Diário de Bordo 2016 – Bran Morrighan https://branmorrighan.com Literatura, Leitura, Música e Quotidiano Mon, 28 Dec 2020 05:44:24 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.8.3 https://branmorrighan.com/wp-content/uploads/2020/12/cropped-Preto-32x32.png Diário de Bordo 2016 – Bran Morrighan https://branmorrighan.com 32 32 [Diário de Bordo] Discos, discos e mais discos. https://branmorrighan.com/2016/12/diario-de-bordo-discos-discos-e-mais.html https://branmorrighan.com/2016/12/diario-de-bordo-discos-discos-e-mais.html#respond Sat, 31 Dec 2016 17:08:00 +0000

Não é novidade para ninguém que colaboro com a Omnichord Records. Não deve ser novidade para ninguém também que desde 2013 sigo o trabalho desta editora e que esta colaboração nunca aconteceria se eu não achasse que são do melhor que temos em Portugal. É a minha opinião, são os meus gostos e é aquilo em que acredito, ou o BM não seria o “blogue pessoal de Sofia Teixeira”. Vale o que vale. Como tal, dou-me à liberdade de dizer que acho que os três discos que lançámos este ano são dos melhores do ano. Se eu não achasse isso não os tinha trabalhado. Ponto final. Felizmente posso dar-me a essa liberdade, a minha profissão é outra, portanto eu acabo por apenas colaborar com aqueles de quem gosto. Drifter, dos First Breath After Coma, saiu em Maio deste ano e acho que mais palavras da minha parte são desnecessárias. Não me calei com eles ao longo do ano, pois raramente tenho visto uma evolução tão bonita como a que eles têm tido. Humilde, contida, firme, cheia de alegria e orgulho. Sun of Wolves, dos Twin Transistors, também saiu em Maio e depois tivemos Love Is You And Me Under The Night Sky, dos Nice Weather for Ducks, em Junho. São capazes de ter sido dos dois discos nacionais mais desvalorizados e/ou ignorados. E digo isto não por ter trabalhado com eles, mas porque os acho dois discos realmente bons, cada um no seu espectro, e ao vivo provam que há muito mais para além do que se pode ouvir numa rodela. Já não está na Omnichord, mas para mim é um dos nossos melhores artistas, e por isso tenho de destacar o novo trabalho de André Barros, In Between. Outro disco que acho que passou ao lado de tanta gente e é tão bonito, tão bem trabalhado, com composições tão completas. Escusado será dizer que, em 2016, a Surma não teve nenhum disco, mas foi provavelmente a artista portuguesa que mais tocou tanto em Portugal como no estrangeiro. Ou perto disso. Esta miúda é do melhor, tanto em termos artísticos como pessoais. Ouvi dizer que vêm novidades a caminho! E preparem-se que os Whales prometem um 2017 bem jeitoso!

Também em 2016 comecei a colaborar com os Lotus Fever e, como tal, também Still Alive For The Growth entra no meu top do ano. Esta é outra banda que ao vivo ganha toda uma outra dimensão. 

Mais discos do ano? Ora bem, fácil! Heart Beats Slow, de Mira, Un Lobo! é uma escolha tão óbvia quanto inevitável. O novo projecto do Luís tem uma intensidade e uma vibração que encaixou que nem uma luva nas minhas preferências sonoras. Não é à toa que o convidei logo para o aniversário do blogue. O mesmo acontece com Daily Misconceptions e o seu Our Little Sequence of Dreams. Há algum tempo que sigo o trabalho do João e da Sara (na imagem) e não consigo não sentir o maior carinho por eles. Também Ophelia, dos Indignu, vem para o top, não tivesse eu gostado tanto do disco e não os levasse dia 7 de Janeiro ao Musicbox. Mas regressemos agora ao início do ano, ao aniversário do blogue no Maus Hábitos, e relembremos S O M A, de azul-revolto, o projecto do Hugo Barão que ainda vai dar tanto que falar. É claro que este EP também está no meu top do ano. A verdade é que todos os projectos que levo aos meus eventos têm discos que para mim são dos melhores. E depois há outros inegáveis, alguns deles nem sequer consegui escrever sobre eles, mas que claramente passaram semanas a rodar no meu carro, como o disco dos Bed Legs (que concertão em Paredes de Coura!), Old Jerusalem (um dos primeiros discos de 2016 a aquecer o coração), Um Corpo Estranho (na verdade continuo também viciada no disco anterior), You Can’t Win, Charlie Brown (esta malta está cada vez melhor!), Noiserv (adorei a estreia só em piano e músicas em português!), We Bless This Mess (o Nelson foi das poucas pessoas a fazer-me chorar este ano num concerto), Sensible Soccers (já não sei quantas vezes os vi este ano, mas não me canso), Samuel Úria (a personalidade do Samuel é uma característica que extravasa no seu trabalho e para mim é o grande ponto forte), Linda Martini (o concerto no Coliseu foi bonito, mas continuo a achar que o de Paredes de 2012 foi o melhor que vi vosso), entre outros. Ah! E um grande abraço ao David From Scotland! Espero que 2017 seja o ano em que ele arranca mesmo! 🙂 

Perdoem-me o estilo livre do texto, não está escrito para que seja daqueles que as bandas partilham, ou quem quer que seja. É realmente um post muito sincero, mais um registo para mim mesma, do que outra coisa, mas também que possa servir para que caso não conheçam algum destes projectos, que vos dê a curiosidade de ir pesquisá-los. Aqui no blogue encontrarão certamente coisas sobre eles. 

Houve um disco que não mencionei e que escolhi destacar como um dos grandes discos do ano para mim, fora estes todos, pelo simples facto de achar que foi o que passou mais despercebido a tanta gente, e que tanto a minha vida “salvou” desde que ficou disponível. Falo de SAHU, de Nial, lançado pela Zigur Artists a 17 de Outubro. A par com o disco do André Barros, In Between, SAHU tem sido aquela companhia fundamental, quando a esperança já parece perdida. É, na minha opinião, um disco de outro mundo. Mas já falei sobre o mesmo aqui no blogue, por isso basta pesquisarem pelo nome. 

A verdade é que a nível musical vivi tanta coisa este ano, tanta, mas tanta… É tão ingrato tentar colocar coisas em tops, com números, com sei lá. Houve um tempo em que me preocupava com isso, em no final de cada ano fazer balanços com classificações e ordens, mas neste momento o meu coração transborda demais com aqueles de que gosto e mesmo a “ordem” em que vão aparecendo aqui as bandas, acontece porque alguma tinha de vir antes da outra, mas não significa que é mais ou menos do que a outra. Foi fluindo e não estou a editar o texto para correcções ou reflexões de se estarei a ferir susceptibilidades. Quem quiser ler isto como está a ser escrito, basta acreditarem que está a ser sincero e que se alguma banda não aparece aqui, não é porque não tenha sido boa ou eu não tenha ouvido, mas é porque no momento em que estou a escrever este post não me veio à cabeça e aí a falha é da minha memória, que anda tão inconstante, coitada. Eheh. 

Venha um 2017 com outros tantos excelentes discos! 

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Boas festas! https://branmorrighan.com/2016/12/boas-festas.html https://branmorrighan.com/2016/12/boas-festas.html#respond Sat, 24 Dec 2016 16:34:00 +0000

Olá a todos! Sei que nem toda a gente gosta do Natal, ou dá importância, ou o que quer que seja, mas a verdade é que desde que sou pequenina que esta altura é muito especial para mim. Felizmente tenho uma família abençoada que se junta sempre nesta altura e que me aquece o coração. É uma tradição que existe desde que me lembro de ser gente e nada me deixa um sorriso maior do que aquele momento em que faço as malas e me dirijo ao norte. Jantar numa casa, almoço noutra, beijo na avó, abraço nos tios e nos primos e um babanço completo para os gémeos mais novos da família. Escrevo este post porque desejo do fundo do coração que possam encontrar estes momentos junto dos que amam. Família de sangue ou não, importante é juntar aqueles que mais amamos e partilhar esse amor. Calha ser no Natal, podia ser noutra altura do ano qualquer. E não desesperem com prendas, nem lhes dêem demasiada importância. É a ligação que partilhamos com as pessoas que importa. Grande beijo e boas festas a todos! Um abraço especial a quem possa estar em dificuldades, emocionais, de saúde, o que for. Muita força. Agarrem-se às coisas boas o melhor que conseguirem.

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[Diário de Bordo] Correndo contra o tempo | Obrigada! https://branmorrighan.com/2016/12/diario-de-bordo-correndo-contra-o-tempo.html https://branmorrighan.com/2016/12/diario-de-bordo-correndo-contra-o-tempo.html#respond Fri, 16 Dec 2016 09:14:00 +0000

Vá, a verdade é que nem me posso queixar muito. Tenho andado tão cansada que mal chego a casa e despacho as coisas mais urgentes, os olhos começam-se a fechar e não interessa se são 22h ou 2h, tenho caído de exaustão. A questão interessante é o que acontece durante o sono. Há não sei quantos dias consecutivos que sonho com o que ando a trabalhar. Sequências de RNA, transcritomas, correcções algorítmicas e avaliações de performance – eu sei lá! E depois acordo. Acordo e parece que andei a correr uma maratona qualquer e já tenho o cérebro a trezentos mil e só quero ficar na cama o resto da manhã. Confesso, já o tentei fazer, mas não resulta. Os sonhos voltam e depois ainda fico mais cansada. Mas imagino que isto seja um mal geral e aconteça com mais pessoas. Acontece convosco? 

Esta semana foi a semana do dia oficial de aniversário do blogue, mas confesso que no meio de reuniões a durarem às duas e três horas seguidas, mal tenho conseguido publicar os passatempos todos ou os posts todos que queria. Vai tudo saindo a conta gotas. É que para além dos conteúdos de aniversário, tenho também os outros conteúdos normais do blogue, mas nem me sinto bem a publicá-los sem ter tudo já despachado. Problema: ainda faltam uma ou duas dezenas de passatempos! Ahahah 🙂 

A nível académico as coisas estão finalmente a ganhar um rumo. Para quem já vai no terceiro ano de doutoramento é caso para dizer “já não era sem tempo, Sofia!”. Honestamente nem me consigo colocar na pele do meu orientador a ter uma aluna como eu como sua primeira doutoranda. Ahah, se por algum acaso do destino leres isto alguma vez na vida, desculpa! Eu juro que eu tento. 

Mas com isto quero dizer que até ao final do ano tenho ainda uma série de coisas para fazer. Um paper para submeter para um journal e a minha CAT para começar a escrever como deve ser. Aliás, fiquei de enviar hoje um rascunho de estrutura do documento! 

Bem, como quero então começar a tratar de uma série de coisas, termino esta pequena entrada agradecendo a todos os que me deram os parabéns, e até aos que não deram, mas gostam de passar por aqui. São mesmo vocês que fazem isto continuar. E quando digo vocês digo leitores, músicos, escritores, editoras, promotores, agentes, toda essa malta que me vai fazendo feliz com as oportunidades que me dão. Tenham um excelente fim-de-semana e não se deixem intimidar pelo frio e pela chuva! (Que é o que provavelmente me vai acontecer a mim! Ahah) 

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[8 Anos Blog BranMorrighan] Parabéns! Com Ilustração por Mara Mureș (Inclui outras ilustrações) https://branmorrighan.com/2016/12/8-anos-blog-branmorrighan-parabens-com.html https://branmorrighan.com/2016/12/8-anos-blog-branmorrighan-parabens-com.html#respond Tue, 13 Dec 2016 00:00:00 +0000 Ilustração por Mara Mureș – https://www.facebook.com/marabajouca

8 anos! OITO ANOS! Possa! Não vos quero cansar com mais um texto gigante, que tenho feito todo o santo ano, nem repetir o que disse aqui há uns dias (em que basicamente expliquei o que mais mudou na minha vida este ano), portanto a única coisa que quero realmente deixar aqui registado é um GRANDE OBRIGADA! Obrigada a todas as pessoas, sem excepção, que têm passado pela vida do blogue, e consequentemente pela minha, que têm contribuído para o crescimento constante deste espaço e feito de mim uma pessoa melhor. Porque todos os dias me deslumbro com a forma como tudo tem evoluído de forma tão natural e de como esta imprevisibilidade me fascina mais a cada ano que passa. Porque, principalmente nos últimos três anos, cada novo ciclo tem sido de uma riqueza à qual só me posso sentir grata. Porque mesmo quando as coisas correm mal, e acreditem que todos os anos há muita coisa a correr mal, eu aprendo. Muito. Hoje em dia, este blogue e a minha vida estão bastante entrelaçados. É claro que a maior parte do que se passa na minha vida não vem aqui parar, mas as coisas que mais me tocam, que mais me transformam, que mais me fazem actuar, vêm. E sem dar por ela, o BranMorrighan transformou-se um pouco num livro de memórias online em que, quando calho de pesquisar aleatoriamente no passado, encontro coisas que às vezes me fazem sorrir, outras vezes me levam as lágrimas aos olhos, mas essencialmente me recordam dos porquês. Como devem imaginar, foram muitas as questões que fui colocando ao longo do tempo. Não tão raras vezes me passou pela cabeça encerrar este espaço. Mas depois lembro-me de como fez a diferença aqui e ali, de como contribuiu para ajudar alguém, para me ajudar a mim. E é necessário manter estes porquês vivos para que não perca o sentido, o foco.

Este ano convidei a Mara Mureș a fazer a ilustração de aniversário. A Mara tem apenas 20 anos e é uma rapariga de um talento e sensibilidade únicos. A primeira vez que tomei contacto com ela já foi há uns dois ou três anos por causa dos Holy Northern Lights. Conheci melhor o seu trabalho depois do vídeo que fez para os First Breath After Coma: Gold Morning Days. Depois disso pedi-lhe que me mostrasse mais coisas suas – tinha encontrado alguém que queria ver aqui no blogue. Nesta ilustração ela usou lápis grafite para esboçar e caneta preta para os riscos finais. Com aguarelas pintou o conjunto de livros que aparecem em “8º Aniversário” e fez pequenas manchas de tinta à volta – para isso, ponho pequenas manchas no papel e sopro na direcção que quero. Depois com tinta da china preta pintou a figura a preto. Finalmente para escrever o nome do blog, usei uma régua mágica que faz letras mais perceptíveis que as minhas! 🙂 Sempre me disseram que tinha um nariz grande, desta vez isso ganhou um novo significado do qual gosto muito! Eheheh! A querida Mara tem mostrado outros tipos de trabalhos seus que agora coloco aqui online. 

Termino este post, deve ser o mais curto de todos os anos, mesmo tendo sido, potencialmente, o mais rico dos anos (leiam o outro post que deixei link no início!), agradecendo mais uma vez a todos, todos, todos vós, e que fiquem atentos porque, como tem sido tradição, nas próximas quatro semanas vamos ter pelo menos duas dezenas de passatempos, incluindo UM PASSE para Paredes de Coura e dezenas de livros, entre outros mimos! Não se esqueçam que a festa do Musicbox já está mais do que marcada e com bilhetes à venda (que já começaram a voar!). A do Porto, no Maus Hábitos, está praticamente fechada, é a 3 de Fevereiro e brevemente teremos cartaz e mais informações! Durante as comemorações também vou partilhar convosco meia dúzia de textos de pessoas que de alguma forma têm entrado na minha vida, na vida do blogue, e que me dizem muito. Um grande abraço cheio das melhores energias e da maior gratidão, pois sem vocês nada disto se tinha tornado realidade. MUITO OBRIGADA!

PS: Especial obrigada àqueles que lêem mesmo os meus posts gigantes, ou se compadecem das minhas birras em posts de desabafos ou queixinhas da vida de aluna de doutoramento! Aquecem-me sempre o coração, de verdade! 

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[Diário de Bordo] Na luta. Sempre na luta. https://branmorrighan.com/2016/12/diario-de-bordo-na-luta-sempre-na-luta.html https://branmorrighan.com/2016/12/diario-de-bordo-na-luta-sempre-na-luta.html#respond Mon, 12 Dec 2016 12:59:00 +0000

Depois do último paper, começa-se mais um. Ao mesmo tempo desse mais um, começa-se a CAT. Ao mesmo tempo que se começa a CAT, pensa-se no próximo. Enquanto isso, actualiza-se isto: https://www.researchgate.net/profile/Andreia_Teixeira8/publications 

Se conhecerem malta a trabalharem nestes tópicos, avisem! Amanhã é o grande dia! Quem me dera poder dedicá-lo inteiramente ao aniversário do blogue! Sim! Amanhã este espaço comemora OITO aninhos :)) 

Até já! Continuo a tentar sobreviver a isto tudo! 🙂 

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[Diário de Bordo] Já falta pouco para um dos dias mais especiais do ano! https://branmorrighan.com/2016/12/diario-de-bordo-ja-falta-pouco-para-um.html https://branmorrighan.com/2016/12/diario-de-bordo-ja-falta-pouco-para-um.html#respond Thu, 08 Dec 2016 10:43:00 +0000 Preview de ilustração

Falta menos de uma semana para um dos dias do ano mais importantes para mim – o dia 13 de Dezembro, que marca o dia do primeiro post registado no blogue. Foi em 2008 que tudo começou, comigo a usar o BranMorrighan como diário de temáticas mitológicas e até um pouco astrológicas! Tinha 20 anos… Agora que estou a ano e meio dos 30 e olho para trás, é inevitável não ficar um pouco abismada com o rumo que este blogue acabou por tomar. Nunca houve qualquer propósito ou objectivo definido. Nunca houve metas pré-estabelecidas ou qualquer coisa do género “quero que no espaço de X tempo aconteça isto ou aquilo, na área Y ou Z”. Até porque o meu envolvimento gradual com a literatura, música, teatro e fotografia foi tão natural, tão porque sim, que ainda hoje não sei bem justificar. E muitas vezes perguntam-me sobre a origem do blogue, sobre o nome do blogue e ainda caio na patetice de ficar embaraçada porque ao início o BM nada mais era do que um refúgio do meu imaginário e das minhas explorações. Ainda hoje o é, mas ao mesmo tempo é muito mais. 

Oito anos, quando se está na casa dos vinte, é muito. E da pessoa que eu era há oito anos atrás posso dizer que mantenho aquela inocência estúpida, que tantos dissabores às vezes me provoca, mas que faz com que o entusiasmo e a vontade de fazer as coisas não morra. Já passei por rádios, televisão, já entrevistei e fui entrevistada, já participei em revistas, jornais, já organizei eventos literários e nos últimos três anos tenho-me dedicado mais à divulgação da música portuguesa. Não só através da divulgação no blogue com criação de novas rubricas, como através de noites de concertos. Abençoado seja o Musicbox por me ter aberto as portas pela primeira vez em Janeiro de 2014 e por, desde então, ser sempre tão receptivo às minhas propostas. É lá que vou comemorar novamente o 8º aniversário em Lisboa e depois no Porto, no Maus Hábitos, que também foi o primeiro espaço portuense a abrir-me as portas. Para além dos aniversários já criei a noite anual “An Experimental Jet Set Trash and No Star Night”, que acontece em Junho, e também já colaborei com o Um ao Molhe e vou organizando outras noites com bandas que acho que merecem lutar pelo seu espaço. 

A partir disto tudo, em Abril deste ano, comecei a colaborar oficialmente com a Omnichord Records, que foi das primeiras editoras independentes que descobri quando me iniciei nesta aventura da música há três anos atrás. Já há alguns meses que colaborava em pequenas coisas até que o Hugo me convidou para fazer parte da família e não tinha como recusar. Tenho aprendido tanto! Seja na parte da comunicação com imprensa, seja na parte de produção ou agenciamento. Melhor, tenho tido a sorte de ver crescer bandas maravilhosas, todas elas tão diferentes umas das outras, mas todas com tanta paixão pelo que fazem. 

Também este ano iniciei a minha colaboração com o Música em DX, para o qual escrevo de vez em quando. O Luís Sousa, mentor deste projecto cuja seriedade só compete com a beleza e paixão com que é desenvolvido, por gostar do que ia fazendo no blogue convidou-me a fazer parte da equipa dele e, mais uma vez, como dizer que não? Não tem sido com a frequência que desejava, mas cada colaboração com ele tem sido o maior dos prazeres. 

O último trimestre de 2016 trouxe com ele duas novidades: a de começar a acompanhar os Lotus Fever na parte de agenciamento, banda na qual acredito desde que os conheci e até entrevistei na escadaria do Técnico! há dois anos atrás; e de iniciar uma colaboração com a Oh Lee Promo, no que diz respeito a relações públicas. Isto são escolas atrás de escolas! 

Claro que posso rematar isto com a constatação suicida de que tenho feito isto tudo a par do meu doutoramento. E 2016 não foi uma completa desgraça. Estive em Dijon numa conferência, na qual publiquei como primeira autora, estive em mais duas conferências internacionais, uma este ano foi em Aveiro, a outra foi em Londres. A primeira deu origem a um poster, a segunda a uma apresentação e, recentemente, fui convidada a publicar o que apresentei. Ainda esta semana submeti mais um paper para outra conferência (fingers crossed!) e conto esta semana terminar as duas cadeiras que me faltam (e que já deviam ter sido terminadas em Junho!) e para a semana iniciar a escrita do tal paper.

É claro que por vezes sinto que vou enlouquecer, mas acho que faz parte do processo. Outras vezes a necessidade de me isolar do mundo é tão grande que acabo por questionar tudo o que ando a fazer. Mas a vida é toda ela assim, questões atrás de questões, dúvidas atrás de dúvidas. Perguntam-me muitas vezes como faço isto tudo e ainda arranjo tempo para ler, ir a concertos ou ter séries em dia. É uma questão de prioridades e de, quando aplicável, todas as partes envolvidas terem noção das condicionantes que são apresentadas. Imagino que o meu orientador não ache muita piada quando lhe digo que vou estar fora por ir viajar com as bandas, mas a verdade é que às vezes já se ri e desde que eu depois não falhe, a coisa corre bem.

Acabei por escrever isto assim de rajada porque estive a manhã toda a tratar de burocracias, de tarde vou ter de voltar para o meu doutoramento e estava a precisar de colocar as ideias em dia. Até nisto o blogue me ajuda. Sei que se calhar vocês lêem isto e não vos diz nada, ou acham que me devia expor menos, ou acham que sou ridícula, ou acham isto e aquilo, porque muitas vezes me chegam aos ouvidos coisas que me deixam um bocado surpreendida, mas na verdade nunca escondi que este é um espaço pessoal. Quem gosta de me ler é sempre bem-vindo, adoro quando recebo mensagens e mails de apoio ou com sugestões, mas quem não gosta tem sempre a opção de ignorar em vez de falar mal. Pelo menos é assim que ajo na minha vida. Se não gosto ou me incomoda, ignoro. Espalhar veneno nunca fez bem a ninguém. Mil beijos e vemo-nos em breve!

PS: Os bilhetes para o Musicbox, com Daily Misconceptions, Mra, Un Lobo! e First Breath After Coma, com participação especial de Noiserv, já estão à venda: https://www.facebook.com/events/359504671069319/

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[Diário de Bordo] Estado Crítico https://branmorrighan.com/2016/12/diario-de-bordo-estado-critico.html https://branmorrighan.com/2016/12/diario-de-bordo-estado-critico.html#respond Sat, 03 Dec 2016 19:51:00 +0000

Quando tudo indica para esqueceres, mas tu teimas em tentar fazê-lo. Menos de 48h para a submissão final e só me apetece arrancar cabelos. É incrível como vez após vez, pois é pelo menos a quarta conferência para a qual estou a submeter algo, parece que há sempre coisas a ficarem para a última hora. Por muito que até se planeie com antecedência! E depois tudo me irrita. Não quero ir ao Facebook, não consigo responder a mails ou mensagens que não estejam relacionadas com o que estou a escrever e fico completamente obcecada com a ideia de que vou enlouquecer entretanto e que se calhar o paper até vai ser recusado. Mas se não for…! Reparem, estou no terceiro ano de doutoramento. Tenho um paper em journal, dois em conferência, mais um poster em conferência, à espera de se tornar um paper em journal, e ainda vou submeter outro paper em Janeiro, a convite de uma publicação londrina. Isto tudo para além de dar aulas a cada semestre, gerir o blogue e as bandas, isso tudo. As coisas até parecem estar a correr bem, mas nunca deixo de ter aquela sensação de que algo está terrivelmente errado e que não faço ideia do que ando aqui a fazer. Ahahah. Eu sei, este post não está a fazer sentido nenhum, mas como não estou a responder a mensagens nem a atender telefonemas, fica o desabafo aqui para o meu canto/refúgio. Ouvi dizer que os comentários aqui no blogue não andam a funcionar, mas estão à vontade para me enviar um mail sempre que quiserem fazer observações sobre algum post. E pronto, lá vou eu obcecar um bocado mais com o formato das tabelas, se tenho referências consideradas suficientes, se devo reestruturar as conclusões, se as observações finais suscitam curiosidade suficiente para que surjam novos trabalhos, ou novas colaborações, com outros investigadores depois disto. É que publicar tem a sua piada, mas desenvolver sempre tudo sozinha acaba por ser um bocado… Não é que me sinta sobrecarregada, mas faz-me falta ter com quem discutir frequentemente abordagens, implementações, perspectivas sobre os resultados, etc. Mas quem me manda a mim estudar coisas estranhas? Pronto, já terminei. Até breve! Espero eu! 🙂

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[Diário de Bordo] Mais uns dias OFF https://branmorrighan.com/2016/12/diario-de-bordo-mais-uns-dias-off.html https://branmorrighan.com/2016/12/diario-de-bordo-mais-uns-dias-off.html#respond Thu, 01 Dec 2016 21:00:00 +0000

Malta, isto por aqui anda agressivo. Prometo que vou tentar sobreviver. Também vou tentar dar notícias entretanto. Se ficar mais de cinco dias sem postar nada, fiquem preocupados. Ou não. Sejam felizes.

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[Diário de Bordo] Mais uma vez: Paredes de Coura não é igual aos outros! Foals, Benjamin Clemantine, Ty Segall, Car Seat Headrest no VODAFONE PAREDES DE COURA https://branmorrighan.com/2016/12/diario-de-bordo-mais-uma-vez-paredes-de.html https://branmorrighan.com/2016/12/diario-de-bordo-mais-uma-vez-paredes-de.html#respond Thu, 01 Dec 2016 10:48:00 +0000

Quem é que costuma ler este blogue e não sabe o quanto sou apaixonada por este festival? O quanto, há cinco anos, este Couraíso vem salvando a minha vida, ano após ano? E digo isto sem dramas ou exageros. É a verdade. A cada ano fico surpreendida com isso, mas já devia esperá-lo. E enquanto empato aqui alguns segundos com blá blá blá (que é totalmente verdadeiro), dou-vos tempo para assimilarem as primeiras novidades de Paredes de Coura. E sim, é inédito. Desde que vou a Paredes de Coura, desde 2011, que não me lembro da primeira confirmação ter saído antes do Natal, normalmente saem sempre no primeiro trimestre do próprio ano. Mas melhor do que estas confirmações em tom de prenda de Natal, foi o cuidado e a beleza com que foram apresentadas. Têm seguido a página de Facebook do festival? Apreciaram todo o trabalho que foi feito no vídeo que apresentou as primeiras confirmações? Adoro que o local seja um constante pulsar, uma imagem tão vivida do festival o ano inteiro, e que Paredes de Coura seja uma vila que vive por inteiro toda esta experiência. Apreciem:

Okay, fizeram esperar, mas e depois? Pelas confirmações vale completamente a pena. E o pessoal pode começar com a cena do arroz, pode reclamar e fazer-se de esquisito o que quiser, mas nada me aquece mais o coração do que imaginar, por exemplo, Benjamin Clemantine em Paredes de Coura. Haverá festival português mais adequado? Vai estar frio, sem dúvida que vai, mas duvidam que ele vai ter a sua postura modesta como sempre, os pés descalços a sentir o chão e aquela voz a ecoar pelo anfiteatro natural mais bonito do nosso país? E Foals, caramba, acreditam que ainda não os vi? Mas ao menos o festival do coração trata de que nunca me falte nada. Car Seat Headrest deram um concerto do caraças no Primavera o ano passado. Não me custa nada imaginar aquele palco secundário à pinha, cheio de gente entusiasmada! Ty Segall, nunca vi, não me julguem, mas se é para ver em festival… Não preciso de me repetir, pois não? Bom feriado! :)) 

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[Diário de Bordo] Trouxe comigo de Londres https://branmorrighan.com/2016/11/diario-de-bordo-trouxe-comigo-de-londres.html https://branmorrighan.com/2016/11/diario-de-bordo-trouxe-comigo-de-londres.html#respond Tue, 29 Nov 2016 14:28:00 +0000

We lack a language for speaking honestly about suicide because we find the topic so hard to think about, at once both deeply unpleasant and gruesomely compelling. When someone ends their life, wether a friend, a family member or even a celebrity whom we identify with – think about the confused reactions to the deaths of Robin Williams and Philip Seymour Hoffman in recent times (although I suspect we could identify stories exerting a similar effect in any year) – one of two reactions habitually follow. We either quietly think that they were being foolish, selfish and irresponsible, or we decide that their actions were caused by factors outside of their control (severe depression, chronic addiction, and so on). That is, if they acted freely in killing themselves, we implicity condemn them; but if we declare that their actions were constrained by uncontrollable behavioural factors like depression, we remove their freedom. 

Agains this tendency, I want to open up a space for thinking about suicide as a free act that should not be morally reproached or quietly condemned. Suicide needs to be understood and we desperately need a more grown-up, forgiving and reflectiv discussion of the topic. Too often, the entire debate about suicide is dominated by rage. The surviving spouses, families and friends of someone who committed suicide meet any attempt to discuss suicide with an understandable anger. But we have to dare. We have to speak.

(…)

Suicide, then, finds us both stangely reticent and unusually loquacious: lost for words and full of them. But any contradiction is only apparent, not substantial. What we are facing here is an inhibition, a massive social, psychical and existential blockage that hems us in and stop us thinking. We are either desperately curious about the nasty, intimate, dirty details of the last deconds of a suicide and seek out salacious stories whenever we can. Or we can’t look at all because the prospect is too frightening. Instead, we peek through the slits between our fingers with our hands on our face, as if we were watching a horror movie. Either way, we are hiding something, blocking something, concealing something through our silence or endless chatter or, indeed, rage. 

Da última vez que estive em Londres passei no Tate Modern e a recomendação era o I Love Dick, de Chris Kraus. Voltei a cruzar-me com ele desta vez, mas ao lado estava outra recomendação. Este mesmo livro. Comecei o post com excertos que acho relevantes para não desatarem a pensar que enlouqueci ou que estou sequer a pensar em suicidar-me. Como o próprio autor diz, não, isto não é uma nota de suicídio, ou pelo menos não estou a contar que seja. Foram as críticas que encontrei ao livro que me fizeram pegar nele. E fez sentido. Fez sentido porque o suicídio é de facto uma realidade e porque provavelmente toda a gente já teve alguém próximo que se suicidou ou conhece alguém que tinha alguém que se suicidou. Acho que existe realmente um grande tabu e uma grande discrepância de argumentos no que toca a discutir este assunto. Ainda só li umas vinte páginas, mas acho que tudo o que li sobre o livro se confirma. O discurso de Simon Critchley, até agora, é desprovido de dramas e todo argumentado com referências históricas, religiosas, filosóficas e sociais. No final volto a fazer um post sobre o livro com a opinião completa.

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