Moe’s Implosion – Bran Morrighan https://branmorrighan.com Literatura, Leitura, Música e Quotidiano Mon, 28 Dec 2020 05:34:46 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.8.2 https://branmorrighan.com/wp-content/uploads/2020/12/cropped-Preto-32x32.png Moe’s Implosion – Bran Morrighan https://branmorrighan.com 32 32 [Playlist da Quinzena] 16 a 30 de Abril de 2015 – As Escolhas de Frederico Severo (Miss Titan & Moe’s Imposion) https://branmorrighan.com/2015/04/playlist-da-quinzena-16-30-de-abril-de-2.html https://branmorrighan.com/2015/04/playlist-da-quinzena-16-30-de-abril-de-2.html#respond Fri, 17 Apr 2015 14:21:00 +0000 Fotografia por Sofia Teixeira

Frederico Severo, ou Fred LeChuck Severo como é conhecido nas redes sociais, é uma espécie de polvo no que toca a áreas em que está envolvido. Se academicamente já andou pelo Imperial College of London e pela universidade de Edimburgo, musicalmente também não lhe falta currículo sendo que actualmente toca pelos Moe’s Implosion e Miss Titan. Se numa toca baixo, na outra vemo-lo de guitarra, mas quando se trata de compor é o homem dos 1001 ofícios e desenrasca-se com quase todos os instrumentos. Esta quinzena coube-lhe a ele, como se não tivesse mais nada que fazer, mas quando descobri parte dos seus gostos musicais achei que seria uma boa “aquisição” aqui para a rubrica, para além de ser um porreiro. Aproveito para também deixar os links para os seus projectos e vos aconselhar a darem-lhes uma oportunidade, valem a pena: https://www.facebook.com/moesimplosionhttps://www.facebook.com/misstitan

1. BADBADNOTGOOD & Ghostface Killah – Gunshowers (feat. Elzhi) – (Sour Soul, 2015)

É impossível não gostar deste disco. É mesmo impossível. Difícil é escolher uma faixa. Ouçam esta e depois vão lá ouvir o resto.

2. Rocket Juice & The Moon – Poison (Rocket Juice & The Moon, 2012)

Juntas o Damon Albarn, o Flea e o Tony Allen e sai isto. Esta faixa deve ser a única que tem a remota possibilidade de agradar a alguém à primeira, daí a escolha. O resto do disco junta a Erykah Badu aos Hypnotic Brass Ensemble, a Fatoumata Diawara ao M.anifest, e soa tudo muitíssimo bem, como seria de esperar.

3. Little Dragon – Klapp Klapp – (Nabuma Rubberband, 2014)

Vou ser sincero: não me é muito fácil apreciar completamente o conceito do minimal. Foi preciso ouvir a Yukimi Nagano a cantar no Plastic Beach de Gorillaz para descobrir uma banda que, finalmente, fizesse sentido. O último disco (chama-se Nabuma Rubberband) embora fuja um pouco a esse lado, é incrível. Klapp Klapp é o primeiro single tem tudo certo, incluindo um vídeo que envolve cemitérios e arame farpado.

4. BADBADNOTGOOD – Bastard/Lemonade (BBNG2, 2012)

Outra vez estes? Pois. Estes rapazes vieram do Canadá e deram-me uma das melhores experiências que já tive ao vivo. Em 2013, num buraco para 60/70 pessoas (2 dias depois de tocarem em Glastonbury), levei com pouco mais de uma hora de chapadas Eles são bons. E sabem que são bons. Como diz no disco “No one above the age of 21 was involved in the making of this album. This album was recorded in one 10 hour session.” Até irrita.

5. TV on the Radio – Happy Idiot (Seeds, 2014)

Adoro este disco. Do princípio ao fim. Não me entrou à primeira, nem à segunda, talvez nem à terceira. Mas quando entra, jesus. Os próprios acham que é, com 1000% de certeza, o melhor disco que já fizeram. 1000% é muito. Vou ter de concordar.

6. Blur – Caramel – (13, 1999)

Chegou o ano de 1999 e os Blur decidiram mostrar a toda a gente que não existe uma banda como eles. Tudo soa mal neste disco. Só não percebo porque é que soa tão bem.

7. Vasquez – Low to be Heavy (EP426, 2013)

Três Edimburgueses bem parecidos, cheios de boas ideias e com muito pouco estilo. Como tudo o que é bom acaba, anunciaram o fim da banda há uns meses. Fica o consolo de saber que os vi ao vivo e vocês não.

8. O Bisonte – Midas (Abril, 2014)

O Bisonte fez, sem grandes dúvidas, o melhor disco que ouvi no ano passado. Midas é um pontapé no escroto do rock português que dificilmente se voltará a repetir. Que esteja enganado.

9. Danger Doom – Crosshairs (The Mouse and the Mask, 2005)

Danger Mouse e MF Doom, não há muito para correr mal. Crosshairs é aquela música que todos conhecemos mas não sabemos de onde, que fica na cabeça durante uns meses e nunca nos conseguimos lembrar exactamente onde é que a ouvimos. Também não vou ser eu a dizer. Digo antes que o sample que se ouve no início da música é de um tal de Don Harper. Procurem que vale a pena.

10. Fiona Apple – Every Single Night (The Idler Wheel Is Wiser Than the Driver of the Screw and Whipping Cords Will Serve You More Than Ropes Will Ever Do, 2012)

A Fiona Apple leva para casa, entre outros, o prémio de melhor nome para disco, categoria “mais que 10 palavras”. The Idler Wheel… são 10 músicas com algumas das melhores letras e arranjos que já me passaram pelos ouvidos. Every Single Night é talvez a faixa que melhor descreve o sentimento deste disco. A menina que fazia versões dos Beatles e vídeos com um então desconhecido Zach Galifianakis, é muito mais do que isso.

11. Alpha Male Tea Party – Truffles (REAL ALE AND MODEL RAIL: THE LONELY MAN’S GUIDE TO NOT COMMITTING SUICIDE, 2014)

Outro power trio, agora de Manchester, desta vez com o segundo lugar do prémio de melhor nome para disco. Se a expressão partir choco alguma vez vier numa enciclopédia, os AMTP estão na fila da frente para estar na foto descritiva.

12. Snarky Puppy – Shofukan (We Like It Here, 2014)

Imaginem a Liga dos Campeões. Agora imaginem uma equipa só com Ronaldos naqueles dias em que joga bem. É isto.

13. Kimbra – Teen Heat – (The Golden Echo, 2014)

É a Kimbra, tive de escolher uma faixa de forma mais ou menos aleatória. Kimbra Lee Johnson, Kimbra para os amigos, tem 25 anos, uma album de estreia fantástico e um segundo disco ao lado de tudo o que se podia esperar. Esta faixa, Teen Heat, já desse segundo disco, é uma espécie de versão musicada de um eventual “How to make a Pop song for Dummies”, com uma mãozinha do senhor Daniel Johns.

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[Foto Reportagem] Moe’s Implosion @ Musicbox Lisboa https://branmorrighan.com/2015/03/foto-reportagem-moes-implosion-musicbox.html https://branmorrighan.com/2015/03/foto-reportagem-moes-implosion-musicbox.html#respond Sat, 21 Mar 2015 21:00:00 +0000





Fotografias por Sofia Teixeira

Quarta-feira foi mesmo uma noite em que o rock português mostrou que está de boa saúde e que se recomenda. Depois de Lotus Fever num bom concerto, os Moe’s Implosion entraram em palco para partir tudo, no bom sentido claro, e para apresentarem algumas das músicas do novo disco – Savage. Com um frontman, João Sancho, com uma energia infinita, também na expressão dos restantes – Frederico Severo, Ricardo Salvador, João Camejo e Sebastião Santos – conseguíamos sentir a exaltação e a paixão pela música. O público foi soberano no que toca à resposta que foi claramente positiva. Ao todo passaram pelo Musicbox cerca de 200 pessoas, numa noite organizada pela Tradiio. Quanto à nossa rapaziada dos Moe’s Implosion, não escondo que gosto mesmo muito deles e que espero que tenham o sucesso que merecem. No que depender de mim, terão todo o apoio e mais algum. Venham mais concertos e palcos de festivais, eles merecem! 

Podem segui-los pelo facebook: https://www.facebook.com/moesimplosion

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[DESTAQUE] Hoje no Musicbox – Lotus Fever + Moe’s Implosion https://branmorrighan.com/2015/03/destaque-hoje-no-musicbox-lotus-fever.html https://branmorrighan.com/2015/03/destaque-hoje-no-musicbox-lotus-fever.html#respond Wed, 18 Mar 2015 10:30:00 +0000

Hoje à noite, a partir das 22h, vou ter duas bandas que me são muito queridas no Musicbox Lisboa. Numa iniciativa Tradiio/P3, as jovens bandas portuguesas vão dar dois concertos em que vão mostrar o porquê de, literalmente, deverem apostar neles. Mais informações sobre o evento podem ser encontradas aqui: https://www.facebook.com/events/1568709273367560/

Já tive o prazer de falar com as duas bandas e por isso deixo-vos aqui os links das entrevistas.

Lotus Fever

http://www.branmorrighan.com/2014/12/entrevista-ao-lotus-fever-banda.html

Moe’s Implosion

http://www.branmorrighan.com/2015/03/entrevista-aos-moes-implosion-banda.html

Nos links encontram ligações para as bandas e respectivos discos. Apareçam hoje à noite, vai ser bonito.

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Entrevista aos Moe’s Implosion, Banda Portuguesa https://branmorrighan.com/2015/03/entrevista-aos-moes-implosion-banda.html https://branmorrighan.com/2015/03/entrevista-aos-moes-implosion-banda.html#respond Fri, 13 Mar 2015 08:50:00 +0000 Foi numa bela tarde solarenga que o João e o Sebastião, membros dos Moe’s Implosion, se juntaram a mim para uma conversa bem disposta que começou por rever o início da banda há praticamente uma década atrás, até ao lançamento do mais recente disco, Savage. Em 2005 realizavam a sua primeira maquete, em 2007/2008 eram os grandes vencedores de concursos de bandas de garagem e nesse mesmo ano lançaram o primeiro EP gravado com o Makoto nos estúdios Blacksheep. Em 2010, o Sebastião entra para a banda e – “veio revolucionar isto tudo (risos)” – em 2011 temos o primeiro disco de longa duração Light Polution que foi resultado de um processo muito na onda da filosofia do it yourself no que à gravação do mesmo diz respeito. Se as diferenças de sonoridade foram óbvias entre o primeiro disco e este segundo, também neste último – Savage – a banda volta a trazer frescura e novas experiências. Resumido o percurso discográfico, é hora de saber mais sobre motivações, processos criativos e projectos futuros.

Fotografia por Cláudia Andrade

Voltar atrás é sempre um bom exercício e foi desse início, com vista no futuro, que partimos: «Nós começámos com Moe’s Implosion quando tínhamos 15/16 anos. Quando és miúdo e começas algo assim, não sabes muito bem quanto tempo é que vai durar. Mesmo quando demos o nosso primeiro concerto e antes disso tivemos de arranjar um nome, pensámos sempre que ia ser temporário. Nessa altura fizemos uma lista, demos aos nossos amigos, eles votaram e ficou Moe’s Implosion. Anos passaram e ficámos com o mesmo nome.», contou-nos o João. «Não é o pior nome que os colegas podiam escolher, por isso tiveram sorte. (risos)», comentou o Sebastião. 

Depois de um processo à base de votos pelos colegas do secundário, deu-se então o início oficial de um percurso que já leva dez anos, mas que passou, inicialmente, por muitos concursos de bandas de garagem: «Os concursos serviram basicamente para nós tocarmos. Nós não tínhamos know-how nenhum sobre como contactar as pessoas ou os locais para tocarmos, nada como agora. E acabaram por ser um desafio para nós, como uma espécie de montra para mostrar às pessoas, e a questão do dinheiro também era fixe para podermos ir gravar ao estúdio do Makoto. Acabámos por ter sorte e ganhámos alguns e em 2007 gravámos o nosso primeiro EP.»

O primeiro disco de longa duração só veio em 2011 e as mudanças sonoras foram consideráveis. Terá sido a entrada do Sebastião? «Eu pu-los a mexer, eles estavam a precisar um bocadinho (risos)» (Sebastião) Em relação ao porquê de terem demorado tanto tempo, eles explicaram: «Depois de sair o EP, a nossa prioridade foi tocar ao vivo, passámos por uma série de sítios bem porreiros, mas chegámos a um ponto em que precisávamos de parar e compor coisas novas porque já estávamos a enjoar de estarmos sempre a tocar as mesmas coisas. Iniciou-se então o processo de composição do disco. Foi um pouco moroso porque definimos novos patamares e objectivos mesmo a nível de música – uma vontade de experimentar algo que ainda não tivesse sido feito antes.» (João)

«Implicou mudanças. Quando fizemos o Light Polution, por opção nossa, quisemos fazer nós o disco e gravarmos nós o disco. O Fred estava a experimentar na altura, investimos o dinheiro que tínhamos em equipamento para gravar e parte da aventura do disco demorou um pouco mais porque foi tudo feito por nós, ao contrário do EP anterior. Nós tivemos que compor as músicas, tivemos que aprender a gravá-las e ainda como tocá-las! (risos)» (Sebastião)

O disco teve o dedo do Chris, que também já tinha trabalho com Omar Rodriguez (The Mars Volta): «Ele esteve cá em Portugal a tocar com Riding Pânico e a gravar com Paus. Nessa altura marcámos um encontro, falámos com ele e ele acabou por masterizar o disco. Foi muito fixe.» 

Em relação à sonoridade, de disco para disco coisas novas têm sido mostradas e isso também acaba por ser reflexo do crescimento natural dos elementos da banda, entre outras razões que eles nos explicam: «Nós nunca estabelecemos um caminho. Nós juntamo-nos na sala de ensaios e vamos fazendo jams, ou como lhes queiram chamar, para experimentar coisas. Para este disco (Savage), quando começámos a trabalhar nele, antes de começarmos a dizer “queremos isto, queremos aquilo”, começámos por dizer “não queremos isto, não queremos aquilo”, limitando um bocado o processo. Ao limitarmos o processo, ajudou a que uma série de coisas acontecessem, nomeadamente este disco ser um bocadinho mais directo, mais conciso nas ideias.» (Sebastião)

«Fazendo o balanço entre estes últimos dois discos eu consigo ver coisas opostas, coisas que acontecem num e não acontecem no outro. Mas sinto que até foi propositado, como a estrutura e a duração das músicas. Acho que neste último disco elas têm muito mais a dizer a nível lírico, houve muita vontade de dizermos alguma coisa que inspirasse as pessoas ou até alertá-las. Não num sentido interventivo, mas mais num sentido emotivo.» (João)

Um disco intenso é de certeza e pela minha opinião poderão constatar isso. Mas voltando às músicas de Savage, perguntei-lhes pela composição das letras: «São escritas maioritariamente pelo Sancho, mas passam sempre pelo crivo dos cinco.» e logo a seguir se consideravam o disco conceptual: «É engraçado que ele ao início não foi feito com esse propósito, mas agora que estou (João) um bocado mais afastado vejo que até consegue ser em vários aspectos. Na última fase de produção tentámos que o alinhamento fosse muito seguido, que o próprio disco tivesse uma dinâmica que desse para ouvir do princípio ao fim sem cansar, que fosse uma experiência contínua. E há uma coisa que eu costumava falar muito com o Sebastião que é as pessoas terem perdido o hábito de ouvir um disco do início ao fim. É muito fácil, hoje em dia com a internet, construir playlists e tocar uma faixa daqui e uma faixa dali. Não é como antes em que tinhas um vinil e não podias estar a trocar de música, nem querias, ouvias tudo do princípio ao fim como um todo.»

«É como ires ouvir o Dark Side (of the Moon, Pink Floyd) e só ouvires uma música, não faz sentido! (risos)» (Sebastião) 

Tendo havido este cuidado, perguntei-lhes se havia alguma mensagem que eles queriam passar com o disco: «A nível de mensagem ele é aberto às interpretações de cada um. Quisemos que fosse assim e não algo muito objectivo, para cada pessoa tirar a sua própria experiência. Falando por mim (João), da minha interpretação, eu vejo muito a questão da dor. Não no sentido violento, mas dor em várias perspectivas. A dor de te sentires frustrado com alguma coisa, de sentires saudade, de sentires que queres atingir os teus sonhos e ainda estares a meio. Mais nessa perspectiva e em cada música eu sinto que há isso. Inclusive a dor de seres posto de lado. Joga muito com as emoções de dentro.»

«Foi um disco que surgiu numa altura complicada para todos. Nós temos todos mais ou menos a mesma idade e nestes últimos dois anos aconteceram muitas coisas nas nossas vidas. Houve quem acabasse a faculdade, quem começasse a trabalhar, quem ainda não tenha acabado… Tantas perspectivas que a pergunta é um bocado – o que é que te garante daqui para a frente? Será que a banda te garante alguma coisa daqui para a frente? O que é funciona na banda? O que é que não funciona na banda? O que é que funciona na tua vida e o que é que não funciona na tua vida? E dos conflitos contigo próprio e dos conflitos com as outras pessoas, às vezes uma vontade de pegar nisto tudo, pegar na banda e levá-la para outro sítio qualquer do mundo, acabou por gerar todo um sentimento de mágoa, até de dor, como o João fala, e o disco acabou por ser um envelope de tudo isto que se passou nos últimos anos. Nós gostávamos de ter feito uma série de coisas, enquanto banda, que ainda não conseguimos e gostávamos de, enquanto pessoas, também ter uma série de coisas que ainda não conseguimos ter. Portanto, este disco é uma transição no sentido de: ok, os nossos sonhos são estes. O que é que tu fizeste para os alcançar e o que é que ainda consegues ser para os alcançar? Não sei se é uma mensagem em específico que se encontra nas letras, mas quando ouço o disco e quando me lembro daquilo que nós os cinco vivemos enquanto o estávamos a fazer é essa a imagem que me vem – é uma manhã cinzenta e a pergunta – o que é que vai acontecer?» (Sebastião)

Perguntei-lhes se achavam que a banda neste momento já deveria estar noutro patamar de evolução, dado o que tinham acabado de me contar: «Eu acho que nós estamos bem, que evoluímos bem e que estamos melhor do que estávamos no Light Polution – individualmente e uns com os outros, sem dúvida. Agora se gostava que esta banda tivesse tido mais oportunidades, é óbvio que gostava. Acho que merecia. Isto é um discurso que se calhar é um bocadinho repetitivo por parte dos músicos portugueses, mas a verdade é que as oportunidades são difíceis e nesse sentido sinto que esta banda fez um bom trabalho com o Light Polution, um trabalho se calhar diferente, mas que não atingiu tantas pessoas como nós queríamos. E se muitas das pessoas que o ouviram disseram que gostaram e que estavam na expectativa para este disco, porque é que não há mais pessoas a ouvirem? Porque é que não houve um bocadinho mais de impacto? Não sei se estamos onde poderíamos estar, mas sei que agora estamos bem. Acabar o Savage fez-nos bem, estarmos a tocar o disco do princípio ao fim, as músicas todas, faz-nos bem e acho que agora as reacções à banda, exteriores à banda, são um bocadinho mais sérias. Conseguimos passar uma imagem mais concreta daquilo que queremos passar com este disco (Savage).»  (Sebastião)

Savage tem tido destaques regulares, inclusive um lançamento exclusivo pela Antena 3, o que acaba por resultar de forma muito positiva. Quais é que foram as diferenças na promoção de um álbum para o outro para só agora haver este maior destaque ao trabalho dos Moe’s Implosion: «Desta vez nós percebemos que era importante dizer às pessoas que têm uma palavra a dizer que temos um disco. No Light Polution, fruto do “yes, conseguimos fazer o nosso primeiro disco e lançá-lo e ele está cá fora” depois o nosso esforço foi “o disco está feito, vamos marcar concertos”, mas se calhar não fizemos o esforço suficiente do “olha, temos um disco. ouve, é bom”. Neste último, desde o princípio, nós sabíamos que tínhamos de dizer às pessoas que temos este disco aqui. Dizermos às pessoas que “eu tenho estas sete músicas, eu gosto destas sete músicas, eu acho que tu vais gostar destas sete músicas, ouve-as, diz-me o que é que achas e se gostares faz alguma coisa por elas.” E foi nesse seguimento que surge agora o destaque da Antena 3 e uma série de outros destaques por parte de outras pessoas porque realmente fizemos este esforço.» (Sebastião)

«A parte em que fizemos as músicas, aprendemos a gravar o disco, gravámos o disco… Se calhar faltou o resto, promover sozinhos o disco! (risos)» (João)

«Estamos sempre a crescer, essa é a parte boa. Mesmo uns com os outros as relações crescem.» (Sebastião)

«É a tal coisa, a banda existe como Moe’s Implosion desde 2005, mas entretanto poderia já ter mudado de nome e ser outra coisa diferente. Neste momento Moe’s Implosion é todo um processo de crescimento de todos os elemento que nela estão, desde há dez anos para traz. Depois o Sebastião entrou… Cresceste, não cresceste?? (risos)»

«Um gajo entra quando tem vinte, agora tem vinte cinco claro que cresce, claro que mudas!» (Sebastião)

Fotografia por Cláudia Andrade

É nesta parte que eu comento em voz alta que já vou a caminhar para os vinte sete e que ainda os acho muito novinhos! Mas o Sebastião aproveitou para reforçar a sua ideia: «Lá está, dos quinze aos vinte vai uma grande diferença, mas dos vinte aos vinte cinco há uma grande mudança na perspectiva das coisas.»

«A própria música demonstra isso, que são pessoas que estão a crescer de trabalho para trabalho. É como ires ver o teu livro de fotografias e veres o que vestias há dez anos atrás. (risos)» (João)

Mudar de nome acabou por nunca acontecer porque no fundo, contaram-me eles, a banda iria ser a mesma, com os mesmos elementos e a fazer a mesma música que fazem agora, mesmo sendo diferente de trabalho para trabalho. «A verdade é que com o passar dos anos são raras as bandas conseguirem durar o tempo que nós conseguimos, mas isso é mau. Eu acho que isso é mau. É porque não estão reunidas as condições para as pessoas progredirem e evoluírem. Esperam que tu sejas uma coisa gigante ao teu primeiro disco ou até ao teu primeiro EP. Se o teu primeiro EP não resultar e não for assim uma bomba e não estoirares parece que não és nada de relevante. Não é por aí. Acho que toda a gente merece começar, crescer, errar, aprender, evoluir e eventualmente chegar a patamares superiores, seja isso o que for.» (João)

Nesta perspectiva de espaço de crescimento e de evolução, até no mercado, continuei a entrevista questionando-os sobre o que achavam do nosso mercado e qual a perspectiva deles enquanto Moe’s Implosion no mesmo: «Não sei se é de bom tom falar de exemplos concretos ou não, mas os Linda Martini são um exemplo de que é possível ter mercado. Talvez o som ao início fosse um pouco diferente do que é agora, mas o que é certo é que a emoção que passam de disco para disco tem sido a mesma. Foi sendo genuína desde o início que foi aceite por gente mais jovem, por mais pessoas, por pessoas das rádios e dos festivais, e sendo igual a ela própria conseguiu conquistar um lugar. Não é comum neste país que isso aconteça, é verdade, mas acho que nesse sentido eles abrem caminho, eles estão à frente, eles mostram que é possível.» (Sebastião)

«Sempre fomos fiéis a nós mesmos e àquilo que nós queremos fazer e acima de tudo está a nossa vontade em fazer a nossa música da nossa maneira.» (João)

Falámos ainda de mais alguns exemplos como Dead Combo, More Than a Thousand, entre outros, que passaram à margem de todo o tipo de modas e têm persistido e conquistado um lugar sólido na nossa cultura musical. Passámos então às referências propriamente ditas: «As referências, muitas vezes, é tudo aquilo que nos vai marcando ao longo da nossa vida. Filmes, discos, bandas, trabalhos inteiros de uma banda. Tudo acaba por contribuir.» Lancei o desafio de me indicarem um género de livro que pudesse ser uma referência e o Sebastião responde-me com outra pergunta que fez com que acabássemos a rir, pelo tom com que a fez e que deu que pensar: «Estás a falar deste disco ou desta banda? (risos).» Mas continuou de forma mais séria:  «Acho que eu e o João andámos a ler um livro os dois, enquanto gravávamos este disco, que é capaz de ser a resposta de um exemplo de referência – o livro da Patti Smith, Just Kids. É sobre a vida dela quando vai para Nova Iorque, conhece o fotógrafo e se insere no meio artístico. Primeiro como escritora e poeta, depois como vocalista. É um retrato do lado dela, enquanto evolução deles os dois. Ele enquanto fotógrafo e artista plástico e ela enquanto escritora, artista, espírito livre, por assim dizer. A história e a escrita desse livro é uma coisa que prende e emociona.»

A conversa estava tão boa que continuámos a discutir um pouco de literatura como o Jerusalém do Gonçalo M. Tavares, Mia Couto, Afonso Cruz, viajando pelos vários universos. Entre gargalhadas, descobri que o Sebastião é bom a fazer bolos caseiros, apesar de ele ter alertado para se ter cuidado que são espaciais! (Ai que eu sou tão ingénua!) Sou sincera, a partir deste momento a entrevista acabou por se tornar numa autêntica conversa de esplanada, com a imperial como testemunha, sem que houvesse vontade que o restante fosse para aqui chamado e não houve uma despedida formal. Valha que eles não me levam a mal, espero que vocês também não, porque eles são mesmo um espectáculo de pessoas e foi das conversas mais descontraídas, que dentro da seriedade com que encaramos os nossos projectos, nunca deixou de ter um tom bem disposto. Boa notícia é que eles andam em tour e podem apanhá-los já dia 13 de Março no Porto, 14 em Guimarães e dia 18 no Musicbox em Lisboa. Mais datas no poster em baixo.

Ouçam o disco, digam de vossa justiça e apoiem-nos que eles merecem! A minha opinião do Savage, aqui: http://www.branmorrighan.com/2014/12/opiniao-blog-morrighan-sobre-o-disco.html

Encontramo-nos dia 18 no Musicbox?

Facebookhttps://www.facebook.com/moesimplosion

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Digressão 2015 de Moe’s Implosion em apresentação de Savage https://branmorrighan.com/2015/03/digressao-2015-de-moes-implosion-em.html https://branmorrighan.com/2015/03/digressao-2015-de-moes-implosion-em.html#respond Sun, 08 Mar 2015 14:25:00 +0000

Os MOE’S IMPLOSION são uma banda de rock alternativo que acaba de lançar o seu 2º disco,”Savage”, em Outubro. O novo trabalho foi gravado nos estúdios “A Casinha”, misturado por Hélder Bernardo n’O Silo e masterizado nos estúdios Sage Audio em Nashville, Tennessee.

Conhecidos pela energia e entrega nas suas performances ao vivo, os MOE’S IMPLOSION continuam a promover o novo disco em 2015 apresentando-se em concerto várias cidades do país como Lisboa, Porto, Leiria, Guimarães, Setúbal, Viseu e Montijo.

Entretanto, a banda lançou vídeos para “Fassbender”, “Savage” (uma estreia exclusiva Antena 3) e “Wave Race”.

O disco “Savage” está disponível no iTunes, Spotify e outras plataformas digitais. Tem estado em destaque em vários sites e sido bem recebido pela crítica e pelo público.

Opinião do Blogue BranMorrighan: http://www.branmorrighan.com/2014/12/opiniao-blog-morrighan-sobre-o-disco.html

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[Opinião Blog Morrighan] Sobre o disco Savage, dos Moe’s Implosion https://branmorrighan.com/2014/12/opiniao-blog-morrighan-sobre-o-disco.html https://branmorrighan.com/2014/12/opiniao-blog-morrighan-sobre-o-disco.html#respond Sun, 21 Dec 2014 15:00:00 +0000 http://moesimplosion.bandcamp.com/

No início de Outubro, os Moe’s Implosion lançaram o seu segundo álbum de longa duração – Savage – e podem encontrar as informações sobre o mesmo aqui. Como disse no início desse post, foi uma agradável surpresa descobrir esta banda. Se, ao início, com a audição do LP anterior, me fez lembrar um pouco outros universos rock, à medida que fui descobrindo cada uma das sete faixas, as comparações foram desaparecendo.

Fazendo jus ao nome do álbum, toda a sua composição emana uma espécie de aura primitiva, com rajadas cruas de som, puxadas de guitarra que parecem vir do âmago e uma bateria que acompanha o compasso rítmico de todo percurso. O disco inicia-se quase como uma corrida cujas paragens são como descargas emocionais. Existe um ambiente noir nestas faixas que tanto oscilam pelo lado mais selvagem, como transmitem algum desespero na procura de um sentido para o que nos rodeia.

O artwork do disco, juntamente com o seu título, acabam por transmitir exactamente o que vamos sentido ao longo do disco. É como estarmos perante uma tempestade, por vezes à beira de um precipício, outras vezes apenas numa encosta, seguros, a observar, mas também existem aquelas alturas em que queremos ser engolidos pelos elementos, exorcizando tudo o que queremos gritar e calamos.

Claro que isto são tudo interpretações pessoais. Eu ouço o disco em casa enquanto trabalho, no carro enquanto viajo, e o que me leva a optar por ele, em certas ocasiões, é essa necessidade de ter um eco do turbilhão que muitas vezes fica acumulado. Gosto particularmente de Preacher, a última música do disco. Adoro o início mais acústico, o crescendo que se vai dando e os riffs estão muito bons. Resumindo, foi bom adicionar os Moe’s Implosion à minha estante de discos neste 2014 e são uma banda à qual estarei atenta.

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[DESTAQUE] Álbuns que saíram/sairão nestas semanas e que valem a pena ouvir https://branmorrighan.com/2014/10/destaque-albuns-que-sairamsairao-nestas.html https://branmorrighan.com/2014/10/destaque-albuns-que-sairamsairao-nestas.html#respond Thu, 16 Oct 2014 10:56:00 +0000

1975, do grande Xinobi, o seu primeiro álbum de longa duração. É a nossa grande referência nacional da música electrónica e o que não faltam são convites e países que o querem ver e ouvir. Já está disponível para venda tanto nas plataformas digitais como físicas e pode ser ouvido aqui: Xinobi – 1975

Entrevista: http://www.branmorrighan.com/2014/10/entrevista-xinobi-bruno-cardoso-musico.html

This Is Los Waves So What, dos Los Waves, chega dia 20 de Outubro, mas por aqui já viu e ouviu. Há quem possa dizer que é quase arriscado gostar de Los Waves, por uma vertente, à primeira vista, mais comercial, mas eu não tenho pejo nenhum em dizer que gosto e que durante dias foi o único disco que ouvi no carro. O disco pode ser ouvido aqui: https://soundcloud.com/loswaves

Entrevista: a transcrever, publicada brevemente. 

Enteléquia, este álbum Aristotélico da banda do Porto – O Abominável. Comparado com muitos, feita justiça por poucos, este rock que é nosso começa agora a dar os primeiros passos para conquistar Portugal. Foi lançado apenas digitalmente e pode ser ouvido aqui: O Abominável – Enteléquia

Entrevista: A transcrever, publicada brevemente. 

5 Monstros, do Tio Rex. Mais um disco, este pequenino, que vale a pena apreciar. Desde a música do Miguel à edição física, existe um cuidado artístico que sabe bem observar, ler e ouvir. Este último, podem fazê-lo aqui: Tio Rex – 5 Monstros (EP)

Entrevista: Brevemente. 

Savage, dos Moe’s Implosion, saiu dia 13 e tem o seu lançamento em Lisboa, no Sabotage, amanhã dia 17. É já o segundo álbum de longa duração e as diferenças na sonoridade fazem-se sentir, mais arriscadas e ousadas. Podem ouvi-lo aqui: Moe’s Implosion – Savage

Entrevista: Brevemente. 

Search For Meaning, dos Lotus Fever. Finalmente, o tão aguardado disco. Depois de um primeiro single que fez toda a comunicação social falar deles – Introspection – a banda já anda a apresentar este seu primeiro álbum de longa duração. São, também, uma das minhas grandes apostas a nível nacional. Podem ouvir o disco aqui: Search for Meaning

Entrevista: Brevemente

Assim de rajada, são estes os discos dos quais quero falar num futuro próximo. Devem-me estar a escapar alguns/muitos, também eles a merecerem atenção, mas assim de cabeça e dos que mais me ficaram no ouvido, é esta a minha lista destes tempos de Outubro. 

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[Música] Moe’s Implosion com novo disco – “Savage” – a 13 de Outubro https://branmorrighan.com/2014/10/musica-moes-implosion-com-novo-disco.html https://branmorrighan.com/2014/10/musica-moes-implosion-com-novo-disco.html#respond Thu, 02 Oct 2014 15:31:00 +0000

MOE’S IMPLOSION

Novo disco “Savage” a 13 de Outubro

Concertos de apresentação em Lisboa e Porto

Descobri recentemente esta banda e eis que dou comigo a recordar os meus tempos de vício em The Mars Volta e em todo o universo de Omar Rodriguez-Lopez. A primeira faixa que ouvi foi a Savage, do novo álbum que sai agora a 13 de Outubro, e nem sequer sabia que, por exemplo, o Omar tinha masterizado o primeiro álbum de Moe’s Implosion, mas após a audição do tema, fiquei nostálgica. Feliz coincidência que me levou a ouvir o Light Pollution e a entrar neste universo que já tem vida própria e personalidade independente. O segundo LP está então já a caminho e estou curiosa com o resultado. Deixo-vos agora as informações principais sobre a banda e o lançamento de Savage

Os Moe’s Implosion são uma banda de rock formada em 2005. Actualmente composta por Frederico Severo, João Camejo, João Sancho, Ricardo Salvador e Sebastião Santos, fizeram vários concertos em várias cidades do país e, em 2007, foram premiados com o primeiro lugar em vários concursos de bandas de garagem como Setúbal e Loulé. No final desse ano a banda entra em estúdio, nos Black Sheep Studios, com Makoto Yagyu (PAUS, Riding Pânico) para produzir o primeiro EP, “Morning Wood”. 

A vontade trazer música nova aos os seus concertos levou os Moe’s Implosion a gravar o álbum de estreia, “Light Pollution”. O primeiro disco de longa duração da banda foi masterizado por Chris Common (These Arms Are Snakes, Omar Rodriguez-Lopez) e editado em Novembro de 2011, pela Raging Planet em parceria com a Raising Legends.

Savage é o nome do novo disco dos Moe’s Implosion e chega já no próximo dia 13 de Outubro às lojas e plataformas digitais.

Este novo disco é uma evolução relativamente ao anterior, Light Pollution. “Fomos um pouco mais ambiciosos na composição e experimentámos novas sonoridades“, é desta forma que os Moe’s Implosion descrevem o seu novo trabalho, de onde já se conhece o single “Fassbender”.

Entretanto, o tema “Savage“, que dá nome ao disco, já está disponível para escuta na página de Soundcloud da banda, cujo vídeo chegará dia 6 de Outubro.

Para promover o lançamento do disco, os Moe’s Implosion apresentam-se em concerto em várias cidades:

17 Outubro – Sabotage, Lisboa (c/ Torpe)

24 Outubro – Texas Bar, Leiria

7 Novembro – Plano B, Porto (c/ O Abominável)

8 Novembro – Club, Vila Real

13 Dezembro – S.H.E., Évora

Alinhamento:

1. Savage

2. Fassbender

3. Dream Wide Awake

4. Wasser

5. The Storm

6. Wave Race

7. Preacher

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