Citações – Bran Morrighan https://branmorrighan.com Literatura, Leitura, Música e Quotidiano Tue, 26 Jan 2021 14:02:04 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.7.1 https://branmorrighan.com/wp-content/uploads/2020/12/cropped-Preto-32x32.png Citações – Bran Morrighan https://branmorrighan.com 32 32 Esperança e “milk and honey” https://branmorrighan.com/2019/01/esperanca-e-milk-and-honey.html https://branmorrighan.com/2019/01/esperanca-e-milk-and-honey.html#respond Tue, 08 Jan 2019 18:58:00 +0000

Tirei esta fotografia com o meu telemóvel (não tem qualquer tipo de filtro ou tratamento, estava mesmo muito nevoeiro às 9h30 da manhã) enquanto dava a minha caminhada matinal no trilho do Tejo. Provavelmente não inspira muito esperança. É, talvez, até desoladora. No entanto, há qualquer coisa nela, talvez aquela espécie de sol que quer espreitar, que me conforta e desconforta ao mesmo tempo. A fase pela qual estou a passar também está cheia desses altos e baixos. Quem disse que fazer um doutoramento não deixava as suas marcas?  

Como sabem, tinha como missão escrever pelo menos um artigo decente por semana aqui no blogue, mas o ano começou e eu continuei numa maratona desenfreada para cumprir uma missão que verá o seu termino no máximo na próxima Segunda-feira. Tem sido duro, tem sido cansativo, o mundo não pára de girar e eu continuo a ter de corresponder às minhas obrigações académicas e ainda tentar que as festas de aniversário tenham a atenção que merecem. Esperança! Não por mim. E quem me conhece sabe que se ainda me dou ao esforço de organizar concertos é porque acredito que as bandas que convido merecem a devida atenção e tento proporcionar-lhes uma oportunidade, em casas de referência, para se darem a conhecer. Ah! E a bela mixtape de comemoração de aniversário. Ainda não estão todas as músicas divulgadas, mas já ouviram as três belezas que já se encontram online? Visitem https://branmorrighan.bandcamp.com ! 🙂

Esta imagem está muito tosca, mas no meio da maratona que tem sido a vida, decidi pegar no livro milk and honey, de rupi kaur, que a Joana Gonzalez – amizade para uma vida que teve origem nos nossos blogue, o dela éo blogue As Histórias de Elphaba – me ofereceu num aniversário. Esta é uma das suas magníficas páginas. Que livro belíssimo. Que poesia brutal. Há páginas tão fortes entramos numa dimensão completamente visceral. A poesia consegue ser bela, mas também avassaladora. Este é um livro que entra na categoria daqueles que quero manter sempre perto de mim. Que na minha casa tem de estar num lugar de alta exposição. Que me faça lembrar. Que me lembre de que os traumas, a dor, o amor e a cura fazem todos parte da nossa vida e que podemos ser tão fortes quanto ousarmos ser. Esperança! Convido-vos a visitarem o meu instagram – https://instagram.com/sofiateixeira_branmorrighan/ – a verem as histórias que publiquei relacionadas com este livro. Ainda não sei se irei escrever um artigo só sobre o livro, mas espero que sim. 

Muito obrigada por se manterem desse lado e, não se esqueçam, se estiverem por Lisboa dia 18 de Janeiro é aparecer no Musicbox a partir das 21h! Ora espreitem a noite maravilhosa que vamos ter: http://www.branmorrighan.com/2019/01/branmorrighan-comemora-10-anos-no.html

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Citando a Rosa Montero em relação aos #Excêntricos e aos Criativos https://branmorrighan.com/2018/08/citando-rosa-montero-em-relacao-aos.html https://branmorrighan.com/2018/08/citando-rosa-montero-em-relacao-aos.html#respond Sun, 05 Aug 2018 13:25:00 +0000
Póvoa de Santa Iria

“Permite-me que faça aqui um ligeiro desvio para cantar louvores aos #Excêntricos, aos diferentes, aos monstros, que costumam ser as pessoas que mais me interessam. Por acréscimo, descobri com o tempo que a normalidade não existe; que não vem da palavra «normal», como sinónimo do que é mais comum, mais abundante, mais habitual, mas de «norma», de regulação e mandato.

A normalidade é um marco convencional que pretende a homogeneização dos humanos, como ovelhas fechadas num redil; mas, se olhares bem de perto, somos todos diferentes. Quem nunca se sentiu um monstro alguma vez? Além do mais, ser diferente pode ter algumas vantagens. Em 2009, a universidade húngara de Semmelweis publicou um estudo fascinante efectuado pelo seu Departamento de Psiquiatria.

Pegaram em trezentos e vinte e oito indivíduos sãos e sem antecedentes de doenças neuropsiquiátricas e fizeram-lhes um teste de criatividade. Depois verificaram se os sujeitos revelavam uma determinada mutação num gene do cérebro chamado, espirituosamente, «neuregulin 1». Calcula-se que cinquenta por cento dos europeus sãos possui uma cópia deste gene alterado, quinze por cento duas cópias e os restantes trinta e cinco, nenhuma. Acontece que o gene de nome inverosímil apresenta ter uma relação directa com a criatividade: os mais criativos teriam precisamente duas cópias e os menos criativos, nenhuma.

Segue-se a parte melhor: possuir a mutação também implica um aumento do risco de contrair transtornos psíquicos, como uma memória pior e… uma sensibilidade disparatada às críticas! Não te parece ser o perfeito retrato-robô do artista? Doido e pateticamente inseguro? O reverso da medalha é que essas pessoas um pouco excêntricas, bastante neuróticas e possivelmente fragilizadas parecem ser as mais imaginativas, o que não é nada mau. O estudo poderia explicar, aliás, a existência dos génios.”

Rosa Montero, A Ridícula Ideia de Não Voltar a Ver-te 

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Citando Rosa Montero Sobre a Loucura, Crises de Angústia e Ataques de Pânico https://branmorrighan.com/2018/07/citando-rosa-montero-sobre-loucura.html https://branmorrighan.com/2018/07/citando-rosa-montero-sobre-loucura.html#respond Tue, 31 Jul 2018 14:57:00 +0000 Fotografia tirada em Lipari


A verdadeira dor é indizível. Se conseguimos falar do que nos angustia estamos com sorte: significa que não é assim tão importante. Porque quando a dor cai sobre nós sem paliativos, a primeira coisa que nos arranca é a #Palavra. É provável que reconheças o que digo; talvez tenhas sentido, porque o sofrimento (tal como a alegria) é algo comum em todas as vidas. Falo daquela dor que é tão grande que nem sequer parece que nos nasce de dentro, que é como se tivéssemos sido sepultados por uma avalancha. E assim ficamos, tão enterrados sob toneladas pedregosas de pena que nem conseguimos falar. Temos a certeza de que ninguém nos vai ouvir. 


Agora que penso nisso, parece-se muito com a loucura. Na minha adolescência e primeira juventude sofri de várias crises de angústia. Eram ataques de pânico repentinos: enjoos, sensação aguda de perda de realidade, terror de estar a enlouquecer. Justamente por isso estudei Psicologia na Universidade Complutense (desisti no quarto ano): na verdade, creio que é a razão pela qual noventa e nove por cento dos profissionais do ramo estudam Psicologia ou Psiquiatria (os restantes são filhos de psicólogos ou psiquiatras e esses ainda estão pior). Que conste que não acho mal mal que assim seja: aproximar-se do exercício terapêutico tendo conhecido o que é o desequilíbrio mental pode proporcionar-nos mais compreensão, mais empatia. A mim, as crises de angústia aumentaram-me o conhecimento do mundo. Hoje alegro-me por as ter sofrido: assim soube o que era a dor psíquica, devastadora porque inefável. Porque a característica essencial daquilo a que chamamos loucura é a solidão, mas uma solidão monumental. Uma solidão tão grande que não cabe dentro da palavra é que não consegues sequer imaginar se nunca lá estiveste. É sentir que nos desligámos do mundo, que não vão conseguir entender-nos, que não temos palavras para nos expressarmos. É como falar uma linguagem que mais ninguém conhece. É ser um astronauta flutuando à deriva na vastidão negra do espaço exterior. É a este tamanho de solidão que me refiro. E acontece que na verdadeira dor, dor-avalanche, se passa uma coisa semelhante. Embora a sensação de alheamento não seja tão extrema, também não conseguimos partilhar ou explicar o nosso sofrimento. Já o diz a sabedoria popular: fulano enlouqueceu de dor. A mágoa é uma alienação. Calamo-nos e fechamo-nos. 

Rosa Montero, A Ridícula Ideia de Não Voltar a Ver-te

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Citações Aleatórias – Afonso Cruz https://branmorrighan.com/2017/12/citacoes-aleatorias-afonso-cruz_29.html https://branmorrighan.com/2017/12/citacoes-aleatorias-afonso-cruz_29.html#respond Fri, 29 Dec 2017 10:45:00 +0000

“Ao viajar à noite num carro alugado, pelas curvas do Atlas, encontrei um cachorro no meio da estrada. Percebi que fora abandonado e que, muito provavelmente, morreria. Estava deitado, enrolado, a tremer de frio. Decidi trazê-lo para Portugal. Peguei nele ao colo. Era um cão malhado, inteligente e meigo. No comboio tive de o esconder dos revisores, entre malas, dentro de malas, com a ajuda de outras pessoas. Em Marraquexe enquanto o carregava nos braços pelas ruas do souk, fez sucesso e queriam comprá-lo, perguntavam-me quanto queria por ele, ofereciam dinheiro, por vezes quantias relativamente avultadas. Há muito poucos cães por ali. No entanto, há muitos gatos, pois o Profeta gostava deles. Recusei todas as ofertas que me foram feitas. Um cão, ao que parece, tal como um boné dos Yankees [aqui falta uma entrada anterior para se perceber ainda melhor], é muito mais valioso do que a pornografia ou o whisky. Consegui passá-lo na fronteira, escondendo-o da polícia, e o cachorro clandestino viajou de barco até Espanha e, depois, de autocarro até Lisboa. 

Foi baptizado de Berbere. E foi o melhor negócio que não fiz.”

Afonso Cruz, em Jalan Jalan

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Citações Aleatórias – Afonso Cruz https://branmorrighan.com/2017/12/citacoes-aleatorias-afonso-cruz_23.html https://branmorrighan.com/2017/12/citacoes-aleatorias-afonso-cruz_23.html#respond Sat, 23 Dec 2017 17:32:00 +0000

“Há uma moda omnipresente entre os jovens: passar o tempo a fazer exercício e a ter um estilo de vida saudável. Para mim, saudável, nesta altura, nesta idade, é fazer do corpo um abismo, um apocalipse. O prazer de ser jovem reside na ausência da preocupação com a salubridade e numa conquista do barro, da imersão no erro, no caos. A higienização da vida, na juventude, é um envelhecimento precoce. Procuram um ideal de saúde e beleza no momento em que esse ideal já faz parte das suas vidas. Não imagino como se lhes será dolorosa a velhice. 

É muito provável que a preocupação com um estilo de vida saudável lhes traga alguns benefícios mais tarde, mas retira a experiência de uma vida posta no limite, impede-os da embriaguez, da possibilidade do êxtase, em troca de uma moderação e contenção caquécticas, consumindo bagas exóticas e superalimentos (o que será isso?), folhas de alface e iogurtes com bactérias inventadas pela publicidade. Andam em bicicletas sem rodas e correm esteiras sem paisagens, enquanto ouvem pop nos seus auscultadores e contam os batimentos cardíacos num telefone. Escolhem uma vida sem sobressaltos, absolutamente rendida a uma temperança monástica. Preferem uma vida em quantidade, longa, em vez de intensa, curta e dolorosa. É uma pena. Como escreveu Joaquín Verdaguer, «não criemos, pelo amor de Deus, um mundo de café sem cafeína, tabaco sem nicotina e álcool sem embriaguez. Não façamos do mundo um imenso e feio bolo sem açúcar.»”

Afonso Cruz, Jalan Jalan

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Citações Aleatórias – Afonso Cruz https://branmorrighan.com/2017/12/citacoes-aleatorias-afonso-cruz.html https://branmorrighan.com/2017/12/citacoes-aleatorias-afonso-cruz.html#respond Sat, 09 Dec 2017 12:40:00 +0000

“A literatura é um exercício de empatia em que os leitores e autores se colocam na pele de personagens diversos. É uma prática que ajuda a impedir a erosão da empatia e objectificação do outro, que leva muitas vezes à violência extrema.”

Afonso Cruz, em Jalan Jalan

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Citações Aleatórias – Álvaro de Campos https://branmorrighan.com/2017/11/citacoes-aleatorias-alvaro-de-campos.html https://branmorrighan.com/2017/11/citacoes-aleatorias-alvaro-de-campos.html#respond Thu, 16 Nov 2017 10:25:00 +0000

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Citações Aleatórias – Henry Miller https://branmorrighan.com/2017/11/citacoes-aleatorias-henry-miller.html https://branmorrighan.com/2017/11/citacoes-aleatorias-henry-miller.html#respond Sun, 12 Nov 2017 11:04:00 +0000

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Citações Aleatórias – Eimear McBride https://branmorrighan.com/2017/08/citacoes-aleatorias-eimear-mcbride.html https://branmorrighan.com/2017/08/citacoes-aleatorias-eimear-mcbride.html#respond Sat, 26 Aug 2017 16:28:00 +0000

Não. Não pertenço a grupo nenhum. Sou a carta fora do baralho, mas intenções as melhores e não logo muito porque Que Se Foda pertencer a grupos – mas não dizia que não a divertir-me mais. Ao menos estou aqui entrei, em vez de ficar a espera e. Peixes na água peixes no mar um dois três vamos saltar. Todos juntos pode ser?

Pequenos Boémios, Eimear McBride

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Citações Aleatórias – Valter Hugo Mãe https://branmorrighan.com/2017/05/citacoes-aleatorias-valter-hugo-mae.html https://branmorrighan.com/2017/05/citacoes-aleatorias-valter-hugo-mae.html#respond Fri, 19 May 2017 15:40:00 +0000

O oleiro pedia perdão pelo susto aos aldeões. A sua vontade apenas queria cuidar do mundo. Mas dormia apoquentado com a solidão e o crescente tamanho do amor. O amor, na perda, era tentacular. Uma criatura a expandir, gorda, gorda, gorda. Até tudo em volta ser esse amor sem mais correspondência, sem companhia, sem cura. Que humilhante a solidão do amante. O oleiro disse assim: que humilhante o coração que sobra. O amor deixado sozinho é uma condição doente. Os amigos deviam pensar em Saburo como um homem doente. 

Valter Hugo Mãe, Homens Imprudentemente Poéticos

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