Leituras 2012 – Bran Morrighan https://branmorrighan.com Literatura, Leitura, Música e Quotidiano Wed, 23 Dec 2020 20:45:22 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.8.2 https://branmorrighan.com/wp-content/uploads/2020/12/cropped-Preto-32x32.png Leituras 2012 – Bran Morrighan https://branmorrighan.com 32 32 Opinião: ‘Cinzas da Meia-Noite’ (Raça da Noite #6) de Lara Adrian https://branmorrighan.com/2013/01/opiniao-cinzas-da-meia-noite-raca-da.html https://branmorrighan.com/2013/01/opiniao-cinzas-da-meia-noite-raca-da.html#respond Wed, 30 Jan 2013 10:54:00 +0000

Cinzas da Meia-Noite (Raça da Noite #6)

Lara Adrian

Editora: Quinta Essência

Sinopse: Quando cai a noite, Claire Roth foge de casa, impelida por uma feroz ameaça que parece ter saído do próprio inferno. Então, de entre as chamas e as cinzas, aparece um guerreiro vampiro. Ele é Andreas Reichen, o seu antigo amante, agora um estranho consumido pela vingança. Apanhada no fogo cruzado, Claire não pode escapar da sua fúria selvagem, nem da fome que a arrasta para o seu mundo de eterna escuridão e infinito prazer.

Nada impedirá Andreas de destruir o vampiro responsável pelo massacre dos seus irmãos de Raça… mesmo que isso signifique utilizar a ex-amante como isco na sua missão mortífera. Ligada pelo sangue ao seu perigoso adversário, Claire pode conduzir Andreas até ao inimigo que ele procura, mas é um caminho repleto de perigos… e de profundos e inesperados prazeres. Pois Claire é a única mulher que Andreas não deve desejar, e a única que amou. Inicia-se assim uma perigosa sedução que dilui a linha que separa presa e predador e aviva as chamas de uma ardente paixão que pode consumir tudo no seu caminho…

Opinião: Ao ler uma saga com mais de três quatro livros, sou da opinião que existem alguns factores de exigência por parte do leitor para que este continue fiel à mesma. Tais factores passam pela capacidade do autor surpreender o leitor, manter uma boa dose de acção e imprevisibilidade e, no caso de séries como a Raça da Noite, ser versátil nas histórias de amor que apresenta. Em Cinzas da Meia-Noite temos tudo isso e no fim ainda ficou aquela sensação do “quero mais”. Lara Adrian não desilude, pelo contrário, fortalece a sua posição enquanto escritora de qualidade inegável.

Claire e Andreas são dois anfitriões que vão receber de forma explosiva, literalmente, quem se atrever a ler a história deles. Andreas está numa demanda sem refreio possível pela morte de Roth, o responsável pelo extermínio da sua família. Dotado de um poder que ainda não controla, a pirocinese, Reichen está a muito pouco de ceder à sede de sangue e de perder o controlo. Apenas Claire poderá de alguma maneira atenuar todo o fogo que o vai consumindo. Porém, o passado que partilharam terá que ser aceite e superado para que se consigam aceitar e cooperar um com o outro.

Enquanto o casal tenta lidar com os seus problemas, as ruas da cidade vão sendo infestadas de cadáveres humanos deixados de forma displicente ao deus dará. A Ordem bem tenta encontrar o responsável, mas quando a desconfiança recai sobre um deles, o desconforto é palpável. O paradeiro do Antigo é uma prioridade e as consequências de uma possível libertação seriam devastadoras. Os eventos neste volume conduzem para um fim de imensa expectativa.

A história evolui a bom ritmo, proporcionando momentos de leitura frenética e viciante. A escrita da autora continua na sua espiral ascendente em termos de qualidade e é surpreendente como ainda nos prende do início ao fim quase no intervalo de um único fôlego. Estamos perante um série de romances sobrenaturais que juntamente com a componente sensual inerente a cada trama, se torna bastante irresistível. Fico ansiosamente à espera do próximo.

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Opinião: ‘O Despertar da Magia’ (As Crónicas de Gelo e Fogo #4) de George R.R. Martin https://branmorrighan.com/2013/01/opiniao-o-despertar-da-magia-as.html https://branmorrighan.com/2013/01/opiniao-o-despertar-da-magia-as.html#comments Wed, 02 Jan 2013 09:11:00 +0000

O Despertar da Magia (As Crónicas de Gelo e Fogo #4)

George R.R. Martin

Editora: Saída de Emergência

Colecção: Bang!

Sinopse: Quarto volume de As Crónicas de Gelo e Fogo, a saga de fantasia mais vendida, elogiada e premiada dos últimos 50 anos, e a única obra de fantasia a conseguir o primeiro lugar do Top do New York Times. Esta é uma saga de grande fôlego, que vai buscar à realidade medieval a textura e o pormenor que conferem dimensão e crueza a um universo de fantasia tão bem construído que faz empalidecer a Terra Média de Tolkien. Martin é um especialista na manipulaçãodas expectativas dos leitores e, profundo conhecedor do género, não deixa de estender sucessivas armadilhas com as quais desarma os tropos que o leitor pensa reconhecer a cada página. O épico de fantasia que toda a Fantasia Épica gostava de ser.

Opinião: Quando se começa a ler um livro de Martin é muito difícil parar. Sendo um autor completamente impiedoso e aparentemente desprovido de qualquer tipo de sentimentalismos – o que não é necessariamente mau, apenas bastante doloroso para o leitor que se afeiçoa a uma personagem -, George R.R. Martin consegue surpreender sempre o leitor quase capítulo após capítulo.

Em O Despertar da Magia temos mais episódio cheio de acção. Os Sete Reinos estão num caos cada vez maior. Todos se proclamam reis e rainhas, nenhum detém o verdadeiro poder sobre o outro e, entretanto, para lá da muralha as surpresas começam a chegar envolvidas cada vez mais em mistério.

Começa a ser complicado opinar sobre estes livros sem correr o risco de ter spoilers. Os acontecimentos sucedem-se à velocidade da luz e o que era ontem já não é hoje. Isso acontece principalmente neste volume. Winterfell talvez nunca volte a ser o que era; de dois reis que se achavam no direito de proclamar o trono de ferro, nenhum sobrevive, ou assim pensamos nós; quem sempre se mostrou ser uma das pessoas mais cruéis acaba por mostrar uma fragilidade surpreendente; e ainda temos a nossa mãe dos Dragões, Daenerys, que continua na sua demanda para reclamar Westeros.

Relativamente às personagens, estou a gostar bastante de Bran e dos seus sonhos de lobo; Arya continua a ser das minhas preferidas; vou torcer eternamente por Tyrion (o anão é realmente uma personagem extremamente boa); não faço ideia do que irá acontecer a Robb, mas estou bastante na expectativa; Sansa continua a ser um mistério para mim; mas é de John Snow que espero as maiores surpresas. O fim deste volume deixou-me a curiosidade aguçadíssima para o próximo.

A escrita de Martin não deixa margem para dúvidas de que estamos perante um autor de eleição. Apesar de ser bastante drástico no decorrer da trama, a forma como nos faz amar e odiar as personagens provoca uma sensação de dependência na leitura. Queremos sempre saber o que vai acontecer a seguir, se as nossas personagens vão ficar bem, se as outras vão ser finalmente derrubadas ou se nem uma coisa nem outra, havendo uma grande reviravolta. Só posso recomendar e dizer que adorei.

Outras opiniões d’As Crónicas de Gelo e Fogo:

A Guerra dos Tronos

A Muralha de Gelo
A Fúria dos Reis

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Opinião: ‘Percepção – Uma Estranha Realidade’ de Sara Farinha https://branmorrighan.com/2013/01/opiniao-percepcao-uma-estranha.html https://branmorrighan.com/2013/01/opiniao-percepcao-uma-estranha.html#comments Tue, 01 Jan 2013 19:21:00 +0000

Percepção – Uma Estranha Realidade

Sara Farinha

Editora: Alfarroba Edições

Sinopse: Joana cedo descobriu que os estados emocionais dos outros toldavam o seu raciocínio e moldavam o seu comportamento.

Em busca duma vida anónima, Joana esconde-se em Londres, procurando ignorar a maldição que a impede de viver uma vida normal. É aí que a sua vida se cruza com a de Mark, um arqueólogo americano que viaja pelo mundo à procura de outros sensitivos como ele. Joana relutantemente aceita a amizade de Mark, acabando por encontrar nele o seu maior aliado na aprendizagem sobre a vivência dum sensitivo.

As capacidades crescentes de Joana atraem as atenções não só de Mark como do Convénio, uma organização ilegal que pretende reunir sobre o seu domínio todos os Sensitivos. É apenas quando a sua melhor amiga é posta em perigo, que Joana descobre que a sua maldição pode ser um dom, e que a vida ultrapassa todos os seus receios e expectativas.

Opinião: Percepção – Uma Estranha Realidade é a obra de estreia de Sara Farinha no mundo literário português. Num momento em que vários jovens autores tentam vingar no nosso mercado, uns com mais sucesso que outros, foi com alguma surpresa e satisfação que constatei desde o princípio que tinha entre mãos uma autora diferente.

A escritora traz até nós uma história que mistura laivos de fantasia e ficção científica com uma forte dose de romance. Ainda assim, estou longe de considerar esta obra um livro de FC como já vi fazerem.

No fim da leitura, a impressão com que fiquei foi que esta é uma obra que se pode considerar introdutória para algo maior e melhor. A escrita de Sara Farinha é boa e agradável. Não senti aquele aborrecimento que por vezes sinto nas primeiras obras de jovens autores, quando ainda dão uns quantos erros ou as construções frásicas e a estrutura do texto não é a melhor. E é por esta razão que penso que a autora pode vir a fazer muito melhor no que toca à história em si.

Até cerca de metade do livro, a trama centra-se muito no romance entre Joana e Mark, havendo pouco envolvimento de elementos exteriores e alguma falta de evolução no que toca aos poderes e ao mundo dos Sensitivos. Quando finalmente começa a haver alguma acção e os segredos começam a ser revelados, senti que tudo se passava depressa demais, com algumas explicações um pouco incompletas. O fim, esse, deixa uma premissa interessante para uma nova obra, mas gostaria de ver a autora a dar mais sumo à história que não só o romance entre Joana e Mark.

Tudo o que apontei no parágrafo anterior não deve ser entendido como uma crítica destrutiva, muito pelo contrário. Aliás, só me dei ao trabalho de pormenorizar aqueles aspectos porque acredito muito sinceramente que Sara Farinha tem bastante potencial. A obra lê-se bem, as páginas vão voando e quando damos conta só nos interrogamos do que estará ainda para vir. Vou ficar à espera da próxima obra desta jovem autora portuguesa.

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Opinião: ‘Diário dos Imperfeitos’ de João Morgado https://branmorrighan.com/2012/12/opiniao-diario-dos-imperfeitos-de-joao.html https://branmorrighan.com/2012/12/opiniao-diario-dos-imperfeitos-de-joao.html#respond Mon, 31 Dec 2012 12:23:00 +0000

Diário dos Imperfeitos

João Morgado

Editora: Kreamus

Sinopse: «Diário dos Imperfeitos» é uma viagem à intimidade das pessoas. Vítima de um acidente, a “Gaivota” é uma mulher que precisa de redescobrir todas as emoções sequestradas dentro de si. Ao mesmo tempo, reaprende a conhecer o seu corpo – uma aventura refreada pela moral, pela sombra do pecado, e pelo medo que pode levar à própria insanidade. Uma luta interior entre o bem e o mal, que leva a uma inevitável conclusão: todas as pessoas são imperfeitas!

Como irá reagir de novo à sua realidade? Voltará a ser quem era? E os que estão a seu lado, como vão sobreviver a esta viagem? Uma escrita intimista, que procura descortinar os sentidos e as emoções dos diferentes personagens. Do prazer mais carnal ao amor puro, passando pela falsa moral da sociedade e da religião. Pelo meio, a filosofia simples de duas personagens inusitadas – a mulher que lê pensamentos e um pintor de sóis na parede. São eles que levam o narrador a perceber os sentimentos da “Gaivota” e nos ajudam a reflectir sobre temas tão controversos como o amor, o desejo, o sentimento de culpa ou o próprio nojo.

Opinião: Depois da estreia com ‘Diário dos Infiéis‘, a vontade de voltar a ler um romance de João Morgado nunca me abandonou. Quando tive conhecimento de que o autor iria lançar uma nova obra, fiquei muito contente e ainda mais quando o próprio fez chegar até mim um exemplar.

Penso que após o término desta leitura, e para quem já leu o seu romance anterior, a sensação que fica é que estamos perante um escritor que sabe como abordar as emoções humanas e mais, confronta-nos com o que de mais íntimo existe em cada um de nós.

O início do Diário dos Imperfeitos arrebata-nos logo em tom de aviso: ‘Estás perante uma obra que de uma maneira ou outra te vai marcar.’. Aqui encontramos uma história dentro de outra história. Para que a “Gaivota” se possa ir descobrindo, o narrador conta-lhe uma outra história, intrincada e intrigante, que vai fazendo com que ela de alguma maneira se vá expressando.

Nesta história secundária, que acaba por muitas vezes tomar o papel de primária, conhecemos um conjunto de personagens que mais não são do que meros seres humanos ditos normais. Com os seus defeitos, imperfeições, sentimentos e acima de tudo, com as suas realidades tão comuns nos dias de hoje. O autor atreve-se a mergulhar bem fundo nas motivações humanas e a mostrar ao leitor que por vezes nem todas as boas intenções do mundo chegam. Nem sempre amar chega. E quando todas as possibilidades se esgotam, o que é que sobra?

A escrita de João Morgado primeiro estranha-se, depois entranha-se. Habituamo-nos ao seu jeito de nos contar a história e já só ansiamos pelos próximos capítulos, tanto nas descobertas da “Gaivota” como nas vidas dos outros personagens supostamente fictícios.

Um autor que conquistou o meu respeito e admiração e cujo percurso e obras espero acompanhar por muito mais tempo. Aconselho vivamente.

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Opinião: ‘Uma Espécie de Sentido’ de João Pedro Duarte https://branmorrighan.com/2012/12/opiniao-uma-especie-de-sentido-de-joao.html https://branmorrighan.com/2012/12/opiniao-uma-especie-de-sentido-de-joao.html#respond Sat, 22 Dec 2012 19:39:00 +0000

Uma Espécie de Sentido

João Pedro Duarte

Editora: Esfera do Caos

Sinopse: Se «A Casa do Sonho Pagão» foi a obra de estreia de um autor carregado de talento, este livro revela-nos uma nova faceta de João Pedro Duarte: a sua capacidade para escrever uma história empolgante, cheia de ritmo e vivacidade, que conjuga a ficção científica e o thriller com a paixão!

Uma profecia humorística sobre uma sociedade matriar­cal no século XXII.

Depois da epidemia da gripe, da destrui­ção da camada de ozono e das doenças psicológicas mortais, surge a esterilidade masculina a ameaçar a raça humana. As mulheres desta Era estão nos lugares de poder e, mais habi­litadas e resistentes, são obrigadas a salvar a humanidade sozinhas.

Miriam, médica, e David, faxineiro, cruzam-se no labo­ratório que mantém em cativeiro o último casal fértil. O romance promete e continua no Clube dos Corações Partidos. Mas o rapto do recém-nascido por um pedófilo desencadeia uma reviravolta no destino da História!

Será que chegaram os dias do Apocalipse, ou os heróis descobrirão o sentido da vida na nossa espécie?

Opinião: Após a leitura de A Casa do Sonho Pagão a minha curiosidade sobre esta obra foi inevitável. Numa escrita descontraída e humorística, João Pedro Duarte traz até nós um livro que se lê de um único fôlego e que nos faz soltar umas quantas gargalhadas.

É uma história de encontros e desencontros, sendo o amor o tabu predominante. Sendo esta uma sociedade matriarcal em que os homens apenas servem para as tentativas de procriação, – e mesmo assim tão terríveis a fazê-lo, pois a maioria é estéril – o amor não tem lugar no seio dos sentimentos das mulheres.

O rapto do recém-nascido por parte de um pedófilo, ex-apresentador e ex-presidiário relembrando alguém demasiado familiar ao público português, acaba por dar um certo abanão à história levando os nossos protagonistas a percorrerem caminhos bastante distintos.

A escrita do autor faz-nos lembrar os guiões de cinema ou de teatro, com bastante diálogo e linguagem informal. Apesar de ser uma leitura leve e até agradável, confesso que não senti aquela empatia/ligação com nenhuma personagem em especial e por isso talvez não tenha dado o devido apreço à obra.

Relembro que João Pedro Duarte é o autor de A Casa do Sonho Pagão e também um dos autores de Já Não Se Fazem Homens Como Antigamente. Vale a pena descobri-lo.

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Opinião: ‘O Prisioneiro da Árvore’ (As Brumas de Avalon #4) de Marion Zimmer Bradley https://branmorrighan.com/2012/12/opiniao-o-prisioneiro-da-arvore-as.html https://branmorrighan.com/2012/12/opiniao-o-prisioneiro-da-arvore-as.html#comments Mon, 17 Dec 2012 08:42:00 +0000

O Prisioneiro da Árvore (As Brumas de Avalon #4)

Marion Zimmer Bradley

Editora: Saída de Emergência

Colecção: Bang!

Sinopse: O clássico As Brumas de Avalon regressa ao mercado português para dar a conhecer a uma nova geração esta história mágica e intemporal centrada nas mulheres que, por detrás do trono de Camelot, foram as verdadeiras detentoras do poder.

No derradeiro volume deste clássico, Morgaine vai ao encontro do seu destino que a coloca contra Artur – o seu amante, irmão e agora inimigo. Ao regressar a Camelot durante o Banquete de Pentecostes, Morgaine acusa Artur de comprometer a coroa, e exige que este lhe devolva a espada mágica Excalibur.

Mas Artur recusa e Morgaine tenta de tudo para o travar, nem que para isso tenha que usar as pessoas que ama para o desafiar. Quando Avalon se sente traída por Artur, Morgaine invoca a sua magia para lançar os companheiros de Artur numa demanda pelo cálice sagrado.

Os eventos escapam ao controlo de todos quando Lancelet regressa e sucumbe de novo à sua paixão por Gwenhwyfar. Mas o Rei Veado tem assuntos mais importantes como a guerra decretada por Mordred que pretende usurpar o trono de Camelot.

Conseguirá o mundo de Avalon sobreviver ou será forçado a desaparecer nas brumas do tempo e memória?

Opinião: Finalmente chega até nós o quarto e último volume da maravilhosa obra que é As Brumas de Avalon. Ao longo dos últimos três livros, temos vindo a acompanhar a história do grande rei Artur, da sua irmã Morgaine, do seu companheiro Lancelet e da rainha Gwen. No fim d’O Rei Veado a tensão era palpável. Artur virou costas ao seu juramento a Avalon e até o próprio Kevin é dado como traidor.

O Prisioneiro da Árvore é uma obra intensa. A tentativa de ressuscitar os antigos costumes e de preparar um novo Rei Veado, por parte de Morgaine, faz-nos lembrar os tempos pacíficos em que Avalon reinava, mas sabemos que dificilmente ela conseguirá os seus propósitos. Entretanto, a fé do Deus cristão cresce e espalha-se, qual erva daninha, toldando a visão dos homens, tornando-os intolerantes em relação a outras crenças.

Serão mesmo todos os deuses um único deus? Ou haverá uma separação realmente real entre o Deus de Cristo e a Deusa de Avalon. Dizem que o próprio José de Aritmeia foi educado em Avalon e lá deixou o seu cajado que deu origem ao Espinheiro Sagrado. Conseguirá o homem, ou a mulher, ter realmente controlo sobre o destino que lhe aguarda?

Este é dos meus volumes preferidos. Acaba por reflectir todo o percurso da humanidade em termos de crenças e até mesmo de discussões teológicas ao longo dos últimos séculos. Centrado no ponto de vista feminino, e porque antes da nova fé se ter estabelecido, a mulher tinha um papel preponderante na sociedade, a autora leva-nos pela mão através de cenários que nos fazem sentir todo o tipo de emoções. Amor, carinho, traição, revolta e uma sensação de impotência perante os desígnios que fogem ao nosso controlo.

A escrita da autora é envolvente e mágica. As personagens, de intensidade já conhecida, atravessam agora uma fase em que caminham para o declínio, mas ainda assim mantém-se fiéis a si mesmas. O que será do Rei Veado quando o jovem veado crescer? Finalmente temos a resposta a esta pergunta.

Uma obra emocionante e que deixa, sem dúvida, a sua marca no leitor.

Opinião dos restantes volumes:

O Despertar da Magia – https://branmorrighan.com/2012/02/opiniao-senhora-da-magia-as-brumas-de.html

A Rainha Suprema – https://branmorrighan.com/2012/06/opiniao-rainha-suprema-as-brumas-de.html

O Rei Veado – https://branmorrighan.com/2012/09/opiniao-o-rei-veado-as-brumas-de-avalon.html

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Opinião: ‘Nolita e a Cruz Medieval’ (Os Arqueólogos #1) de Maria Jorge https://branmorrighan.com/2012/12/opiniao-nolita-e-cruz-medieval-os.html https://branmorrighan.com/2012/12/opiniao-nolita-e-cruz-medieval-os.html#respond Sun, 16 Dec 2012 11:25:00 +0000

Nolita e a Cruz Medieval (Os Arqueólogos #1)

Maria Jorge

Editora: Quidnovi

Sinopse: Quando Nolita recebeu o convite da sua amiga e arqueóloga Lara para participar numas escavações que decorriam no castelo de Almourol, estava longe de imaginar o que viria acontecer. Uma cruz em ouro coberta por pedras preciosas proveniente das escavações, que à primeira vista parece ser um simples objeto de metal, esconde poderes inimagináveis. Nolita acaba por embarcar numa emocionante aventura pelo mundo medieval em plena época de reconquista entre cristãos e mouros. Após várias atribulações, Nolita e os amigos terão um grave problema para resolver. Como irão eles conseguir salvá-la, depois de terem posto em causa a existência dela no futuro?

Opinião: Na minha demanda para a descoberta de autores portugueses ainda desconhecidos, mas com qualidade, acabei por encontrar Maria Jorge e os seus queridos Arqueólogos. Quando vi que, apesar de ser uma colecção juvenil, a autora misturava fantasia e história fiquei logo curiosa.

Nolita é uma adolescente fascinada por arqueologia e não podia ter ficado mais contente quando Lara a convida para se juntar ao seu projecto actual no castelo de Almourol. Após a sua chegada ao castelo, o deslumbre com que observa tudo à sua volta fá-la viajar para outros mundos. Porém, é quando se depara com a magia da cruz de ouro, que outra realidade vem ter com ela!

Este é um livro de muita aventura e fantasia, em que através do retrocesso no tempo presenciamos uma altura de grande frenesim em Tomar. O reinado de D. Afonso Henriques terminou e agora é o seu filho D. Sancho I quem governa. Por esta altura temos D. Gualdim Pais como mestre da Ordem do Templo que se vê deparado com a invasão muçulmana. No meio deste caos todo, os nossos amigos são apanhados pelas experiências alquimistas da altura e que os transporta directamente para esse tempo.

As personagens são engraçadas, embora um pouco infantis, mas penso que tal se deverá ao facto de estar virado para jovens adolescentes tornando a leitura mais leve. A escrita da autora é simples e puxa pela imaginação do leitor. Confesso que para um adulto, o que este livro terá de mais atractivo serão as descobertas arqueológicas e as narrativas históricas que nos vão sendo introduzidas de uma maneira muito descontraída. Certamente que para quem não gosta/gostou de história enquanto estudante do ensino básico, esta é uma obra que activa a nossa curiosidade!

Vou ficar atenta ao trabalho da autora e esperar pelo próximo episódio da Nolita.

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Opinião: Conto Fantástico #3 https://branmorrighan.com/2012/12/opiniao-conto-fantastico-3.html https://branmorrighan.com/2012/12/opiniao-conto-fantastico-3.html#comments Fri, 14 Dec 2012 19:36:00 +0000 Download Gratuitohttp://correiodofantastico.wordpress.com/2012/12/18/conto-fantastico-3-para-download-gratuito/

Após mais de dois anos de espera, finalmente temos mais uma edição do conto fantástico. Comparada com a edição conjunta #1 e #2, esta apresenta outro formato, tendo como conteúdo apenas contos. No editorial, Roberto Mendes explica o porquê de toda esta demora e do formato exclusivamente digital. E as boas notícias não ficam por aqui. O editor anunciou o seguinte “Os leitores poderão encontrar três a quatro contos a cada novo número, publicado de dois em dois meses. Seis números anuais!” Não é fantástico? Para nós, viciados neste género literário, é-o certamente e também para os autores que assim se (re)afirmam através destas publicações.

Passando à opinião do Conto Fantástico #3 propriamente dita, começo por dizer que a capa está muito gira! Não estando directamente relacionada com nenhum conto em específico, dá que pensar ao leitor e suscita a curiosidade sobre os contos publicados. De seguida, passarei aos mesmos.

A Biblioteca”, de Álvaro Holstein, é o primeiro conto com que nos deparamos. Este autor já é bem conhecido pelo público do género fantástico e ficção científica e o seu largo currículo não deixa margem para dúvidas de que é alguém que merece o nosso respeito e admiração. O seu conto está muito original. Temos o personagem principal que de repente se vê numa biblioteca muito estranha! Pessoa, Lovecraft, Borges, metáforas, anjos, entre tantos outros, ganham vida interagindo de forma insólita, deixando o nosso personagem confuso. Quando é obrigado a sair dessa biblioteca, o sentimento de vazio não poderia ser mais. A escrita está interessante e sem dúvida que o próprio conto é todo ele uma grande metáfora.

Fernando Lobo Pimental dá-me a conhecer pela primeira vez um escrito seu através de “O Hospital”. Neste conto somos confrontados com a problemática de indecisão nos seres pensantes, como se tal se tratasse de uma doença. Doença para a qual existe um determinado tratamento no Hospital dos Indecisos. O desenvolvimento do conto está bem estruturado e entretém o leitor até ao seu derradeiro final. Fiquei com vontade de ler mais coisas suas.

Zona F”, por Marcelina Leandro, foi uma agradável surpresa. O ambiente futurista que a autora cria, projecta automaticamente o cenário nas nossas mentes. Também o universo que parece estar subjacente ao conto é curioso. Sinceramente, no fim do conto fiquei com vontade de saber bem mais sobre aquele mundo, das manipulações genéticas e sobre a personagem principal – Lea. Lea trabalha  no centro de Pesquisa Espacial e por qualquer razão é adversa a andróides. Quando lhe aparece um para ela identificar a sua anómalia, fica reticente e quase com receio de se aproximar. A escrita de Marcelina lê-se com gosto.

Por fim, mas não menos importante, temos o conto “Crónicas Obscuras – A Despedida” de Vitor Frazão. O Vitor já não é, de todo, desconhecido nestas andanças. Quando vi que tinha um conto nesta edição, fiquei logo muito curiosa pois já não lia nada seu desde A Vingança do Lobo, o primeiro livro das Crónicas Obscuras. Mantendo-se fiel ao seu registo e ao mundo criado nas Crónicas, foi com bastante agrado que li este conto. A escrita do Vitor evoluiu bastante e o autor consegue manter a chama do mistério até ao fim.

Resumindo e concluindo, esta edição está de parabéns! Quatro contos completamente diferentes uns dos outros, originais e com qualidade.

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Opinião: ‘Cinder’ (Lunar Chronicles #1) de Marissa Meyer https://branmorrighan.com/2012/12/opiniao-cinder-lunar-chronicles-1-de.html https://branmorrighan.com/2012/12/opiniao-cinder-lunar-chronicles-1-de.html#respond Mon, 10 Dec 2012 17:17:00 +0000

Cinder (Lunar Chronicles #1)

Marissa Meyer

Editora: Grupo Planeta

Colecção: Livros Fantásticos

Sinopse: Com dezasseis anos, Cinder é considerada pela sociedade como um erro tecnológico. Para a madrasta, é um fardo. No entanto, ser cyborg também tem algumas vantagens: as suas ligações cerebrais conferem-lhe uma prodigiosa capacidade para reparar aparelhos e fazem dela a melhor especialista em mecânica de Nova Pequim. É esta reputação que leva o príncipe Kai a abordá-la na oficina onde trabalha, para que lhe repare um andróide antes do baile anual.Ansiosa por impressionar o príncipe, as intenções de Cinder são transtornadas quando a irmã mais nova, e sua única amiga humana, é contagiada pela peste fatal que há uma década devasta a Terra.A madrasta de Cinder atribui-lhe a culpa da doença da filha e oferece o corpo da enteada como cobaia para as investigações clínicas relacionadas com a praga, uma «honra» à qual ninguém até então sobreviveu. Mas os cientistas não tardam a descobrir que a nova cobaia apresenta características que a tornam única. Uma particularidade pela qual há quem esteja disposto a matar.

Opinião: Quando peguei em Cinder e vi que era uma espécie de história da Cinderela futurista num universo distópico, fiquei automaticamente curiosa. As distopias têm estado na moda, mas algo deste género pareceu-me potencialmente original e, no mínimo, engraçado de se ler. Não desiludiu e desde muito cedo que a leitura fluiu com deveras facilidade.

Cinder é uma cyborg que vive com a madrasta e as duas irmãs. Não se lembra de nada da sua vida antes dos 11 anos e desde que o pai morreu que a função dela naquela casa passou a ser, única e exclusivamente, trabalhar como mecânica para arranjar sustento para a casa. Quando príncipe Kai lhe aparece na oficina, ela mal pode acreditar. Estranhos acontecimentos e algumas coincidências farão com estas duas personagens se continuem a cruzar, levando-os a um destino sombrio.

A narrativa está muito bem escrita, com uma excelente construção do mundo e boa caracterização das personagens. A ideia do resultado de uma quarta guerra mundial, das suas consequências e ainda da evolução através da qual existe vida na Lua, os Lunares, está bem conseguida. Em particular, a forma como Kai é obrigado a temer a rainha e o seu povo, faz-nos estremecer e recear pelo futuro terrestre e ainda mais pelo de Cinder.

A formulação do clássico da Cinderela em Cinder, ficou fantástico. A obra proporciona óptimos momentos de leitura, chegando a ser impossível tirarmos os olhos da mesma. Cinder e Kai apertam-nos o coração com os seus momentos e dilemas. Ela uma cyborg que esconde um segredo que arrasará com o príncipe e ele um príncipe que tem de proteger e ter em conta, sempre em primeiro lugar, os terrestres. Uma autêntica surpresa que me deliciou. Gostei.

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Opinião: ‘A Boneca de Kokoschka’ de Afonso Cruz https://branmorrighan.com/2012/12/opiniao-boneca-de-kokoschka-de-afonso.html https://branmorrighan.com/2012/12/opiniao-boneca-de-kokoschka-de-afonso.html#comments Mon, 10 Dec 2012 08:58:00 +0000

A Boneca de Kokoschka

Afonso Cruz

Editora: Quetzal

Sinopse: O pintor Oskar Kokoschka estava tão apaixonado por Alma Mahler que, quando a relação acabou, mandou construir uma boneca, de tamanho real, com todos os pormenores da sua amada. A carta à fabricante de marionetas, que era acompanhada de vários desenhos com indicações para o seu fabrico, incluía quais as rugas da pele que ele achava imprescindíveis. Kokoschka, longe de esconder a sua paixão, passeava a boneca pela cidade e levava-a à ópera. Mas um dia, farto dela, partiu-lhe uma garrafa de vinho tinto na cabeça e a boneca foi para o lixo. Foi a partir daí que ela se tornou fundamental para o destino de várias pessoas que sobreviveram às quatro toneladas de bombas que caíram em Dresden durante a Segunda Guerra Mundial.

Opinião: Existem sempre aqueles livros que depois de lidos, de tão grandiosas que são as obras, ficamos sem saber bem como começar a falar deles com receio de não fazer jus à experiência que foi a sua leitura. Tal aconteceu comigo após ter terminado A Boneca de Kokoscha. Sendo já uma forte admiradora do artista que Afonso Cruz é, para além de escritor é também músico, realizador, ilustrador, entre outros, fiquei completamente rendida à sua narrativa.

A Boneca de Kokoschka centra-se na história do pintor Oskar Kokoschka que, quando terminou a relação com Alma Mahler, mandou construir uma boneca, de tamanho real, com todos os pormenores da sua amada. Apesar de só termos noção do impacto desta acção quase no fim do livro, é inevitável não ficarmos deslumbrados com a escrita enigmática e labiríntica do autor.

«O senhor terá, porventura, alguma dificuldade em digerir algumas destas coincidências, mas a vida é um emaranhado de complexos fios». Esta sentença acaba por definir bastante bem o que vamos sentindo ao longo da leitura. A forma magistral como o autor constrói toda a história, sem nunca aborrecer o leitor e obrigando a sua mente a trabalhar, apraz os mais exigentes e sem dúvida fascinará os mais cépticos.

«Estou a escrever um livro novo.

É sobre o quê – perguntou Isaac Dresner.

Sei lá. Sobre o amor ou sobre o ódio, a condição humana, essas coisas. Do que é que tratam os livros?»

Pois eu digo que é disso e muito mais. É uma visão de vários ângulos de todas as motivações humanas. E é no seio da realidade misturada com a ficção que Afonso Cruz nos mostra isso mesmo.

Após o reconhecimento da qualidade da sua obra de contista, com a atribuição do prémio Camilo Castelo Branco à Enciclopédia da Estória Universal, A Boneca de Kokoschka ganhou o prémio da União Europeia para a Literatura sendo o primeiro passo na afirmação internacional do nosso escritor português.

Eliminem as vossas reservas e rendam-se à obra de arte que é A Boneca de Kokoschka. Para além de ser o resultado de uma obra escrita fenomenal do autor, conta também com fotografias e ilustrações do mesmo. Muito, muito bom.

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