Escritos Aleatórios – Bran Morrighan https://branmorrighan.com Literatura, Leitura, Música e Quotidiano Mon, 28 Dec 2020 06:07:15 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.9 https://branmorrighan.com/wp-content/uploads/2020/12/cropped-Preto-32x32.png Escritos Aleatórios – Bran Morrighan https://branmorrighan.com 32 32 Escritos Aleatórios #63 https://branmorrighan.com/2019/08/escritos-aleatorios-63.html https://branmorrighan.com/2019/08/escritos-aleatorios-63.html#respond Wed, 21 Aug 2019 13:25:00 +0000

Eu sei que a vida é suposto ensinar-nos a lidar com a perda. Sei que sim. E sei que o tempo ajuda, etc. etc., mas ainda assim nada nos prepara para quando ela acontece novamente. Por muito que tenhamos consciência do processo, que eventualmente tudo melhora, a cada vez que a perda acontece o murro no estômago parece como nenhum outro, roubando-nos novamente a respiração. Todo o turbilhão de dor é inefável. Sobra-nos forçar-nos a lembrar, novamente, que tudo há-de melhorar. Mas quantos ciclos destes é suposto sermos capazes de aguentar?

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Citações Aleatórias – Eimear McBride https://branmorrighan.com/2017/08/citacoes-aleatorias-eimear-mcbride.html https://branmorrighan.com/2017/08/citacoes-aleatorias-eimear-mcbride.html#respond Sat, 26 Aug 2017 16:28:00 +0000

Não. Não pertenço a grupo nenhum. Sou a carta fora do baralho, mas intenções as melhores e não logo muito porque Que Se Foda pertencer a grupos – mas não dizia que não a divertir-me mais. Ao menos estou aqui entrei, em vez de ficar a espera e. Peixes na água peixes no mar um dois três vamos saltar. Todos juntos pode ser?

Pequenos Boémios, Eimear McBride

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Escritos Aleatórios #62 https://branmorrighan.com/2016/10/escritos-aleatorios-62.html https://branmorrighan.com/2016/10/escritos-aleatorios-62.html#respond Mon, 24 Oct 2016 22:37:00 +0000

Não sei lidar com este fervor, com este anseio de ti. Canso-me de tudo o que não te traz até mim durante períodos que parecem intermináveis. Sinto a tua falta, do teu cheiro, da tua pele na minha. Podia ser apenas mais um romance lamechas, uma rotina de casal que arrefece e abandona. Mas não existe abandono algum nisto que sinto; existe fogo, fúria, ansiedade, algo tão forte que consome à passagem e me deixa sem chão.


E depois vem a realidade. O baque. Olho para o vazio que me espera, para a ausência que se faz sentir quando paro, quando não estás, quando tomo consciência que não estarás mais. Percorro as ruas na noite cerrada na esperança de me perder, de te esquecer. Encontro a solidão, enlouquecida, sufocante. Aos poucos entranha-se na pele a perda, a escuridão, a presença da morte. A única constante é o luto e a luta por mais um dia, por sobreviver a mais uma ronda de memórias que não podem ter acontecido. 

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Escritos Aleatórios #62 https://branmorrighan.com/2016/01/escritos-aleatorios-62-2.html https://branmorrighan.com/2016/01/escritos-aleatorios-62-2.html#respond Wed, 27 Jan 2016 00:00:00 +0000

Era bom que as palavras fossem suficientes para expressarem o que sinto, o que me consome. Não é só o recordar-me de ti, da tua imagem, que custa. É o recordar-me da cadência da tua voz, da textura da tua pele, de cada traço, de cada abraço, dos beijos por entre suspiros, do toca e foge tenso, ao mesmo tempo ansioso e sôfrego, dos sorrisos velados e das promessas contidas. É o fechar os olhos e ter a capacidade de me transportar para aqueles momentos, nunca suficientes, em que me despertavas os sentidos e me fazias sair do entorpecimento que em tempos me caracterizou. Os estremecimentos, breves mas intensos, marcavam o compasso da nossa dança desajeitada, tímida, mesmo que no fundo cada um de nós apenas quisesse libertar as amarras e consumir o outro até não restar mais nada, até os corpos estarem saciados, as almas apaziguadas, e a sensação de casa no peito um do outro. Tudo tão breve, tudo tão efémero, tudo tão… inacabado. 

O medo, o medo tolda tudo, principalmente emoções já de si reprimidas e encolhidas pelas circunstâncias. Partilho contigo uma curiosidade: sabias que basta um quinto de um segundo para alguém se apaixonar e apenas quatro minutos para a cumplicidade entre duas pessoas surgir? Sabendo isto parece ridículo questionar como é que foi possível acontecer tudo como aconteceu, mas parece-me também redutor ir por este caminho. A verdade é que as explicações procuram-se sem que haja uma verdadeira resposta a qualquer pergunta. Quando se sente algo no nosso âmago, dificilmente se justifica a origem ou até a sua permanência. Trago-te comigo para onde quer que vá, viajo contigo onde quer que esteja, toco-te assim que fecho os olhos. E a questão é esta, mesmo não te podendo ter, mesmo sabendo que pertences a outra pessoa, não te consigo deixar ir embora, mas também não te consigo reivindicar. Alimento-me do pouco que fomos, mas ainda mais do que nunca fomos, do que nunca seremos. Se me podia voltar a dar a alguém? Podia. Já o fiz, talvez ainda o venha a fazer novamente, mas os corpos passam, as memórias desvanecem-se e a única coisa que persiste são os teus dedos na minha pele, o teu hálito na minha boca, o teu sexo dentro de mim. Recordo os nossos corpos transpirados, as peles marcadas, as gargalhadas abafadas pelo momento que os nossos corpos se uniam e a melodia mudava, rouca. 

Mas o que seria disto tudo sem o registo marcado a fogo da diferença que as pequenas coisas faziam? As conversas sobre tudo e sobre nada, as confidências, a confiança que só um no outro encontrámos para aquelas coisas que mais ninguém faz ideia. Somos espelhos, agora e sempre embaciados por não haver espaço nem tempo para tomarmos o nosso lugar no mundo. 

Nas sombras, escondidas, andarão estas emoções. Hoje. Sempre. Não sobra nada. Não resta nada. Fica o vazio que se preenche apenas quando fecho os olhos. E penso em ti. 

Morrighan

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Foi quando comprei o carro novo que o nosso amor morreu, por João Pedrosa https://branmorrighan.com/2016/01/foi-quando-comprei-o-carro-novo-que-o.html https://branmorrighan.com/2016/01/foi-quando-comprei-o-carro-novo-que-o.html#respond Mon, 25 Jan 2016 00:00:00 +0000

Foi quando comprei o carro novo que o nosso amor morreu

Olá,

Deves por certo estranhar o facto de eu te estar a escrever tanto tempo depois, tanto tempo depois da última vez em que, perto da Igreja da vila, me disseste que já não dava mais. Talvez por isso acredite cada vez menos nestas coisas da igreja, não deveria ser a igreja o local onde as pessoas se juntam para sempre, na saúde e na doença? Foram dias tramados (sem ti), é tramado fazer o desapego. Tentei fazê-lo com a Teresa e depois com a Raquel e por último com a Sandra. A Sandra até fodia melhor que tu mas tal como as outras não foi suficiente para te tirar de mim. Depois descobri o Miguel Esteves Cardoso, ensinou-me tanta coisa, foram nestas palavras que me curei:  “Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar.” No outro dia, quando me vinha nos seios da Carla, lembrei-me de ti e de quando, no meu antigo carro, escolhíamos o sítio mais escondido para fazer amor; durante o ato ouvíamos uma k7 dos Interpol e no fim ficávamos abraçados a fazer planos. Agora mal me venho visto-me e dou uma desculpa à Carla ou à Sónia para me ir embora. Deve ser esta a diferença entre fazer sexo com amor e fazer sexo sem amor. São coisas a que me tive de habituar, mas viver sem o teu amor foi pior.  Foi quando comprei o carro novo que o nosso amor começou a morrer. De que serve ter um carro novo se depois temos medo de passar por buracos ou de sujar os estofos com o sémen que te escorria. De que serve ter um carro novo se nos recusamos a ser felizes dentro dele, por mais que o carro já tenha leitor de discos e eu possa avançar rapidamente para a música que te faz vir. De que serve ter um carro novo se depois temos medo de acelerar juntos e sem destino? Foi quando comprei o carro novo que o nosso amor começou a morrer. Hoje já não sofro, a carta que te escrevo é para te agradecer por aquele dia, pelo dia em que me deixaste. Foi aquela rotura que me permitiu transformar e neste momento viver uma das fases mais positivas da minha vida. Alimentei a dor para depois me poder alimentar dela. A dor é uma coisa forte. Sabes, o que mais me custou nesse dia foi achar que já não me amavas. Hoje, passado tanto tempo, consigo ter a certeza que nesse dia ainda me amavas e só querias o meu bem. Obrigado

João Pedrosa

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Quando venta, por Helena Ales Pereira https://branmorrighan.com/2015/08/quando-venta-por-helena-ales-pereira.html https://branmorrighan.com/2015/08/quando-venta-por-helena-ales-pereira.html#respond Mon, 31 Aug 2015 20:16:00 +0000

Quando venta

Aproximo os pés da falésia e sinto o vento na cara, na barba, a fazer da minha t-shirt um balão e a tocar-me os pelos no peito. O vento que te levou numa noite de tempestade, em que os ramos partidos de uma árvore te fizeram perder o controlo do carro. Andei por aí, perdido, sem ti. Conheci outras mulheres, das quais não me lembro o nome, nem o rosto, se alguma vez o tiveram. Fodi-as. Em hotéis, no carro, em vãos de escada de prédios abandonados. Tocavam-me no sexo, com a boca, com as mãos. E eu não sentia nada, porque não te sentia a ti. Procurava-te. Para onde vai o amor quando o seu objecto nos desaparece? Quando alguém some da nossa vida, ainda que com dor, esse amor encontra sempre o seu vaso, mas quando se morre? Para onde vai o amor quando alguém nos foge da vida? As pedras debaixo dos pés resvalam lá para baixo. Estou tão alto, tão perto de quase te tocar, porque tu estás aí algures, no ar, ou no mar, lá em baixo, do qual só sinto a força nas ondas que rebentam nas rochas. Tenho medo de voar e de não te encontrar. Fecho os olhos e a força do vento aumenta ou sou eu que sinto cada vez mais o seu poder, porque os pés já mal tocam na berma da falésia. O som do teu riso aumenta nos meus ouvidos, os teus olhos estão quase alinhados com os meus e eu sinto que te estou quase a seguir. Abraço-te como sempre, num círculo perfeito de quase dois metros, porque os braços abertos, dizias, têm o tamanho da nossa altura. E tu, que tinhas pouco mais de metro e meio, ocupavas muito espaço, transbordavas-me o corpo, que não era suficientemente grande para te abarcar, para te conter. Essa liberdade, que te fazia imensa, levou-a o vento de mim. E agora leva-me com ele, também. Venta ainda mais aqui, quando já solto, me deixo cair em ti, no ar, ou no mar, lá em baixo.

Helena Ales Pereira

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Escritos Aleatórios #61 https://branmorrighan.com/2015/03/escritos-aleatorios-61_27.html https://branmorrighan.com/2015/03/escritos-aleatorios-61_27.html#comments Fri, 27 Mar 2015 13:53:00 +0000 Tenho tentado perceber como lidar com isto. Sinto a tua falta, Luís, e se a minha vida mudou depois de te conhecer, certamente vai mudar ainda mais depois da tua morte. Ouço as reclamações de que a comunicação social não fala de ti, ouço os choques espantados do inesperado. Porquê? Como? Mas desde quando? Não percebem que para quem te era próximo, para quem lutou contigo durante este tempo todo, tudo isso é irrelevante porque já nada te traz de volta. É claro que mereces todas as homenagens do mundo pela pessoa que és, é claro que mereces ser recordado de todas as maneiras possíveis e imaginárias, mas antes disso tudo é preciso aceitar que te foste embora, que não te vou voltar a ver, que não te vou voltar a abraçar nem vou voltar a falar contigo.

Sabes, continuo a receber mensagens, a maioria porque “sei que vocês eram bons amigos”, mas há uma coisa que não sei sequer se tu sabias – que eras das pessoas mais importantes para mim. Existem estes caminhos que se cruzam na vida e que tudo transformam. A tua força, a tua alegria, o facto de acreditares no melhor das pessoas, sempre foi uma inspiração. Fartei-me de to dizer enquanto estiveste por cá, espero que tenhas acreditado se não quando me voltar a cruzar contigo vou-te dizer das boas, que eras das melhores pessoas, que para mim eras uma fonte inesgotável de força e carinho. Lembras-te do dia em que nos conhecemos? Em que eu disse que gostava imenso de ler o teu livro, mas que não tinha conseguido o contacto com a editora (e as minhas finanças eram muito parcas nessa altura). Tu pegaste em mim, ainda quase sem me conheceres, chamaste o Rui (perdoa-me, querido Rui, mas esta é uma das lembranças que mais me fazem sorrir e ainda bem que aconteceu porque também te conheci a ti) e disseste-lhe que querias que me enviassem um exemplar d’A Mentira Sagrada. Para depois tratarmos de trocar contactos e para eu te avisar quando a PE o fizesse. O Rui não ficou com ar muito contente, mas lembro-me que ainda nos rimos bastante com isso.

Preciso de te deixar ir, lembrança por lembrança, mas não sei como o fazer. Também não quero continuar, não agora. Dói, tudo, de cada vez que te vejo em imagens, em mensagens, no que for. Sabes porque é que não estou chateada por não estares a aparecer em todo o lado? Porque sou egoísta, porque mesmo evitando televisões e Facebook, mal cheguei a casa vieram ter comigo a dizer que tinham visto nas notícias que tinhas morrido. A minha reacção foi um resmungo, virei costas e fui para o meu quarto. Vieram atrás de mim. Tive vontade de gritar, de bater, que me deixassem em paz. Achavam mesmo que eu ainda não sabia? Porquê a tortura? Porque eu sei Luís, porque na noite antes de tu morreres eu já sentia ainda mais a tua falta. Dizem que as mulheres têm este sexto sentido, que se foda isto tudo quando esse sentido só nos faz sofrer. Tive pesadelos nessa noite, não especificando, sonhei que me tinham roubado algo de um valor sentimental sem preço. Quando acordei, recebo a mensagem a informar-me que te tinham roubado à vida.

Hoje vai ser o teu funeral e eu não vou poder estar presente, não te vou poder ver uma última vez. A distância que nunca foi um problema para nós, torna-se agora em fonte de tortura. Hei-de chegar até ti outra vez, Luís Miguel.

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Escritos Aleatórios #60 https://branmorrighan.com/2015/03/escritos-aleatorios-60.html https://branmorrighan.com/2015/03/escritos-aleatorios-60.html#respond Fri, 20 Mar 2015 17:50:00 +0000 Ela leva-o até ao destino. Sente-se bem, feliz, as coisas não estão como deviam estar, não são como podiam ser, mas existe este local de tranquilidade, de acesso com prazo de validade limitado e prestes a expirar, onde por momentos se pode permitir sorrir, imaginar uma vida diferente. 

Ela para o carro, liga os quatro piscas e acciona o travão de mão. Ele está a olhar lá para fora, a chuva tinha começado de repente e com uma força considerável. Por momentos parece perdido. Ela olha-o, espera uns momentos, pousa a sua mão na dele e pergunta-lhe, precisas de alguma coisa?, diz-lhe que não, estou bem, estava a apenas a pensar em quando é que nos voltaríamos a ver.

Aquele fugaz momento de sinceridade abrupta iluminou-a por dentro. Não que houvesse esperança, mas pela simplicidade do momento e das palavras que lhe tocaram de forma tão terna. Havemos de encontrar o nosso caminho, cada um o seu, pensou ela. Na ausência da resposta verbal, tornada sonora através da voz, ele despediu-se com um beijo na sua testa e deixou o carro. Ela viu-o correr para a porta do seu prédio e arrancou, uma lágrima rolou-lhe pelo rosto. As suas opções tinham sempre um preço, e a solidão, o isolamento emocional, seria sempre o que lhe custaria mais. 

Morrighan

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[Gerador] Declaração de Amor à Blogosfera https://branmorrighan.com/2014/09/gerador-declaracao-de-amor-blogosfera.html https://branmorrighan.com/2014/09/gerador-declaracao-de-amor-blogosfera.html#respond Thu, 11 Sep 2014 10:09:00 +0000 https://www.facebook.com/acgerador

Recentemente, em conversa com o Tiago Sigorelho do projecto Gerador, surgiu o desafio de, na onda das Declarações de Amor feitas no primeiro número da revista Gerador, criar uma Declaração de Amor à Blogosfera, tentando dar umas luzes que isto de ter um blogue é também isso Cultura. O que é que vocês acham? Partilho, agora, aqui convosco a declaração de amor que fiz a este nosso espaço virtual:

Declarar amor à blogosfera é como estarmos naqueles primeiros tempos de paixão em que somos cegos, surdos e mudos aos defeitos, às dificuldades, a tudo o que não sejam sorrisos parvos e actos desmedidos. Porque é isto que um blogue deve provocar, uma sensação de paz e de entrega sem medida. Não sou mãe, nem quero exagerar, mas penso que olhar para o nosso blogue é como olharmos para um pequenote em que para o vermos crescer de forma feliz e saudável, entregamo-nos sem igual.

Depois existem os vizinhos, os companheiros de estrada, os locais onde vamos para ouvir uma boa música, outros para nos deliciarmos com as suas receitas, temos ainda aqueles que nos fascinam com os seus livros e dizeres, e ainda há espaços de pura partilha onde não existem medos nem inibições. Ter um ecrã entre nós e os outros, muitas vezes dá aquela segurança para se ser audaz que ao vivo não conseguimos. Muitas vezes, é daí que vem este amor pelos blogues e pela blogosfera – um blogue permito-nos ser, mesmo que virtualmente, aquilo que quisermos e desejarmos, e a blogosfera permite estar em comunidade sem haver qualquer pressão social, estética ou verbal.

A minha experiência com o meu blogue é algo insólita, mas lembro-me tão bem como se fosse hoje que o impulso que me deu para criar um blogue deveu-se a uma necessidade de partilha, não sabia bem com quem, daquilo que me ocupava o espírito e habitava a mente. As lendas mitológicas, os livros que lia, até aquilo que sentia. Quando dei conta, o pequenito tinha crescido e parecia que tinha ganho vida para além de mim, dando-me tantas razões para sorrir e tornando-me tão orgulhosa dele, que hoje em dia já não me vejo sem o Morrighan. Tenho este blogue porque, com o tempo, fui acreditanto que podia fazer a diferença, mesmo que pequena, nas coisas em que me envolvesse – só me sei empenhar a 1000% e hoje em dia é isso que o blogue espelha. Mesmo sendo um espaço virtual, as amizades reais que surgiram e se estabeleceram através dele são das mais valiosas que tenho.

É isto que, para mim, é a blogosfera – um espaço para quem acredita que pode fazer a diferença de forma original, deixando o seu carimbo para sempre registado nesta era digital. Independência e despretensão, exigência e atenção, são os elementos chave para quem usa este meio para poder chegar aos outros. Independência na sua opinião, não cedendo a pressões ou a politiquices, despretensão no ter-se noção do seu papel e aceitando-o, exigência na qualidade do conteúdo que se produz e atenção para quem nos lê, afinal são o nosso público. E assim se faz e transmite cultura através da blogosfera, com muita paixão, tolerância e persistência.

Sofia Teixeira, desde 2008 a viver entre a mitologia e a realidade

Acompanhem o Gerador através do Facebook: https://www.facebook.com/acgerador

Post Original do Gerador: https://www.facebook.com/acgerador/photos/a.324513687712771.1073741829.311215249042615/364602267037246/?type=1

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Escritos Aleatórios #59 https://branmorrighan.com/2014/07/escritos-aleatorios-59.html https://branmorrighan.com/2014/07/escritos-aleatorios-59.html#respond Tue, 15 Jul 2014 23:04:00 +0000 “Vem comigo. Abandona-te e faz com que me abandone. Libertemos todas estas emoções e frustrações acumuladas. Deixa-me guiar-te até ao cume daquela montanha onde a vista para o céu é completamente desimpedida e onde estamos só nós e o universo, com o ruído apaziguador da natureza, abençoando quem se deita sobre ela. Criemos uma pequena fogueira, com o cheiro da madeira ainda húmida, mas cuja luz será como um pequeno guia para nos manter presos à realidade. Ou então que sirva de portal para que nos deixemos levar para um universo paralelo onde as inibições desaparecem e os verdadeiros anseios se apoderam de nós. Que por uma vez as verdades saiam das nossas bocas sem esforço, que não haja mágoa ou culpa, que apenas possamos libertar tudo o que nos tem atormentado. “

Morrighan

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