John Green – Bran Morrighan https://branmorrighan.com Literatura, Leitura, Música e Quotidiano Sat, 09 Jan 2021 10:45:19 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.8.3 https://branmorrighan.com/wp-content/uploads/2020/12/cropped-Preto-32x32.png John Green – Bran Morrighan https://branmorrighan.com 32 32 Opinião: WILL E WILL – Um nome, um destino, de John Green & David Levithan https://branmorrighan.com/2015/08/opiniao-will-e-will-um-nome-um-destino.html https://branmorrighan.com/2015/08/opiniao-will-e-will-um-nome-um-destino.html#respond Sat, 29 Aug 2015 11:30:00 +0000

WILL E WILL – Um nome, um destino

John Green & David Levithan

Editora: ASA

Sinopse: Evanston não fica muito longe de Naperville nos subúrbios de Chicago, mas os jovens Will Grayson e Will Grayson bem que podiam viver em planetas diferentes. Quando o destino os leva à mesma encruzilhada, os Will Graysons veem as suas vidas a sobreporem-se e a seguirem novas e inesperadas direções. Com um empurrão de amigos novos e velhos – incluindo o enorme e enormemente fabuloso Tiny Cooper, jogador ofensivo na equipa de futebol americano da escola e autor de musicais – Will e Will embarcam nas suas respetivas aventuras românticas e na produção épica do musical mais extraordinário da história.

Opinião: John Green e David Levithan são dois autores que já li e que admiro. Nem sempre as leituras foram brilhantes, mas cada um à sua maneira sabe como explorar temas sensíveis e pertinentes de forma a tocar o leitor e a alertá-lo, independentemente da idade que este tenha. Li muitas opiniões sobre este livro, todas elas tão diferentes. Algumas teciam inúmeros elogios, outras falavam numa grande desilusão, mas no fim o meu pensamento foi – gostei. E gostei porque parti sem qualquer expectativa e percorri toda a leitura de mente aberta a possíveis interpretações. Green e Levithan têm maneiras muito diferentes de caracterizar os seus protagonistas e eis que é isso que constatamos ao conhecermos os dois Will Grayson. O primeiro está pela mão de John Green e o segundo pela mão de Levithan. Para a opinião não se tornar demasiado confusa serão tratados por Will Grayson#G e Will Grayson#L respectivamente. 

Para além destas duas personagens centrais, temos ainda o verdadeiro elo de ligação – Tiny Cooper. Penso que, provavelmente, este é aquele que mais divergências tem tido perante as opiniões ligadas a esta obra. Se por um lado algumas pessoas acham que ele é dos melhores protagonistas alguma vez criados, por outro há quem o ache o grande problema desta história. O que é engraçado é que durante a narrativa Tiny Cooper atravessa várias fases e existe um momento crucial em que ele próprio reflecte e demonstra o porquê de ser como é. Aqui existem duas hipóteses – ou compreendemos e nos revemos, ou não e tudo se pode tornar um bocado complicado. Quem é que na sua adolescência nunca teve problemas em relação ao que os outros poderiam dizer sobre si? Ou porque é muito alto, ou muito baixo, ou gordo, ou demasiado magro, ou tem o nariz grande ou então porque pura e simplesmente é homossexual e nem sequer tem a coragem de o admitir?

#G e #L são bastante diferentes um do outro. O primeiro tem pais presentes, um grupo de amigos que, apesar de diminuto, só não contém mais gente porque este gosta de se manter calado e invisível, enquanto #L só tem a mãe em casa, tem crescido sempre com a necessidade de medicamentos para a depressão e toda a sua perspectiva é muito mais dura e sombria. Ambos reflectem muito realisticamente parte das personalidades que os adolescentes conseguem ter, dependendo do ambiente em que cresceram. Aliás, cheguei a ler uma opinião cuja autora dizia que não gostava deste tipo de livros porque eram tão realistas que era como reviver parte do seu passado e que não gostava disso. Se por um lado este pode ser um factor que afaste alguns leitores, por outro é também uma grande chamada de atenção para os que passam ao largo destas circunstâncias.

Não é tanto o romance que fascina aqui, mas acho que com todos os factores paralelos a leitura acaba por ser muito interessante. Tem momentos de grande diversão, mas também tem outros tantos de reflexão. Pode não ser uma obra-prima, mas é certamente um livro que muitos deviam ler. 

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Opinião: O Teorema Katherine de John Green https://branmorrighan.com/2014/07/opiniao-o-teorema-katherine-de-john.html https://branmorrighan.com/2014/07/opiniao-o-teorema-katherine-de-john.html#respond Fri, 18 Jul 2014 09:30:00 +0000

O Teorema Katherine
John Green

Editora: ASA

Opinião:  Ler John Green requer sempre algum tempo de preparação. Sejam os seus livros uns melhores que outros, a verdade é que os temas abordados acabam sempre por tocar num nervo qualquer do leitor. O impacto nem sempre é estrondoso, mas a reflexão acaba sempre por acontecer em algum momento da leitura. Deste escritor já li o clássico A Culpa é das Estrelas, À Procura de Alaska e Cidades de Papel

Chegou a vez de O Teorema Katherine e o traço de John Green na narrativa da história é inegável. O autor conquistou uma voz tão própria que só ao descrever a estória em si, seria possível adivinhar que tinha sido o mesmo a escrevê-la. O problema neste livro é que a intensidade das personagens a que Green nos habituou não é a mesma. Se normalmente os seus enredos são pontuados com uma fortíssima dose de drama, em O Theorema Katherine esse drama parece quase banal. A forte componente desta estória é, sim, a busca pela fórmula matemática que preveja a duração de uma relação.

«Continuava a pensar em duas palavras – para sempre – e sentir a dor ardente por baixo da caixa torácica. Doía como o pior pontapé no rabo que já levara. E já tinha levado muitos.»

Sei que é injusto comparar obras, mas sendo do mesmo autor acaba por ser inevitável. Colin tem-se apaixonado, consecutivamente, por raparigas chamadas Katherine e a cada vez acaba por sair desiludido. Tirando uma vez que só mais tarde vem a recordar e em que dá conta que essa é a origem do seu teorema não funcionar. Mais, dado ter sido um menino prodígio, tornou-se o seu objectivo mostrar que pode ser um génio e não apenas mais uma criança prodígio que quando cresce deixa de ter qualquer destaque. Toda esta busca à volta da previsibilidade das relações, torna-se então numa obsessão em busca do momento *Eureka*, termo que teve origem em Arquimedes.  

«Penso em demócrito: “Por um lado, o homem culpa a natureza e o destino, contudo, o seu destino não é mais que o eco do seu carácter e das suas paixões, dos seus erros e das suas fraquezas.”»

Toda esta obra, aborda muito do que é ser adolescente e de como se vivem determinadas paixões, a maneira inocente e simbólica como muitas vezes é visto o amor, principalmente no fim desta fase complexa e no início da idade adulta.

«(…) não podia deixar de reparar no sorriso dela. Um sorriso capaz de acabar com guerras e curar o cancro.»

A citação acima foi uma premissa abonatória, mas que acabou por arrefecer, acabando por não existir a conotação algo trágica a que Green habituou os seus leitores. O contraste da extrema paixão e da imprevisibilidade do final, com que o autor tem pontuado as suas obras, é algo que neste livro não está tão forte. No entanto, quero realçar que é um bom livro para se ler antes dos restantes do autor. Isto porque a temática em si, de discriminação, bullying, traição, carências afectivas e dúvidas existenciais quanto ao futuro após terminada a escolaridade obrigatória, está bem trabalhada e, com a linguagem cuidada mas descontraída do escritor, dá que pensar e faz reflectir jovens e adultos.

Uma das partes que mais me divertiu neste livro foi a dita cuja, a fórmula, que iria definir o Teorema Katherine, ou seja, prever através do comportamento da relação com uma Katherine quem é que deixaria quem para partir para uma generalização de todas as relações. Mais giro ainda é a espécie de anexo que o livro traz em que o amigo matemático de John Green, que o ajudou nesta parte, dá as suas explicações e palavreado matemático sempre com muito humor. Também as notas de rodapé enriquecem a leitura de forma hilariante fazendo o leitor comprometer-se com a leitura página após página. 

Também o vocabulário usado, utilizando calão inglês e alguns termos muçulmanos, devido à personagem Hassan, uma das minhas preferidas, que é o melhor amigo de Colin e que apregoa ser muito religioso. Kafir e sitzpinkler, por exemplo, são duas palavras que me ficaram na cabeça e que por vezes até utilizo com outras pessoas que já leram este livro. Mesmo carecendo um pouco da magia a que me habituou anteriormente, é nestes pormenores que John Green é e será sempre um mestre. Para mim é um autor que merece ser lido e relido, sem dúvida alguma.

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Opinião: ‘Cidades de Papel’ de John Green https://branmorrighan.com/2013/03/opiniao-cidades-de-papel-de-john-green.html https://branmorrighan.com/2013/03/opiniao-cidades-de-papel-de-john-green.html#respond Sun, 03 Mar 2013 14:00:00 +0000
Cidades de Papel

Cidades de Papel
John Green

Editora: Editorial Presença
Colecção: Noites Claras #16

Opinião: Para quem já leu John Green, a edição deste livro foi como suster a respiração até que ele nos chegasse às mãos. Para quem nunca leu, aviso-vos: preparem-se, porque depois de começarem, não vão conseguir parar! Cidades de Papel traz até nós uma narrativa em que um grupo de adolescentes, prestes a passarem a adultos, são os protagonistas. Será que realmente conhecemos as pessoas que nos rodeiam?

Margo Spiegelman é Aquela rapariga do secundário que faz tudo girar à sua volta. Ela controla o grupo dos mauzões, é venerada por todas as raparigas e ainda é admirada e falada pelos seus misteriosos desaparecimentos que acabam sempre por resultar em histórias fantabulásticas. Quentin, que vive na casa do outro lado da rua e a conhece desde pequena, assiste a isto tudo à distância. Não se falam, não convivem, ele é o oposto dela – timídio, recatado, o míudo típico que se fecha em casa e jogar consola com os amigos.

Quando Margo desaparece, Quentin tem a certeza de que ela lhe deixou pistas para ser encontrada. A partir desse momento, ele move mundos e fundos para voltar a vê-la. Mas e se ela não quer ser encontrada? Será que está viva sequer? Que segredos e que fantasmas terá a maravilhosa e exuberante Margo, ao ponto de querer desaparecer?

John Green, nesta obra, conseguiu mais uma vez prender a minha atenção e fazer-me ligar às suas personagens de forma irreversível. Apesar de não ser tão intenso como A Culpa é das Estrelas ou À Procura de Alaska, levanta muitas questões sobre o fim da adolescência, sobre o papel que cada um tem no ambiente em que o rodeia e como compreender e aceitar as diferenças de cada um. Um livro que se lê muito bem e que proporciona bons momentos de entretenimento.

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John Green, Autor de ‘A Culpa é das Estrelas’ dá uma Entrevista ‘Viver e morrer intensamente ‘ https://branmorrighan.com/2012/09/john-green-autor-de-culpa-e-das.html https://branmorrighan.com/2012/09/john-green-autor-de-culpa-e-das.html#respond Fri, 07 Sep 2012 11:58:00 +0000

Depois de ter devorado ‘A Culpa é das Estrelas‘, foi irresistível não procurar mais sobre o escritor e obra e encontrei esta entrevista que ele deu ao Diário de Notícias. Leiam, vale a pena 🙂 

Dois jovens com cancro conhecem-se, apaixonam-se e vivem intensamente. Contra a morte. A Culpa é das Estrelas é o mais recente livro do premiado autor norte-americano John Green, criador de uma comunidade com milhões de seguidores nas redes sociais. O livro será lançado amanhã em Portugal.

Demorou quase dez anos a escrever A Culpa é das Estrelas. Porquê?

_Comecei a escrever o livro quando acabei o meu trabalho como estudante capelão num hospital pediátrico. Foi um trabalho difícil e triste, passei muito tempo com crianças que estavam a morrer e com as suas famílias. Nos primeiros anos em que tentei escrever a história, saía-me demasiado sentimental, lamechas. Tudo o que não queria que fosse. Queria que fosse divertido, vibrante e cheio de aventura, como a vida, mas estava tão zangado com o que tinha testemunhado que não conseguia escrever uma história autêntica. Só quando conheci uma adolescente, que era minha leitora, chamada Esther Earl, é que desbloqueei. A Esther lembrou-me como os jovens doentes podem ser empáticos, atenciosos e divertidos e isso foi a chave para ser capaz de escrever o livro. (A Esther morreu em 2010 e por isso não chegou a ler A Culpa é das Estrelas, mas não teria existido sem ela.)

Foi dessa experiência de trabalho no hospital pediátrico que retirou a matéria-prima e a inspiração para escrever o livro?

_Sim, porque os jovens que conheci lá – até os muito doentes – eram miúdos cheios de vida, sentido de humor e ironia. Não eram como os adolescentes sobre os quais lia nos livros sobre cancro, aquelas criaturas de olhos tristes que tinham uma sabedoria muito maior do que o normal para a sua idade. As pessoas que conheci eram humanas, no melhor e no pior sentido da palavra, e mesmo quando estavam a morrer, continuavam muito vivas. Foi isso que quis agarrar.

Em que sentido?

_Queria explorar esta questão: uma vida curta pode ainda assim ser uma vida cheia. Quis muito escrever a partir da perspetiva da Hazel e colar-me a ela para não deixar margem ao leitor de se sentir distante. Se não estivesse a escrever sobre e para adolescentes, se calhar não teria sido tão obsessivo com a necessidade de criação deste sentimento de intimidade.

E porquê o cancro?

_O cancro é a doença que nos assombra e aterroriza. A nossa relação com ele é semelhante à que existia com a tuberculose no século xix. O cancro é uma doença que afeta indiscriminadamente jovens e velhos. Às vezes mata; às vezes não. É imprevisível. É caprichoso. E por ser tão abrangente é o símbolo da aparente absoluta indiferença do universo em relação a nós.

Uma das coisas interessantes no seu livro é a inteligência e o sentido de humor com que aqueles dois miúdos – a Hazel e o Augustus – lidam com a morte (e o amor). Isto tem que ver com a sua própria forma de os encarar?

_Muito mais do que os meus sentimentos em relação à vida e à morte, o determinante foi ter testemunhado como os jovens viviam com doenças terminais. Demasiadas vezes imaginamos quem está a morrer como alguém que existe apenas para nos dar lições sobre como viver uma vida com significado ou qualquer coisa do género. Mas isto desumaniza. E é ridículo, claro. As pessoas doentes são tão humanas e divertidas e zangadas e com mau feitio e amorosas e complicadas e carentes como as saudáveis. O que tentei foi transmitir a complexidade e desafio emocional de quem vive com doenças crónicas. Quis que o livro fosse divertido e sobretudo retirar-lhe qualquer tipo de sentimentalismo. Não há lugar no mundo para os coitadinhos. Como diz a Hazel Grace: «A piedade não é reconfortante.»

A luta de Augustus, mais do que uma luta pela vida, é uma luta contra o esquecimento. Ser lembrado é, neste caso, a única forma de lutar pela vida?

_Penso que muitos de nós querem deixar uma marca da sua passagem pelo mundo, mas isso também pode ter um lado negativo: da forma como Augustus o encara, essas marcas são muitas vezes cicatrizes. O que me interessou foi perceber como dois jovens enfrentam a morte e pensam sobre o significado das suas vidas enquanto cá estão.

Hazel Grace é a «sua» personagem. Como foi pôr-se na pele de uma miúda de 16 anos, com um cancro em estado terminal?

-Senti-me muito ligado à Hazel desde que comecei a escrever a partir da sua perspetiva. A voz dela soou-me muito clara e nunca tive dificuldade em «acompanhá-la». A grande alegria de escrever o livro foi poder viver com a Hazel. Apaixonei-me mesmo por ela e, espero, isso sente-se no livro.

Como é o seu processo criativo?

_Não sou, nem de perto nem de longe, tão organizado e prolífico como gostaria de ser. Tento escrever todos os dias, mas nem sempre sou bem sucedido. Gasto cerca de um ano a escrever um primeiro rascunho, mas depois apago a maior parte quando começo a revisão. Cada um dos meus livros, e este é o sexto, passa por uma série de rascunhos, o que não é muito eficaz, mas rever dá-me imenso prazer. Acho que deve ser por isso que cada livro me leva uns anos a escrever.

Também faz vídeos com o seu irmão Hank no YouTube e tem milhões de seguidores em todo o mundo na comunidade nerdfighter. O que vem a ser isso, afinal?

_Um nerdfighter é alguém que, em vez de ser feito de ossos, órgãos e assim, é na verdade feito de curiosidade. Os nerdfighters estão ligados por uma crença comum de que é importante perceber o mundo e as outras pessoas. Não lutam contra os nerds [termo normalmente usado como depreciativo e que poderia traduzir-se por «totós» ou «bananas»], são antes nerds que lutam pela intelectualidade e a cultura nerd. A comunidade nerdfighter cresceu em torno dos vídeos que eu e o meu irmão Hank fazemos no YouTube, um para o outro há mais de cinco anos e meio. Somos os dois nerds e à medida que aumentava o número de pessoas que viam os nossos vídeos, quisemos usá-los como plataforma para celebrar a «nerdice» e o compromisso intelectual para com o mundo. O nosso desejo é que esta comunidade possa levar as pessoas – especialmente os jovens – a usar as ferramentas da internet não só para mero entretenimento, mas sobretudo para tornar o mundo um lugar melhor, através da reflexão e da filantropia.

É casado e tem um filho pequeno. A paternidade influenciou a sua escrita?

_Penso que não teria podido escrito este livro se não tivesse sido pai. O Henry ensinou-me a verdadeira natureza do amor entre pais e filhos: o amor de pai é verdadeira e completamente incondicional. Enquanto um de nós for vivo, eu serei o pai do Henry e ele será o meu filho. Perceber isso tornou possível para mim imaginar a relação entre a Hazel e os seus pais.

Estava à espera de todo o sucesso e excelentes críticas que A Culpa é das Estrelasrecebeu?

_Não, nunca imaginei que sete meses depois da sua publicação, o livro continuasse na lista do New York Times ou que tantos críticos, aqui nos EUA e no mundo todo, escrevessem tão generosamente sobre ele. Tem sido uma experiência muito gratificante e arrebatadora. Estou muito contente que este livro tenha ido ao encontro de tantos leitores e que a maioria goste. Isso é o mais importante para mim.

Amanhã o seu livro será lançado em Portugal. Como é vê-lo atravessar o oceano?

_Nunca estive em Portugal, mas o meu livro conseguiu viajar até aí. Isso é espantoso. Espero poder segui-lo e visitar o vosso país brevemente. Este livro é muito especial para mim e pensei que seria difícil separar-me dele, mas na verdade sinto-me muito feliz e privilegiado. Esta foi a história à qual dediquei a última década e é gratificante encontrar para ela tantos leitores. Mas quero continuar a escrever. Fico mais feliz quando o faço. Sou um tímido. O meu conceito de um dia perfeito é sentar-me sozinho na minha cave a escrever uma história durante dez a 12 horas por dia. Gosto muito dos outros trabalhos que faço, mas escrever é o que me dá mais prazer.

A culpa é das estrelas

Aos 35 anos, John Green é uma estrela nos EUA. Com o irmão Hank fundou o Vlogbrothers, onde disponibiliza vídeos com milhões de seguidores em todo o mundo e que está na base da bem humorada comunidade nerdfighter. Mas escrever é o seu ofício de eleição e tem vários livros na lista de best-sellers do New York Times. Como este A Culpa é das Estrelas.

Notícia Original: http://www.dn.pt/revistas/nm/interior.aspx?content_id=2749405

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Opinião: ‘A Culpa é das Estrelas’ de John Green https://branmorrighan.com/2012/09/opiniao-culpa-e-das-estrelas-de-john.html https://branmorrighan.com/2012/09/opiniao-culpa-e-das-estrelas-de-john.html#comments Wed, 05 Sep 2012 01:48:00 +0000

A Culpa é das Estrelas
John Green

Editora: ASA
Chancela: Livros com Sentido

Opinião: É 1h da manhã. Acabei de ler as últimas 50 páginas que me faltavam ler do livro ‘A Culpa é das Estrelas’. Ao longo da leitura, sorri, ri, chorei, enfim, senti mil e uma emoções. Agora que terminou, quis vir partilhar a minha opinião convosco e tentar transmitir-vos um pouco da experiência que foi ler um livro deste calibre. No entanto, agora que me de deparo com o ecrã ainda com muito pouco escrito, estou sem palavras. Pelo menos palavras que consigam expressar a obra de arte que este livro é da forma como merece.

John Green é um autor que estabelece com o seu leitor uma relação de amor à primeira vista. A sua escrita, que com a leitura de mais obras suas se torna perfeitamente identificável, hiptoniza-nos sem nos dar hipótese de escolha. Se em À Procura de Alaska eu tinha ficado rendida, em A Culpa é das Estrelas fui obrigada a estabelecer novos padrões para julgar um livro. Este senhor, aviso-vos, sobe qualquer fasquia que vocês possam ter em relação aos livros para jovens adultos.

Sim, sei que nos últimos tempos este livro tem sido imensamente falado e que tem provocado duas reacções: uma curiosidade a roçar o irracional para o ler e a desconfiança total de se o livro será realmente assim tão bom. De qualquer maneira o resultado é óbvio. Vocês VÃO LER este livro. Têm de o fazer. O livro não é assim TÃO bom, é melhor.

As personagens Hazel e Augustus vão conquistar-vos completamente. Ao princípio, e porque o cepticismo tem de estar sempre associado ao início de uma leitura, vocês vão criar as vossas expectativas em relação a ambos, tentar talvez imaginar que destino é que o autor dará a cada um deles, mas quando menos esperarem ele troca-vos as voltas. Hazel e Augustus são dois adolescentes de uma índole fascinante e sempre surpreendente.

Tudo o que esteja relacionado com o cancro é sempre muito sensível e provoca sempre grande impacto nas pessoas que acabam por lidar com casos destes, ou até mesmo só ler sobre os mesmos. É também aqui que a escrita de John Green me fascina. Em A Culpa é das Estrelas, o autor não se preocupa com paninhos quentes, as coisas são como são. Apenas a forma como ele as expressa acaba por transmitir uma sensação de beleza aterradora. Há certas situações que acabam por ser inevitáveis e que fogem ao nosso controlo. Ele obriga-nos a encarar a realidade através de personagens fantásticas, sentimentos contraditórios, mas ainda assim com uma ternura indescritivel sempre adjacente. Gostei.

PS: Peço desculpa se a opinião não está muito coerente. Não quero mesmo contar parte alguma da história ou desvendar seja o que for. Hazel e Augustus são daquelas personagens que agora fazem parte de mim. Este acabou por ser um livro que me emocionou, marcou e mais, que provavelmente se vai tornar num daqueles livros que vou querer repetir a leitura umas quantas vezes no futuro, emprestar aos melhores amigos e falar dele ao máximo de gente possível. Porque sim. Porque gostei. Já são 1h45m da manhã, é melhor começar a pensar em ir dormir que amanhã é dia de trabalho. E tal como eu disse, fica a sensação que muito ficou por dizer, que não disse

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Opinião: ‘À Procura de Alaska’ de John Green https://branmorrighan.com/2012/06/opiniao-procura-de-alaska-de-john-green.html https://branmorrighan.com/2012/06/opiniao-procura-de-alaska-de-john-green.html#comments Wed, 20 Jun 2012 12:43:00 +0000
À Procura de Alaska

À Procura de Alaska
John Green

Editora: ASA
Chancela: 1001 Mundos

Opinião: Existem aqueles livros que nos tiram o sono, aqueles que de alguma maneira mexem connosco e provocam um impacto tremendo no nosso interior, À Procura de Alaska é uma dessas obras de arte.

Tenho de dizer que quem lê a sinopse, pode-se sentir tentado a achar que esta é mais uma obra sobre adolescentes, romântica e lamechas, mas desenganem-se. À Procura de Alaska é um livro forte, de uma profundidade tocante e que não irá deixar leitor algum indiferente.

As personagens deste livro são extremamente intensas. Temos Alaska, uma jovem que gosta de viver no limite, sempre irreverente e que deixa a sua marca nas vidas de quem entra. Miles, o Badocha, é um rapaz simples cujo passatempo principal é decorar as últimas palavras em vida de pessoas famosas. Coronel, colega de quarto de Miles, é outro adolescente com uma personalidade muito própria, de origens humildes e extremamente revoltado em relação aos que se acham superiores só por terem muito dinheiro.

Quanto à história em si, começa de forma simples. Miles é transferido para Culver Creek, um colégio interno, e é lá que conhece os seus novos amigos. Rapidamente a adrenalina torna-se um vício e, apesar de não se descuidarem muito com os estudos, vivem para pregar partidas e marcarem a diferença. No entanto são os demónios interiores de cada um que acabam por ir ditando o curso dos acontecimentos. 

As relações entre os protagonistas são o verdadeiro foco desta história. Com eles vivemos várias aventuras em que a camaradagem, amizade, amor, e um apurado sentido de sobrevivência representam os seus principais valores.

A escrita do autor é simples e envolvente criando uma teia à nossa volta, levando-nos a encarnar os personagens vivendo as suas alegrias e as suas tristezas. De uma sensibilidade tocante, À Procura de Alaska mostrou ser uma das melhores leituras deste ano até agora.

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