Luís Sousa – Bran Morrighan https://branmorrighan.com Literatura, Leitura, Música e Quotidiano Mon, 28 Dec 2020 05:10:08 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.8.2 https://branmorrighan.com/wp-content/uploads/2020/12/cropped-Preto-32x32.png Luís Sousa – Bran Morrighan https://branmorrighan.com 32 32 [Reportagem MDX] Linda Martini no Lux Frágil, dos diamantes que se querem em bruto https://branmorrighan.com/2018/02/reportagem-mdx-linda-martini-no-lux.html https://branmorrighan.com/2018/02/reportagem-mdx-linda-martini-no-lux.html#respond Sat, 17 Feb 2018 20:45:00 +0000 Post Original no Música em DX: https://www.musicaemdx.pt/2018/02/17/linda-martini-no-lux-fragil-dos-diamantes-que-se-querem-em-bruto/

Quinze anos, cinco discos, um EP que vale ouro e outras canções soltas pelo meio fazem dos Linda Martini um nome incontornável da música portuguesa. Começaram no circuito punk/hardcore e admitem, em entrevistas, que tiveram sorte desde o início. Com sorte ou sem ela uma coisa é certa: mérito é coisa que não lhes falta. Prova disso mesmo foi o concerto de Quinta-feira passada (dia 15 de Fevereiro), a primeira de duas datas esgotadas no Lux Frágil, para apresentação de Linda Martini, disco homónimo. O público era tão ecléctico em idades como tem vindo a ser a sonoridade dos Linda Martini ao longo da última década e meia.

20180215 - Concerto - Linda Martini Apresentação Novo Disco @ Lux Frágil

Dos mais jovens aos mais velhos não faltaram pulmões, nem energia, numa noite que prova que uma banda destas só ganha em manter-se, na sua essência, em estado bruto. Isto é, o polimento é pontual a cada disco, a cada concerto, a cada momento através de guitarras vibrantes com distorções ao alto, um baixo que a cada disco está cada vez mais proeminente e uma bateria sem limites. Assistimos assim a um diamante (a banda) que assume a forma que cada um sente ser a sua, tornando-o único.

Em quinze anos muito deve ter mudado na vida de cada um, mas a determinação em fazerem o que gostam e como gostam, independentemente das expectativas que o público possa ter, faz com que quando estabelecem uma ligação emocional recíproca com o público esta seja altamente visceral. O olhar em palco, esse, é já um pouco diferente de há uns anos atrás. Existe uma espécie de comoção quase fraternal em relação aos membros mais jovens do público, o que é perfeitamente normal quando boa parte dele ainda estava para/a nascer quando começaram a fazer música.

20180215 - Concerto - Linda Martini Apresentação Novo Disco @ Lux Frágil

Tive a oportunidade de ficar nas linhas da frente do concerto e com isso estar mais próxima tanto da banda, da sua linguagem corporal, como do público, que rapidamente se organizou para juntar os que tinham o sangue a ferver e que destemidamente fizeram os círculos de mosh que sentiam que as músicas pediam. Não há tanto tempo assim era eu e os meus amigos que estávamos ali no meio e é impossível não largar um sorriso gigante de quem percebe que esta banda, que se admira há mais de uma década, continua a ter o mesmo efeito nas novas gerações. Na altura do Turbo Lento, há quase cinco anos atrás, escrevi: «Penso que os Linda Martini têm esta capacidade inata, e ao mesmo tempo assustadora, de resgatar nos seus ouvintes as partes mais recônditas de si mesmos. Vasculham-nos a alma, agitam-na por dentro e levam-nos a gritar em plenos pulmões todas as coisas reprimidas numa expressão conjunta sem igual.» Desde então, gravaram Sirumba e agora o disco homónimo. Antes tinham gravado Olhos de Mongol, Marsupial e Casa Ocupada. Cada disco com uma reacção diferente, mas o extraordinário é terem mantido exactamente aquela tal capacidade inata de criar uma energia que só à banda e aos seus fãs pertence.

Linda Martini foi então o mote para este concerto e foi com admiração e respeito que constatei que muitos fãs, principalmente dos mais jovens, já sabiam boa parte das letras e fizeram coro com a banda. Os sorrisos partilhados em palco mostravam essa mesma surpresa, mas também um grande orgulho, reforçado e destacado por Hélio Morais, no extremo direito do palco, quando disse “este lado está claramente a ganhar a esse”. E estava. Algo que mudou passadas algumas músicas quando já toda a frente do palco se mexia ao sabor dos empurrões saudáveis de um concerto rock e do crowdsurfing. Pedro Geraldes avisou e cumpriu “se me agarrarem eu vou!”, e ele foi. Havendo até espaço para um abraço a um fã em pleno “vôo”.

20180215 - Concerto - Linda Martini Apresentação Novo Disco @ Lux Frágil

Os temas deste último disco são fortes, crus e ao mesmo tempo sensíveis, atravessando espectros sonoros que tanto carregam nas distorções (p.e. “Quase Se Faz Uma Canção”) como pegam num tom mais dançante (p.e. “É Só Uma Canção”). A emoção é a de libertação, a catarse através da música em que as letras e a voz de André Henriques tomam um papel mais preponderante e muito bem-vindo. Pela reacção do público, “Boca de Sal” e “Gravidade”, os singles lançados, mostraram que já se tornaram temas de referência. Foi uma noite muito bonita em que também houve tempo para as aclamadas “Belarmino Vs.”, “Lição de Vôo Nº1” (que a banda já não tocava há algum tempo, mas que é sempre arrepiante), “As Putas Dançam Slow” (tema que pouco tocam ao vivo, mas que será sempre dos meus preferidos), “Amor Combate”, “Putos Bons” e a incontornável “Cem Metros Sereia”.

Os Linda Martini são aquela banda que, tenham noção disso ou não, tocam no âmago de muitos e têm marcado todas as gerações que os ouvem. Resta-me esperar que venham mais quinze anos recheados de boa música e que nunca percam esta essência que os caracteriza que é serem eles mesmos naquilo que fazem, sem merdas.

20180215 - Concerto - Linda Martini Apresentação Novo Disco @ Lux Frágil

Alinhamento:

Semi Tédio dos Prazeres

Caretano

Boca de Sal

Panteão

Belarmino Vs.

Quase Se Fez Uma Casa

Febril (Tanto Mar)

É Só Uma Canção

Lição de Vôo Nº 1

Domingo Desportivo

Cor de Osso

Unicórnio de Sta. Engrácia

Gravidade

Se Me Agiganto

As Putas Dançam Slows

Amor Combate

Putos Bons

Cem Metros Sereia

Texto: Sofia Teixeira | BranMorrighan

Fotografias: Luís Sousa

PS Extra BranMorrighan: Não fosse ter começado a acompanhar as bandas da Omnichord Records e os Linda Martini seriam a banda portuguesa que mais vi ao vivo. Entraram no meu imaginário (e na minha realidade) há mais de uma década através de uma pessoa muito especial. Foram das primeiras bandas, senão a primeira, com a qual me identifiquei. Como só a vida tem esse condão, a evolução dos seus trabalhos coincidiu grandemente com o meu crescimento em vários contextos e os seus primeiros discos foram autênticas bandas sonoras para alturas tanto de êxtase como outras mais difíceis, umas mais que outras. É-me, por isso, sempre difícil escrever sobre os Linda Martini, parece que nunca vou fazer jus ao quanto já me acompanharam, mesmo sem alguma vez terem noção disso. Linda Martini, este novo disco homónimo, na sua identidade única traz também um pouco do passado, mas realçando o presente agora numa visão mais madura. E tem sido incrível crescer tendo-os a fazer música. O meu obrigada. 

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[8 Anos Blog BranMorrighan] Os Parabéns ao blogue, do Luís Sousa https://branmorrighan.com/2016/12/8-anos-blog-branmorrighan-os-parabens_17.html https://branmorrighan.com/2016/12/8-anos-blog-branmorrighan-os-parabens_17.html#respond Sat, 17 Dec 2016 12:52:00 +0000 Fotografia Pedro Roque

2016 tem sido um daqueles anos tipo montanha russa. Tantos altos e baixos que, no fundo, são as pessoas que estão e entram na nossa vida que acabam por contribuir para que tenhamos ânimo para enfrentar tudo e todos de cabeça erguida e de sorriso no rosto. Este ano comecei a colaborar com o Música em DX e para mim este é um dos pontos altos do meu ano. Não porque o tenha feito com algum tipo de regularidade constante (fui a pior nesse aspecto), mas porque passei de um estado de admiração para uma profunda amizade com algumas das pessoas deste projecto. O Luís Sousa é uma dessas pessoas. Gere o MDX com uma paixão, comprometimento e seriedade que, andando eu a trabalhar com tanta gente em tantos projectos diferentes, posso afirmar sem qualquer sombra de dúvidas ser um fenómeno raro. Ele conjuga a exigência de qualidade e comprometimento com a sensibilidade de quem vê mais. De quem trabalha com pessoas, tendo consciência delas enquanto seres humanos e não apenas como um meio para um fim. E é isto que é raro. E é essencialmente por tudo isto que eu nutro um carinho tão grande por todo o projecto e especialmente por ele. É de pessoas assim que o nosso mundo tem mais falta. Obrigada por tudo, Luís! 

Comprometi-me com a Sofia enviar-lhe estas palavras há alguns dias. Se fosse ao contrário, a Sofia ter-me-ia enviado mesmo há alguns dias. E nestes dias, não só me tinha enviado as ditas palavras, como também teria apresentado uma tese complicadíssima de mestrado na sua faculdade, enviado o artigo XPTO para uma reconhecida academia de ciências, agendado 10 concertos das bandas que representa, feito a comunicação para a toda a imprensa sobre a festa de aniversário do 8ºaniversário Blog BranMorrighan, e ainda, ter feito uma reportagem de texto para o Música em DX. Bom, isto só seria possível se fosse de facto a Sofia. Falar na Sofia é necessariamente falar do Blog BranMorrighan, que como prenda de 8º aniversário comemorado precisamente hoje, tem também uma “fatiota” nova. De cara lavada, mais organizado, melhor estruturado, e com mais “contraste” para facilitar a leitura. 8 anos não é muito tempo, mas é o tempo suficiente para se fazer crescer um projecto e amadurecer-se com ele. Foi o que aconteceu com a Sofia. Fê-lo nascer ainda era uma “gaiata”, e hoje, ambos, estão mais fortes, estruturados, e maduros. Mais importante, sabem o caminho que querem levar nos próximos tempos. Só espero que seja de pelo menos mais 8 anos, e que eu, e o Música em DX também, possamos ir acompanhando com tanta saúde quanta a do blog com o nome esquisito, o BranMorrighan 🙂 

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[Playlist da Quinzena] 1 a 15 de Outubro de 2016 – As Escolhas de Luís Sousa (Música em DX) https://branmorrighan.com/2016/10/playlist-da-quinzena-1-15-de-outubro-de-2.html https://branmorrighan.com/2016/10/playlist-da-quinzena-1-15-de-outubro-de-2.html#respond Sat, 01 Oct 2016 21:57:00 +0000

O Luís Sousa é uma das pessoas que mais gostei de conhecer melhor este ano. O seu projecto, Música em DX, é dos mais sérios e com mais qualidade que eu conheço e que me dá gosto ler. E sei que isto vem muito do seu coração e do tempo que (não) tem. Quem me dera ter mais tempo livre para o ajudar, porque também fui convidada a participar no projecto e não tenho tido a disponibilidade que queria. E é isto. Eu podia estar aqui a enchê-lo de elogios, mas pelas playlists que ele preparou vocês vão perceber a sua genuinidade. E visitem o seu site, que conta com uma equipa maravilhosa e super apaixonada pela música. No final do post está o link! Fiquem com o seu testemunho! 

A Sofia é uma querida, e achou que eu poderia criar uma playlist interessante para apresentar no seu blog branmorrighan, um dos N incríveis trabalhos de é capaz de fazer em paralelo com tantas outras coisas. Eu não podia recusar tão honoroso convite.


Conhecemos-nos pessoalmente há não muito tempo, embora já nos cruzássemos pelas mesmas salas há algum tempo, e coisas do destino, fãs do trabalho de um e outro sem o sabermos. A música como denominador comum. Bom, a música. Nunca fui um geek da música. Nunca fui de conhecer bandas que ninguém conhece, ou de saber as letras inteiras de músicas, até aquelas que eram das bandas que mais gostava. Até certa altura da minha vida, o meu foco principal era outro, mais centrado numa bola de “cautchum” (assim se dizia nos anos 70 e 80). Sonhava um dia ser jogador de futebol. No entanto, a vida real ia acontecendo, e a música ia-me perseguindo sem que eu fosse dando muito conta. Lembro-me de tenra idade, por volta dos 5 ou 6 anos de idade, da minha mãe me dar a ouvir uma cassete com a banda sonora do filme “O Caçador” (1978, Michael Cimino – http://www.imdb.com/title/tt0077416/?ref_=fn_al_nm_1a), e é algo que nunca mais esqueci. Talvez tenha começado aqui a minha “educação musical”. Desta fase não vou contar com as inúmeras tardes de sábado em que a banda sonora em casa era composta pelo barulho do aspirador e o tema “As Baleias” de Roberto Carlos, “very tipical” nas mães dos anos 80. A entrada no ensino básico é um passo importante para nos relacionarmos com outras pessoas que não as com quem damos uns chutos na bola, e aqui começaram a entrar outras influências. O rock era o que mais me aprazia, e desde aos primeiros sons com Bruce Springsteen, ou Brian Adams, até anos mais tarde a AC/DC, D.A.D, Scorpions, Whitesnake, ou mesmo Xutos que me estreou em grandes concertos aos 15 anos no campo de futebol pelado em Queluz, tudo era benvindo desde que o tom se mantivesse, e os amigos “da rua” alinhassem na festa. Esta foi a primeira fase musical da minha vida.

Um dos meus amigos de sempre é grande fã de sons mais duros, no caso do Metal, e tinha em Metallica e Iron Maiden como as suas bandas preferidas. Óbvio será dizer que sempre que ia a casa dele, levava grandes enxurradas deste género. “Whiplash” (Metallica, “Kill’em’All”, 1983) ou “Wasted Years” (Iron Maiden, “Somewhere in time”, 1986)  eram algumas das presenças habituais, e este foi o clique que acabou por determinar o resto da minha vida musical. Explorei Metallica até “mais não”, e acabei por me cruzar com outros sons, que na sua origem não são assim tão dispares do Metal puro dos anos 80. Não me recordo quando, nem como, mas Sisters Of Mercy entrariam na minha vida no final anos 80/inicio dos anos 90. Na altura eram para mim a “luz do dia” (que miséria de concerto no Reverence Valada). A reboque, Joy Division, New Order, Bauhaus (Peter Murphy a solo depois), e principalmente, The Mission – que vão estar em Lisboa em breve – dominaram durante muitos anos as minhas preferências. Embora adepto de estilos tribais dos anos 80/90 como o Metal ou o Gótico, nunca fui de pertencer a qualquer “tribo”. O cabelo grande sempre o tive em “puto”, embora longe de me identificarem como “metálico”, e o preto nunca foi a minha cor. Da mesma forma que quando jogava à bola com o pessoal, enquanto que outros vestiam equipamentos oficiais das equipas, eu levava a tshirt branca oferecida pelo senhor da “Oficina Metalúrgica do Cacém”. Dava-me bem com todos, ao género “elemento neutro”. Não me posso esquecer dos Depeche Mode, que foram também companhia habitual dos meus timpanos nas idas e vindas para a escola, e com o qual eu “torturava” musicalmente falando uma prima que costumava passar fins de semana em minha casa. O “101” ou o “Violator” eram amigos próximos das minhas preferências musicais. Noutro registo, marcante foi também a existência de Nirvana na minha vida, que servia de arma de combate “decibeis ao máximo” em guerra com um vizinho meu que teimava em abanar o prédio com registos mais techno, house, ou trance (obrigado Paulo por me teres demonstrado que jamais gostaria dessa porcaria).

Muita música passou por mim, não merecendo a pena falar em cada uma das coisas que mais gostei até hoje. Faltaria Massive Attack, Radiohead, Strata, Franz Ferdinand, dEUS, Placebo, Sigur Ros, tantos mais. O momento é agora diferente, a minha relação com a música mudou, e por via da fotografia, e do projeto Música em DX, acabei por ficar mais envolvido com o meio. Cruzo-me diariamente com N projetos, portugueses ou estrangeiros, que acabo por ficar fã. Muitas vezes feito “stalker”, persigo esses projetos perguntando a já rotineira questão “então, e para quando coisas novas??”. A playlist seguinte reflete alguns dos projetos de que me recordo, fazem parte desta nova história onde vai-me faltar concerteza alguém por referir. Insch, Lotus Fever, First Breath After Coma, New Mecanica, Bed Legs, Keep Razors Sharp, The White Knights, The Parkinsons, Cheers Leaders, She Pleasures Herself ou The Quartet Of Woah! são alguns dos projetos musicais que se atravessaram pelo caminho, e que passei a seguir de forma recorrente. Eu diria que, para irem percebendo o que acompanho e faz parte da minha “playlist diária”, o melhor será passarem também a acompanhar o projeto Música em DX, do qual faço parte e me acompanham outros amigos com os mesmos gostos :)) (https://www.facebook.com/musicaemdx | http://www.musicaemdx.pt )

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