Mitologia – Bran Morrighan https://branmorrighan.com Literatura, Leitura, Música e Quotidiano Sun, 10 Jan 2021 11:49:49 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.7.1 https://branmorrighan.com/wp-content/uploads/2020/12/cropped-Preto-32x32.png Mitologia – Bran Morrighan https://branmorrighan.com 32 32 CCB | Literatura e Humanidades – programação Setembro e Outubro 2014 https://branmorrighan.com/2014/07/ccb-literatura-e-humanidades.html https://branmorrighan.com/2014/07/ccb-literatura-e-humanidades.html#respond Thu, 10 Jul 2014 13:27:00 +0000

]]>
https://branmorrighan.com/2014/07/ccb-literatura-e-humanidades.html/feed 0
Evento Casa do Fauno: Os Celtas e o Legado Céltico https://branmorrighan.com/2014/03/evento-casa-do-fauno-os-celtas-e-o.html https://branmorrighan.com/2014/03/evento-casa-do-fauno-os-celtas-e-o.html#respond Sat, 29 Mar 2014 10:56:00 +0000

]]>
https://branmorrighan.com/2014/03/evento-casa-do-fauno-os-celtas-e-o.html/feed 0
[A Roda do Ano/Poema/Primavera] Poema para a Deusa Eostre https://branmorrighan.com/2013/03/a-roda-do-anopoemaprimavera-poema-para.html https://branmorrighan.com/2013/03/a-roda-do-anopoemaprimavera-poema-para.html#respond Fri, 29 Mar 2013 20:13:00 +0000

Deusa da Aurora e da Primavera, assim como outroroa, 

Avança com os teus graciosos mensageiros, o pássaro e a abelha,

Folhagem e flores e céu em sorriso. Vede!

Erguemos os corações felizes pela promessa que é dita

EM tais hieróglifos de azul e de dourado

De ametista e rosa. Quase chegamos a ver

A tua forma deleitosa flutuar até à terra

No ar quente e livre, mui gracioso, tecido e entrelaçado de brumas.

Julia P. Bynton (1887)

Tradução A.G.

Este ano a Primavera chegou e não me foi possível dar-lhe a devida atenção. Deixo-vos então este poema alusivo à mesma com a Deusa abençoada desta época. Saibam mais sobre Eostre e a origem pagã da Páscoa aqui: https://branmorrighan.com/2010/03/deusa-eostre-e-pascoa-de-origem-paga.html

]]>
https://branmorrighan.com/2013/03/a-roda-do-anopoemaprimavera-poema-para.html/feed 0
Deuses Lusitanos – Turiacus https://branmorrighan.com/2012/11/deuses-lusitanos-turiacus.html https://branmorrighan.com/2012/11/deuses-lusitanos-turiacus.html#respond Sun, 04 Nov 2012 21:05:00 +0000 O Deus Nobre

A lápide que contém a inscrição dedicada a Turiacus encontra-se numa das paredes do claustro do Mosteiro de Santo Tirso. Segundo Leire de Vasconcelos, o nome da divindade teria a raiz tor, que em irlandês significa “senhor”, “rei” e “nobre”.

Existirá, provavelmente, uma ligação entre as divindades lusitanas Banda Velugus Toiraecus e Tueraeus.

Poderá também, hipoteticamente, existir uma ligação entre o nome da divindade e “Tirso”. Sendo que a ara se encontra numa das paredes do Mosteiro, cuja formação remonta ao séc. X, o seu lugar de origem não deveria ser muito longe do mesmo. O próprio Mosteiro ou a localidade poderão bem encontrar a raiz do seu nome no desta divindade, que persitiria teimosamente nos séculos vindoros sob o nome de um santo cristão – processo que aconteceu, aliás, com várias divindades pré-cristãs.

O Deus Javali/Guerreiro

Para além da leitura atrás referida (que nada de concreto nos diz), muito pouco se sabe sobre o significado desta divindade. Lancemos, assim, uma hipótese: torc significa, tanto em irlandês como em gaélico escocês, “javali”. Pelo seu carácter selvagem e destemido, eram reconhecidas qualidades guerreiras neste animal pelos povos antigos.

Não será, então, de estranhar, que o dedicante, Lúcio Valério Silvano, fosse um soldado que, para além disso, fez parte da VI Legião, que esteve na Hispânia Terraconense e recebeu o epíteto de Victrix (“Vencedora”) após ter vencido os Cantabros! Turiacus poderia assim significar “o deus javali” ou “o deus forte como um javali”, que teria escutado o pedido do dedicante para ter coragem, ser vitorioso ou, simplesmente, sobreviver em batalha. Este terá cumprido “de boa mente” o seu voto, consagrando-lhe uma ara.

É igualmente interessante reparar na semelhança fonética do termo torque, que se refere a uma espécie de colar empregue pelos guerreiros lusitanos, como é visível em vários monólitos esculpidos encontrados em territórios português. A natureza guerreira desta palavra é, assim, uma vez mais atestada. 

Publicado por Alexandre Gabriel

Mandrágora – O Almanaque Pagão 2009 – Usos e Costumes Mágicos da Lusitânia

]]>
https://branmorrighan.com/2012/11/deuses-lusitanos-turiacus.html/feed 0
Deuses Lusitanos – Bormanicus https://branmorrighan.com/2012/11/deuses-lusitanos-bormanicus.html https://branmorrighan.com/2012/11/deuses-lusitanos-bormanicus.html#respond Fri, 02 Nov 2012 17:32:00 +0000

O Deus das Águas Termais

Foram encontradas duas aras dedicadas ao deus Bormanicus, ambas em Caldas de Vizela (Guimarães), que se encontram no Museu de Guimarães.

Para tentar interpretar o seu significado, alguns autores decompões o nome da divindade em duas palavras de raiz proto-céltica: Berw– (“ferver”, “cozinhar”) e Anna– (“respirar”). A sua leitura seria: “respiração eferverescente”. Uma das manifestações deste deus seria, pois, através da sua própria “respiração”, vinda misteriosamente sob a forma de água em ebulição, surgida das profundezas da Terra e exalando o seu vapor.

Para Leite de Vasconcelos, o seu nome “deve ser pouco mais ou menos a significação de termal“.

O Deus Gaulês Borvo

Esta divindade não é exclusivamente lusitana, pois é conhecida na Gália sob o nome de Borvo (bem como Bormanus, Bormanna e Bormo). Porém, a forma como surge escrita em Portugal é única. Únicas, porém, não deverão ser as qualidades. Borvo é um deus da cura, com santuários desde Bourbonne-les-Bains até à Península Ibérica. O próprio nome da cidade francesa perpetua o prefixo Bor– da sua divindade tutelar. Encontramos na língua portuguesa, na raiz da palavra borbulha (relativa ao “borbulhar” da água), o mesmo prefixo, cuja origem será, muito provavelmente, onomatopaica. Será curioso reparar que, tanto em Bourbonne-les-Bains como em Caldas de Vizela, existem termas de água quente, o que torna provável a ligação de Bormanicus às mesmas.

Também é interessante o facto de existir uma divindade masculina (Bormanus) e uma feminina (Bormanna) com a mesma raiz etimológica, sendo que apenas o género varia. Desconhecemoms, porém, quais os atributos que eventualmente distinguiriam ambas.

O Combate das Enfermidades

Em Vichy, França, Borvo surge-nos representado numa inscrição com um elmo e um escudo guerreiros, enquanto uma serpente com cornos está atrás do deus, vindo em sua direcção. Estes símbolos remetem para um carácter igualmente guerreiro da divindade, o que leva alguns autores a associarem-no ao Apolo gaulês. Porém não se referirá este aspecto guerreiro à luta de Borvo, enquanto deus curador das águas, contra as enfermidades que afligiam aqueles que a ele recorriam? O deus travaria, assim, este combate no plano invisível com os “maus espíritos” causadores da doença, afastando-os e restaurando a saúde do devoto.

Alexandre Gabriel

Mandrágora – O Almanaque Pagão 2009 – Usos e Costumes Mágicos da Lusitânia

]]>
https://branmorrighan.com/2012/11/deuses-lusitanos-bormanicus.html/feed 0
Deuses Lusitanos – Durbedicus https://branmorrighan.com/2012/11/deuses-lusitanos-duberdicus.html https://branmorrighan.com/2012/11/deuses-lusitanos-duberdicus.html#respond Thu, 01 Nov 2012 13:58:00 +0000

O Deus das Águas

A ara que contém a única inscrição conhecida dedicada ao deus lusitano Durbedicus foi encontrada por Martins Sarmento em 1881, na torre da igreja de Ronfe, em Guimarães. Actualmente encontra-se exposta no Museu de Guimarães.

Existem várias interpretações sobre o significado de Durbedicus, embora a maioria dos autores esteja de acordo em atribuir-lhe um carácter aquático.

Adolfo Coelho interpreta o nome desta divindade como “o que goteja” ou que “faz gotejar”. Diz-nos ainda que esta “denominação conviria a um deus dessas fontes escassas que muitas vezes são consideradas como em extremo milagrosas”. Por outro lado afirma que este nome poderá igualmente ligar-se ao “antigo irlandês derb – ‘certo’, ‘verdadeiro’, ‘ilustre'”.

Segundo Leite de Vasconcelos, Durbedicus seria “um deus aquático – ou de uma fonte, ou do rio Avus, que passa perto de Ronfe”. Vasconcelos associa ainda o prefiro durb– aos termos irlandeses dobor, dobur e dobhar, que significam “água”, e refere o nome de dois rios com esta mesma raiz: Durbis (Bretanha) e Durbiae (Gália)

O Deus Muito Vitorioso

Para além destas interpretações já conhecidas, que nos seja permitido, porém, lançar mais algumas hipóteses, decompondo Durbedicus em DurBedicus, ao contrário da habitual decomposição a partir de Durb-. Em irlandês antigo, Duir significa “carvalho” e “forte”. É igualmente associável ao português “duro”, também ligado à noção de “força”. A raiz indo-europeia Dru– representa a palavra “muito” (análogo ao francês trés). Por outro lado, a raiz celta bouda significa “vitória” e o escocês buaidheach “eficiente”. Lembremo-nos do nome da famosa raina celta Boudica, que liderou uma revolta contra a invasão romana na Grã-Bretanha, cujo nome significa “vitoriosa”. Existe inclusive uma inscrição com o nome Boudica na Lusitânia. Por esta ordem de ideias, somos tentados a interpretar Dur-Bedicus como o “muito vitorioso”, “carvalho da vitória/força”. Duberdicus poderia assim ser uma divindade guerreira à qual a tribo apelaria para vencer nos combates.

Alexandre Gabriel

Mandrágora – O Almanaque Pagão 2009 – Usos e Costumes Mágicos da Lusitânia

]]>
https://branmorrighan.com/2012/11/deuses-lusitanos-duberdicus.html/feed 0
Deuses Lusiatnos – Nemeteus https://branmorrighan.com/2012/09/deuses-lusiatnos-nemeteus.html https://branmorrighan.com/2012/09/deuses-lusiatnos-nemeteus.html#respond Sun, 16 Sep 2012 22:37:00 +0000 Imagem meramente ilustrativa

O Achado e a sua Decifração

Em 1940 foi descoberta uma inscrição no Castelo de São Jorge, em Lisboa, na qual claramente se pode ler NEMET […]. Trata-se de um achado único, cujo nome não se encontra e mais nenhuma inscrição conhecida na Lusitânia. Curiosamente, esta divindade tem passado relativamente despercebida no que diz respeito a estudos mais aprofundados acerca da sua origem e significado.

Esta lápide encontra-se actualmente na Sala de Turismo do Castelo de São Jorge e, embora esteja algo maltratada pelo tempo, uma observação mais atenta permite-nos ainda “decifrar” uma outra letra que faz igualmente parte da mesma. Uma tentativa de reconstituição apresentada por José d’Encarnação é NEMETEVS. Tomemos, pois, esta palavra como o provável nome aqui referido.

Termos Semelhantes

Para tentarmos compreender o significado do nome Nemeteus, procuremos alguns termos semelhantes cuja raiz é a língua celta: Nemeton (termo celta que significa “bosque sagrado” ou “santuário”), Nemetiuse Nemetona (deuses dos bosques sagrados, encontram-e em inscrições gaulesas, britânicas e germânicas), Nemetes (tribo celta-germânica), Nemtati (tribo lusitana), Nemetóbriga (antigo povoado na Galiza), Vernemeton (“grande bosque sagrado”, França), Nemetodurum (actual cidade de Nanterre, França), Drunemeton (“bosque sagrado dos carvalhos/druidas”, Turquia).

O Deus do Bosque

O facto de esta inscrição ter sido encontrada no Castelo de São Jorge, que se localiza numa das colinas da cidade, atingindo os 115m de altura, bem como a sua cumplicidade com os deuses do bosque Nemetius / Nemetona, o termo Nemeton e os outros acima indicdos, leva-nos a lançar uma hipótese: que este monte teria sido um verdadeiro Nemeton, um santuário natural, coberto por árvores ancestrais e sagrado para os povos da antiguidade. É sabido que os lusitanos prestavam cultos particulares às divindades no cimo dos montes e noutros santuarios naturais. Esta inscrição teria sido, assim, dedicada ao seu númen, Nemeteus, que seira o nome do genius loci, a divindade ou o espírito do lugar. Nemeteus seria o “deus do bosque”, o “espírito da floresta”, “o deus guardião do bosque sagrado”, aí cultuado.

A.G. em Mandrágora – O Almanaque Pagão 2009 “Usos e Costumes Mágicos da Lusitânia”

Para mais referências sobre este texto, consultem o livro. Encontrarão outras referências bibliográficas para o que aqui foi dito.

]]>
https://branmorrighan.com/2012/09/deuses-lusiatnos-nemeteus.html/feed 0
Colóquio: Endovélico – Mistérios de uma Divindade Lusitana https://branmorrighan.com/2012/05/coloquio-endovelico-misterios-de-uma.html https://branmorrighan.com/2012/05/coloquio-endovelico-misterios-de-uma.html#respond Thu, 17 May 2012 10:31:00 +0000

ENDOVÉLICO

– MISTÉRIOS DE UMA DIVINDADE LUSITANA 

19 Maio, 10h-18h (Sábado)

Inscrições Limitadas: casadofauno@gmail.com

Na região do Alto Alentejo, no Alandroal, há quase dois milénios atrás, existiu um importante santuário romano dedicado ao deus lusitano Endovélico.
Apesar das largas dezenas de achados votivos romanos, identificados e recolhidos por Leite de Vasconcelos em 1890, e das descobertas recentes, resultantes das escavações efectuadas pelo arqueólogo Amílcar Guerra em 2002, muitas questões sobre Endovélico continuam ainda hoje sem resposta.
Na década de 1990, Manuel Calado, ao elaborar a Carta Arqueológica do Alandroal, deu a conhecer o santuário lusitano da Rocha da Mina, situado a cerca de 3 km do templo romano, e lançou a hipótese deste ter sido o primitivo templo lusitano de Endovélico.
As inscrições romanas contam-nos que esta era uma divindade com poderes curativos e, por isso, comparável ao deus romano Esculápio, existindo no local a prática da incubatio pelos seus seguidores, na qual o devoto dormia na morada terrena do deus, solicitando a resposta aos seus problemas e maleitas através dos sonhos. Teria, inclusive, existido um corpo sacerdotal, que prestaria auxílio nestes processos oníricos e salutíferos.
Para além da abordagem arqueológica, este colóquio transdisciplinar privilegiará igualmente uma interpretação simbólica das antigas divindades galaico-lusitanas pré-romanas pelo investigador Manuel J. Gandra, assim como uma visão iniciática sobre o culto de Endovélico, pelo investigador Gilberto de Lascariz, que na sua obra Deuses e Rituais Iniciáticos da Antiga Lusitânia dedicou um capítulo a um estudo esotérico sobre esta divindade.
Através das diferentes abordagens, este Colóquio procurará contribuir para novas visões e entendimentos sobre Endovélico, deus dos lusitanos.

PROGRAMA

  • 10h – S. MIGUEL DA MOTA: OS DADOS ARQUEOLÓGICOS A RESPEITO DO SANTUÁRIO DE ENDOVÉLICO
  • Amílcar Guerra | Arqueólogo – Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
  • 11h – ROCHA DA MINA: AS PAISAGENS SINUOSAS
  • Manuel Calado | Arqueólogo – Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa
  • 12h – Debate
  • 13h – Intervalo para Almoço
  • 15h – DIVINDADES GALAICO-LUSITANAS PRÉ-ROMANAS
  • Manuel J. Gandra | Escritor e Investigador, IADE 
  • 16h – UMA VISÃO PATAFÍSICA DA RESSURREIÇÃO PAGÃ DE ENDOVÉLICO NO ALANDROAL
  • Gilberto de Lascariz | Escritor e Investigador
  • 17h – Debate
  • 18h – Encerramento

Pré-Ingresso: 20 € (até 15 Maio, Terça-feira)

Ingresso: 30 €

Grupos de 2 ou mais pessoas: 20 € / pessoa

Inscrições: casadofauno@gmail.com

Organização: Casa do Fauno / Zéfiro

Com o apoio de: Jornal de Sintra, Alagamares, Portugal Romano, MIL – Movimento Internacional Lusófono, Nova Águia, IHSHI – In Hoc Signo – Hermetic Institute e CEThomar

]]>
https://branmorrighan.com/2012/05/coloquio-endovelico-misterios-de-uma.html/feed 0
[Casa do Fauno] Curso: A Sabedoria das Runas https://branmorrighan.com/2012/05/casa-do-fauno-curso-sabedoria-das-runas.html https://branmorrighan.com/2012/05/casa-do-fauno-curso-sabedoria-das-runas.html#respond Wed, 09 May 2012 18:37:00 +0000

A SABEDORIA DAS RUNAS

Posturas Mágicas – O Corpo como Celebração do Poder das Runas

(2ª Sessão)

com CRISTINA AGUIAR

12 Maio, 15h-19h (Sábado)

Inscrições Limitadas: casadofauno@gmail.com

Depois das fortes experiências psicosensoriais no primeiro conjunto de oito sigilos, eis chegado o momento da segunda viagem pela sabedoria das Runas! Quem falhou o primeiro destino poderá juntar-se agora à digressão mágica pelo segundo Aett (família de Runas) do FUTHARK!

Entraremos pela porta da noite cósmica em Hagalaz, a Runa Mãe, a matriz onde tudo se desfaz e refaz. O convite sugere uma difícil, porém regeneradora, caminhada por entre as forças do caos e da transformação! Vivenciamos com o suporte das posturas psicodinâmicas, a ciclicidade do Tempo. As oito Runas deste conjunto abrem-nos a mente a uma nova percepção de crescimento espiritual, ao fazer emergir memórias cristalizadas no mais profundo estrato do nosso subconsciente. É a oportunidade de experimentarmos e testarmos a resistência do tear das Irmãs do Destino, e, assim, tecermos um padrão de vivências renovado – a promessa é a vitória luminosa.

É neste plano cósmico que lidamos com as energias que agitam, puxam e perturbam a ordem e os padrões estabelecidos no primeiro Aett (o plano terrestre). Será o grande teste à nossa capacidade de enfrentar os obstáculos ocultados no Mundo Subterrâneo intrínseco de cada um. “O presente é a filha do passado e mãe do futuro” serve este adágio para compreendermos a influência do Örlog, as Leis Cósmicas Primordiais que se manifestam no Universo interferindo na ação da nossa existência. O destino é um corcel, mas é o livre árbitro que segura as rédeas.

No segundo Aett pulsam as potências que fazem girar o Relógio Universal, marcando o compasso dos fenómenos da natureza em concomitância com o ritmo biológico do ser humano. Somos uma parte de um processo contínuo, por isso impõe-se o nosso regresso ao regaço materno: a Terra. Reativemos, pois, os atavismos acumulados na época em que vivíamos interligados à cadência das estações do ano, dos ciclos solares e lunares. É esta a proposta do segundo curso de Posturas Rúnicas!

A primeira parte desta segunda etapa será destinada à introdução à Cosmogonia, à complexidade da geografia do Cosmo no universo mitológico da Tradição Nórdica e análise do significado da Árvore do Mundo, como eixo central e suporte dos Nove Mundos Cósmicos.

Sobre o curso A Sabedoria das Runas:

A meditação através do uso de posturas psicodinâmicas corporais abre um novo horizonte no contato com as entidades numinosas que se “escondem” num simples símbolo rúnico, cujo significado se manifesta e se expande no subconsciente. O corpo transforma-se no melhor instrumento de captação de energias etéricas com as quais poderemos trabalhar num contexto divinatório e, ao mesmo tempo, ativarmos o processo de autodesenvolvimento.

A proposta aqui apresentada visa criar um veículo de revelação dos Mistérios da Natureza a partir de dentro de cada indivíduo, usando para tal os 24 sigilos mágicos do FUTHARK – o sistema de ideogramas utilizado pelos povos antigos de expressão germânica como suporte adivinhatório e de comunicação. Através das experiências individuais, nestes exercícios, vai-se elaborando e enriquecendo um sistema complexo de caracteres de uma linguagem mágica, que se vai incorporando no quotidiano individual. As Runas vão revelando os seus segredos de acordo com as emoções e os sentidos de cada participante.

Valor: 20 €

Nota: Cada sessão é independente, pelo que poderá participar nesta sessão mesmo que não tenha estado presente na primeira.

Inscrições: casadofauno@gmail.com

]]>
https://branmorrighan.com/2012/05/casa-do-fauno-curso-sabedoria-das-runas.html/feed 0
Morrighan: A incompreendida Deusa Celta https://branmorrighan.com/2012/04/morrighan-incompreendida-deusa-celta.html https://branmorrighan.com/2012/04/morrighan-incompreendida-deusa-celta.html#respond Thu, 05 Apr 2012 10:39:00 +0000

As deidades celtas estão longe, muito longe daquele maniqueísmo cosmogônico construído no discurso do Bem e do Mal, pois não existem Deuses e Deusas “puristas”, que personifiquem apenas um “lado” desse tratado dialético de unilateralidades com que parte das tradições religiosas e filosóficas cataloga o mundo e sela o destino de seus habitantes, enviando para os confins do mundo (limite de Hades, Inferno etc.) aqueles que ousam contrariar a ordem.

Nesse sentido, a mitologia celta mostra-se caótica, libertária e contestadora, porque não se propõe a reproduzir uma percepção de moral higienizante e angelical, típica da predileção dual com que boa parte das tradições religiosas se fundamenta.

As deusas celtas, em particular, são o retrato fiel da complexidade humana tangida pela imortalidade, materializando a consistência existencial que nos coloca, no aqui e no agora, a questionar nossas condutas e atitudes, em cima de uma “reta razão” que somente poderia acenar para um, dentre os dois caminhos a seguir: céu e inferno, bem e mal, na despótica dualidade política do ideário teológico ocidental que empunha armas para a destruição do outro.

Passamos boa parte do tempo na preocupação em conduzir nossas vidas de acordo com princípios éticos absolutos, que levam à medonha escolha entre dois caminhos, como se fosse muito simples, fácil e cômodo o despojamento de todo rol de informações imemoriais que trazemos de outras existências, onde o bem e o mal nem sempre são visíveis.

Sempre existe uma metáfora para a estrada bifurcada nas escolhas que selam nosso futuro para cima ou para baixo de algum lugar que-não-sabemos-qual-dentro-do-critério-dual (de propósito todo esse grande hífen).

Quando me deparei com Morrighan, a incompreendida Deusa do Viver e do Morrer, desisti de negar em mim a densidade e a complexidade presentes na alma e gravadas com sangue, suor e lágrimas: paguei, muitas e muitas vezes, um preço existencial muito grande em negar em mim a ira, a raiva, bem como o desejo e o amor, por achar que os sentimentos podem ser segregados em compartimentos estanques de nossas almas e que, assim, não se comunicam. Engano, porque a racionalidade catalogadora não consegue lidar com o vendaval emocional que, ao invés de segregar, unifica, as polarizações.

Morrighan é a contramão da dualidade puritana, porque encerra em sua fecunda personalidade a complexidade e a riqueza de uma entidade que se compõe de unidade, profundidade e latência.

Acredito, inclusive, que a polarização em torno da expressão Morte-Vida também seja, ao final, um simples trocadilho semântico que induz ao erro de crermos na existência de situações definidas de mundos (mundo dos vivos, dos mortos) quando, no simbolismo celta, o material e o espiritual constituem a mesma essência, tendo por elo a Natureza e seus mistérios.

Morrighan ama, odeia, fere, cura e mata, colocando, assim, em xeque-mate a compreensão de um mundo dual, em que as “qualidades más” são colocadas embaixo do tapete, enquanto a “suprema bondade” é revelada e enaltecida.

James Mackillop traduz o nome Morrighan (ou Mórrígna) por “great queens”, ou seja, grandes rainhas, no plural, para lembrar da dimensão tríplice da deusa contida na referência trina de Macha, Badb e Morrighan, divindades que irradiam, ao mesmo tempo, fertilidade, soberania e beligerância.

Ao mesmo tempo em que é a amante ardorosa de Dagda e a ptonisa que aparece para Lugh, uma Morrighan contrariada aparece em cena diante da rejeição de Cúchulainn. Mais uma vez, três aspectos distintos aparecendo diante de três heróis celtas, por meio dos encontros mágicos com cada uma das três faces da Grande Rainha.

Aliás, a trindade não é novidade na mitologia celta, porque o três invoca o triquete ou triskle, no simbolismo da perpetuação da roda da vida e da morte (dentro da qual não existe distinção). Isso indica, mais uma vez, como a perspectiva separatista de mundo mantém a ilusão de dualidade, criando a sensação de antagonismos e, a partir daí, alimentando a perspectiva de distinção entre razão e emoção, corpo e mente, homem e mulher, natureza e homem. Ou seja, novamente, nossa interpretação condicionada limitando nossa percepção de mundo, que é uno, holos.

Numa das famosas batalhas contra os Fomoire (especificamente na segunda batalha de Moytura), Morrighan aparece para Lugh, profetizando a vitória mediante a conclamação poética para que o herói tome seu lugar de direito e guie os Tuatha para a guerra.

Como oráculo, Morrighan estabelece, naquele momento, a soberania do conhecimento além-mundo e, revestida de poder, concita o Deus-Sol a chamar para si a tarefa de guiar o povo. Deusa e Deus, ali, compondo a harmonização e a unidade, para lembrar da complementaridade entre gêneros, e não da competitividade.

Em outro episódio, a Grande Rainha une-se sexualmente com Dagda na véspera de Samhain no rio Unshin, em meio aos corpos ensangüentados daqueles que, no dia seguinte, iriam ser mortos em combate. Interessante refletir sobre a percepção oracular e meta-temporal do evento, por conta do encontro se dar num momento “fora-de-tempo”, já que, de fato, a guerra iria ser travada no dia seguinte. Amorosa, a Rainha forneceu ao Deus importantes informações sobre o combate, além de informá-lo que também iria tomar parte na luta.

A história que acho mais intrigante, porém, relaciona Morrighan a Cúchulainn, o herói que despreza a deusa e, assim, atrai sua ira eterna, ao ponto de aguardá-lo ao final da jornada mítica. Reza a lenda que a Rainha enamorou-se do herói, prometendo-lhe o mundo se ele com ela se casasse.

Cúchulainn, porém, no auge de sua determinação guerreira, recusa a oferta, dizendo que “not have time for a woman’s backside” (não tenho tempo para uma traseira de mulher), menosprezando os favores da rainha e, com isso, produzindo sua ira.

Depois disso, Morrighan ainda apareceu, em luta, para o guerreiro, sob a forma de um lobo, uma enguia, de uma novilha vermelha descornada e, por último, de um corvo, que iria aguardar o fim da agonia de um moribundo Cúchulainn. Mais uma vez, a trindade, pois a deusa encarnou três animais de poder para, por último, incorporar o corvo, guardião eterno dos segredos do Além-vida. Detalhe: ela a negou, por três vezes, porque, a cada momento de sua aparição para o jovem, a deusa fora por ele ferida. Mesmo assim, continuou esperando por ele até o final…

O coração possui razões das quais a própria razão desconfia? Não, sei, ao certo, porque, lendo a história da deusa, passo, cada vez mais, a desconfiar que a razão tenha razão, pois acredito que o coração, ao final, detém todos os segredos do mundo. Apenas sei – porque sinto, não porque saiba – que a transcendência da polarização é a chave para a compreensão da mitologia celta, de suas deidades e, para nós, humanos e humanas, mortais, de nossa própria história e jornada.

Referências bibliográficas:

BIERLEIN, J. F. Mitos Paralelos. Trad. Pedro Ribeiro. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003.

CAMPBELL, Joseph. O Poder do Mito. São Paulo: Editora Palas Athena, 1990.

CLÈMENT, Catherine, KRISTEVA, Julia. O feminino e o sagrado. Trad. Rachel Gutierrez. Rio de Janeiro: Rocco, 2001.

CURTIN, Jeremiah. Myths and folks tales of Ireland. New York: Dover Publications, 1975.

GUEST, Lady Charlotte (translation). The Mabinogion. New York: Dover Publications, 1975.

HESÍODO. Teogonia: a origem dos deuses. Tradução de Jana Torrano. Edição bilíngüe. São Paulo: Iluminuras, 1991.

MACKILLOP, Lames. Myths and Legends of the celts. New York: Penguin Books, 2005.

May, Pedro Pablo. Os mitos celtas. Trad. de Maria Elisabete F. Abreu. São Paulo: Editora Angra, 2002.

NOGUEIRA, Carlos. Bruxaria e história. Bauru: EDUSC, 2004.

ROBLES, Martha. Mulheres, mitos e deusas: o feminino através dos tempos. Trad. William Lagos. São Paulo: Aleph, 2006.

ROCHA, Everardo P. Guimarães. O que é Mito. São Paulo: Brasiliense, 2006.

QUINTINO, Claudio Crow. O livro da mitologia celta: vivenciando os Deuses e as Deusas Ancestrais. São Paulo: Hi-Brasil, 2002.

SQUIRE, Charles. Mitos e lendas celtas. TRad. Gilson Soares. Rio de Janeiro, 2003.

VARANDAS, Angélica. Mitos e lendas celtas na Irlanda. Lisboa: Gráfica Europam, 2006.

Por Audrey Donelle Errin

Pesquisadora do Sagrado Feminino, dentro do foco celtíbero.

Retirado de: http://www.templodeavalon.com/modules/articles/article.php?id=60

]]>
https://branmorrighan.com/2012/04/morrighan-incompreendida-deusa-celta.html/feed 0