Mahogany – Bran Morrighan https://branmorrighan.com Literatura, Leitura, Música e Quotidiano Mon, 28 Dec 2020 05:48:10 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.8.3 https://branmorrighan.com/wp-content/uploads/2020/12/cropped-Preto-32x32.png Mahogany – Bran Morrighan https://branmorrighan.com 32 32 [7 Anos Blogue Morrighan] Foto-Reportagem do Soundcheck, modo AAA, no Musicbox pelo Luís Macedo https://branmorrighan.com/2016/01/7-anos-blogue-morrighan-foto-reportagem_23.html https://branmorrighan.com/2016/01/7-anos-blogue-morrighan-foto-reportagem_23.html#respond Sat, 23 Jan 2016 15:29:00 +0000

Fotografias Luís Macedo

Nunca me senti tão orgulhosa e tão contente. Foi um aniversário em cheio no Musicbox e este tratamento fotográfico, tanto aqui como na reportagem dos concertos, está brutal. Obrigada, Luís! És o maior! 

Texto da noite: 

http://www.branmorrighan.com/2016/01/7-anos-blogue-morrighan-noite-que-nao.html

Foto-Reportagem do Luís Macedo: 

http://www.branmorrighan.com/2016/01/7-anos-blogue-morrighan-foto-reportagem.html

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[Texto Duarte Ferreira (MAHOGANY)] Uma espécie de entrada num diário que nunca se materializou https://branmorrighan.com/2016/01/texto-duarte-ferreira-mahogany-uma.html https://branmorrighan.com/2016/01/texto-duarte-ferreira-mahogany-uma.html#respond Thu, 21 Jan 2016 10:56:00 +0000 Fotografia Luís Macedo

Ora bem, desde que ouvi a house in iceland que fiquei com esta obsessão com o disco e com o trabalho do Duarte, tão amorosamente complementado com o apoio e suporte da Teresa. Não tenho tido tempo nenhum para entrevistas e para me dedicar ao que realmente gostava no que toca a interagir com os músicos, mas tive de arranjar uma maneira de continuar a ter a sua presença na primeira pessoa por aqui. MAHOGANY actuou no 7º Aniversário do Blogue, mas como poderão ler no seu texto, apesar de já terem passado uns bons meses da saída do disco, ele não costuma tocar muito. Sabia que ao convidá-lo para o Musicbox que o estava a tirar da sua zona de conforto e ainda mais quando começaram a surgir convites de entrevistas e o seu nome começou a aparecer em publicações que talvez ainda não tivesse aparecido. Desafiei-o a escrever sobre toda esta experiência. Logo no dia a seguir ao aniversário, ele também viajou para o Porto para mais um Label Day da Zigur Artists, por isso imaginei que houvesse muito para contar. Ele é meio tímido e ainda lhe custa encaixar a sua imagem no meio disto tudo, mas eu tenho para mim que é só o início. Fiquem então com o seu texto e, já agora, espreitem a bela entrevista que o Música em DX lhe fez: http://www.musicaemdx.pt/2016/01/21/descoberta-mahogany/

Uma nota prévia. A Sofia, a aproveitar que sou novo nestas andanças de músico que dá concertos e tudo, propôs um texto sobre a minha experiência recente e, como é difícil dizer-lhe que não, apesar de não achar que tenho muito para dizer, aqui fica. Considerem o que se segue uma espécie de entrada num diário que nunca se materializou.

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Com o aniversário do blogue da Sofia na sexta em Lisboa e o Label Day da ZigurArtists no sábado no Porto, o fim-de-semana que passou foi inédito para mim. Quando me sentei no quarto (então, em casa dos meus pais) para gravar o que acabou por ser ‘a house in iceland’, os concertos não faziam parte da equação – o objectivo era a viagem do álbum, dar som a imagens e questões, não mais. Na verdade foi preciso que o António M. Silva da Zigur me convencesse a tocar ao vivo, com alguma insistência amistosa.

Conto com uma mão cheia de concertos (exactamente) e isso ainda me faz confusão. Não evito os nervos, que na primeira vez dei por eles só no dia da actuação, mas que desta vez me roubaram o sono durante a semana. O calo há-de vir, dizem-me e acredito, mas a ideia de perder os nervos por completo também assusta um pouco, que com estes vá o entusiasmo. É uma experiência curiosa tocar ao vivo, em grande parte porque espaço que tornava anónimo quem ouve a minha música desaparece. De um momento para o outro estou num palco (maior ou menor) que acarreta uma distância e um destaque inevitáveis e que me expõe num projecto que fiz para mim e que quis que fosse de cada um em privado.

Mas tudo vale mais se for partilhado (usurpo, parafraseando, a epifania de Christopher McCandless) e tocar ao vivo tem-me ensinado isso. O prelúdio é incómodo, confesso, não tem como não ser – a exposição, os nervos, os inevitáveis desafios técnicos, as expectativas imaginárias que atribuo a quem está a assistir – mas há algo de especial em saber que alguém se prestou a deslocar-se para estar no concerto e a gratificação é enorme quando tudo corre bem (ou pelo melhor). 

Até agora seguiram-se elogios, mesmo quando me condeno por um ou outro prego – foi assim o balanço do fim-de-semana -, e fico feliz com a extinção da distância, abandonado o palco. Há quem se aproxime para agradecer, dar os parabéns e trocar dois dedos de conversa, o que é sempre simpático. E assim se conhece gente gira, gente que vai ficando dos concertos ou dos contactos com sites e blogues, fotógrafos… 

O ego, contudo, por muito que os elogios o engrandeçam, volta a  pequenino e confortável. Isto porque a mão cheia de concertos que dei foi sempre no seio da família Zigur (petit nom institivo) e é impossível sentir outra coisa que não deslumbramento quando confrontado de forma tão próxima e natural com projectos como O Manipulador, Cajado e daily misconceptions, e tantos outros, que admiro em palco e com quem partilho a viagem de carro de três horas com o porta-bagagens cheio, uma guitarra ao colo e uma mochila aos pés. Não se distingue a pessoa do músico e é reconfortante saber que assim o é.

E, por todas as histórias macabras que se ouvem deste mundo, só me deparei com boas pessoas – os técnicos de som, em particular, parecem ter uma genética incomum que os torna uns tipos bem-dispostos e à maneira. Há toda uma lista de malta, “heróis anónimos” que organizam, promovem e montam festas como a de sexta-feira e Label Days, como o de sábado, e que não recebem aplausos, a quem basta a festa bem feita e o (merecido) eterno agradecimento dos músicos. Tocar ao vivo levou-me a conhecer pessoas novas, pessoas que de outra forma admiraria à distância ou, na pior das hipóteses, não viria a conhecer sequer. Permanecem o incómodo e a maravilha lado a lado. Acho que tenho de agradecer ao António pela insistência. Mais concertos virão, mais músicas (idealmente, mais um álbum) e aventuras. Vou ficando com as histórias para quando for velho me lembrar.

Duarte Ferreira

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[7 Anos Blogue Morrighan] A noite que não se repetirá, no Musicbox Lisboa https://branmorrighan.com/2016/01/7-anos-blogue-morrighan-noite-que-nao.html https://branmorrighan.com/2016/01/7-anos-blogue-morrighan-noite-que-nao.html#respond Tue, 19 Jan 2016 10:57:00 +0000 Fotografia Luís Macedo

Estão a ver esta cara embevecida, meia tola, mas completamente sincera? Pois bem, foi assim o início do 7º aniversário do blogue no Musicbox Lisboa. Sinceramente, acho que também resume muito de toda a emoção que tem sido esta aventura. Muitos me dizem que estou muito bonita, sorriso genuíno, etc e tal, mas quando olho para esta fotografia vejo mais do que isso. Vejo o cansaço orgulhoso e feliz de quem deu mais um passo, de quem superou mais um desafio, de quem se sente realizada e ao mesmo tempo admirada. Organizar um aniversário está longe de ser aquela coisa bela e singela de marcar uns concertos e está a andar. Há muito trabalho por trás e se a divulgação chegou onde chegou, incluindo jornais e revistas, foi porque outras pessoas acharam que valia a pena e me ajudaram neste percurso. Sinto-me muito, muito grata, não só aos artistas por terem aceite um convite muito sincero e desprovido de qualquer interesse lucrativo, mas também a cada um que me apoiou e os apoiou a eles também. É assim que quero começar este post, com um MUITO OBRIGADA a quem teve dedo nesta festa. Sou eu que dou a cara, mas cada contributo foi fundamental. 

Uma certeza eu tenho, foi uma noite que não se repetirá. É daquelas certezas que tenho em mim pois ao ter juntado estas pessoas todas numa única noite, sei também, mais coisa menos coisa, o que significou para cada um deles, mas acima de tudo sei o que significou para mim. Ver o MAHOGANY subir a um palco em que o público lhe era maioritariamente desconhecido pela primeira vez foi um orgulho imenso. É claro que ele já havia actuado noutros locais, mas normalmente o palco era mais num tom mais familiar, amigos ou conhecidos por perto. Projectos acústicos no Musicbox é sempre um risco, mas ele saiu-se lindamente. Fiquei honestamente admirada com o silêncio que se fez sentir a maior parte do tempo. Aliás, se um burburinho começava e o Duarte cantava, automaticamente se calava tudo. A sua voz é realmente mágica e tem a capacidade de nos transportar. Pami, se leres isto, o Duarte dedicou uma canção à tua partida para a Suécia. Confesso que verti uma lágrima e tenho saudades tuas. É isto.

Coração quente com MAHOGANY, foi a vez de aquecer a imaginação e desafiar os limites do que é possível fazer com um baixo com O Manipulador. O nome diz tudo e o Manuel Molarinho não só manipula baixo, pedais e distorções, como tem uma voz sonante, que tanto é instrumento como mensageiro e que conjugando com a estética projectada contra uma cortina que o esconde torna tudo mais intenso e curioso. Já o tinha visto a actuar, mas sem a cortina. Se por um receei que esta criasse um certo distanciamento em relação ao público, por outro a magia que foi operada através das projecções do Eduardo compensaram totalmente. Foi como se através daquele cenário – as imagens projectadas por cima do Manuel numa espécie de ambiente 3D – as diferentes camadas e texturas fizessem projectar emoções que variavam no espectro da intensidade e da luminosidade. Disposições mais sombrias ou mais despertas, bonito bonito foi terminarmos com covers de PJ Harvey e Dead Combo. Mais uma actuação que me deixou imensamente orgulhosa e que tem tido um feedback brutal por parte dos presentes.

Na verdade, toda esta noite foi um orgulho. Chegada a última actuação, já imaginaram o privilégio de ter mais de 10 músicos já consagrados a colaborarem num concerto sem igual? Ainda estávamos no soundcheck quando tive o direito a assistir a uma jam com os músicos Rodrigo Gomes, Sebastião Teixeira, Rui Maia, Cut Slack, João Pascoal e Nuno Sarafa, que deu para arrepiar e querer obrigá-los a formar uma banda nova! Quando as duas primeiras actuações terminaram e os Thunder & Co. subiram ao palco, tive a certeza que esta noite não podia terminar de melhor maneira. Dito e feito. Num tom crescendo, com os convidados a passarem pelo palco, assistimos a momentos únicos. Os D’Alva chegaram mesmo a tocar duas das suas músicas – #LLS e Frescobol -, tivemos também Ruby Went Out Dancing, de Mirror People, numa performance recheada de músicos talentosos e numa harmonia espectacular. Houve ainda tempo para improviso e para a Maria do Rosário arrasar com a sua belíssima voz e terminou-se com uma O.N.O. a várias vozes, com praticamente toda a gente em cima do palco. Foi bonito, foi único, foi uma comunhão e companheirismo no gosto pela música que me fez sentir muito orgulhosa e babada. Também o reconhecimento e carinho por parte dos músicos contribui para o sentimento de tudo fazer sentido, de bater tudo certo, de que a noite correu como tinha a correr.

Dados os estilos tão diferentes de uns projectos para os outros, acredito que não tenha havido um consenso de adoração de todos em igual modo, mas para mim só fazia sentido assim. Mostrar que temos músicos cheios de talento e que existe muita diversidade, com qualidade, entre eles. Algumas reportagens já começaram a sair, hei-de divulgá-las todas, mas quero destacar a primeira reportagem completa que me fizeram chegar, com texto e fotografias, pelo carinho e reconhecimento com que a noite é retratada: http://www.musicaemdx.pt/2016/01/18/7o-aniversario-bran-morrighan/

Muito obrigada à Eliana e ao Luís por terem estado presentes e por todo o apoio que me dão através destas palavras. Também existe uma reportagem fotográfica que já me fizeram chegar e que deixo já aqui também. São fotografias do Lúcio Roque para a Punch! https://goo.gl/RWDvUT

Também a fotógrafa de excelência, Rita Carmo, esteve presente, com alunos seu em workshop e também o trabalho deles será divulgado. 

Só para vossa delícia, deixo-vos aqui quatro amostras de fotografias tiradas pelo incansável Luís Macedo, que voltou a fazer a reportagem fotográfica completa do aniversário, sendo que a última dá para perceber as figuras (completamente sóbrias) que aconteceram ao longo da noite. Brevemente publico a galeria completa do Luís que merece os maiores elogios pela fantástica pessoa que é, por ser sempre tão disponível e tão genuíno no que faz. É uma honra ter tanto este aniversário como o do ano passado retratado pela sua lente. Deixo-vos aqui o seu facebook: https://goo.gl/c6Al2x 

Esta semana anuncio o festão que irá acontecer no Porto, cidade do coração, em tom de eco à que aconteceu em Lisboa, cidade do berço. Os projectos que irão tocar lá são todos emergentes e são todos uma aposta minha para 2016. Fiquem atentos! Mil beijos a todos os que estiveram presentes, aos meus amigos incansáveis que não perdem uma noite que eu organize, aos novos amigos que têm surgido pela partilha da paixão pela música, obrigada a todos, sem excepção.

FOTO-REPORTAGEM COMPLETA

http://www.branmorrighan.com/2016/01/7-anos-blogue-morrighan-foto-reportagem.html

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HOJE! 7º Aniversário no Musicbox Lisboa! https://branmorrighan.com/2016/01/hoje-7-aniversario-no-musicbox-lisboa.html https://branmorrighan.com/2016/01/hoje-7-aniversario-no-musicbox-lisboa.html#respond Fri, 15 Jan 2016 14:24:00 +0000

Meus amores, as portas abrem às 22h e os concertos VÃO MESMO começar a horas! Espero que não se atrasem e que tragam muitos sorrisos e anca solta. Vai ser lindo! Acompanhem os desenvolvimentos no evento do Facebook aqui:

https://www.facebook.com/events/1678603209049457

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[7 Anos Blogue Morrighan] Antevisão, dos Thunder & Co, do concerto de Sexta-feira, no Musicbox Lisboa, e outras coisas https://branmorrighan.com/2016/01/7-anos-blogue-morrighan-antevisao-dos.html https://branmorrighan.com/2016/01/7-anos-blogue-morrighan-antevisao-dos.html#respond Wed, 13 Jan 2016 19:43:00 +0000

Post curtinho, mas com notícias muito boas! Quero agradecer a todas as entidades que têm divulgado o aniversário do blogue e que até têm recomendado respectivos concertos. Muito obrigada a quem está a fazer com que tudo isto seja possível e um obrigada à FestMag por ter mostrado interesse no evento e ter publicado já hoje uma antecipação ao concerto dos Thunder & Convidados, pela voz do Rodrigo Gomes. Amanhã o Música em DX vai estar com MAHOGANY! Ficam aqui alguns links:

Parceiros Media



Cartaz Completo


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[Playlist da Quinzena] 1 a 15 de Janeiro de 2016 – Duarte Ferreira (MAHOGANY) https://branmorrighan.com/2016/01/playlist-da-quinzena-1-15-de-janeiro-de-3.html https://branmorrighan.com/2016/01/playlist-da-quinzena-1-15-de-janeiro-de-3.html#respond Fri, 01 Jan 2016 15:00:00 +0000 Fotografia Teresa Perdigão

Já estava na altura do Duarte partilhar connosco as suas preferências musicais. O seu disco, a house in iceland, foi para mim um dos discos do ano e vai ser também convidado de honra no 7º Aniversário do blogue que se irá realizar precisamente dia 15 de Janeiro no Musicbox Lisboa! Ele e a sua Teresa são das pessoas mais simpáticas e queridas que conheci em 2015 e é para mim um orgulho enorme poder fazer um bocadinho parte da sua história enquanto músico. Apareçam dia 15, tenho a certeza que vai ser um concerto lindíssimo! Obrigada Duarte, pelas tuas escolhas. Estão a saber mesmo bem neste primeiro de Janeiro tão cinzento! Para seguirem o Duarte e toda a sua actividade artística já sabem, o clássico like na página de Facebook: https://www.facebook.com/mahoganysounds/ Como eu gosto mesmo muito do disco dele, deixo-vos também o link para tudo sobre o mesmo aqui: http://www.branmorrighan.com/search/label/Mahogany

Fool – Cat Power

Talvez um pouco carregada para começar a lista, mas aqui vai. Quando morremos não levamos nada connosco – os faraós estavam errados – e Cat Power lembra-nos deste facto de uma maneira ominosamente bela. Não sou grande fã das músicas mais orquestradas de Cat Power, mas fico rendido com aquelas em que se fecharmos os olhos somos transportados para um bar meio vazio, com fumo de cigarro no ar em que ela ocupa sozinha o palco com uns quantos copos de whiskey no sangue. Entre estas, Fool é rainha.

Will Is My Friend – Devendra Banhart

O que pode parecer fruto de uma bebedeira ou moca a altas horas da noite numa casa com músicos e equipamento de gravação, é uma das melhores faixas de Rejoicing in the Hands (2004). Na verdade, pelo meio de versos que parecem divagações aleatórias de alguém intoxicado, encontram-se prazeres simples e poéticos, como o sorriso de um limeiro, o som da brisa, e a certeza de que Will canta como John a caminho da Califórnia. Curiosamente, se ouvirem isto com o humor certo, tudo acaba por fazer sentido.

Cuba 1970 – Dead Combo

Acho que basta dizer que esta música tem uma pinta dos diabos. Quando comecei a ouvir Dead Combo foi, por feliz coincidência, a altura em que as palavras me escasseavam e os instrumentais fluíam com maior facilidade. Este álbum só saiu uns anos mais tarde, mas, como disse no início, esta música tem uma pinta dos diabos.

Você Diz Que O Amor Não Dói – Marcelo D2

“Cê já amou como se não houvesse amanhã, aquele amor que quando bate ‘cê perde o medo da morte?” Esta abertura diz tudo, parece-me (e aquele xilofone…).

Just Like You – Chromatics

Descobri esta música a ouvir a Radar, numa noite em que, por mais voltas que desse, não havia maneira de encontrar um lugar para o carro. Acabei por estacionar graças a uma pessoa daquelas que, por razões incompreensíveis, decidem sair de casa à uma da manhã num dia de semana. Apesar das horas e de estar estacionado, fiquei a ouvir a música até ao fim. O que posso dizer é que há algo de mágico em ouvir esta música a ver as gentes da noite da Praça do Chile. É como se estivesse no filme Taxi Driver.

Silence – Matisyahu

Esta música de Matisyahu dá para qualquer altura, qualquer humor. Em tempos em que a confusão tremenda entre política, religião, terrorismo e valores morais resulta num daqueles daqueles batidos todos trendy com péssimo aspecto, Silence é um copo de água – limpo, um regresso ao básico. Talvez não tenha nada para quem rejeita qualquer noção espiritual/religiosa ou pertença à cientologia (não sei, teria de confirmar), mas a composição é de uma sensibilidade fenomenal e a letra de uma humildade tremenda. “Crush my fantasies of how this life is supposed to be” e “Your silence kills me; I wouldn’t have it any other way”.

One More – Elliphant feat. MØ

Este é um excelente exemplo de um vídeo que amplia a música que ilustra. Elliphant dá voz a uma geração sem rumo com a ajuda de MØ, cujo LP No Mythologies to Follow dá a entender que partilha a mesma opinião. O giro é que em vez de se queixarem, tanto Elliphant como Mo abraçam esse fatalismo da decadência e do consumismo (quase sinónimos) e encontram conforto naquele espaço entre a moca e a ressaca.

Hereditário – Sam the Kid

Há algo de bastante especial em Sam the Kid e, na minha opinião, Hereditário é um exemplo perfeito disso. Não há “bling bling” nem “Pimp my Ride” nem “MTV Cribs”, Sam é Sam e é isso que está patente em todos os álbuns que lançou, tenham sido gravados no quarto mágico em Chelas ou num estúdio. É rap honesto, Sam de casa para a rua para os ouvidos de quem os tenha atentos. Apesar dos pontapés na gramática, que o próprio admite dar (sem preocupação maior), guarda uma cultura e uma sensibilidade invejáveis que o tornam capaz de criar gemas na forma de beats com samples de José Cid. Sam the Man!

Sr. Presidente – Dillaz

Incluo Dillaz em jeito de menção honrosa. Longe vão os tempos em que rap e Hip-Hop eram coisa de morador do gueto lisboeta ou da Invicta. Há mais bairros por esse Portugal fora e muita mais malta com a queda para a rima. Dillaz é um exemplo, um bom exemplo. Por norma inclina-se para os beats mais melancólicos (ao jeito de 8 Mile), mas quando muda o registo consegue descatar-se com grande estilo. Sr. Presidente é um tal momento desses, em que evita cair na facilidade de despejar ofensas corriqueiras, optando por apresentar argumentos.

Wishing It Was You – K.Flay

Há desgostos amorosos e há desgostos amorosos. A primeira versão é Adele, que reflecte sobre os erros de uma parte e de outra, embora a existência de três álbuns sobre o assunto nos possa levar a imaginar que alguma coisa está a fazer de errado; a segunda é K. Flay, que só faz asneiras, bebe whiskey da garrafa, e acaba numa “friend zone” com benefícios, quando já não há paixão nem amor só aquela obsessão frustrante. É depressão com ginga.

The Cops – K.Flay

Ainda no tema de amor de cão, K.Flay leva-nos até ao lugar comum que todos conhecemos (quem diz que não ou está a mentir ou não viveu o suficiente). A verdade é que toda a gente já passou pela situação de The Cops, em que do outro lado existe uma pessoa que não tem pudor em aproveitar-se da paixoneta alheia para aliviar a carga sexual. “You’re making my will weak, you fuck with my head; Say you wanted me but you never wanted me, you wanted my hunger instead”. Por esta altura estou a passar a imagem de um tipo com queda para a depressão, ou então passo a pinta de sádico. Fica no ar…

Animals – Mountain man

Nascido e criado em Lisboa, tenho uma necessidade imensa de campo. À falta de um monte alentejano ou de uma casa perdida nos montes do Alto Minho ou do Alto Douro, é a músicas como esta que recorro. Basta fechar os olhos e sinto o bom frio do Inverno, aquele ar leve sem o peso do monóxido de carbono e nada nem ninguém à volta. As Mountain Man acabam por ser uma espécie de vozes do bosque.

Lippy Kids – Elbow

Tudo o que me encanta nos Elbow está presente em Lippy Kids: o aconchego das composições, o sotaque honesto, a poesia genuína, o arranque imediatamente contido e o romantismo incurável de um idealismo quase melancólico. Esta receita funciona surpreendentemente bem em qualquer altura do ano, seja com manhãs de Primavera, sonhos de Verão, tardes de Outono ou com o espírito do Natal.

Strangers – The Kinks

Do tempo em que as plateias dos concertos se acendiam com isqueiros em vez de luzes eléctricas de telemóvel, Strangers é, para mim, o prenúncio do fim do movimento hippie, talvez sem o saber. A letra aponta para um fim de um caminho e a necessidade de escolha de outro que é ainda uma incógnita e sem qualquer guia (pelo que a nota inicial dos isqueiros e dos telemóveis até se adequa). Podia dissecar aqui a letra de uma ponta à outra, mas basta deixar o belíssimo verso “if I live too long I’m afraid I’ll die”.

Cicadas And Gulls – Feist

Feist canta e, de repente, tudo está bem. Cicadas and Gulls, tanto quanto percebo, é sobre Leslie Feist a nu com a sua cara metade, e eu imagino a lareira acesa numa casa de campo, mas isso já sou eu. O que me faz escolher Cicadas and Gulls não é tanto o assunto, ou a elegência com que expõe uma relação sexual, mas o jogo de vozes. Feist tem letras mágicas, faz arranjos e composições instrumentais raramente previsíveis, mas é a voz (que desconfio ser na verdade um instrumento de sopro feito de madeira) que me deixa rendido e me alimenta esta paixão platónica.

Águas de Março – Tom Jobim

Na minha opinião, a melhor versão é a que Tom Jobim canta sozinho (embora Elis Regina não faça má figura). Para dificultar as coisas, há versões ao pontapé desta música e não faço ideia a que álbum pertence a minha predilecta. Para, quem como eu, nunca foi às terras do Corcuvado, a bossa de Jobim é o Brasil, num português que canta sozinho, malandro e intelectual.

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[7 Anos Blogue Morrighan] Festa de Aniversário no Musicbox, dia 15 de Janeiro com THUNDER & Convidados, MAHOGANY e O Manipulador https://branmorrighan.com/2015/12/7-anos-blogue-morrighan-festa-de-2.html https://branmorrighan.com/2015/12/7-anos-blogue-morrighan-festa-de-2.html#respond Tue, 22 Dec 2015 08:25:00 +0000 Cartaz por Marta Banza

Eis que posso finalmente colocar o cartaz cá fora! O Musicbox recebe, pela segunda vez, uma Festa de Aniversário do BranMorrighan e à semelhança do que aconteceu no último aniversário voltamos a ter um leque de artistas muito especial. Acho que só assim faz sentido, apresentar projectos que de alguma maneira me marcaram, que tê-los conhecido contribuiu para que me sentisse mais rica musicalmente e pessoalmente. São três projectos que descobri em 2015 e que se tornaram muito especiais para mim, cada um à sua maneira. 

A noite vai começar com MAHOGANY, cujo disco de estreia – A House in Iceland – é dos mais bonitos que já ouvi. Todo o ambiente musical, os pormenores familiares, a proximidade calorosa da sua voz em comunhão com a guitarra conquistaram-me à primeira audição. Vê-lo ao vivo foi a confirmação de que não faria sentido comemorar mais um aniversário sem a sua presença e estou ansiosa por partilhar esse momento convosco.

Segue-se O Manipulador, um dos projectos do incansável Manuel Molarinho, foi outro projecto que conheci este ano graças ao Split EP que lançou com Daily Misconceptions e que, mais uma vez, na performance ao vivo superou qualquer expectativa. A magia que opera com o seu baixo, a forma como, literalmente, manipula os pedais que traz consigo e ainda a forma como veste a sua música com projecções, fazem de O Manipulador um projecto singular.

São dois projectos da label Zigur Artists, com pessoas extraordinárias e cheias de talento. Estou muito contente por tê-los presentes neste dia e tenho a certeza que não vos vão desiludir. 

Outra coisa que para mim faz sentido, dado todo o trabalho que vou desenvolvendo aqui no blogue, é ter um concerto no aniversário que de outra maneira não aconteceria. Olhando para todos os projectos com que fui interagindo ao longo de 2015, quando esta ideia surgiu fez todo o sentido e acredito que vamos assistir a um espectáculo único e que ficará na memória dos presentes.

Quem vai fechar a noite de concertos são os THUNDER & Convidados, tendo como base Rodrigo Gomes e Sebastião Teixeira dos Thunder & Co. com convidados especiais que tratarei de apresentar daqui a pouco. Os Thunder & Co. são uma das bandas que mais se destacou em 2015. Nociceptor, o disco de estreia, é para mim um dos discos do ano (à semelhança dos outros dois que mencionei) e por isso acho que a noite não podia terminar de melhor maneira. É música de dança “lamechas”, segundo eles, mas também é música de dança que nos conquista, que nos eleva a outra dimensão tanto sonora como estética. Prova disso são as várias nomeações de que têm sido alvo e ainda o mais recente destaque ao vídeo do single N.I.K. Mais uma vez, a experiência de os ver ao vivo fez-me ter a certeza que não só o trabalho que apresentaram é bom, como a forma como o apresentam vale a pena. E no dia 15 vamos ter o essencial de Thunder & Co. mas também vamos ter muito mais. Vamos ter em palco (por ordem alfabética) os seguintes artistas de luxo:

Alex D’Alva Teixeira (D’Alva)

Ariel Rosa (Boss AC)

Ben Monteiro (D’Alva)

Carol B (D’Alva)

Frederico Costa (Cut Slack)

João Pascoal (The Happy Mess)

Maria do Rosário (Mirror People)

Nuno Sarafa (X-Wife)

Rui Maia (Mirror People)

Brevemente farei um post dedicado a cada um dos espectáculos em que no caso de Thunder & Convidados será falado em mais detalhe de cada um dos projectos, como bem merecem.

Estou convicta que vai ser uma noite única. Sei que são géneros completamente diferentes, sei que provavelmente os ouvintes de umas bandas não seriam de outras, mas tenho para mim que vai funcionar muito bem e que haverá gente a sair dali surpreendida e com uma maior diversidade musical na sua biblioteca.

Por último, um muito, muito, muito obrigada à Marta Banza pelo belíssimo cartaz para esta noite! Também podem ler mais sobre o trabalho dela aqui.

Deixo-vos com os links para poderem ouvir cada uma das bandas e bilheteira! Marquem na agenda: 15 DE JANEIRO! Bilhete 7€! Até já.

BILHETES:

http://bol.pt/Comprar/Bilhetes/32654-thunder_convidados_mahogany_o_manipulador-musicbox/

EVENTO FACEBOOK:

https://www.facebook.com/events/1678603209049457/

MAHOGANY

http://www.branmorrighan.com/search/label/Mahogany

https://www.facebook.com/mahoganysounds

O Manipulador

http://www.branmorrighan.com/search/label/O%20Manipulador

https://www.facebook.com/omanipulador/

Thunder & Co.

http://www.branmorrighan.com/search/label/Thunder%20%26%20Co.

https://www.facebook.com/ThunderAndCo/

Boss AC

https://www.facebook.com/BossACoficial/

Cut Slack

https://www.facebook.com/CutSlack/

D’Alva

https://www.facebook.com/somosdalva/

Mirror People

https://www.facebook.com/mirrorpeoplemusique/



The Happy Mess

https://www.facebook.com/thehappymess/

Musicbox Lisboa

https://www.facebook.com/MUSICBOXLISBON/

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[Queres é (a) Letra!] Especial Exclusivo – Mahogany – a house in iceland – the soul’s journey to the intelligible place https://branmorrighan.com/2015/04/queres-e-letra-especial-exclusivo_14.html https://branmorrighan.com/2015/04/queres-e-letra-especial-exclusivo_14.html#respond Tue, 14 Apr 2015 14:46:00 +0000

No Queres é (a) Letra! anterior, limitei-me a uma única palavra – Esperança. Acontece que essa música, a house in iceland, é tão bela e tão cheia de uma visão que qualquer um gostava de ter como memória sua, que me pareceu desapropriado tentar acrescentar mais a algo que já diz tanto. E, sem darmos por isso, já estamos na última música do disco. Já tenho saudades, confesso. the soul’s journey to the intelligible place dita o fim desta viagem, relembrando-nos que a criatividade é algo inerente ao ser humano acabando com um despertar para o que verdadeiramente nos rodeia, não nos limitando àquilo que apenas aparenta ser. Acabo voltando a dizer – este é um dos discos mais bem conseguidos de sempre na música portuguesa. 

Frank Lloyd Wright – Man is a phase of Nature, and only as he is related to Nature does he matter, does he have any account whatever above the dust. And man, in a sense of a good Philosophy, he is inevitably creative.

(…)

you’ve seen them dancing to their song

always right and never wrong

they’d said look and you’d behold

from a young age; now you’re old

thinking you have seen it all

but all you’ve seen where shadows on the wall

look away

break the chains

break the mould

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[Queres é (a) Letra!] Especial Exclusivo – Mahogany – a house in iceland – a house in Iceland https://branmorrighan.com/2015/04/queres-e-letra-especial-exclusivo_13.html https://branmorrighan.com/2015/04/queres-e-letra-especial-exclusivo_13.html#respond Mon, 13 Apr 2015 11:56:00 +0000

Esperança.

would you come away with me to my house in iceland

i’ll build it stone upon stone in the cold harsh plains of Iceland

we’d go out and we’d look around, we’d find no one there

as far as we could see we’d be the only ones in iceland

so bring your books ‘cause you can read them there, in our house in iceland

i will play for you as i do here, with love, but in iceland

and we’ll find new colours in the sky come the winter time

when the sun is shy and hides low, below the sea line

and when we’re old and we’re tired and we’re bent to our knees

i won’t take no one’s word, I’ll just know that we’ll have lived our lives free

from all there is here, all this misery and poverty; just old my hand

look into my eyes you won’t find a happier man

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[DESTAQUE] HOJE – Um ao Molhe, no Bartô, com Tales and Melodies, Mahogany e John Curllin https://branmorrighan.com/2015/04/destaque-hoje-um-ao-molhe-no-barto-com.html https://branmorrighan.com/2015/04/destaque-hoje-um-ao-molhe-no-barto-com.html#respond Sat, 11 Apr 2015 11:01:00 +0000

O festival itinerante Um ao Molhe continua a viajar pelo país e hoje voltam a Lisboa, ao Bartô do Chapitô! Vamos ter John Curllin e os já nossos conhecidos Mahogany e Tales and Melodies. Os concertos começam pelas 22h é aparecerem e fazerem a festa! 

Sobre Tales and Melodies:

http://www.branmorrighan.com/search/label/Tales%20and%20Melodies

Sobre Mahoganyhttp://www.branmorrighan.com/search/label/Mahogany

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