Companhia das Letras – Bran Morrighan https://branmorrighan.com Literatura, Leitura, Música e Quotidiano Wed, 17 Aug 2022 11:07:57 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.8.2 https://branmorrighan.com/wp-content/uploads/2020/12/cropped-Preto-32x32.png Companhia das Letras – Bran Morrighan https://branmorrighan.com 32 32 [Opinião] Princípio de Karenina, de Afonso Cruz https://branmorrighan.com/2022/08/opiniao-principio-de-karenina-de-afonso-cruz.html https://branmorrighan.com/2022/08/opiniao-principio-de-karenina-de-afonso-cruz.html#respond Wed, 17 Aug 2022 10:58:25 +0000 https://branmorrighan.com/?p=25374
Princípio de Karenina

Princípio de Karenina
Afonso Cruz

Companhia das Letras

O amor corrige o mundo. Mas será a presença do amor suficiente para corrigir o mundo, ou será necessário uma certa intensidade, uma certa proximidade com o desastre e o desespero, para agir? Princípio de Karenina é o primeiro livro da série Geografias de Afonso Cruz, já publicado em 2018. Há uma série de anos que não escrevo sobre os livros do Afonso. Não que não o leia, porque tenho lido todos, mas porque receio sempre cair nos lugares comuns, de me repetir, de não ter nada de novo para dizer. Li o Princípio de Karenina, pela primeira vez, pouco depois de ter sido publicado. Esta semana, decidi relê-lo.

Acho que nunca me vou cansar de me sentir fascinada com o efeito de reler um livro, constatando que a nossa posição no mundo, o nosso estado de espírito quando lemos um livro, tem um efeito tremendo na forma como o lemos, como o interpretamos. E talvez por Princípio de Karenina evocar precisamente esse sentido de viagem, ao mesmo tempo de imobilização, dei conta de vários efeitos muito subtis que não tinha sentido na primeira leitura.

E o primeiro efeito, e talvez o mais surpreendente para mim, foi a empatia ampliada pelo protagonista. E, talvez, se já leram o livro, vocês vão pensar: como é que é possível? Por tantas razões. Comecemos pelos deimos e phobos, unidades do medo. Apesar do nosso protagonista ter sofrido um condicionamento brutal por parte do pai, estes deimos e phobos não deixam de existir para quem sofre de uma certa ansiedade espacial. A forma como se mede o desconforto e o risco ou a confiança numa determinada acção poderia certamente usar estas medidas.

Enquanto este pai escreve esta carta de amor à sua filha (porque não deixa de ser uma carta de amor), vivemos com ele uma viagem de aproximações e afastamentos, um medo irracional do desconhecido à distância da porta de entrada da casa, que só começa a ser desconstruído quando um agente estrangeiro entra precisamente por aquela mesma porta. Se até então as janelas deviam estar sempre fechadas, há uma janela que se abre e que se torna impossível de fechar. E se por um lado esta janela representa esperança, a mesma não é capaz, com toda a sua luz, de afastar o medo da mudança e o comodismo.

Até ao dia em que contratámos a tua mãe, eu vivia uma rotina amável, a meia-luz, sem sobressaltos, cego às dores alheias. A partir desse instante, a solidez da minha rotina começou a abrir uma brecha por onde entrava luz. A presença dela haveria de perturbar o tédio nosso de cada dia, abrindo uma janela por onde quer que passasse.

Princípio de Karenina é uma ode à fragilidade e à força humana. Dois pesos que se tentam equilibrar de forma constante, mas muitas vezes de forma muito precária. Quem é que termina este livro e não fica a pensar também no Dois Metros e na cegueira (in)consciente? Quantos Dois Metros temos nós nas nossas vidas? Quem é que não fica a pensar na forma cega como às vezes se fica obcecado com um amor para depois, depois de tantos actos potencialmente irreflectidos e irracionais, se aperceber que afinal era algo oco? Também a finitude, a morte, tem um papel importante tanto na nossa coragem como na nossa cobardia.

Mas aliviemos a seriedade deste texto, que já vai longo, e passemos à leveza dos pormenores belíssimos da escrita de Afonso Cruz. É aqui que provavelmente me vou repetir, mas depois de tanto tempo sem o fazer, tenho a certeza que vocês me perdoam. Como já nos foi habituando, também Princípio de Karenina é rico não só em referências literárias (penso que o título fala por si mesmo) como também é encantador na forma como mistura e reinventa conceitos científicos e filosóficos.

Dado que esta obra resulta também de uma viagem do autor ao Vietname e ao Camboja, não será de estranhar a referência à Cochinchina e a forma como o autor entrelaça a forma como usamos a expressão à sua referência espacial. A certa altura do livro, o protagonista tem uma guia turística, a Sun — thank you so much — e eu só me ria a imaginar o próprio autor a interagir com esta pessoa e a trocar aqueles diálogos. E há sempre algo de especial quando sentimos uma experiência real no meio de um romance.

Quando ouvi a palavra Cochinchina, sem me aperceber de que era o amor que eu temia e não o monstro da minha infância, levantei-me e disse gravemente, tal como teria feito o meu pai num a situação idêntica se fosse ameaçado pelo estrangeiro ou pelo amor: fechem as janelas.

No geral, Princípio de Karenina irá tocar cada um de nós nos nossos nervos mais sensíveis. Apesar da minha empatia acrescida pelo protagonista, não posso dizer que seja um personagem fácil de gostar e se talvez nem seja suposto. No entanto, a sua evolução ao longo da estória culmina numa espécie de redenção que atenua as infinitas formas de imperfeição que é a vida humana.

Como esta dissertação já vai mais que longa, deixo uma última referência ao papel da deformidade, da música, de todas as imperfeições que nos acompanham, que nos salvam e nos condenam e como ainda assim está sempre do nosso lado a dúvida sobre se a felicidade é um caminho ou um destino.

É certo que: Existem infinitos lugares para estar errado, apenas um para estar certo, dois e dois tem um resultado correcto e infinitos resultados errados. É assim que funciona a entropia e os copos partidos/inteiros. Existem inúmeras configurações para os cacos de vidros partidos, mas apenas uma para ter o copo original. Todos os quadrados perfeitos, se nos abstrairmos das suas dimensões, são iguais. São as mazelas, as imperfeições, que fazem ‘quadrados’ diferentes, imperfeitos.
Porém, a felicidade não obedece a essas regras. Estar no lugar errado pode ser fonte de felicidade. Matar-me pode ser fonte de felicidade. Não há condições certas para ser feliz. Existem condições propícias para se estar contente, ou momentaneamente feliz, mas não para ser feliz. Todas as disposições de cacos de vidro podem ser modelos de felicidade. Disposições imperfeitas, cada uma à sua maneira, mas felizes, cada uma à sua maneira.

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[Divulgação] A noite em que o Verão acabou, de João Tordo https://branmorrighan.com/2019/11/divulgacao-noite-em-que-o-verao-acabou.html https://branmorrighan.com/2019/11/divulgacao-noite-em-que-o-verao-acabou.html#respond Thu, 07 Nov 2019 16:11:00 +0000

A noite em que o Verão acabou

De João Tordo

Companhia das Letras

ISBN 978-989-665-912-7

712 páginas

PVP c/IVA 22,00€

O QUE ESCONDE LEVI WALSH?

LIVRO

14 de Setembro de 1998. O dia em que Chatlam, uma pequena vila americana, acordou em choque com o homicídio de Noah Walsh. O principal suspeito: a sua filha de dezasseis anos.

No Verão de 1987, o adolescente Pedro Taborda apaixona-se por Laura Walsh, a filha mais velha de um magnata nova-iorquino. Ela e Levi – uma criança misteriosa – passam férias com os pais no Lagoeiro, uma pacata cidade algarvia. Rica e moderna, a família Walsh tem tudo para dar muito nas vistas no sul de Portugal. Inebriado pelas formas perfeitas e pelos modos ousados de Laura, Pedro encontra na rapariga americana o seu primeiro amor. Mas quando o Verão acaba, a família Walsh regressa aos Estados Unidos e o destino fica por cumprir.

Dez anos depois, Pedro, decidido a tornar-se escritor, vai estudar para Nova-Iorque. Fascinado com Gary List, antigo prodígio das letras americanas, chega aos Estados Unidos determinado a perseguir os sonhos da juventude. Ao reencontrar Laura, está longe de suspeitar que esse acaso o mergulhará no crime mais falado dos anos noventa, o homicídio do milionário Noah Walsh.

Com um segundo homicídio a atrapalhar a investigação e uma corrida para salvar Levi, de apenas dezasseis anos, acusada de matar o pai, Pedro e Laura enredam-se irremediavelmente na teia de segredos que envolve a família Walsh, desde os anos quarenta do século XX até ao impensável desfecho nas primeiras décadas do novo milénio.

Porque em Chatlam – e neste thriller imparável – nada é o que parece.

AUTOR

João Tordo nasceu em Lisboa em 1975. Publicou o primeiro romance em 2004. Hotel Memória, o seu segundo romance, saiu em 2007. Em 2009 venceu o Prémio Literário José Saramago, pelo romance As três vidas, e em 2011 foi finalista do Prémio Portugal Telecom. Foi também finalista do Prémio Melhor Livro de Ficção Narrativa da Sociedade Portuguesa de Autores (2011, 2015) e do Prémio Literário Fernando Namora (2011, 2012, 2015, 2016), bem como da 6ª edição do Prémio Literário Europeu. Os seus livros estão publicados em vários países, incluindo França, Itália, Alemanha, Brasil, Hungria e Espanha. Em 2017 concluiu a Trilogia dos lugares sem nome, composta pelos romances O luto de Elias Gro, O Paraíso segundo Lars D. e O deslumbre de Cecilia Fluss. Em 2019, publicou o seu décimo segundo romance: A mulher que correu atrás do vento.

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[DESTAQUE] Já Disponível – paz traz paz de Afonso Cruz https://branmorrighan.com/2019/11/destaque-ja-disponivel-paz-traz-paz-de.html https://branmorrighan.com/2019/11/destaque-ja-disponivel-paz-traz-paz-de.html#respond Thu, 07 Nov 2019 15:43:00 +0000

Paz traz paz

Afonso Cruz

Companhia das Letras

ISBN 978-989-665-908-0

120 páginas

PVP c/IVA 15,90€

Páginas feitas de memórias e cheias de poesia, para leitores de todas as idades.

LIVRO

Da narradora d’O LIVRO DO ANO, aquela menina que carrega um jardim na cabeça e atira palavras aos pombos, chega-nos um novo diário com os seus pensamentos, inquietações, experiências e os sonhos de melhorar o mundo através de pequenos gestos ou actos heroicos, atacando o absurdo com o absurdo e a noite com canteiros de flores.

Páginas feitas de inusitada poesia, para leitores de todos os feitios. Até os normais.

AUTOR

Afonso Cruz é escritor, ilustrador, cineasta e músico da banda The Soaked Lamb. Em Julho de 1971, na Figueira da Foz, era completamente recém-nascido, e haveria, anos mais tarde, de frequentar lugares como a António Arroio, as Belas-Artes de Lisboa, o Instituto Superior de Artes Plásticas da Madeira e mais de meia centena de países. Assina, desde Fevereiro de 2013, uma crónica mensal no Jornal de Letras, Artes e Ideias sob o título «Paralaxe». Recebeu vários prémios e distinções nas diversas áreas em que trabalha, vive no campo e gosta de cerveja.

Os seus livros estão publicados em vários países.

www.afonsocruz.booktailors

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Vencedor do Passatempo: Tantas Palavras, de Chico Buarque https://branmorrighan.com/2019/08/vencedor-do-passatempo-tantas-palavras.html https://branmorrighan.com/2019/08/vencedor-do-passatempo-tantas-palavras.html#respond Mon, 26 Aug 2019 13:56:00 +0000

Viva! Cá estamos para anunciar mais um vencedor, desta vez para Tantas Palavras, de Chico Buarque. Este passatempo contou com 530 participações e o vencedor escolhido através do random.org foi:

Sofia Rocha , 198

Parabéns Sofia! Tens um mail na tua caixa de correio para responderes com os teus dados para que o livro te possa ser entregue. Obrigada a todos mais uma vez e em breve mais passatempos.

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Vencedor do Passatempo: Filho da Mãe, de Hugo Gonçalves https://branmorrighan.com/2019/08/vencedor-do-passatempo-filho-da-mae-de.html https://branmorrighan.com/2019/08/vencedor-do-passatempo-filho-da-mae-de.html#respond Wed, 21 Aug 2019 14:06:00 +0000

Viva! Cá estamos para anunciar mais um vencedor, desta vez para Filho da Mãe, de Hugo Gonçalves. Este passatempo contou com 545 participações e o vencedor escolhido através do random.org foi:

Isabel Azevedo , 38

Parabéns Isabel! Tens um mail na tua caixa de correio para responderes com os teus dados para que o livro te possa ser entregue. Obrigada a todos mais uma vez e em breve mais passatempos.

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Vencedor do Passatempo: Maré Alta, de Pedro Vieira https://branmorrighan.com/2019/08/vencedor-do-passatempo-mare-alta-de.html https://branmorrighan.com/2019/08/vencedor-do-passatempo-mare-alta-de.html#respond Mon, 19 Aug 2019 19:33:00 +0000

Viva! Cá estamos para anunciar mais um vencedor, desta vez para Maré Alta, de Pedro Vieira. Este passatempo contou com 532 participações e o vencedor escolhido através do random.org foi:

Maria Simões , 172

Parabéns Maria! Tens um mail na tua caixa de correio para responderes com os teus dados para que o livro te possa ser entregue. Obrigada a todos mais uma vez e em breve mais passatempos.

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Passatempo: Tantas Palavras, de Chico Buarque https://branmorrighan.com/2019/06/passatempo-tantas-palavras-de-chico.html https://branmorrighan.com/2019/06/passatempo-tantas-palavras-de-chico.html#respond Wed, 26 Jun 2019 17:29:00 +0000

Viva!

Mais um fantástico passatempo desta vez com a parceria da Companhia das Letras para o exemplar de Maré Alta, de Pedro Vieira! Para se habilitarem a ganhá-lo basta preencherem correctamente o formulário com as seguintes regras:

– O Passatempo termina às 23h59 do dia 15 de Agosto

– Só será aceite uma participação por dia

– Só serão aceites participações de Portugal

– Partilhar o link deste post numa rede social não é obrigatório, mas agradece-se a divulgação

Boa Sorte!

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Passatempo: Filho da Mãe, de Hugo Gonçalves https://branmorrighan.com/2019/06/passatempo-filho-da-mae-de-hugo.html https://branmorrighan.com/2019/06/passatempo-filho-da-mae-de-hugo.html#respond Wed, 26 Jun 2019 17:24:00 +0000

Viva!

Mais um fantástico passatempo desta vez com a parceria da Companhia das Letras para o exemplar de Filho da Mãe, de Hugo Gonçalves! Para se habilitarem a ganhá-lo basta preencherem correctamente o formulário com as seguintes regras:

– O Passatempo termina às 23h59 do dia 15 de Agosto

– Só será aceite uma participação por dia

– Só serão aceites participações de Portugal

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Boa Sorte!

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Passatempo: Maré Alta, de Pedro Vieira https://branmorrighan.com/2019/06/passatempo-mare-alta-de-pedro-vieira.html https://branmorrighan.com/2019/06/passatempo-mare-alta-de-pedro-vieira.html#respond Wed, 26 Jun 2019 17:02:00 +0000

Viva!

Mais um fantástico passatempo desta vez com a parceria da Companhia das Letras para o exemplar de Maré Alta, de Pedro Vieira! Para se habilitarem a ganhá-lo basta preencherem correctamente o formulário com as seguintes regras:

– O Passatempo termina às 23h59 do dia 15 de Agosto

– Só será aceite uma participação por dia

– Só serão aceites participações de Portugal

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Boa Sorte!

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Vencedor do Passatempo: Luanda, Lisboa, Paraíso, de Djaimilia Pereira de Almeida https://branmorrighan.com/2018/12/vencedor-do-passatempo-luanda-lisboa.html https://branmorrighan.com/2018/12/vencedor-do-passatempo-luanda-lisboa.html#respond Sat, 01 Dec 2018 19:18:00 +0000

Viva! Cá estamos para anunciar mais um vencedor, desta vez para Luanda, Lisboa, Paraíso, de Djaimilia Pereira de Almeida. Este passatempo contou com 475 participações e o vencedor escolhido através do random.org foi:

Ana Machado, 332

Parabéns Ana! Tens um mail na tua caixa de correio para responderes com os teus dados para que o livro te possa ser entregue. Obrigada a todos mais uma vez e em breve mais passatempos.

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