Hjorth & Rosenfeldt – Bran Morrighan https://branmorrighan.com Literatura, Leitura, Música e Quotidiano Mon, 28 Dec 2020 06:01:35 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.9 https://branmorrighan.com/wp-content/uploads/2020/12/cropped-Preto-32x32.png Hjorth & Rosenfeldt – Bran Morrighan https://branmorrighan.com 32 32 Opinião: O Discípulo (Sebastian Bergman #2), de Hans Rosenfeldt, Michael Hjorth https://branmorrighan.com/2016/03/opiniao-o-discipulo-sebastian-bergman-2.html https://branmorrighan.com/2016/03/opiniao-o-discipulo-sebastian-bergman-2.html#respond Sat, 19 Mar 2016 22:25:00 +0000

O Discípulo (Sebastian Bergman #2)

Hans Rosenfeldt, Michael Hjorth

Editora: Suma de Letras

Sinopse: Numa Estocolmo em chamas, assolada por uma onda de calor, várias mulheres são encontradas brutalmente assassinadas. Os assassinatos têm a marca de Edward Hinde, o assassino em série preso por Bergman há quinze anos, e que continua detido. Sendo um incontestável profiler e perito em Hinde, Sebastian é reintegrado na equipa, e não demora muito a perceber que tem mais ligações com o caso do que pensava. Todas as vítimas estão diretamente ligadas a ele. E a sua filha pode estar em perigo.

Opinião:  Sebastian Bergman foi-nos apresentado em Segredos Obscuros, livro que precede O Discípulo, e que iniciou assim esta trilogia que tem dado que falar. A nível de promoção e imagem sem dúvida que está muito bem conseguida: as capas são boas, os postais de promoção bem conseguidos e as citações despoletam imediatamente a curiosidade. No entanto, a meu ver a verdadeira magia só começa quando começamos a ler as primeiras linhas. Por muito bonitos que sejam os livros, e elogiosas as palavras que os acompanham, costumo ser céptica até mergulhar completamente nas narrativas, mas Hans & Hjorth são peritos em prenderem-nos desde o início, provando que o interior é tão bom como o exterior. 

Tal como no romance anterior, este começa com um certo distanciamento de um dos protagonistas, denominado como “O Homem Alto”. Continuando o estilo dos capítulos pequenos, vamos tendo vislumbres das acções e dos pensamentos daquele que irá espalhar o terror por Estocolmo. Ao mesmo tempo, avançamos com a história pessoal de Sebastian, revisitando toda a equipa de Torkel que já tínhamos conhecido em Segredos Obscuros. Tal como referi na opinião anterior, um dos maiores pontos positivos destes livros é o compasso em qTue tudo é apresentado, prendendo o leitor páginas após página, fazendo-o perder noção do tempo e do espaço. 

O Discípulo mostrou-se um thriller/policial incontornável para os amantes do género. Mesmo não sendo das histórias que mais ansiosa me deixou, a forma inteligente como está escrita é fascinante. Os autores continuam a explorar a negritude e os espaços cinzentos da mente humana como poucos conseguem fazer. Sebastian é psicólogo e perito em traçar perfis criminosos, porém ele próprio frequenta um psicólogo por não conseguir lidar bem com as suas emoções. Pegando na ponta solta deixada no final do volume anterior, eis que são tecidos novos cenários que vão tomando contornos cada vez mais sugestivos. É quando Sebastian se apercebe da sua ligação aos crimes hediondos que a acção começa a acelerar e o cerco a fechar. A (não) relação que Sebastian mantém com a sua filha, que para quem não leu o primeiro não quero estragar a surpresa, vai acabar por ser decisiva. 

Em relação à demanda na revelação de quem está por trás dos crimes, não só Hinde se afigura como alguém com uma psique totalmente perturbadora, fruto de uma série de acontecimentos traumáticos ao longo da sua vida, como os escritores ainda aproveitaram para mostrar como a ambição desmedida, provocada por uma qualquer carência de protagonismo, pode colocar uma série de vidas em risco. Estes cantos e escombros do universo psicológico humano são apresentados com tamanha naturalidade que chega a ser arrepiante. Os pormenores são apresentados de forma muito cinematográfica e senti que tinham um forte impacto, no que à minha parte emocional dizia respeito, enquanto lia. Foi um livro que provocou e perturbou e que termina de forma a que, mais uma vez, só queiramos saltar para o livro seguinte. A vida de Sebastian é tudo menos aborrecida e os autores prometem não ficar por aqui.

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Opinião: Segredos Obscuros (Sebastian Bergman #1), de Hjorth & Rosenfeldt https://branmorrighan.com/2015/07/opiniao-segredos-obscuros-sebastian.html https://branmorrighan.com/2015/07/opiniao-segredos-obscuros-sebastian.html#comments Wed, 08 Jul 2015 19:50:00 +0000

Segredos Obscuros

Hjorth & Rosenfeldt

Editora: Suma de Letras

Sinopse: Sebastian Bergman é um homem à deriva. 

Psicólogo de formação, trabalhava como profiler para a polícia e era um dos grandes especialistas do país em serial killers. Perdeu tudo quando o tsunami no continente indiano lhe levou a mulher e a filha. 

Tudo muda com uma chamada para a polícia. 

Um rapaz de dezasseis anos, Roger Eriksson, desapareceu na cidade de Västerås. Organiza-se uma busca e um grupo de jovens escuteiros faz uma descoberta macabra no meio de um pântano: Roger está morto e falta-lhe o coração.

É o momento de Sebastian se confrontar com um mundo que conhece demasiado bem.

O Departamento de Investigação Criminal pede ajuda a Sebastian. Os modos bruscos e revoltados do psicólogo não impedem a investigação de avançar. E as descobertas sobre a escola que Roger frequentava são aterradoras.

Opinião: O mistério começou quando comecei a receber pequenos envelopes em casa com apenas uma única folha lá dentro. Dobradas em três, foi com antecipação que as fui revelando perante os meus olhos, ficando com uma curiosidade crescente a cada nova entrega. Passados alguns dias, vi a editora a provocar os seus leitores nas redes sociais com imagens muito parecidas e o mistério ficou revelado. Estava prestes a chegar ao mercado uma nova obra literária encaixada no thriller nórdico. A dupla sueca, Hjorth & Rosenfeldt, chegava a Portugal através do primeiro livro da série Sebastian Bergman com a promessa de nos inquietar através dos segredos obscuros das suas personagens, coisa que fez e muito bem.

O início começa com a cena do crime – “o homem que não é um assassino” a esconder o corpo. Entramos naquela que é uma mente que ainda não conseguimos compreender para transitarmos para o corpo policial que fica encarregue da descoberta do paradeiro do adolescente desaparecido. O cérebro do leitor começa desde cedo a trabalhar, mas o início tem um compasso de introdução em que várias partes do enredo nos vão sendo mostradas, mantendo assim o suspense sobre o homicídio. Conhecemos então Torkel e a sua equipa, chamada pelo Departamento de Investigação Criminal de Västerås – após um fim-de-semana cheio de erros na investigação -, e também Sebastian que ao início nos é apresentado como alguém errante, a sair ele mesmo de um psicólogo e a enfrentar a morte da sua mãe. 

Ingredientes apresentados, eis que a trama começa a acelerar um pouco o seu ritmo. O jovem Roger é encontrado com o coração arrancado e evidências de dezenas de facas. Mas há muito mais a dizer sobre ele e quanto mais avançam na investigação mais questões surgem. Sebastian, com a sua própria agenda e com o seu perfil de não se interessar verdadeiramente por nada acaba por também ele se ver preso no dilema que é a razão desta morte. À medida que avançamos na história, também percebemos o porquê desta série ser intitulada de Sebastian Bergman – ele não só acaba por ser a peça fundamental como também é quem mais evolui ao longo do livro todo. De mulherengo, egoísta e despegado, passa a interessado e o seu passado cai-lhe que nem uma bomba no seu presente. Também a equipa de Vorkel tem muito que se lhe diga, principalmente no que toca a interacções passadas com Sebastian e o ambiente raras vezes não está de cortar à faca. 

A mestria nesta obra é que todos estes fios estão delicadamente entrelaçados e o equilíbrio entre o desenvolvimento das personagens e o desenrolar da acção é excelente. A adrenalina crescente mantém o leitor desperto – existem sempre demasiadas pontas soltas. Enquanto a equipa investigava um suspeito, a minha cabeça já fervilhava com todas as outras possibilidades. E o fim! A bem da verdade, sendo sincera, o fim foi algo que me passou como um lampejo ao longo da leitura como uma possível ironia. Só que afinal, quando menos esperava, eis que se confirma! Tudo! Sim, espero que tenham ficado curiosos porque acho que este é realmente um bom livro e que o próximo tem tudo para ser ainda melhor. Fiquei fã! 

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