Marcelina Gama Leandro – Bran Morrighan https://branmorrighan.com Literatura, Leitura, Música e Quotidiano Mon, 28 Dec 2020 00:19:49 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.8.3 https://branmorrighan.com/wp-content/uploads/2020/12/cropped-Preto-32x32.png Marcelina Gama Leandro – Bran Morrighan https://branmorrighan.com 32 32 Entrevista a Marcelina Leandro, Escritora e Editora Portuguesa https://branmorrighan.com/2013/01/entrevista-marcelina-leandro-escritora.html https://branmorrighan.com/2013/01/entrevista-marcelina-leandro-escritora.html#comments Wed, 23 Jan 2013 15:22:00 +0000 Hoje trago-vos mais uma entrevista, desta vez a Marcelina Leandro. Tomei contacto com a Marcelina através de um ou outro conto que li seu e por esta também ser editora da Fanzine Fénix. Gostei muito desta entrevista, principalmente por a Marcelina ser uma pessoa que luta em várias frentes e que tem uma visão que me agrada sobre os assuntos abordados. Conheçam mais uma pessoa que não só se vai aventurando no mundo da escrita, como tenta dar oportunidade a outros. Obrigada Marcelina pela disponibilidade e simpatia.

PS: Brevemente teremos passatempos para os números 1 e 2 da Fénix Fanzine!

Fala-nos um pouco sobre ti:

Nasci na Alemanha em 1983 e regressei aos 9 anos à terra dos meus pais, Vila do Conde, terra de Régio, Eça e Antero e do recente autor Hugo Mãe. As diferenças eram enormes e a alteração da língua principal acarretou uma reformatação do modo de pensar e a aquisição de novos conceitos. Os anos subsequentes foram como a da maioria da gente da minha idade. Secundário, Universidade, Investigação e depois o mundo do trabalho. O prazer de ler foi sempre uma constante e recentemente a escrita veio completar o ciclo.

Enquanto escritora, como caracterizas o teu ritmo e estilo de escrita?

Ainda estou a descobrir-me como escritora. Escrevo há muito pouco tempo, não, não comecei a escrever romances aos seis anos, e ainda não tenho nenhum estilo que me caracterize. Para já escrevo contos, e gosto, por isso vou continuar por este caminho. Tenho contos de terror, steampunk, fantástico português e ficção científica, por isso, não poderei caracterizar com poucas palavras os meus trabalhos.

Acima de tudo divirto-me enquanto escrevo, e estou a evoluir, o que para mim, neste momento é o mais importa. Não penso em publicar romances e tenho os pés bem assentes na terra, vivo da informática e a escrita é uma paixão.

Quais as tuas influências?

Curiosamente nem tento pensar nas minhas influências; quanto mais gosto de uma obra, “A estrada” de Cormac McCarthy, “1984” de George Orwell, ou “Admirável Mundo Novo” de Aldous Huxley, mais eu me afasto desse género porque as comparações seriam inevitáveis mas também seriam deprimentes. Gostaria de um dia conseguir escrever algo tão cativante como o Farenheit, ou algo com a fabulosa inteligência do Matadouro 5, mas não penso neles quando escrevo.

Qual o género de que mais gostas de ler e escrever?

Quanto aos meus gostos de leitura, é mais fácil de responder, gosto de distopias, ficção científica e fantasia. Sou normalmente muito crítica nos livros de fantasia que leio. É muito fácil escrever fantasia, mas torna-se difícil escrever boa fantasia. E claro, depois transporto isso para a minha escrita. Dentro do que escrevo, ficção científica e o “fantástico português” são os temas mais frequentes.

És editora da Fénix, juntamente com outras pessoas. Em que é que consiste este projecto?

A ideia da Fénix surge entre 2009 e 2010, numa altura em que as revistas não abundavam como acontece agora. Criou-se um grupo de pessoas interessadas em participar, que iriam rodar no papel de editores. Neste momento o grupo Fénix é constituído por cinco, eu e o meu marido, Álvaro de Sousa Holstein, a Regina Catarino, o Ricardo Loureiro e o José Cunha. Já tivemos um editor convidado, o que poderá voltar a acontecer. Neste momento estamos no terceiro número da revista, onde fui a responsável pela edição e direcção. A frequência da fanzine, não é a desejada, mas a possível, esperamos sinceramente melhorar nesse aspecto.

Enquanto editora de uma fanzine portuguesa, quais é que são os maiores desafios que encontras?:

“Fazer” um fanzine tem de ser algo que se faça por gosto, ninguém fica rico, ou conhecido por isso. Fazemo-lo, porque queremos divulgar o género, os autores e estamos dispostos a aprender. É um processo de aprendizagem. Dificuldades há em quase tudo. É difícil arranjar ilustrações, porque os autores têm vários meios de publicitação e nem sempre estão dispostos a participar; não há tantas submissões como era suposto, nem a qualidade é a que por vezes queremos; os atrasos também são constantes em todo o processo, nas correcções e revisões, paginação, basicamente em tudo. É uma espécie de rito de passagem.

Muitos jovens autores procuram estas fanzines para começarem a aparecer no nosso mercado editorial. O que é que a experiência te diz sobre isso?

Acho que é onde os autores podem e devem apostar, quando a fanzine é feita com sinceridade. É um assunto que dá pano para mangas e uma discussão bastante interessante. Como autora já tive várias experiências, revistas que não respondem, revistas que não corrigem, que não nos dão opiniões ou sugestões de revisões. Chega a ser desmotivante. Mas como quem escreve por gosto não cansa, e não o faz para as revistas, continua-se e escrever, na mais das vezes para a gaveta, mas o importante é ter prazer no que se faz.

Da perspectiva de “editor”, onde a minha experiência é reduzida, na Fénix, melhoramos em muito a comunicação. Neste momento os autores não ficam sem resposta, o que achamos importante, e recebem opiniões ou sugestões de como poderão melhorar o que enviaram. Fica depois, sempre, ao critério do autor a sua aceitação ou não e como será compreensível, se o autor não concordar nas revisões, a última palavra será sempre a do o editor que tem de ponderar se o trabalho é ou não publicável apesar da “teimosia” do autor. Mesmo os não incluídos recebem criticas construtivas, ou por vezes não (afinal o gosto pessoal é um importante factor), de pessoas experientes e doutras menos experientes. Com uma equipa multifacetada (editores experientes, escritores e leitores) esperamos ajudar em alguma coisa os escritores que tem a coragem de submeter os seus trabalhos.

Qual a tua opinião sobre o mundo editorial português neste momento em relação a novos autores?

Não muito boa, para ser sincera. Entendo que uma editora é acima de tudo uma empresa e que para pagar ordenados, tem de ter lucro. Mas estamos a falar de livros, cultura e acho que as editoras não podem esquecer-se disso, se não serão apenas mais uma multinacional a vender ao quilo o que produz. As apostas em novos autores são quase nulas, em qualquer editora, o que acho um disparate. Haveria maneira de apostar nos novos nomes, sem perder dinheiro, uma ideia seria por exemplo, uma das grandes editoras (para ter peso), criar uma chancela para “ilustres desconhecidos” em que simplesmente publicava edições de 500 exemplares, em formato de bolso, a um preço acessível, de maneira a dar a oportunidade a autores desconhecidos. Apostando na qualidade e com edições com revisões “a sério”, eu acredito que haveria boas surpresas.

Que projectos tens em mente para um futuro próximo?

Ideias há sempre muitas, continuo a escrever regularmente e participo nos concursos para antologias, falo principalmente nas antologias brasileiras. Espero conseguir editar mais números da Fénix e haverá para breve algo novo, mas desta feita em formato digital e muito mais pequeno, mas para já não posso adiantar mais.

Pergunta da praxe: Já conhecias o blog Morrighan? O que achas dele?

Quem não conhece o blog da Morrighan? Muito activo e sempre actualizado, tem também iniciativas muito positivas, como esta, de publicitar jovens autores e projectos nacionais. Os meus parabéns por todo o trabalho nestes últimos quatro anos e espero que os próximos, sejam ainda melhores e obrigada por este convite em meu nome e em nome do Grupo Fénix.

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Opinião: Conto Fantástico #3 https://branmorrighan.com/2012/12/opiniao-conto-fantastico-3.html https://branmorrighan.com/2012/12/opiniao-conto-fantastico-3.html#comments Fri, 14 Dec 2012 19:36:00 +0000 Download Gratuitohttp://correiodofantastico.wordpress.com/2012/12/18/conto-fantastico-3-para-download-gratuito/

Após mais de dois anos de espera, finalmente temos mais uma edição do conto fantástico. Comparada com a edição conjunta #1 e #2, esta apresenta outro formato, tendo como conteúdo apenas contos. No editorial, Roberto Mendes explica o porquê de toda esta demora e do formato exclusivamente digital. E as boas notícias não ficam por aqui. O editor anunciou o seguinte “Os leitores poderão encontrar três a quatro contos a cada novo número, publicado de dois em dois meses. Seis números anuais!” Não é fantástico? Para nós, viciados neste género literário, é-o certamente e também para os autores que assim se (re)afirmam através destas publicações.

Passando à opinião do Conto Fantástico #3 propriamente dita, começo por dizer que a capa está muito gira! Não estando directamente relacionada com nenhum conto em específico, dá que pensar ao leitor e suscita a curiosidade sobre os contos publicados. De seguida, passarei aos mesmos.

A Biblioteca”, de Álvaro Holstein, é o primeiro conto com que nos deparamos. Este autor já é bem conhecido pelo público do género fantástico e ficção científica e o seu largo currículo não deixa margem para dúvidas de que é alguém que merece o nosso respeito e admiração. O seu conto está muito original. Temos o personagem principal que de repente se vê numa biblioteca muito estranha! Pessoa, Lovecraft, Borges, metáforas, anjos, entre tantos outros, ganham vida interagindo de forma insólita, deixando o nosso personagem confuso. Quando é obrigado a sair dessa biblioteca, o sentimento de vazio não poderia ser mais. A escrita está interessante e sem dúvida que o próprio conto é todo ele uma grande metáfora.

Fernando Lobo Pimental dá-me a conhecer pela primeira vez um escrito seu através de “O Hospital”. Neste conto somos confrontados com a problemática de indecisão nos seres pensantes, como se tal se tratasse de uma doença. Doença para a qual existe um determinado tratamento no Hospital dos Indecisos. O desenvolvimento do conto está bem estruturado e entretém o leitor até ao seu derradeiro final. Fiquei com vontade de ler mais coisas suas.

Zona F”, por Marcelina Leandro, foi uma agradável surpresa. O ambiente futurista que a autora cria, projecta automaticamente o cenário nas nossas mentes. Também o universo que parece estar subjacente ao conto é curioso. Sinceramente, no fim do conto fiquei com vontade de saber bem mais sobre aquele mundo, das manipulações genéticas e sobre a personagem principal – Lea. Lea trabalha  no centro de Pesquisa Espacial e por qualquer razão é adversa a andróides. Quando lhe aparece um para ela identificar a sua anómalia, fica reticente e quase com receio de se aproximar. A escrita de Marcelina lê-se com gosto.

Por fim, mas não menos importante, temos o conto “Crónicas Obscuras – A Despedida” de Vitor Frazão. O Vitor já não é, de todo, desconhecido nestas andanças. Quando vi que tinha um conto nesta edição, fiquei logo muito curiosa pois já não lia nada seu desde A Vingança do Lobo, o primeiro livro das Crónicas Obscuras. Mantendo-se fiel ao seu registo e ao mundo criado nas Crónicas, foi com bastante agrado que li este conto. A escrita do Vitor evoluiu bastante e o autor consegue manter a chama do mistério até ao fim.

Resumindo e concluindo, esta edição está de parabéns! Quatro contos completamente diferentes uns dos outros, originais e com qualidade.

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Opinião: Vollüspa – Antologia de Contos de Literatura Fantástica PARTE 3/3 https://branmorrighan.com/2011/12/opiniao-volluspa-antologia-de-contos-de_27.html https://branmorrighan.com/2011/12/opiniao-volluspa-antologia-de-contos-de_27.html#comments Tue, 27 Dec 2011 14:14:00 +0000

Opinião: O primeiro conto de fantasia chama-se “A Máquina” e é de Álvaro de Sousa Holstein. Está bastante giro. Um rapaz recebe uma estranha carta que diz que herdou, entre outras coisas, uma quinta no Douro. Quando lá chega, parece que os empregados adivinham sempre o seu próximo passo e estão sempre ao virar da esquina. Até que algo ainda mais estranho acontece. Começam a surgir cartas na máquina de escrever que lhe parecem bastante familiares, mas não sabe de onde. Gostei.

Continuamos com “A Queda” de Carla Ribeiro, um conto mais sombrio em que a personagem principal tem um sonho que se repete noite após noite. Começa acorrentado e acaba por se ver numa queda livre que termina numa sala cheia de espelhos. Trata-se de um jogo psicológico com uma entidade demoníaca. Sinceramente esperava algo mais original. Por já conhecer algumas obras da Carla, achei que era mais do mesmo.

O Último” é o terceiro conto da autoria de Joel Puga. O conto é pequeno, mas apesar disso está bem escrito e reflecte a insatisfação patente no ser humano em querer viver mais do que aquilo a que está destinado e por não se resignar em ter que ir para um céu ou para um inferno após a sua morte. Como tal, decide lutar contra tudo o que possa ser o esperado.

Segue-se Marcelina Gama Leandro com “A Sala“. Está um conto muito engraçado em que dois pequenos fogem para a biblioteca do avô à procura de novas histórias. E é com alguma surpresa que nos deparamos com a materialização das personagens dessas histórias. Penso que a escrita da autora pode melhorar um pouco. Por vezes parece que fica um pouco confuso. No entanto gostei da imaginação.

O penúltimo conto chama-se “Uma Questão de Lugar” e é do Pedro Ventura. Gostei muito deste conto. Apesar de ser consideravelmente mais extenso que os restantes, valeu a pena. A escrita do Pedro é bastante expressiva e consegue transmitir bastante bem as suas ideias. Neste conto temos a intercepção de dois mundos em que, independentemente das razões que os levaram a entrar em conflito, há algo que será sempre universal – o amor. É uma estória um pouco trágica, mas gostei muito.

Por fim temos “Vermelho” de Regina Catarino. Penso que está um conto pobrezinho. Apesar de estar bem escrito, acaba muito depressa e é um pouco vazio de conteúdo. Um idoso, com as suas capacidades cada vez mais reduzidas decide acatar às cartas da filha e parte para casa dela. Quando dá conta, vê uma coluna de pessoas a passarem e junta-se à mesma. Esta estaca perto do Mar Vermelho e um homem brame que quando disser têm que passar rápido… Ficou a saber a pouco.

Concluindo, está uma antologia engraçada, mas com uma grande disparidade de qualidade entre alguns contos. De alguns esperava mais, de outros fiquei agradavelmente surpreendida, mas acima de tudo acho que é uma iniciativa de louvar e que conta com todo o meu apoio. Parabéns Roberto por esta iniciativa.

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