Isabel Allende – Bran Morrighan https://branmorrighan.com Literatura, Leitura, Música e Quotidiano Wed, 23 Dec 2020 20:21:24 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.7.1 https://branmorrighan.com/wp-content/uploads/2020/12/cropped-Preto-32x32.png Isabel Allende – Bran Morrighan https://branmorrighan.com 32 32 Opinião: O Jogo de Ripper de Isabel Allende https://branmorrighan.com/2014/02/opiniao-o-jogo-de-ripper-de-isabel.html https://branmorrighan.com/2014/02/opiniao-o-jogo-de-ripper-de-isabel.html#comments Thu, 27 Feb 2014 16:05:00 +0000

O Jogo de Ripper

Isabel Allende

Editora: Porto Editora

Info

Sinopse: Indiana e Amanda Jackson sempre se apoiaram uma à outra. No entanto, mãe e filha não poderiam ser mais diferentes. Indiana, uma bela terapeuta holística, valoriza a bondade e a liberdade de espírito. Há muito divorciada do pai de Amanda, resiste a comprometer-se em definitivo com qualquer um dos homens que a deseja: Alan, membro de uma família da elite de São Francisco, e Ryan, um enigmático ex-navy seal marcado pelos horrores da guerra.

Enquanto a mãe vê sempre o melhor nas pessoas, Amanda sente-se fascinada pelo lado obscuro da natureza humana. Brilhante e introvertida, a jovem é uma investigadora nata, viciada em livros policiais e em Ripper, um jogo de mistério online em que ela participa com outros adolescentes espalhados pelo mundo e com o avô, com quem mantém uma relação de estreita cumplicidade. Quando uma série de crimes ocorre em São Francisco, os membros de Ripper encontram terreno para saírem das investigações virtuais, descobrindo, bem antes da polícia, a existência de uma ligação entre os crimes. No momento em que Indiana desaparece, o caso torna-se pessoal, e Amanda tentará deslindar o mistério antes que seja demasiado tarde.

Opinião: Muitos de vocês perguntar-se-ão como é que é possível, mas a verdade é que até à edição portuguesa de O Jogo de Ripper, nunca tinha lido nada de Isabel Allende. A sua fama precede-a em completude, porém ainda não me tinha despertado aquela impulsividade que nos faz experimentar um novo autor. Ao ler sobre esta obra e ao constatar que os temas oscilam entre a natureza humana, o obscuro e o romance policial, fiquei curiosa sobre a forma como a autora conjugaria estes elementos. Achei a sinopse interessante e lá me aventurei. Gostei muito da experiência.

A trama foca-se à volta da história de vida de Indiana. Apesar de não ser a principal protagonista, Amanda e Ryan dividem esse papel com ela, acaba por ser a força motriz que despoleta toda a acção final. Tudo começa com uma série de homicídios que nada parecem partilhar ou ter em comum. Ainda assim, com a sua personalidade muito própria e de gostos peculiares, Amanda, o avô e o resto do grupo de Ripper, unem esforços e raciocínios para desvendarem estes crimes. Enquanto estes começam a descortinar certas coincidências que à primeira vista estiveram fora do alcance da polícia, a vida de Indiana vai ficando cada vez mais confusa, numa oscilação de emoções e crises sobre de quem realmente gosta e quer ficar. Até que um dos seus pretendentes é encontrado morto e a partir desse momento a sua vida nunca mais será a mesma.

Com personagens interessantes e bem construídas, O Jogo de Ripper prima pela forma sublime com que Allende tece o destino de cada uma. Não sendo completamente imprevisível, consegue deixar o leitor suspenso, ávido por consumir página atrás de página numa tentativa sôfrega de adivinhar o derradeiro final. Com um ritmo que nem é frenético nem custa a passar, entre o romantismo e o mistério, o crime e a insanidade, o amor e a paixão, Isabel Allende explora várias emoções e comportamentos do ser humano. Mostra-nos que certas motivações podem levar a actos descontrolados e que a capacidade de sacrifício surge naturalmente quando é alguém que amamos que se coloca em causa.

Uma experiência que quero repetir, esta de ler Allende. O fim deixou-me algo transtornada, mas ao mesmo tempo admirada e com respeito por a autora fugir aos fins convencionais do “no fim tudo fica bem”. Mais uma excelente aposta da Porto Editora.

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