Diário de Bordo 2021 – Bran Morrighan https://branmorrighan.com Literatura, Leitura, Música e Quotidiano Thu, 25 Aug 2022 20:24:53 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.8.2 https://branmorrighan.com/wp-content/uploads/2020/12/cropped-Preto-32x32.png Diário de Bordo 2021 – Bran Morrighan https://branmorrighan.com 32 32 [Diário de Bordo] Natal 2021 https://branmorrighan.com/2021/12/diario-de-bordo-natal-2021.html https://branmorrighan.com/2021/12/diario-de-bordo-natal-2021.html#respond Fri, 24 Dec 2021 17:14:00 +0000 https://branmorrighan.com/?p=25208

Queridos leitores,

Aqui estou eu, de forma meia inesperada a escrever-vos na véspera de Natal, enquanto tenho Hawkeye a dar na televisão ligada ao meu iPad. Um cenário tão estranho e tão raro que respirei fundo e achei que estaria calma o suficiente para vos escrever. Depois, e escrevo isto em tempo real, comecei este parágrafo e logo a seguir estive para fechar o browser. Decidi continuar.

2021 tem sido um ano tão, tão estranho. Olho para trás e tudo parece ter passado num filme distante. Cheguei dos Estados Unidos há perto de um ano atrás (dia 14 de Dezembro de 2020). A partir daí o tempo parece ter voado. Comecei um novo desafio profissional e em Setembro comecei outro (aquele que sempre imaginei que seria o ideal para mim e que acabou por acontecer) — por ambas as oportunidades estarei para sempre grata.

O nível de trabalho e de stress, pessoal e profissional, apesar de melhor/diferente do que o que foi nos EUA, tem sido bastante mais considerável do que o antecipado. Voltar a Portugal à primeira vista parecia voltar a casa e retomar algum tipo de familiaridade, mas em tempos como os que vivemos – uma pandemia – o familiar deixou de ser um conceito tão bem definido. Quando ainda para mais se está nesta fase da carreira em que as exigências são muitas, mas o suporte nem tanto, a coisa pode tomar contornos borderline.

Felizmente, com altos e baixos, e graças também um pouco ao me ter fechado numa ligeira bolha de rotinas bem definidas (mas longe de serem ainda as suficientes), tenho andado minimamente bem. No entanto, e sendo completamente sincera, a nível de saúde mental a coisa às vezes treme. E tem-me partido o coração testemunhar uma falta de noção e de sensibilidade, nos dias de hoje e no meio de uma pandemia, a esta epidemia invisível que é a falta de saúde mental.

Vou ter de interromper o texto e talvez só vos escreva no próximo ano. Mas não queria deixar de vos deixar um abraço enorme com muito carinho e solideriedade. Feliz Natal 🙂

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13 Anos BranMorrighan https://branmorrighan.com/2021/12/13-anos-branmorrighan.html https://branmorrighan.com/2021/12/13-anos-branmorrighan.html#respond Mon, 13 Dec 2021 20:56:58 +0000 https://branmorrighan.com/?p=25203

Meus queridos leitores,

A nostalgia de ser 13 de Dezembro e ser atirada para 2008, nos meus 20 anos, tão sendo longe do que sou hoje, mas sendo tanto eu mesma. Sei que tenho andado afastada do blogue, que não tenho escrito tanto, mas a verdade é que a vida tem acontecido e, felizmente, está tudo bem.

Estou certa que 2022 vai trazer muitas novidades. 2021 foi o ano de voltar a criar raízes em Portugal. Tanto a nível profissional como a nível pessoal. Honestamente, mais a nível profissional do que pessoal. Neste último, acho que só agora me começo a sentir mais eu mesma. Tenho uma novidade maravilhosa para partilhar convosco, mas mais uma vez penso que só o poderei fazer em 2022 — não queremos agoirar, certo? Se há coisa que estes últimos anos me ensinaram, foi a ser paciente. O que é para ser nosso, a nós virá parar 🙂

Vou manter o post curto, só queria mesmo sinalizar o dia e deixá-lo marcado aqui no histórico do blogue, que tanta delícia (e às vezes embaraço) me dá ao navegar. Quero que saibam que me sinto muito grata por esta jornada de 13 anos, por todas as lições, por todas as diversões, por tanto amor e carinho que pude receber e também dar. Vem aí um novo capítulo. Espero continuar a ter-vos desse lado!

Até breve,

Sofia

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[Diário de Bordo] Eu e o Livro do (Des)Conforto, de Matt Haig https://branmorrighan.com/2021/09/diario-de-bordo-eu-e-o-livro-do-desconforto-de-matt-haig.html https://branmorrighan.com/2021/09/diario-de-bordo-eu-e-o-livro-do-desconforto-de-matt-haig.html#respond Sat, 25 Sep 2021 18:58:38 +0000 https://branmorrighan.com/?p=25195

Matt Haig tornou-se um autor bestseller com Razões para Viver e O Mundo à Beira de um Ataque de Nervos. Entretanto lançou um romance e mais recentemente a Porto Editora lançou O Livro do Conforto. Este último é um livro dividido em quatro partes, cada uma das partes compostas por textos curtos, poemas, aforismos, citações e reflexões. Decidi criar uma entrada Diário de Bordo em vez de uma entrada de opinião, porque a verdade é que a minha opinião sobre este livro é mesmo muito pessoal.

A Sofia que leu Razões para Viver é uma Sofia um bocadinho diferente desta que agora pegou no Livro do Conforto (os meus dedos teimam em escrever desconforto e depois lá tenho eu de corrigir a tempo…). E digo isto porque a Sofia de hoje, eu mesma, apesar de não ter passado por nenhuma depressão profunda passou pela experiência de ter ataques de pânico de tal forma limitadores que começar a fazer psicoterapia se tornou na melhor decisão de sempre.

Passando agora para a primeira pessoa, acho que a minha dificuldade com este livro tem precisamente a ver com isso, com o facto de na minha experiência pessoal não me identificar com a forma como algumas coisas foram expostas ou abordadas. E porque isto é um dar e receber, quero também relembrar que já antes partilhei aqui parte da minha experiência com Saúde Mental, tópico que é importantíssimo que se fale cada vez mais sem preconceitos.

Também acho crucial fazer este disclaimer – cada experiência é uma experiência e o consolo que funciona para uns não tem de ser o mesmo que funciona para todos os outros. Com isto quero salvaguardar que não desprezo nem desvalorizo a experiência do autor, mas antes que o que ele considera motivacional para mim foi, por vezes, alienador ou redutor. Claro que nem todas as entradas provocaram este efeito. Gostei particularmente das entradas em que Matt Haig foi buscar personagens históricas, filósofos, o imperador Marco Aurélio ou a grandiosa Maya Angelou.

Talvez seja eu a ver uma leveza demasiado grande neste Livro do Conforto para o propósito proposto. Tendo-me já encontrado em situações completamente desconfortáveis, penso ter sentido que não seria a ler este livro que me iria sentir melhor. No entanto, não descarto a hipótese de ser um livro de bolso razoável para volta e meia o consultarmos e nos lembrarmos, então de forma leve, que a vida é mais que o ruído que criamos nas nossas próprias cabeças.

Ou seja, não há nada de errado com o conteúdo deste livro. Talvez seja apenas mais um livro de auto-ajuda, de alguém que realmente já partilhou a sua experiência e de quem sabemos ter legitimidade para expressar o que o ajuda a não estar no escuro. Confesso que talvez a tradução não me ajude a sentir mais empatia. Depois de passar tanto tempo a ler só em inglês, e sabendo as diferenças e o impacto que pode ter na expressão da língua, ler em português não só foi estranho como quase que parece reduzir um bocadinho a importância do conteúdo.

Dito isto, queria partilhar na mesma esta experiência de leitura para que caso um de vocês passe pelo mesmo não se sinta sozinho. Às vezes quando lemos autores bestseller, ainda para mais se gostámos de livros anteriores, existe a pressão de termos de gostar de todos e se dissermos o contrário que vamos parecer esquisitos. Mas hey, se há coisa em que concordo com Matt Haig é que cada um é como cada qual e não lhe tiro mérito nenhum.

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[Diário de Bordo] Um Novo Começo! https://branmorrighan.com/2021/09/diario-de-bordo-um-novo-comeco.html https://branmorrighan.com/2021/09/diario-de-bordo-um-novo-comeco.html#respond Sat, 11 Sep 2021 14:36:51 +0000 https://branmorrighan.com/?p=25152

Queridos leitores,

É com grande alegria que partilho convosco um novo começo! Ontem foi o meu primeiro dia na minha primeira “tenure track” como Professora Auxiliar no Departamento de Informática da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. E começo em grande a dar ao Mestrado e ao Doutoramento em Ciência Cognitiva e à Especialização em Data Science.

Dado que o blogue já vai comemorar 13 anos em Dezembro, os leitores mais antigos sabem que sempre partilhei uma paixão muito grande pelo ensino, pela investigação, pela partilha do conhecimento. Nunca antes, como em 2020 e 2021, dei tantas palestras sobre o meu trabalho. Existe uma curiosidade insaciável sobre quais os mecanismos inerentes ao comportamento humano e a tantos sistemas que nos rodeiam.

Embora a minha formação – Licenciatura, Mestrado e Doutoramento – sejam em Engenharia Informática (foram mais de 10 anos no Instituto Superior Técnico), a verdade é que desde a licenciatura que a minha curiosidade sobre o mundo à nossa volta me levou a procurar pessoas e circunstâncias que de alguma forma me introduzissem a um universo mais interdisciplinar.

No mestrado fiz um Major em Sistemas Inteligentes, mas a minha tese acabou a ser em algoritmos para alinhamento de transcritomas. Iniciei o doutoramento a explorar mais teoria de grafos aplicada a biologia evolutiva para depois complementar com estudos relacionados com ciências sociais, teoria de jogos, doenças infecciosas, etc.

Quando terminei o doutoramento, tive a oportunidade de fazer um pós-doutoramento nos Estados Unidos que ajudou a intensificar a interdisciplinaridade que me faz sentir em casa, mergulhando mais profundamente na ciência cognitiva, na neurociência e até na modelação de pandemias! Por fim, a experiência no Hospital da Luz de Lisboa, proporcionou-me a oportunidade de perceber como é que todas estas ferramentas que adquiri ao longo dos últimos anos podem ser usadas de forma a estudar e a compreender melhor populações de pacientes complexos.

Agora neste novo começo, a responsabilidade aumenta ainda mais um bocadinho. Já antes dei aulas. Primeiro como bolseira no Instituto Superior Técnico e enquanto terminava o doutoramento cheguei a ser professora convidada na FCUL. Mas uma coisa é quando ainda estamos em formação, quando o nosso trabalho ainda está interconnectado com orientadores ou responsáveis. Embora encaremos todas essas circunstâncias com seriedade, existe também uma sensação de rede de protecção.

Quando se passa para o outro lado, cabe-nos a nós tornarmo-nos nessa rede de apoio e protecção. Dado que já levo uma mão cheia de alunos de mestrado/doutoramento que estou a orientar, juntar agora a responsabilidade de cadeiras em áreas tão importantes como a Ciência Cognitiva, a Ciência dos Dados e Inteligência Artificial acrescenta uma dose de realidade que é tão assustadora quanto gratificante.

Tenho sido muito sortuda com as pessoas com que me tenho cruzado no meu caminho. E se há coisa que me tem inspirado em algumas destas pessoas é como ser um bom colaborador e como ser um bom mentor. Claro que para se ganhar esta noção de “bom” tem que se ter visto o “mau” (às vezes o “muito mau”). Gosto de pensar que ainda assim que com cada experiência tiramos as lições que precisamos de tirar para nos tornarmos seres humanos melhores.

E é isto! Estou super feliz e queria partilhar essa felicidade convosco. Sei que não tenho escrito de todo, mas acredito que as coisas têm convergido de forma a poder voltar a este espaço que tanto gosto. Imaginam… Quase 13 anos?? Mais de um terço da minha vida registado neste espaço, com os seus altos e baixos (apesar de, claramente, escrever muito mais sobre os altos do que os baixos).

Um abraço e até já.
Sofia

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[Diário de Bordo] Acordando os Chakras https://branmorrighan.com/2021/06/diario-de-bordo-acordando-os-chakras.html https://branmorrighan.com/2021/06/diario-de-bordo-acordando-os-chakras.html#comments Sun, 27 Jun 2021 14:59:13 +0000 https://branmorrighan.com/?p=25127
Chakras

Queridos leitores, como tenho vindo a dizer nos meus posts sobre yoga, yoga é mais do que a prática de Asana. Existe a meditação os exercícios de respiração (Pranayama), entre outros elementos. Faço desde já o disclaimer que provavelmente vou usar imensos estrangeirismos quando falar de yoga porque toda a formação e todos os estudos que tenho feito são com professores internacionais e portanto há termos que ainda tenho de perceber como é que se traduzem para português.

Um termo que é fácil não ter que traduzir é chakras. Centros energéticos que começam na base na nossa coluna e que se estendem até ao topo da nossa cabeça, do nosso crânio. Há quem até diga que este último encontra-se ligeiramente acima do mesmo.

Porque é que decidi fazer este post? Porque apesar de os chakras serem um sistema que estudo há algum tempo, recentemente encontrei um programa composto por 7 classes e 7 meditações que para além de achar belíssimo, deixa-me sempre a sentir muito melhor depois de praticar qualquer das aulas ou da meditação. Ainda não é hoje que vos vou dar uma palestra sobre os chakras, o que cada um simboliza (apesar de a imagem que ilustra este post ser um bom início) e o que significa e quais as consequências de estarem (des)balanceados, mas se for do vosso interesse, deixem um comentário — ajuda à minha motivação. Eheh.

Voltando a recursos sobre os chakras, o programa ao qual me referi é de uma das subscrições de Yoga que tenho desde que fui viver para os EUA, o Inner Dimension TV. Chama-se Awakening the Chakras e é liderado pela instrutora Brittany Lynne. Se tiverem curiosidade, podem subscrever por 10 dias (atenção, isto não é publicidade, até porque eu própria subscrevi anteriormente) e experimentar. Eu já experimentei fazer as meditações em sequência, fazer meditação mais aula, e a verdade é que seja qual for a ordem pela qual escolha fazer os elementos, o importante é ouvir o corpo e tentar identificar o que está a precisar de atenção extra. Fica a recomendação.

Também a Allie, do canal Allie – The Journey Junkie, tem agora vídeos abertos no YouTube sobre os Chakras e como equilibrar os chakras, para além de outros vídeos de prática de Asana dedicados aos chakras. É um estilo um pouco diferente, mas as suas aulas são bastante estudadas e conscientes. Para quem segue Yoga With Adriene, na comunidade Find What Feels Good está a começar agora uma nova série de Chakra Chats com o Rey. Este primeiro vídeo apresenta-nos os chakra de uma forma sensível, consciente e filosófica.

Peço desculpa por a maior parte dos recursos que recomendei estarem por trás de uma subscrição, mas podem sempre aproveitar os dias grátis para consumirem o máximo de conteúdo possível! Como disse, havendo interesse eu posso começar a falar mais aqui sobre estes temas e até resumir as minhas aprendizagens. No entanto, quis na mesma fazer esta partilha porque volta e meia sinto um cansaço muito profundo e abordar cada um dos chakras, independentemente da crença que se tem, o que cada um simboliza e o que cada um abrange, faz com que se nutra como deve ser diferentes partes de nós. Até breve!

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[Diário de Bordo] Montanha russa cognitiva https://branmorrighan.com/2021/06/diario-de-bordo-montanha-russa-cognitiva.html https://branmorrighan.com/2021/06/diario-de-bordo-montanha-russa-cognitiva.html#respond Sun, 20 Jun 2021 15:04:25 +0000 https://branmorrighan.com/?p=25112
Montanha russa cognitiva
Excite by Ashvin Harrison canvas art

Meus queridos leitores,

Que tal estão? Ando para vos escrever há algum tempo, mas quando fico muito tempo sem escrever depois parece que não sei por onde começar, dado que tanto acontece num dia, quanto mais numa semana ou num mês (ultimamente a minha pontualidade aqui é mais mensal que outra coisa!). No entanto, quase todos os dias penso em algo para vos contar. Desta vez, vem um post estilo checking-in com o estado actual das coisas.

Começando com a minha pessoa, felizmente estou bem e está tudo bem. Uma grande diferença em relação há um ano atrás em que as coisas estavam negras a muitos mais níveis do que “apenas” estar no meio de uma pandemia. A minha posição académica da altura não corria bem — ainda não é desta que falo sobre este assunto, apesar de achar que seria útil para mais pessoas — e o facto de estar isolada de família, amigos e lugares comuns nos EUA também não estava a ajudar. Claro que nem tudo foi mau e ainda hoje tenho as maiores saudades da Two Sticks Bakery com a sua crew maravilhosa que me deixava doces à porta do apartamento quando eu estava doente 🙂

Portanto, 2021, mesmo com a pandemia a dar connosco em loucos, tem sido um ano bem mais positivo do que o anterior. Têm aparecido uns quantos desafios, mas felizmente, respirando fundo, lá se têm resolvido. A nível profissional corre tudo bem. Na verdade, corre tão bem que acho que tenho guardado para mim falar sobre isto só no espírito de saborear um pouco a maré e não atrair qualquer tipo de agoiro. Eu sei, eu sei, superstições, mas a verdade é que nos sentimos sempre mais confortáveis quando parece existir uma menor probabilidade de haver interferências menos bem intencionadas. Vale o que vale.

E um dos pontos altos de 2021 tem sido o interesse num trabalho que desenvolvi com outros colegas (Szymon, Trevor and Massimo) sobre tentar revelar a estrutura semântica e cognitiva expressa em cartas de suicídio. Existe um pré-print que podem ler aqui. Já apresentei este trabalho em pelo menos 4 ou 5 eventos internacionais este ano e até o ano terminar devo apresentar pelo menos mais um par de vezes. Este é um tema que me é muito próximo e é também um fenómeno sobre o qual não sabemos assim tanto a nível de configuração cognitiva antes do momento acontecer. Esta é uma primeira tentativa de compreender isso.

Para além de inúmeras palestras como oradora convidada, tenho estado envolvida na Women in Network Science, uma sociedade que pretende apoiar mulheres e pessoas não binárias dentro da comunidade de Network Science. Tem sido muito gratificante. Numa das iniciativas, criámos um clube de leitura no qual estamos agora a ler Invisible Women. Penso que em Portugal está traduzido literalmente como Mulheres Invisíveis. Ainda vou a meio do livro (a cada duas semanas discutimos dois capítulos na sessão do clube de leitura), mas honestamente penso que é um livro que todos deveríamos ler, independente do género, profissão, o que quer que seja. Ainda mais quem faz investigação aplicada.

Vou querer falar sobre este livro num post dedicado o que me traz ao seguinte assunto: estou a tentar tornar-me mais disciplinada a ler e quero muito brevemente voltar, com a regularidade possível, a escrever sobre as minhas leituras e a dar-vos das melhores sugestões. Estou a ler também outros dois livros em paralelo, mas provavelmente não falei sobre todos aqui – farei uma selecção dos que mais gostar. A verdade é que no início de 2021 propus-me a ler 40 livros e se terminar com metade lidos, vou fazer a maior festa!

Tenho ainda tanto para partilhar convosco, mas vou tentar cortar caminho. Para quem tem acesso a um device Apple ou Apple TV, há uma nova série documental pela Oprah Winfrey e o Prince Harry chamada – The Me You Can’t See. Já antes falei sobre saúde mental (mais para vir brevemente, espero eu) e acho que esta série documental acaba por abordar uma série de desordens cognitivas e psicológicas que faz com que ganhemos uma maior consciência da diversidade e da dificuldade que é lidar com doenças mentais – sejamos nós a pessoa com essa doença ou alguém que nos é próximo.

Este ano não fiz um post sobre isso, mas no dia 1 de Junho comemorei os meus 33 aninhos! Uma bela capicua que se reflectiu num dia diferente, mas também belíssimo. Tirei um par de dias nessa semana, reservei um local para o qual nunca tinha ido, mas que ficava entre as montanhas e o mar, e foi delicioso. A manhã começou com uma massagem relaxante/terapeutica (a minha cervical continua a matar-me), um almoço calminho em frente ao mar com céu ainda cinzento, uma sessão de meditação e pelas 16h o sol decidiu agraciar-nos com a sua presença e ainda estive um par de horas na praia. Ao jantar o meu melhor amigo e a sua companheira fizeram-me a surpresa de irem ter comigo e a noite terminou com muitas gargalhadas (e honestamente demasiado álcool, ahah, já não vou para nova no que toca a aguentá-lo!).

A verdade é que apesar de todos estes bons momentos, ainda me sinto muito cansada. O cansaço que acumulei nos últimos dois anos, mais todas as responsabilidades que tenho, mais o que ainda está para vir (contarei quando chegar a altura), faz com que por vezes a minha cabeça ande um autêntico turbilhão. Acho que foi por isso que ao pensar neste post, gostei tanto do quadro de Ashvin Harrison, artista australiano. Uma mente hiperactiva, uma espécie de montanha russa cognitiva, cheia de ideias e iniciativas que tentam fazer a diferença, mas também um toque de sombra. Embora a pintura tenha sido desenvolvida com a expressão de movimento e vida em mente, a verdade é que quando uma peça de arte está cá fora, ela torna-se um pouco do espectador também.

Última coisa! Prometo 🙂 No final de Maio e agora em Junho voltei a assistir a um par de concertos (Linda Martini e Sean Riley and the Slowriders) e as saudades que eu tinha de estar num ambiente em que 100% da energia vem do palco! Dadas as regras de segurança, a experiência não é bem a mesma… Não se pode esperar o mesmo envolvimento cognitivo quando existe liberdade de movimentos e uma espécie de dança conjunta com os artistas em palco, mas ainda assim é melhor do que sermos privados na totalidade destes estímulos sensoriais. Ambos os concertos correram bastante bem, por isso agora é ver quando consigo assistir ao próximo!

Não se esqueçam: cuidem-se bem, protejam-se e sejam conscientes uns com os outros. Lembrem-se também que os níveis de ansiedade andam ao rubro em quase toda a gente, por isso sejam tolerantes. Se antes já era difícil imaginar experiências que outros possam estar a viver, hoje em dia com o recolhimento natural do constante isolamento corremos o risco de fazer ainda menos ideia do que se possa fazer. Acima de tudo, se têm alguém em quem confiam, conversem, riam, deixem sair um pouco de vós cá para fora. Aos poucos, todos juntos, criamos um novo normal. Até breve 🙂

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Gratidão https://branmorrighan.com/2021/05/diario-de-bordo-gratidao.html https://branmorrighan.com/2021/05/diario-de-bordo-gratidao.html#comments Fri, 28 May 2021 11:48:24 +0000 https://branmorrighan.com/?p=25099
Gratidão
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No yoga, a prática de Gratidão é um elemento unificador. Entre a meditação e a prática de Asana, não excluindo os outros elementos que incorporam uma prática de yoga completa, praticar Gratidão é um exercício de enraizamento, mas também de libertação. Nos tempos que correm é tão difícil por vezes concentrarmo-nos nas coisas boas da vida, mas a verdade é que estamos constantemente rodeados de pequenos milagres. E mesmo com toda a podridão que por vezes encontramos, é a prática de gratidão que também nos dá esperança e nos faz continuar querer seguir em frente.

Sorrir e acenar é muitas vezes a estratégia usada. Mesmo quando envolvidos nas maiores tempestades, o mecanismo para lidar com os abismos é por vezes sorrir e acenar para o exterior enquanto que a ansiedade e o pânico tomam conta da mente e do corpo. Eu diria que é preciso abraçar essas escuridões, aceitá-las e perceber que elas farão para sempre parte de nós, para finalmente começarmos a verdadeiramente seguir em frente.

Eu sei, parece contraintuitivo. Ninguém quer viver lado a lado com os seus traumas, sendo triggered constantemente. Mas exactamente por isso é que não podemos deixar que o trauma nos domine, mas antes reconhecermos a sua existência e ganharmos distância suficiente para que seja um eco cada vez mais silencioso em vez de um companheiro de viagem constante.

Neste sentido, a prática de gratidão pode ser chave para começarmos a mudar a nossa cognição para um contexto mais claro, menos oprimido e consequentemente mais receptivo. A verdade é que as nossas emoções alimentam-se umas das outras. Tristeza alimenta-se de tristeza, mas também a sensação de deslumbre e de alegria são reforçados com o mesmo tipo de estimulo positivo. E enquanto que isto parece evidente, a verdade é que quando andamos mais cansados e menos resilientes psicologicamente, oscilamos muito entre a alegria e a tristeza, entre a sensação que corre tudo bem e no momento a seguir parece que corre tudo mal.

Relativizar pode ser uma primeira abordagem, mas eu penso que o foco fundamental aqui é parar, respirar fundo (daquelas inspirações que começam por preencher o espaço abdominal, subindo para o diafragma e chegando ao peito em que os ombros naturalmente se levantam, para depois lentamente deixarmos o ar sair, sentindo por inteiro cada espaço físico da respiração) e reconhecer pelo menos três coisas boas. O termos água canalizada, electricidade, comida, uma casa com boas condições, saúde para perseguirmos os nossos sonhos, termos família e amigos que nos suportam, podermos ajudar alguém, sermos a nossa melhor versão de nós mesmos, são só alguns exemplos.

Acho muito importante celebrar cada conquista, por muito pequena que possam achar que é. O nosso cérebro cria novos caminhos neurológicos quando repetimos qualquer prática. Não é só o dizer-se ser-se positivo só porque sim, só porque fica bem dizer que se é positivo. É necessário praticar e reforçar os caminhos neurológicos que aos poucos criam resiliência quando eventos menos bons acontecem.

Gostava de vos propor o desafio de durante um mês, seja logo mal acordam ou antes de se irem deitar, que mantivessem um pequeno bloco de notas e a cada dia colocassem três coisas pelas quais estão gratos naquele dia. Partilhem comigo que efeito é que este exercício vai tendo em vós à medida que avançam no tempo. Quando eu comecei a minha prática, fiquei surpreendida como às vezes parecia difícil encontrar coisas boas que tivessem acontecido naquele dia e aí, o exercício de parar e realmente tomar consciência da minha qualidade de vida, fez toda a diferença.

Quis escrever-vos este post porque acho, muito honestamente, que esta prática pode fazer a diferença e pode ajudar e complementar práticas relacionadas com a ansiedade e ataques de pânico. Em suma, pode fazer a diferença na nossa saúde mental. Respirar fundo, o número de vezes que conseguirem, tomar consciência e manifestar gratidão. Mesmo que sejam completamente cépticos em relação a este assunto, “bear with me”, e dêem uma oportunidade. Se já o fazem, deixem nos comentários algo sobre a vossa experiência. Adoraria ouvir!

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[Diário de Bordo] Voltar ao passado https://branmorrighan.com/2021/03/diario-de-bordo-voltar-ao-passado.html https://branmorrighan.com/2021/03/diario-de-bordo-voltar-ao-passado.html#comments Sat, 27 Mar 2021 12:53:48 +0000 https://branmorrighan.com/?p=25091 Voltar ao passado

A semana passada recebi uma mensagem, no meu perfil pessoal do Facebook, com um par de fotografias e a pergunta se a pessoa naquelas fotografias era eu. E era. Voltar ao passado. Uma Sofia com uns 13 ou 14 anos, na altura em que jogava basquetebol e praticava dança aeróbica, participando em torneios regionais e nacionais, tendo sido até vice-campeã nacional de dança aeróbica. As fotografias retratavam tempos em que com o desporto escolar lá nos enfiávamos dentro de autocarros, davam-nos sacos-cama e dormíamos em chãos de pavilhões algures pelo país. Os sorrisos, as noitadas a comer bolachas enquanto jogávamos um jogos quaisquer que não éramos suposto. A alegria de um tempo em que as preocupações eram se fazíamos tranças e qual seria a t-shirt comum que iríamos usar.

O meu percurso no ensino básico teve ar de que foi fenomenal, mas a verdade é que para mim foi uma luta constante de sentimentos mistos. Eu era inteligente, tirava boas notas, a maior parte dos professores gostavam de mim, eu era bem sucedida a educação física e a matemática, era uma nódoa a educação visual, mas suficiente boa para lá sacar o 4, e tanto era odiada como adorada pelos meus colegas. Provavelmente convosco foi a mesma coisa, mas na minha altura enquanto que os rapazes se davam todos bem, as raparigas formavam ilhas que raramente tinham travessias entre si. E aí começou a saga da a Sofia ser uma ilha por si mesma que gostava de visitar as outras ilhas sem se comprometer em ficar numa muito tempo, porque afinal havia um mundo inteiro por descobrir.

Mais tarde, no basquetebol, foi a mesma coisa. Lembro-me de estar num europeu, de haver um conflito interno e de me sentir pressionada a tomar uma posição, um lado, que eu não queria tomar. Mas quando somos crianças e adolescentes, tudo parece o fim do mundo, ou estás comigo ou contra mim (é por isso que há pessoas que nunca crescem, porque temos imensos adultos que ainda são assim), e nessas alturas lá a Sofia se tentava tornar numa ilha novamente. Por diversas razões e circunstâncias, sempre fui aversa ao conflito. Sou muito emotiva e vivo as coisas muito intensamente e nunca suportei desigualdades ou injustiças. Graças a isso fui ganhando algumas alcunhas ao longo da minha vida, mas lá arranjei maneira de viver com elas.

Estava aqui a pensar se faria uma ponte com a minha idade adulta, mas não, vou-me focar aqui no início da adolescência que me parece uma altura chave na formação da minha personalidade. Ser-se bom a tudo é uma experiência um pouco bipolar. Por um lado temos a família, os professores e os treinadores super orgulhosos, por outro lado temos alguns colegas a dizer “metes nojo”, a fazerem-te frente, etc. Se a isto juntarmos que eu era mais alta do que toda a gente – acreditem, isso na altura era também um problema – e rapariga, juntamos também a malta mais velha, que chumbava e ficava para trás, a fazer-me peito “quem é que tu pensas que és?”. E então lá estava a Sofia de 12 anos a fazer frente a um matulão de 15 que decidiu que eu seria o seu próximo alvo.

Engraçado como um par de fotografias de repente trazem memórias há tanto enterradas, não é? No entanto, tem também um efeito terapêutico que me traz muito orgulho à forma como ainda assim arranjei maneira de ir navegando a adolescência. Por exemplo, aos 16 anos tive de mudar de clube de basquetebol, porque o meu clube local não tinha equipa para essas idades. Nesse novo clube, por ser uma das melhores jogadoras, não só comecei a jogar nas juniores desse clube como entrei directamente nas seniores, na altura na Primeira Divisão, e praticamente a jogar de início e a tempo inteiro. Ou seja, chega uma garota nova àquele clube e de repente toma o protagonismo de duas equipas? Demorou o seu tempo até conquistar o meu espaço e o respeito das minhas colegas, mas honestamente limitei-me a fazer o que eu mais queria – jogar basquetebol o melhor possível.

Nem sempre foi fácil. Estes ambientes voláteis da adolescência fizeram com que as chamadas à selecção fossem tanto uma alegria imensa como uma fonte de ansiedade brutal. O que eu chorava às vezes, sem saber porquê, afinal eu ia jogar basquetebol, e o stress que aquilo me provocava. Claro que ser alvo de bullying ocasional não ajudava. Mas já estou a misturar uma série de memórias que estou, muito honestamente, a pensar dissecar numa série dedicada ao meu percurso no basquetebol. Como não foram só rosas, talvez venha a ajudar outras adolescentes que estejam também elas a descobrir qual o seu lugar no meio disto tudo. Isto porque é óbvio que também tive muitos momentos de conquista e de delírio que fizeram com que tudo valesse a pena.

Deixem-me acabar numa nota engraçada para aliviar um pouco isso. Nem tudo foram rosas, mas também nem tudo foi mau. E claro que, como adolescente, também as paixonetas fizeram parte do repertório. Aquelas duas fotos e o grupo onde foram publicadas fizeram com que encontrasse uma pessoa do meu passado de quem gostei imenso e com quem perdi o contacto depois de ter ido para a universidade. Precisamente nos anos daquelas fotografias ele era aquele pessoa que passava imenso tempo comigo a jogar basquetebol nos campos da escola ou com quem tinha longas conversas sentados nas bancadas. Voltámos a falar e parecia que não tinha passado tempo nenhum. Parece que há memórias que merecem voltar em troca de outras que nos ajudaram precisamente durante esses tempos mais difíceis.

The only way out is through. Robert Frost

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[Diário de Bordo] A calma no meio da tempestade https://branmorrighan.com/2021/02/diario-de-bordo-a-calma-no-meio-da-tempestade.html https://branmorrighan.com/2021/02/diario-de-bordo-a-calma-no-meio-da-tempestade.html#respond Sun, 28 Feb 2021 20:30:56 +0000 https://branmorrighan.com/?p=25037
a calma no meio da tempestade

Não sei bem como falar de 2021 sem dizer que, apesar de tudo, sinto uma certa calma no meio da tempestade. Ninguém vive dias fáceis. O não haver um fim à vista da pandemia, o não se saber ao certo quando e como se vai desconfinar, quando e se alguma vez vai chegar a hora de sermos vacinados, quando e se alguma vez vamos voltar a sentir algum rasto de normalidade e voltar a abraçar pessoas e a partilhar comida e bebida sem receios.

Ainda assim, tenho mantido uma serenidade – com altos e baixos, como todos nós – que me tem surpreendido. Não sei se ganhei o hábito de estar isolada, pois nos Estados Unidos da América estava isolada e sem amigos e família por perto e ao menos cá tenho os meus pais e o Bran; não sei se é de ter uma disciplina muito grande em termos de prática de yoga e caminhadas que me ajuda a manter a ansiedade controlada; não sei se é de ter uma fé estúpida que havemos de ficar todos bem e por isso não me resta mais nada a não ser ter paciência comigo mesma e com as adversidades que podemos controlar.

Claro que tenho de reforçar que me encontro numa posição muito mais confortável do que quando estava nos EUA. O facto de ter os meus pais e o Bran por perto, apesar de não ter conseguido visitar mais família nenhuma, proporciona-me uma âncora. Adicionalmente, desde que voltei a Portugal que mantenho um contacto muito mais frequente com outros amigos que, apesar de não os ver, nos EUA pouco falava. E quem tem bons amigos tem tudo. Sem dúvida que são uma extensão da nossa família e os meus, coitados, bem que me aturam. Apesar de maioritariamente andar calma, esse estado também se deve ao facto de poder falar e desabafar com essas pessoas quando me sinto a asfixiar.

O meu stress, maioritariamente, vem da minha actividade profissional. Trabalhar num hospital traz desafios acrescidos. Já não é só criar modelos e usar dados hipotéticos ou reais para testar esses modelos, sem uma implementação directa num sistema real. É criar modelos e usar dados reais de pacientes para uma potencial implementação a nível hospitalar. Não é que tudo o que tenha desenvolvido até hoje não tenha sido rigoroso, mas existe um peso acrescido quando os resultados da investigação científica têm um impacto directo na prática diária. É excitante, extremamente desafiante, mas também um nadinha atemorizador.

Ao mesmo tempo, ainda estou a terminar outros trabalhos que muito brevemente estarão prontos. Nessa altura falar-vos-ei mais sobre os mesmos! Posso dizer que o próximo que vai ficar disponível online está relacionado com o jogo do Ultimatum em grupos (já ouviram falar em teoria de jogos?) e em como o facto de o Proposer ser mais ou menos protagonista numa população estruturada pode fazer com que haja uma maior ou menor equidade nessa mesma população. Posso abrir o véu para vos dizer que sempre que penso neste trabalho lembro-me do dizer “Power to the people!“.

Já agora, têm curiosidade em saber mais detalhes sobre o que faço cientificamente? Gostariam que fizesse uma série de posts em que tento desmontar, em linguagem simples, as várias coisas que tenho estudado? Deixo-vos com a minha página profissional com a minhas publicações caso queiram deixar nos comentários um dos artigos que gostariam de ver explicados de forma simples e perceptível. Confesso que tenho tido muito gozo nos últimos projectos em que tenho estado envolvida!

Resumindo e concluindo, a calma no meio da tempestade deve-se, sobretudo, a poder contar com família, amigos e colegas para falar e desabafar, e com uma rotina de cuidados comigo própria consistente que me ajudam a respirar fundo e a enfrentar todos os desafios com esperança e alento. Achei importante partilhar isto convosco porque às vezes estamos tão enfiados em nós próprios – nos dias de hoje ainda mais – que às vezes são estes pequenos gestos simples, falarmos com alguém e ouvirmos alguém partilhar as suas inseguranças e atribulações, que fazem com que nos sintamos mais suportados.

Juntos somos certamente mais fortes e acho que para sairmos daqui com alguma sanidade mental temos mesmo de nos ir apoiando uns aos outros. Tal como tenho referido nas newsletters que envio exclusivamente para os subscritores (podes subscrever aqui), reforço que a prática de exercício físico é importante. Para quem não consegue mesmo, seja qual for a razão, sugiro tentar Yin Yoga (as aulas do Travis Eliot online são muito boas). Exercícios de respiração e meditação conseguem dar uma nova luz aos nossos dias. E, claro está, uma palavra amiga. Em ambas as direcções. Sermos ajudados é excelente, mas ajudar é igualmente recompensador.

Se quiserem falar comigo, se quiserem pedir sugestões de leituras, de aulas online, etc., por favor não hesitem. Agora ainda por cima já temos uma página com formulário de contacto. Façam uso da mesma sempre que quiserem e, claro, se se sentirem à vontade, deixem comentários! Sugiro também que desafiem umx amigx a lerem um livro em conjunto, a começarem um desafio de exercício físico qualquer, o que for. Vão-se divertir de certeza e o apoio mútuo vai motivar-vos a ambxs.

Ah! E não pensem demais se vão saber voltar ao normal ou não. Se, tal como eu, se perguntam se vão saber estar novamente com outras pessoas e se vão voltar a ser sociais como antes, como diz o meu terapeuta e bem: estamos todos em pé de igualdade. Portanto, nada de medos. Vamos andar todos cautelosos e às apalpadelas nos primeiros tempos, mas acredito que somos empáticos e pacientes o suficiente uns com os outros para correr tudo bem. Digo mais, isto é uma excelente oportunidade para os mais tímidos também se integrarem e crescerem socialmente se assim o quiserem. Estamos juntos!

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[Diário de Bordo] As redes sociais, o covid-19 e votar https://branmorrighan.com/2021/01/diario-de-bordo-as-redes-sociais-o-covid-19-e-votar.html https://branmorrighan.com/2021/01/diario-de-bordo-as-redes-sociais-o-covid-19-e-votar.html#respond Sun, 24 Jan 2021 10:48:11 +0000 https://branmorrighan.com/?p=24939
Votar

Queridos leitores, quero-vos lembrar que HOJE É PARA VOTAR, com a devida segurança, claro.

E uma nota: eu não tenho tido muita disponibilidade para fazer scroll no feed das publicações das redes sociais (como o Facebook), mas quando o faço também ganho o instinto de apagar a conta. A todos os fascistas, negacionistas e treinadores de bancada que me leiam, por favor, POR FAVOR, ganhem noção. Ainda não tive tempo de fazer uma limpeza nos “amigos”, mas confesso que também ainda não o fiz por haver pessoas que pensava respeitar e que agora me dão que pensar “como é que é possível dizerem coisas destas”. 

Talvez não saibam isto sobre mim, mas tenho trabalhado na modelação da pandemia (com base em dados reais e simulações) à escala global desde Fevereiro de 2020. O que implica que tenha aprendido e enfrentado a dificuldade que é não só prever a evolução da mesma, como também colocar em modelos a quantificação das medidas de mitigação e quão eficazes conseguem ser. 

Não há só o problema de se saber o coeficiente de transmissão, mas também a capacidade limitada de testes e a quantidade de assintomáticos. Mesmo os sintomáticos maioritariamente só testam quando os sintomas vão avançados e muitos nem testam. Para se medir a eficácia de medidas de mitigação era preciso saber em avanço em que rácio as redes de contacto diminuem e quão rapidamente. Isto das fronteiras é muito giro, mas por norma, e o que observámos no estudo que fizemos, quando aparece o primeiro detectado já o vírus circula há algum tempo, silencioso. 

Agora imaginem o que é modelar uma população tendo em conta estrutura de idades, diferentes coeficientes de transmissão, diferentes tempos de latência, período infeccioso, movimentação e diferentes redes de contacto, mais fluxo de viagens, mais que medidas têm que efeito e quão restrito é necessário para se baixar o número de casos, número esse que é então sempre de informação limitada dado então haver assintomáticos e nem todos os sintomáticos serem detectados… 

E agora juntem a isso tomar decisões politicas que mexem com a qualidade de vida, financeira, física e psicológica, de tanta gente, mais a economia, e tantas mais coisas. 

Falar é fácil. Sempre foi. Fazer a nossa parte também deveria ser. E fazer a nossa parte, para fechar o círculo, é não só respeitar as normas de segurança em vigor como também, cumprindo-as, exercer o direito de voto para que a democracia vença e não haja margem para dúvidas que Portugal não vai admitir voltar a um regime fascista que não respeita os mais básicos direitos humanos. 

E é isto, amigos. Protejam-se, protejam quem vos rodeia, sejam solidários e HOJE VOTEM.

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