João Pedrosa – Bran Morrighan https://branmorrighan.com Literatura, Leitura, Música e Quotidiano Mon, 28 Dec 2020 06:02:40 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.9 https://branmorrighan.com/wp-content/uploads/2020/12/cropped-Preto-32x32.png João Pedrosa – Bran Morrighan https://branmorrighan.com 32 32 [Playlist da Quinzena] 16 a 30 de Junho de 2016 – As Escolhas de João Pedrosa https://branmorrighan.com/2016/06/playlist-da-quinzena-16-30-de-junho-de.html https://branmorrighan.com/2016/06/playlist-da-quinzena-16-30-de-junho-de.html#respond Thu, 16 Jun 2016 09:07:00 +0000 Fotografia Ricardo Graça

Junho, o mês do meu aniversário e por isso duas pessoas bem especiais para fazerem as playlists da quinzena. Na primeira tivemos o meu afilhado, na segunda temos o João Pedrosa. Na verdade nem sei bem porque é que digo que ele é especial já que tem um mau feitiozinho daqueles, é rezingão e teimoso, mas… É boa pessoa como o caraças! Por isso eu perdoo-lhe os seus devaneios tontos, ele também perdoa os meus, e vejam só que foi ele quem no meu aniversário me ofereceu o disco dos Moderat! Cheira-me a pedido de desculpas por estar há tanto tempo sem escrever aqui para o blogue, mas o rapaz diz-se meio desinspirado. Vamos lá ver se a maré dura porque os seus textos até têm piada e sempre me poupa algum trabalhinho. Ahahah. João Pedrosa, que o futuro te brilhe, principalmente agora que começaste a meter as mãos na massa! Tu sabes a que me refiro. Mil beijos a todos e curtam e playlist meia esquizofrénica aqui do Pedrosa, vale a pena.

Car Seat Headrest – The Ballad of the Costa Concordia

Depois do magnifico disco de estreia, Teens Of Style os Car Seat Headrest estão de volta com outro disco incrível – Teens of Denial”. The Ballad of the Costa Concordia é, quanto a mim, o momento alto do disco.

Föllakzoid – Feuerzeug

Escolhi este tema porque os vou ver esta sexta-feira, a Braga. Os Föllakzoid trazem o seu rock experimental/psicadélico do Chile e pertencem a uma das editoras mais excitantes da atualidade a Sacred Bones Records.

The Snails – Tea Leaves

É um dos discos refrescantes para este ano de 2016 ” Songs FromThe Shoebox”. Os The Snails são o projecto paralelo de Samuel T, vocalista dos Future Islands.

Fat White Family – Whitest Boy On The Beach

Songs For Our Mothers é outro dos grandes discos de 2016. Um dos nomes a não perder no Reverence Valada.

DIIV – Dopamine

Is The Is Are é um disco que me tem acompanhado desde o inicio do ano e que mais tem rodado no meu programa Freqüência Cardíaca.

Sean Riley & The Slowriders – Pearly Gates

O homônimo e quarto disco dos Sean Riley & The Slowriders é o meu disco nacional de eleição para este ano de 2016. Pearly Gates é um dos meus temas favoritos.

The Strokes – Hard To Explain

Is This It é um dos discos da minha vida e como tal Hard To Explain – é daqueles temas que ainda hoje me faz acelerar o batimento!

Interpol – Obstacle 1

Este foi provavelmente um dos temas que mudou a minha vida. Ainda me lembro da primeira vez que o escutei na radio e do que senti nesse momento.

Sonic Youth – Kool Thing

Na secção de bandas lendárias os Sonic Youth são das minhas bandas favoritas. Diria mesmo que em guitarras não há quem os vença!

Liima – Amerika

Por fim, outro dos grandes discos de 2016. Álbum “ii” para os Liima e assim se fecha em festa!

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[Crónica João Pedrosa] Everything You’ve Come To Expect https://branmorrighan.com/2016/04/cronica-joao-pedrosa-everything-youve.html https://branmorrighan.com/2016/04/cronica-joao-pedrosa-everything-youve.html#respond Mon, 04 Apr 2016 08:18:00 +0000

Normalmente, nos dias em que nada me sai e tenho de escrever a minha crónica, gosto de pegar no carro e sair sem destino . Escolho um disco, um que chegue o mais perto possível do coração. Enquanto acelero nas rectas as coisas vão se escrevendo na minha cabeça. Agora, enquanto acelero nesta recta que vai da Praia da Vieira para a Praia de S. Pedro de Moel, na minha cabeça vai-se escrevendo sobre tanta coisa: sobre ti, de tudo em ti que me fascina, de tudo em ti que me assusta. És uma curva daquelas fechadas, perigosas, em que nos curvamos todos dentro do carro para a fazer, com medo que venha alguém de frente. Tenho medo que venhas de frente. Agora, entrei na auto-estrada. Gosto de ultrapassar carros. Pudéssemos nós deixar as coisas para trás como os carros que ultrapassamos. Gostava de te deixar para trás. Enquanto ultrapasso mais um carro na minha cabeça vai-se escrevendo sobre dia 9 de Abril em que vou ao Os Filipes Bar passar música. Vai ser a minha estreia! Ao lado do meu amigo, Ricardo Ribeiro. Vamo-nos chamar Supersonic Overdrive. É uma coisa que tenho curiosidade para experimentar. Estou ansioso. Não sei que música escolher se apareceres. Talvez, passe a “Everything You’ve Como To Expect” dos The Last Shadow Puppets, gosto em especial desta parte:

Everything that I’ve tried to forget

Everything that you’ve come to expect

Everything that I live to regret

Ou talvez finja passar música para todas as mulheres que entrarem. Saio agora da auto-estrada, com a via verde é mais simples, não temos que parar e fazer de simpáticos para o senhor da portagem ou se for o caso pagar naquelas máquinas em que nos temos que esticar todos até chegar a elas. Acho que me tornei uma via verde: comodista. Estou a chegar ao Baleal – até lá tenho mais duas rectas – o suficiente para na minha cabeça se escrever que conto com todos vocês no dia 9 de Abril no Filipes com a música mais palpitante da actualidade; e para te dizer que agora antes de entrar na outra recta tenho uma curva e tenho medo que venhas de frente.

João Pedrosa

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[Crónica João Pedrosa] Mulheres ao Poder https://branmorrighan.com/2016/03/cronica-joao-pedrosa-mulheres-ao-poder.html https://branmorrighan.com/2016/03/cronica-joao-pedrosa-mulheres-ao-poder.html#comments Mon, 14 Mar 2016 08:42:00 +0000

Olá, cá estou eu novamente como que a cumprir calendário, tal como o Futebol Clube do Porto. Esta semana vou falar de mulheres, mais em concreto de três mulheres, numa espécie de homenagem atrasada, mas sempre actual, ao Dia da Mulher, celebrado no passado dia 8 de Março. 

Vou começar pela Débora Umbelino, que na semana passada lançou o seu primeiro single na pele de Surma. Foi uma semana emocionante não só para ela como para mim, pois foi o primeiro lançamento que vivi enquanto membro da Omnichord Records. Mas não é a parte musical que quero destacar – até porque tenho que fazer aquele jogo chato de não emitir grande opinião sobre as bandas da Omnichord. Ainda antes de integrar a estrutura da Omnichord, cada vez que ia ver um concerto de Surma era garantido que no dia a seguir tinha uma mensagem de agradecimento da Débora por ter ido ao concerto e achava isso incrível. Alguém que tem noção de quem compra os seus discos e de quem vai aos seus concertos, de quem é o seu público e que por isso o tem que estimar. Coisa rara nos dias que correm. Depois de integrar a estrutura comecei a conhecê-la melhor e o que posso dizer é que a Débora é uma pessoa cheia de vida e capaz de dar vida. Acho que a Débora devia existir em forma de antidepressivo, disponível para toda a gente. Utilizando uma expressão dela, isso seria “mil fofinho”. 

Outra das mulheres de que vou falar é a Adriana Jaulino dos Les Crazy Coconuts. Devo confessar que antes de a conhecer não tinha boa impressão sobre ela e depois de a conhecer a coisa ainda ficou pior! Agora a sério, o que posso dizer sobre a Adriana é que é uma pessoa que admiro. Para explicar o porquê teria que entrar em modo revista cor-de-rosa e apesar de vocês quererem muito isso, eu não o vou fazer. O que posso acrescentar é que gosto de pessoas genuínas com as suas virtudes e defeitos, que são assim, sem merdas (terei sido a primeira pessoa a dizer uma asneira neste blogue?). 

Por fim, nesta crónica dedicada às mulheres, em especial às mulheres da Omnichord, a patroa deste Blogue, a Sofia Teixeira. A Sofia foi uma das pessoas que acreditou em mim e isso merece a minha gratidão. Devo confessar que é a única mulher que me intimida, não é fácil aguentar tanto mau feitio. É uma pessoa com uma capacidade de trabalho incrível. A maneira como tem conseguido crescer com o seu blogue e os eventos que organiza faz-me crer que é já no presente e será ainda mais no futuro uma voz bastante importante na divulgação da cultura portuguesa. 

Em suma, a Omnichord está recheada de mulheres incríveis, diria que são mesmo um dos pilares do sucesso da editora. E eu continuo a ter a sorte de me cruzar e ser amigo de mulheres fantásticas. Não só as referidas como outras, que apesar de não serem mencionadas, terão até mais importância, como por exemplo: a minha mãe ou irmã. Mulheres ao Poder!

João Pedrosa

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[Crónica João Pedrosa] The rainy days always make me sad https://branmorrighan.com/2016/02/cronica-joao-pedrosa-rainy-days-always.html https://branmorrighan.com/2016/02/cronica-joao-pedrosa-rainy-days-always.html#respond Mon, 29 Feb 2016 10:40:00 +0000

No tema “Higgs Boson Blues” Nick Cave diz-nos que os dias de chuva o deixam sempre triste (The rainy days always make me sad). Penso que seja um sentimento partilhado pela grande maioria das pessoas. Então, neste fim-de-semana depressivo devido à chuva – menos depressivo para quem teve a sorte de andar a mandar bolas de neve à prima de quem não gosta, mas que se cola sempre para ir à Serra da Estrela – fiz o exercício de pensar em ocasiões em que já tenha sido feliz em dias de chuva. 

O primeiro pensamento leva-me para o Festival Paredes de Coura, onde normalmente todos os anos a chuva aparece, mas em 2006 a coisa foi caótica. Nessa altura ainda não me tinha rendido ao rock burguês e acampava. No segundo dia do festival a coisa ficou negra e a chuva só nos deixou sair da tenda ao final do dia para os concertos. O que mais me chateou nem foi tanto isso, foi o facto de ter ficado na tenda com 3 amigos, quando no dia anterior tinha travado uma amizade colorida com a amiga das minhas primas. Falhei aí a minha oportunidade de ser feliz ao som da chuva, oportunidade que voltaria no dia seguinte no concerto incrível de Bauhaus. A chuva nunca deu tréguas, mas foi incrível toda aquela atmosfera. Ainda me lembro de no final do concerto ir debaixo de chuva para a tenda a cantarolar a “Transmission” dos Joy Division. 

Também foi num dia de chuva que fui pela primeira vez ver o meu Sporting, um União de Leiria Vs Sporting no ano de 1996. Apesar do resultado, foi um dia que me marcou. 

A última memória para esta espécie de crónica de dias felizes à chuva é mesmo a do BranMorrighan ter ficado em terceiro lugar na categoria de Melhor Blogue de Literatura em 2015. Dar os parabéns à Sofia pelo excelente trabalho e dizer-lhe que se ela em 2016 quer vencer o premio, o melhor é começar por me despedir.

 Ah e já agora também foi num dia de chuva que conheci a Sofia – esqueçam, é só coisas boas, agora estava a navegar na maionese. 

Afinal, os dias de chuva podem não ser assim tão chatos como este texto. Por isso vou acabar de o escrever, pegar no disco “Peso Morto” dos Peixe: Avião e fazer-me à estrada debaixo deste temporal. E talvez te encontre. Se isso acontecer, vamos ficar sem jeito, sem saber o que dizer. Eu talvez te diga com a voz a tremer “já viste este tempo aborrecido, que não faz mais do que chover” e tu dir-me-ás “para a semana já dão sol” e vamos rir muito desta conversa.

João Pedrosa

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[Crónica João Pedrosa] Omnichord Records https://branmorrighan.com/2016/02/cronica-joao-pedrosa-omnichord-records.html https://branmorrighan.com/2016/02/cronica-joao-pedrosa-omnichord-records.html#respond Mon, 15 Feb 2016 16:28:00 +0000

Olá, cá estou eu, como é normal todas as segundas-feiras, altura em que este blog deixa de estar em terceiro para ficar em primeiro. Este fim-de-semana, apesar do mau tempo, foi um fim-de-semana muito positivo. Fui à festa dos sete anos deste maravilhoso blog, festa que se realizou no espaço Maus Hábitos no Porto e que contou com os concertos de Surma, Whales e Azul-Revolto. Bonita festa que ainda ganhou um maior colorido com a vitória do Porto e a possibilidade do Sporting se isolar na liderança, coisa que viria a acontecer no sábado! Mas não foi só o voltar à liderança de forma isolada que tornou este sábado um sábado especial, até porque isso só vai contar se continuar assim até ao final. O que tornou este sábado, dia 13 de Fevereiro, digno de registo foram os quatro anos de Omnichord Records – a impulsionadora editora da cena musical de Leiria. Lembro-me perfeitamente como se fosse hoje do dia em que se começou a desenhar o seu nascimento. Estávamos em 30 de Abril de 2011 e Leiria recebia os Bye Bye Bicycle em mais um episódio do FadeInFestival e como é apanágio da Fade In a primeira parte fica muitas vezes a cargo de bandas de Leiria. Naquele episódio não foi diferente e os escolhidos foram os estreantes Nice Wheather For Ducks (NWFD). Lembro-me do Hugo Ferreira se virar para mim durante o concerto dos NWFD e me dizer que iria fazer uma editora para os lançar, estava completamente maravilhado. Eu confesso que não liguei muito à ideia. Pensei que depois do concerto e com as dificuldades que teria de contornar acabaria por desistir, mas a verdade é que no dia 13 de Fevereiro de 2012 o álbum “Quack” estava pronto. Era então o primeiro dia do resto das vidas de NWFD e Omnichord. Depois seguiram-se os lançamentos de First Breath After Coma (FBAC) e André Barros em 2013. Devo confessar que achei que em 2014 a coisa iria acabar por ali, não por falta de qualidade dos projectos, mas porque via que as coisas estavam a demorar à acontecer. As dificuldades de uma editora que está longe dos centros de decisões de Lisboa e Porto, a juntar à falta de apoios à cultura, característica deste país, eram ingredientes mais que suficientes para a coisa morrer por ali. Provavelmente só não morreu porque o Hugo Ferreira é um apaixonado pela música e por Leiria. Em 2015 a Omnichord ganha um novo fôlego com os Les Crazy Coconuts. Se os NWFD e os FBAC estão na origem da editora, é justo dizer que são os LCC que a lançam para uma nova fase. Uma nova e excitante fase que continua em 2016 com cinco lançamentos: o regresso dos NWFD e FBAC e as estreias de Surma, Whales e Twin Transistors. É esta nova fase que me deixa bastante confiante e com muitas expectativas em relação ao futuro e por isso quando o Hugo me convidou para integrar a estrutura da Omnichord a única coisa que me fez hesitar foi achar se teria capacidade para tal. Ainda continuo com essa dúvida, mas decidi aceitar. A hipótese de poder trabalhar e aprender com pessoas que admiro e gosto e de poder acompanhar o processo criativo das bandas é algo que muito me honra e preenche. Perguntam vocês o que vou fazer eu na estrutura. Bom, o meu primeiro trabalho foi ser taxista da Adriana Jaulino, por isso penso que seja por aí. Não me cabe a mim dizer o que mudou na cena musical Leiriense desde o nascimento da Omnichord, até porque não sou de todo a pessoa indicada para o fazer. O que posso dizer é que agora as bandas de Leiria sabem que se tiverem qualidade e se corresponderem à linha estética desenhada terão mais que uma garagem para tocar, terão alguém para os ajudar num caminho difícil, mas que se formos todos a rumar no mesmo sentido, sem lutas desnecessárias e inúteis, será mais fácil. Quatro anos passados, 8 lançamentos: Nice Weather For Ducks, First Breath After Coma, André Barros (2 discos), Les Crazy Coconuts, Bússola, Few Fingers e Born a Lion, duas compilações e um split vinil. A Omnichord, ao contrário do que eu previa no início, está aqui para durar muitos e bons anos. The Only Truth Is Music.

João Pedrosa

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[Crónica João Pedrosa] NOS Primavera Sound https://branmorrighan.com/2016/02/cronica-joao-pedrosa-nos-primavera-sound.html https://branmorrighan.com/2016/02/cronica-joao-pedrosa-nos-primavera-sound.html#respond Mon, 08 Feb 2016 11:12:00 +0000

Olá, cá estou eu novamente depois de na semana passada não vos ter podido escrever por motivos de saúde. Ainda pedi à Sofia para vos avisar, mas ela não fez nada disso e por vingança ainda adiou a sua rúbrica no Frequência Cardíaca. Só para vocês terem uma pequena noção de como ela me trata.  

(é nesta parte que eu me intrometo e digo que é mentira)

Hoje vou falar sobre o NOS Primavera Sound, festival que se realiza no Parque da Cidade do Porto e do qual na semana passada ficámos a conhecer o magnífico line up para este ano. O Primavera Sound é um dos maiores, se não o maior festival de música alternativa do mundo, uma espécie de Mecca indie que se realiza desde 2001 na cidade espanhola Barcelona. Em 2012 recebíamos a notícia de que Portugal tinha sido o país eleito para receber uma versão reduzida do Primavera Sound. 

Para quem gosta de música receber essa notícia provocou provavelmente a mesma sensação de ganhar o Euromilhões. Tínhamos então a garantia de ter a melhor música feita no passado, presente e ainda a antecipação do futuro, e a juntar a isso o espaço idílico do Parque da Cidade do Porto. Em apenas quatro anos o NOS Primavera Sound tornou-se uma marca importante para o turismo do Porto pela quantidade de melómanos que atrai vindos de vários países. Por essa altura o Porto esgota praticamente a sua lotação hoteleira. Não o vamos negar, o Primavera Sound é um festival elitista, primeiramente porque o seu público é bastante exigente quanto ao cartaz e depois porque não é um festival típico de Verão onde se pode acampar e confeccionar os seus alimentos numa botija campingaz. É, portanto, um festival relativamente caro e se isso por um lado pode ser uma condicionante para quem não tem tanta disponibilidade financeira, por outro afasta aquelas pessoas que vão pelo convívio, para levar uma mala cheia de brindes e perturbar quem lá está para assistir aos concertos. Até nisso o Primavera é um festival diferente, a sua comunicação é diferente da de outros festivais, não há gritarias nem distracções. Ali só há um interesse: a música. 

Todos os festivais são feitos para quem gosta de música, mas o Primavera é feito por pessoas que amam a música para pessoas que amam a música e isso sente-se em cada cartaz, em cada edição e na maneira como é preparada toda a logística do festival. É certo que quando olhamos para o cartaz de Espanha em comparação com o nosso poderá haver uma sensação de parente pobre e no fundo é um pouco isso que acontece. O orçamento do NOS Primavera Sound é mais reduzido, mas não é por isso que o festival deixa de ter um dos cartazes mais empolgantes em Portugal, como se comprova mais uma vez este ano. Eu, que não sou dado a religiosidades, todos os dias agradeço pela sorte que temos em ter o festival em Portugal e para que continue por muitos e bons anos. Em Junho voltaremos a ser felizes!

João Pedrosa

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Foi quando comprei o carro novo que o nosso amor morreu, por João Pedrosa https://branmorrighan.com/2016/01/foi-quando-comprei-o-carro-novo-que-o.html https://branmorrighan.com/2016/01/foi-quando-comprei-o-carro-novo-que-o.html#respond Mon, 25 Jan 2016 00:00:00 +0000

Foi quando comprei o carro novo que o nosso amor morreu

Olá,

Deves por certo estranhar o facto de eu te estar a escrever tanto tempo depois, tanto tempo depois da última vez em que, perto da Igreja da vila, me disseste que já não dava mais. Talvez por isso acredite cada vez menos nestas coisas da igreja, não deveria ser a igreja o local onde as pessoas se juntam para sempre, na saúde e na doença? Foram dias tramados (sem ti), é tramado fazer o desapego. Tentei fazê-lo com a Teresa e depois com a Raquel e por último com a Sandra. A Sandra até fodia melhor que tu mas tal como as outras não foi suficiente para te tirar de mim. Depois descobri o Miguel Esteves Cardoso, ensinou-me tanta coisa, foram nestas palavras que me curei:  “Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar.” No outro dia, quando me vinha nos seios da Carla, lembrei-me de ti e de quando, no meu antigo carro, escolhíamos o sítio mais escondido para fazer amor; durante o ato ouvíamos uma k7 dos Interpol e no fim ficávamos abraçados a fazer planos. Agora mal me venho visto-me e dou uma desculpa à Carla ou à Sónia para me ir embora. Deve ser esta a diferença entre fazer sexo com amor e fazer sexo sem amor. São coisas a que me tive de habituar, mas viver sem o teu amor foi pior.  Foi quando comprei o carro novo que o nosso amor começou a morrer. De que serve ter um carro novo se depois temos medo de passar por buracos ou de sujar os estofos com o sémen que te escorria. De que serve ter um carro novo se nos recusamos a ser felizes dentro dele, por mais que o carro já tenha leitor de discos e eu possa avançar rapidamente para a música que te faz vir. De que serve ter um carro novo se depois temos medo de acelerar juntos e sem destino? Foi quando comprei o carro novo que o nosso amor começou a morrer. Hoje já não sofro, a carta que te escrevo é para te agradecer por aquele dia, pelo dia em que me deixaste. Foi aquela rotura que me permitiu transformar e neste momento viver uma das fases mais positivas da minha vida. Alimentei a dor para depois me poder alimentar dela. A dor é uma coisa forte. Sabes, o que mais me custou nesse dia foi achar que já não me amavas. Hoje, passado tanto tempo, consigo ter a certeza que nesse dia ainda me amavas e só querias o meu bem. Obrigado

João Pedrosa

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[Diário de Bordo] Os meus 5 minutos de fama no Frequência Cardíaca https://branmorrighan.com/2016/01/diario-de-bordo-os-meus-5-minutos-de.html https://branmorrighan.com/2016/01/diario-de-bordo-os-meus-5-minutos-de.html#respond Thu, 21 Jan 2016 18:11:00 +0000 Fotografia Luís Macedo

Olá olá! Ouvi dizer que tenho de escrever um texto a anunciar que o BranMorrighan vai passar a invadir o Frequência Cardíaca durante cinco minutos por emissão! É praticamente o mesmo que dizer que eu, Sofia Teixeira, vou ali balbuciar um bocado sobre o que vou fazendo através e no blogue – já que o BranMorrighan só me tem a mim, coitado – partilhando desta maneira experiências, leituras, concertos, discos e outros tópicos que estejam “quentes” na semana em questão. Eu acho que o Pedrosa pensa que levo uma vida muito calminha e então está a ver se aumento ainda mais a minha frequência cardíaca com esta experiência – cá para mim ele quer-se livrar de mim rapidamente para não ter que escrever mais crónicas para o BranMorrighan (sim, ele escreve para lá de vez em quando), mas acho que vai ter azar. A ruindade bem me mantém por cá! Espero sinceramente que gostem e se não gostarem digam na mesma. (A foto no início do post é só para gozar comigo mesma e com os minutos de fama, o Pedrosa não tinha percebido isso…)

Frequência Cardíaca: https://www.facebook.com/Frequência-Cardíaca-1109585775720375/

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[Crónica João Pedrosa] Frequência Cardíaca https://branmorrighan.com/2016/01/cronica-joao-pedrosa-frequencia-cardiaca.html https://branmorrighan.com/2016/01/cronica-joao-pedrosa-frequencia-cardiaca.html#respond Mon, 18 Jan 2016 20:32:00 +0000 https://www.facebook.com/Frequência-Cardíaca-1109585775720375/

Olá, cá estou eu novamente para dar um pouco mais de brilho a este blog! 

Há quem pense que só há troca de favores na administração pública, mas também o há no mundo dos blogs, prova disso é que a Sofia só me deixou escrever sobre o meu programa:  Frequência Cardíaca na condição de poder participar nele como entrevistada. Como acho que o programa não vai passar do segundo episódio acabei por ceder. 

Bom, a paixão pela rádio deve ter começado praticamente ao mesmo tempo que a paixão pela música. Foi na rádio que adquiri muita da minha cultura musical, nomeadamente em programas de autor como o MQ3 de Miguel Quintão; Indigente de Nuno Calado; Portugália de Henrique Amaro ou E o Resto é Ruido de Luís Oliveira. Alguns dos meus heróis também são da rádio,  como é o caso do Rui Estevão (gosto do seu lado irreverente e provocador). A rádio, mesmo à noite em casa, sempre foi uma alternativa à televisão. A radio faz nos imaginar! 

Quando no final do ano passado o meu amigo Leonel Mendrix me convidou para integrar a Walkmanradio porque – e segundo ele – havia espaço para mim e para a música que escutava, fiquei radiante! Meti logo mãos à obra e subornei a minha prima Elsa Poderosa para me tratar da ilustração do programa (saber segredos de família é tramado). A Débora Umbelino aka Surma já foi mais complicado, tive que lhe prometer que escreveria sempre bem sobre as suas coisas e que a convidava para o programa, e foi assim que consegui que me fizesse os jingles! 

O Frequência Cardíaca tem como objectivo divulgar a música alternativa mais palpitante do momento e promover pessoas talentosas,  até porque o seu anfitrião não tem nada de que se possa promover. Podem ainda escutar nesta Frequência uma rubrica chamada Conversa De Café ou rubrica mais deprimente de sempre, onde recebo convidados para conversar num ambiente informal e com linguagem coloquial, entenda-se: completamente corriqueira e javarda, sobre vários assuntos. Quando não me apetecer fazer nenhum vou subornar amigos de bom gosto (e de quem também sei segredos) para serem eles a elaborar a playlist, sempre com o intuito de que não falhe nenhum batimento aos nossos ouvintes.

Apesar de não ter nenhuma experiência neste meio, nem conhecimentos técnicos, e de por isso o programa ser bastante caseiro, tem sido bastante divertido fazê-lo.

Reconheço que há muito caminho a percorrer e muito a melhorar, mas gostava muito que um dia me dissessem: “não tens jeitinho nenhum para aquilo mas foi lá que conheci…” a Surma; a Elsa Poderosa; a Adriana Jaulino ou a banda x, y ou a. E assim o meu objectivo estava alcançado!

João Pedrosa

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[Crónica João Pedrosa] Is This It https://branmorrighan.com/2016/01/cronica-joao-pedrosa-is-this-it.html https://branmorrighan.com/2016/01/cronica-joao-pedrosa-is-this-it.html#respond Mon, 11 Jan 2016 18:17:00 +0000

É sempre complicado falarmos de nós, ainda mais quando não se tem muito para contar. Eu sei que a Sofia vos tem habituado a ser um livro aberto no que diz respeito à sua vida nos Diários de Bordo e, quem me dera ter uma vida tão interessante como a da Sofia! Mas vou tentar!

Chamo-me João Pedrosa, tenho 28 anos, vivo numa pequena aldeia do concelho de Leiria e sou sócio do Sporting Clube de Portugal (acho que não podia haver melhor cartão de visita para começar). Neste momento integro a estrutura de uma pequena empresa familiar criada pelo meu pai e por um tio há mais de 20 anos, mas o que eu gostava mesmo de falar é do momento que mudou a minha vida e lhe deu outro sentido.

Estávamos em 2003 e eu tinha 16 anos, frequentava um Colégio que se situava numa pequena vila, um pequeno meio, fechado, e onde a informação cultural digna de registo chegava muito raramente. A Internet ainda era ligada ao telefone e fazia aquele barulho de quando se marca um número e demorava um dia a abrir uma página. Eu ouvia música mas sem lhe dar grande importância, ouvia algum metal – o mais comercial, mas sem nunca, na verdade, me conseguir identificar com aquilo. Até que um dia a minha prima que estudava na cidade em Leiria – onde tinha acesso a mais me informação – me chegou  com dois discos e me disse para os ouvir: “Turns On The Bright Lights” dos Interpol e “Is This It” dos Strokes. Foram esses dois discos que mudaram a minha vida, foram esses dois discos que despertaram a minha paixão pela música. Depois desses discos começou uma busca incessante e sem fim por outras bandas. Era uma festa quando a minha prima Elsa, hoje, conhecida como ilustradora Elsa Poderosa me trazia um disco novo: eram meses a ouvir esse disco até a exaustão(como referi a internet não era nada do que é hoje). Ficava acordado até altas horas para poder ouvir os programas de autor que passavam nas rádios e comprava religiosamente o jornal Blitz às terças-feiras, e ainda consegui arranjar um pequeno grupo de melómanos no Colégio onde trocávamos discos.

O meu primeiro concerto foi em 2005 no FadeInFestival, festival organizado por pessoas que são heróis para mim como o Carlos Matos, Hugo Ferreira ou Célia Lopes que mais tarde viria a ter o privilégio de trabalhar com eles na versão alongada do FadeInFestival, mais conhecido por Entremuralhas, que se realiza no Castelo de Leiria. Foram essas pessoas que me ajudaram a abrir a mente em relação a novos horizontes musicais e a ter uma cultura musical mais vasta. 2005 Também foi o ano em que me estreei em grandes festivais e logo num  festival tão emblemático como o de Paredes de Coura, onde nesse ano vi o concerto da minha vida (até hoje): o dos Arcade Fire, e depois disso seguiram-se muitos outros. Assisti de perto ao nascimento da Omnichord Records, a impulsionadora editora da cena musical Leiriense do meu amigo Hugo Ferreira. Em 2015 comecei a escrever críticas discográficas num blog da concorrência chamado Deus Me Livro e, este ano de 2016, já lancei o meu programa de rádio online Frequência Cardíaca. É também com grande gosto e honra que me estreio hoje a escrever para o BranMorrighan!

João Pedrosa

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