Matt Haig – Bran Morrighan https://branmorrighan.com Literatura, Leitura, Música e Quotidiano Sat, 25 Sep 2021 18:58:39 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.7.1 https://branmorrighan.com/wp-content/uploads/2020/12/cropped-Preto-32x32.png Matt Haig – Bran Morrighan https://branmorrighan.com 32 32 [Diário de Bordo] Eu e o Livro do (Des)Conforto, de Matt Haig https://branmorrighan.com/2021/09/diario-de-bordo-eu-e-o-livro-do-desconforto-de-matt-haig.html https://branmorrighan.com/2021/09/diario-de-bordo-eu-e-o-livro-do-desconforto-de-matt-haig.html#respond Sat, 25 Sep 2021 18:58:38 +0000 https://branmorrighan.com/?p=25195

Matt Haig tornou-se um autor bestseller com Razões para Viver e O Mundo à Beira de um Ataque de Nervos. Entretanto lançou um romance e mais recentemente a Porto Editora lançou O Livro do Conforto. Este último é um livro dividido em quatro partes, cada uma das partes compostas por textos curtos, poemas, aforismos, citações e reflexões. Decidi criar uma entrada Diário de Bordo em vez de uma entrada de opinião, porque a verdade é que a minha opinião sobre este livro é mesmo muito pessoal.

A Sofia que leu Razões para Viver é uma Sofia um bocadinho diferente desta que agora pegou no Livro do Conforto (os meus dedos teimam em escrever desconforto e depois lá tenho eu de corrigir a tempo…). E digo isto porque a Sofia de hoje, eu mesma, apesar de não ter passado por nenhuma depressão profunda passou pela experiência de ter ataques de pânico de tal forma limitadores que começar a fazer psicoterapia se tornou na melhor decisão de sempre.

Passando agora para a primeira pessoa, acho que a minha dificuldade com este livro tem precisamente a ver com isso, com o facto de na minha experiência pessoal não me identificar com a forma como algumas coisas foram expostas ou abordadas. E porque isto é um dar e receber, quero também relembrar que já antes partilhei aqui parte da minha experiência com Saúde Mental, tópico que é importantíssimo que se fale cada vez mais sem preconceitos.

Também acho crucial fazer este disclaimer – cada experiência é uma experiência e o consolo que funciona para uns não tem de ser o mesmo que funciona para todos os outros. Com isto quero salvaguardar que não desprezo nem desvalorizo a experiência do autor, mas antes que o que ele considera motivacional para mim foi, por vezes, alienador ou redutor. Claro que nem todas as entradas provocaram este efeito. Gostei particularmente das entradas em que Matt Haig foi buscar personagens históricas, filósofos, o imperador Marco Aurélio ou a grandiosa Maya Angelou.

Talvez seja eu a ver uma leveza demasiado grande neste Livro do Conforto para o propósito proposto. Tendo-me já encontrado em situações completamente desconfortáveis, penso ter sentido que não seria a ler este livro que me iria sentir melhor. No entanto, não descarto a hipótese de ser um livro de bolso razoável para volta e meia o consultarmos e nos lembrarmos, então de forma leve, que a vida é mais que o ruído que criamos nas nossas próprias cabeças.

Ou seja, não há nada de errado com o conteúdo deste livro. Talvez seja apenas mais um livro de auto-ajuda, de alguém que realmente já partilhou a sua experiência e de quem sabemos ter legitimidade para expressar o que o ajuda a não estar no escuro. Confesso que talvez a tradução não me ajude a sentir mais empatia. Depois de passar tanto tempo a ler só em inglês, e sabendo as diferenças e o impacto que pode ter na expressão da língua, ler em português não só foi estranho como quase que parece reduzir um bocadinho a importância do conteúdo.

Dito isto, queria partilhar na mesma esta experiência de leitura para que caso um de vocês passe pelo mesmo não se sinta sozinho. Às vezes quando lemos autores bestseller, ainda para mais se gostámos de livros anteriores, existe a pressão de termos de gostar de todos e se dissermos o contrário que vamos parecer esquisitos. Mas hey, se há coisa em que concordo com Matt Haig é que cada um é como cada qual e não lhe tiro mérito nenhum.

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Opinião: O Mundo à Beira de Um Ataque de Nervos, de Matt Haig https://branmorrighan.com/2019/04/opiniao-o-mundo-beira-de-um-ataque-de.html https://branmorrighan.com/2019/04/opiniao-o-mundo-beira-de-um-ataque-de.html#respond Sun, 28 Apr 2019 12:19:00 +0000

O Mundo à Beira de Um Ataque de Nervos

Matt Haig

Editora: Porto Editora

Opinião Razões para viverhttp://www.branmorrighan.com/2016/04/opiniao-razoes-para-viver-de-matt-haig.html

OPINIÃO: Ler Matt Haig é sempre sinónimo de levar com uma dose de realidade pura e dura. Não tendo nada a ver um com o outro, a verdade é que sempre que leio Matt Haig lembro-me de Mark Manson. Este último tem um discurso muito mais duro e, até, sarcástico, mas a verdade é que ambos atacam questões pertinentes sobre a saúde psicológica de cada um. Depois de um livro arrasador, Razões para viver, a Porto Editora volta a editar Matt Haig com o livro O Mundo à Beira de Um Ataque de Nervos. No primeiro mergulhámos intensamente sobre a vida pessoal do autor, revivendo com ele a passagem do abismo da vontade de suicídio à vontade de voltar a viver. Neste segundo constatamos como é que o mundo extremamente online em que vivemos actualmente pode ser um factor de risco para recaídas, ou até mesmo caídas, psicológicas. 

Para quem já possa ter experienciado ataques de ansiedade, ataques de pânico, ou viva num sobressalto ansioso mais ou menos constante, este é mais um livro que nos faz sentir que não estamos sozinhos nesta luta. E dado ter o cunho bastante pessoal de Matt Haig, quer nos identifiquemos completamente com a sua postura quer não, as questões que levanta e as estratégias que apresenta são extremamente válidas. Cada um tens as suas sombras e cada um encara a ansiedade de maneira diferente, dando-lhe diferentes formas consoante os tormentos. O Mundo à Beira de Um Ataque de Nervos reforça como o facto de estarmos todos conectados como nunca, nos torna também mais solitários do que nunca. 

Nem de propósito, há pouco tempo vi um documentário sobre o efeito das redes sociais nas atitudes das pessoas. O documentário ilustrava, com casos reais, como muita gente simulava vidas que não tinham qualquer reflexo na vida real. Adolescentes deprimidos que se levantavam da cama e criavam cenários hipotéticos (como uma rapariga toda maquilhada pronta para sair com amigos ou um rapaz a fazer uma pose qualquer de masculinidade) para logo a seguir a tirarem uma fotografia e postarem no Instagram, voltarem para os seus pijamas, sofás/camas, completamente abatidos. Também recentemente li outra publicação que estudava como é que esta constante observação da vida dos outros e das (supostas) conquistas alheias aumentavam o sentimento de depressão e até tendências suicidas. 

Dito isto, acho que quem se sente afectado por estas circunstâncias de pressão online deve ler este livro. Eu própria tenho fases em que não suporto estar nas redes sociais. No meu caso pouco tem a ver com a vida dos outros, mas antes com o facto de a certa altura começar a sentir a tal pressão em estar online, em postar nas redes sociais, etc. etc., para ser dada como viva/válida perante os outros. Matt Haig passou/passa pelo mesmo. O que não faz sentido nenhum. Matt Haig chega a ilustrar uma situação em como um comentário que fez no Twitter, inicialmente completamente inofensivo, se tornou num incêndio grotesco que lhe tirou completamente o sono e o arrastou para um estado de ansiedade brutal.

Um dos maiores conselhos de Matt Haig, que eu suporto a 100% é ousarem andarem desligados das redes sociais. Para além de não fazerem publicações, pura e simplesmente não vejam feeds nenhuns. “Ah e tal, mas também vejo notícias, etc.” Seleccionem os sites de notícias que mais visitam e visitem-nos directamente em vez de ser através de uma rede feed de sítios da internet sem terem de cair numa rede social. Existem livros de auto-ajuda e depois existem livros de autêntica ajuda. O Mundo à Beira de Um Ataque de Nervos, de Matt Haig, é um dos que vale a pena. 

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Opinião: Razões para viver, de Matt Haig https://branmorrighan.com/2016/04/opiniao-razoes-para-viver-de-matt-haig.html https://branmorrighan.com/2016/04/opiniao-razoes-para-viver-de-matt-haig.html#respond Sun, 24 Apr 2016 20:54:00 +0000
Matt Haig

Razões Para Viver

Matt Haig

Editora: Porto Editora

Opinião: Depressão. Esse bicho de sete cabeças que ainda é alvo de um estigma imenso por ser considerada uma doença do foro mental. Os julgamentos, as incompreensões, o cepticismo e até alguma discriminação são lugares comuns quando se conversa sobre depressão ou se comenta que fulano X ou Y está deprimido. E muitas vezes esta expressão do “estar deprimido” tem um espectro tão enorme de intensidade que duas pessoas que se dizem sentir deprimidas podem estar a sentir abismos completamente diferentes. Já falei aqui no blogue algumas vezes sobre depressão, inclusive convidei um músico conhecido a falar sobre a mesma, enquanto alguém que sofre dessa doença e pode dar um testemunho pessoal e em discurso directo, e ao pegar neste livro voltei a confirmar que é necessário, cada vez mais, tentar falar deste doença como se fala de uma gripe ou de uma enxaqueca. 

O cérebro humano é extraordinariamente fascinante. O seu potencial é assombroso, mas impossível de prever com confiança. E essa imprevisibilidade acontece também quando algo não está bem. Às vezes sabemos a causa, uma lesão cerebral proveniente de algum incidente, por exemplo, mas na maioria dos casos os desequilíbrios parecem surgir de surpresa. É como acordar num dia normal, mas de repente ver tudo de maneira diferente. Mais sufocante, mais escuro, menos suportável. Matt Haig, de forma descontraída e num discurso franco e directo, coloca-nos na sua pele ao longo daquelas páginas provando que cada caso é um caso e que não há tal coisa como “só acontece aos outros”. O primeiro passo, mais importante e que demora muito tempo até que aconteça, é a pessoa aceitar que está doente, que não é pior pessoa por isso, que não é uma questão de ser fraco ou menos do que os restantes mortais, mas antes pegar em tudo e enfrentar, passo a passo, cada medo e fobia que surge. 

Não há dúvida que os amigos e a família são um elemento fundamental na vida de qualquer ser humano. Existe esta necessidade básica de dar e receber amor que acaba por ser a salvação em muitos casos. Com Matt não foi muito diferente e ele conta-nos como ao princípio os pais também o viam daquela maneira e ao mesmo tempo não sabiam bem o que fazer e como Andrea, a sua companheira, de uma maneira extraordinariamente forte, persistente e paciente, o fez sair da sua concha claustrofóbica. Fosse por exigência da vida, fosse porque realmente às vezes são necessárias pequenas provocações para que os pequenos passos comecem a ser dados. Mais, não nos podemos esquecer que a depressão não é propriamente uma doença que tenha cura, mas mais que se atenua e com a qual se aprende a viver. É uma doença que deixa marcas e que exige o esforço do seu portador de não se deixar sugar novamente para o vórtice obscuro. 

Gostei muito desta leitura. Não o considero uma verdade universal, porque por já ter testemunhado outros casos de depressão sei que para outras pessoas as consequências foram diferentes, mas admiro a forma como ele deixa isso em aberto e admite a cada momento que tudo o que ali diz tem a ver com o seu caso específico. E estes testemunhos reais são cada vez mais necessários para que os complexos desapareçam, para que a depressão possa ser debatida e até melhor compreendida tanto por profissionais como por quem tem alguém próximo nessa situação. É também importante despertar toda a gente para os sintomas de forma a que haja uma identificação/admissão mais rápida seja pelo próprio, seja sendo alertado por quem o rodeia. Recomendo.

Caminhamos com a nossa cabeça a arder, e ninguém consegue ver as chamas. (…) Os psicólogos evolucionistas são capazes de ter razão: se calhar os humanos desenvolveram-se demasiado. E o preço a pagar por sermos a primeira espécie com inteligência suficiente para ter plena consciência do cosmos pode muito bem ser a capacidade de sentirmos um universo inteiro de trevas a pesar sobre nós. 

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Citações Aleatórias #44 Matt Haig https://branmorrighan.com/2016/04/citacoes-aleatorias-44-matt-haig.html https://branmorrighan.com/2016/04/citacoes-aleatorias-44-matt-haig.html#respond Mon, 18 Apr 2016 17:54:00 +0000

Caminhamos com a nossa cabeça a arder, e ninguém consegue ver as chamas. (…) Os psicólogos evolucionistas são capazes de ter razão: se calhar os humanos desenvolveram-se demasiado. E o preço a pagar por sermos a primeira espécie com inteligência suficiente para ter plena consciência do cosmos pode muito bem ser a capacidade de sentirmos um universo inteiro de trevas a pesar sobre nós.


Matt Hain, Razões para Viver

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