foram a maior surpresa; confesso que não conhecia, mas passei a gostar. Japandroids e Dead Combo foram porreiros, mas a comparar com o que foram em Paredes de Coura… Hum…

No segundo dia dirigi-me ao espaço Optimus Alive sem expectativa alguma a não ser para Depeche Mode. Em termos de bandas confesso que não conhecia muitas mais, ou pelo menos que fosse mesmo fã, mas acabei por ter uma grande surpresa com Editors.

Era uma banda que ouvia apenas de vez em quando, mas penso que o concerto foi brutal e certamente irá constar mais vezes nas minhas playlists.

Depeche Mode superou tudo o aquilo que eu poderia ter querido ou desejado. Foi uma autêntica festa, de qualidade soberba e um espectáculo como há poucos. Clássicos como Walking in my shoes, Can’t get enough, I feel you, entre outros, fizeram o público culminar numa histeria muito bonita de se ver e ouvir. Um dos melhores concertos do Alive, se não o melhor.

Último dia! Ora bem, não podia ter começado melhor. Linda Martini deve ser a banda que mais vezes vi ao vivo e ainda assim não me consigo cansar nem fartar. Foi o dia em que cheguei mais cedo ao recinto para conseguir uma posição privilegiada para os ver e o concerto foi brutal. Apresentaram o novo single Ratos, ainda mais uma música do novo álbum, e depois foram clássicos como Dá-me a tua melhor faca, Amor Combate, Belarmino Vs. entre outros, acabando com um estrondoso Cem Metros Sereia! Do melhor mesmo. Isto sim, é qualidade nacional de primeira.

De Linda Martini até ao próximo concerto, andei às aranhas. As bandas não me interessavam. Não gostei de Jake Bugg; BWO, não sei bem se era da qualidade do som, estava a dar cabo da minha cabeça e acabei por ter ali um intervalo em que nada se passava. Até que de repente… Era hora da correria entre palcos novamente! (Onde é que eu já vi isto???)

Of Monsters and Men começava às 19h45 para logo a seguir Tame Impala começar às 20h10. Tenho a dizer-vos que isto não se faz. Que os fãs de Of Monsters and Men me perdoem, mas como é óbvio eu não podia perder Tame Impala. Acabei por ainda ver umas 4 músicas da primeira banda, para depois ir a correr para Tame Impala. Tenho a dizer que foi um concertaço. Muito bom, mesmo!

Depois deu-se novo conflito de interesses… Twin Shadow ou Phoenix? Ah pois é… Claro que fiquei para Phoenix. Nem me dei ao trabalho de ir espreitar Twin Shadow, apesar de ser um banda que queria bastante ver. Como estava numa posição bem boa para ver Phoenix, acabei por ficar ali meia-hora de pé entre milhentos empurrões e gente sem grande respeito. Mas quem é que quer saber disso quando uma das suas bandas preferidas está prestes a actuar? Phenix foi tipo… Brutal! Do início ao fim, com uma qualidade imensa e que deixou o público completamente eufórico. Já queria vê-los há tantos anos que finalmente consegui e ainda tive direito a todas as músicas que no meu íntimo desejava que tocassem!

Na última música de Phoenix, ou na penúltima, não sei bem, tomei a decisão de sair antes da confusão toda para me dirigir para Alt-J. Descobri esta última banda há pouco tempo e a curiosidade era mais que muita. Quando cheguei ao palco secundário, o meu queixo quase caiu. Completamente a abarrotar! Quando o concerto em si começou, o coro foi instantâneo e até a banda ficou surpreendida com a forma calorosa como foram recebidos. Mesmo quando houve um problema técnico, o público português mostrou estar à altura e não os deixaram ficar mal. Sem dúvida um concerto com um espírito muito próprio, diferente dos da maioria. Adorava ver esta banda em Paredes de Coura, sinceramente.

Bem, esta última secção do post é para algumas observações que poderiam, ou não, fazer alguma diferença. Penso que começa a ser óbvio para toda a gente que as dimensões do recinto começam a não ser adequadas para a quantidade de pessoas que o festival alberga. Quando um concerto no palco principal acaba fica impossível de se circular seja por onde for. Uma pessoa sufoca naquelas filas intermináveis e para avançar 10 metros está-se quase uns 5 minutos.

Em termos de cartaz e para o preço que o passe/bilhete diário custa, por favor é de ter em atenção as distribuições das bandas e respectivos horários. Compreendo que para Sábado Depeche Mode já fosse sobrelotar o recinto, mas ainda assim conseguiram com que os outros dois dias, para quem tem gostos mais ecléticos, impossibilitassem de se ver tudo o que se queria.

Outra observação que tenho a fazer é que, por coincidência, quando me vestia para o último dia do alive peguei na minha t-shirt do Festival Paredes de Coura de 2012. Eu já sabia que já tinha visto muitas das bandas do Alive deste ano, mas não tinha noção que realmente as tinha visto todas em Paredes de Coura nos últimos anos. Two Door Cinema Club, DFA 1979, Dead Combo, Japandroids, Cristal Fighters, Cristal Castles, entre outros.. Isto quer dizer que se eu for a Paredes de Coura todos os anos, vou repetir a dose de bandas no Alive no ano seguinte? Bem, não é mau de todo, talvez pelo contrário, mas achei piada.

Conclusões: adoro festivais porque normalmente permitem-me ter uma tarde/noite em grande companhia das bandas que mais gosto, mas achei que apesar de ter corrido tudo minimamente bem podia ter sido melhor. Colocarem Django Django às 1h40 de Domingo para Segunda quando muita gente tem que trabalhar ao outro dia… Há quem possa tirar férias, há quem não possa, eu tinha uma reunião importante logo pela manhã e por isso fiquei a chuchar no dedo… Dou os Parabéns à organização por terem conseguido trazer Pheonix e Depeche Mode (que são aparições não tão comuns assim em Portugal) e pronto, para o ano há mais!

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[4 Anos Blog Morrighan] Balanço https://branmorrighan.com/2013/01/4-anos-blog-morrighan-balanco.html https://branmorrighan.com/2013/01/4-anos-blog-morrighan-balanco.html#respond Tue, 15 Jan 2013 13:21:00 +0000

O dia 13 de Janeiro passou e com ele acabou a data da comemoração do quarto aniversário do blog Morrighan. Foi um mês muito intenso, de algumas emoções, mas acima de tudo de partilha de livros e de experiências.

O apoio das editoras e dos autores, o carinho dos leitores e seguidores das várias plataformas (blogger e facebook) foram fundamentais.

Ofereci 59 livros, 1 notebook, 1 agenda, 1 evento na Casa do Fauno, 1 capa para livros e ainda 1 colar do principezinho!

Durante este mês não houve um dia em que o blog não tivesse menos de 1000 visitas! Foram centenas de participações, mensagens de parabéns e muito apoio e incentivo para eu continuar com o meu trabalho aqui no blog. Foi mesmo muito bom.

Houve publicações que gostaria de ter feito, mensagens que gostaria de ter divulgado, mas com o tempo lá o farei. A minha vida pessoal, profissional e desportiva têm andado a competir ferozmente pela minha atenção, mas ainda assim podem comprovar que sempre que posso vos transmito as novidades do momento.

Muito obrigada a todos mais uma vez e espero que dia 13 de Dezembro de 2013 estejamos cá para festejar e metade de década!

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