NOS Primavera Sound – Bran Morrighan https://branmorrighan.com Literatura, Leitura, Música e Quotidiano Mon, 28 Dec 2020 05:51:12 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.9 https://branmorrighan.com/wp-content/uploads/2020/12/cropped-Preto-32x32.png NOS Primavera Sound – Bran Morrighan https://branmorrighan.com 32 32 Cartaz NOS Primavera Sound (os First Breath After Coma confirmados!) https://branmorrighan.com/2016/12/cartaz-nos-primavera-sound-os-first.html https://branmorrighan.com/2016/12/cartaz-nos-primavera-sound-os-first.html#respond Wed, 21 Dec 2016 10:32:00 +0000

A seguir ao Vodafone Paredes de Coura, festival do coração desde 2011, o NOS Primavera Sound tornou-se no outro grande festival no qual me consigo sentir em casa e com verdade espírito melómano. A cada ano os cartazes trazem dos melhores nomes da música internacional, juntando alguns dos maiores talentos nacionais. Este ano, para além de já ter babado por Bon Iver, Justice, Nicolas Jaar, Flying Lotus, Angel Olsen, Japandroids, The Growlers, Swans, Cigarettes After Sex e mais um ou outro, fiquei extremamente orgulhosa pela representação nacional! Os FIRST BREATH AFTER COMA, em conjunto com Rodrigo Leão, Samuel Úria e Evols, vão estar presentes neste belo festival. Se este ano no Paredes de Coura tiveram uma das maiores enchentes como primeiro concerto, não tenho dúvida que, independentemente do timing do alinhamento, no Primavera vão encantar tudo e todos. E depois deste percurso tão bonito e sólido ao longo de 2016, penso que o reconhecimento é mais do que merecido. Sim, sou suspeita, trabalho com eles desde Abril, o disco saiu em Maio, por isso tenho estado envolvida nisto tudo, mas ainda antes de estar com a Omnichord já tinha a certeza que um dia eles haviam de chegar longe e parece que esse tempo está a acontecer agora. Drifter é um disco belíssimo e que merece todo o nosso carinho. Muitos parabéns também aos restantes representantes do nosso belo país, está aqui uma bela montra de música nacional, para além do cartaz de luxo internacional. Obrigada, NOS Primavera Sound! 

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[Diário de Bordo] O meu autismo no NOS Primavera Sound 2016 https://branmorrighan.com/2016/06/diario-de-bordo-o-meu-autismo-no-nos.html https://branmorrighan.com/2016/06/diario-de-bordo-o-meu-autismo-no-nos.html#respond Sat, 18 Jun 2016 13:40:00 +0000

Olá olá, bem sei que estou um bocadinho atrasada para escrever sobre o NOS Primavera Sound, mas foi chegar a Lisboa e ter exames para vigiar e corrigir, uma série de contratempos pessoais e profissionais, mas nada a que não se sobreviva para contar. E a partir daqui apenas falarei do NOS Primavera Sound 2016 e do orgulho que foi ver os portugueses a darem concertos bem melhores que outros grandes nomes e de como Sigur Rós, Savages, Protomartyr, Car Seat Headrest, Explosions in The Sky e Moderat fizeram o meu festival no que toca a bandas internacionais.

Mas comecemos pelo que é nacional, ou seja, pelos Sensible Soccers, White Haus e Linda Martini, em que os dois primeiros abriram o palco Super Bock nos dias 9 e 10 e os últimos o palco NOS no dia 11.

Sensible Soccers

Cheguei um pouco antes das 17h e, sendo o primeiro dia, não pude deixar de ficar surpreendida com a quantidade de gente já pronta para os ver. Ao início mais tímidos, sentados na relva, entretanto de pé e a dançar. Confesso, ver Sensible Soccers em ambiente de festival não é o meu formato preferido, mas o facto de Vila Soledad, o disco que têm andado a apresentar pelo país, ser mais electrónico que o anterior, ajuda a que haja uma maior envolvente entre banda e público. O espectro musical sendo mais alargado, também não dispensa os tons orgânicos da guitarra e do baixo, que complementam a atmosfera sublime e psicadélica que é muitas vezes gerada. Para meu deleite e de tantos outros, a AFG, tema que nos conquistou no disco anterior, também não faltou. E lá está, não há como resistir aos sorrisos e cumplicidade trocados em palco, à forma carinhosa como a banda trata sempre os seus fãs. Tivessem tocado à noite e de certeza que iriam ter público cheio e reacções ainda mais emotivas.

White Haus

Este é projecto que muito pouco tem a provar. Já os vi umas quantas vezes ao vivo e o à vontade, a confiança e a provocação em palco assenta-lhes lindamente. Neste concerto tiveram a estreia de João Doce na percussão, e mesmo sendo provocado várias vezes pelos colegas por um potencial nervosismo, saiu-se lindamente. Já todos o conhecemos de tocar com o Tó Trips, e vê-lo neste contexto mais electrónico em nada lhe fica mal, pelo contrário, a sua energia é um bom complemento ao quarteto habitual White Haus. João Vieira, a cara do projecto, mostra uma experiência notável ao animar um público que costuma ser claramente noturno. Calhou um sol radiante e uma luz quentinha, mas qualquer hora é boa para dançar e, perdoem-me o à parte, existem poucas artistas mais sensuais do que a Graciela em palco. Juntamos a segunda dose de NOS Primavera Sound do André Simão e não podemos não ficar com a impressão que aquele palco era apenas mais uma casa para este conjunto de artistas.

Linda Martini

São a banda portuguesa que mais vezes vi ao vivo. São também a banda portuguesa que sigo há mais anos, ainda era eu uma adolescente meia perdida (será que alguma vez nos encontramos verdadeiramente?). Talvez por isso tenha sentido este último concerto mais morno. Sirumba é um disco que, sendo recente, ainda não aqueceu as gargantas dos seus fãs e isso nota-se claramente quando são tocadas músicas mais antigas, em que a exaltação se faz notar de sobremaneira e as letras estão na ponta da língua. É claro que já se tornaram numa banda de culto, com mais de 10 anos de existência é o palco principal que abrem, já em Paredes de Coura foi assim (um dos melhores concertos que vi deles, se não o melhor), e é-lhes reconhecida a excelência de quem faz o que faz por gosto, a seu tempo e com a devida segurança e confiança. Não faltou o crowdsurfing final de Geraldes e Hélio, que careceu na apresentação no Coliseu de Lisboa, e o concerto fechou-se como sempre, em festa.

Explosions in the Sky

Sigur Rós, Savages, Protomartyr, Car Seat Headrest, Explosions in The Sky e Moderat

Podia mencionar muitos outros nomes por aqui, mas a verdade é que se não o faço foi porque ou me desiludiram ou me foram completamente indiferentes. Eu sei que nos festivais a probabilidade de uma banda de quem gostamos nos desiludir é grande, afinal os concertos em festivais são sempre voláteis, muito dependentes também de quem nos rodeia, e daí o título deste post. Andei armada em autista na grande maioria do NOS Primavera Sound. Tinha dezenas de amigos espalhados pelo festival, mas não seria raro ou de estranhar ver-me afastada, ou só com uma ou duas pessoas, num qualquer posicionamento mais estratégico para ver determinado concerto. Agora que penso nisso, tive apenas três pessoas que, intercaladas, me foram acompanhando (ou que eu acompanhei) nesta selecção de concertos que não queria perder.

Comecemos com Sigur Rós, logo no primeiro dia. Quando li os relatos pelas redes sociais (que começo a abominar cada vez mais) rapidamente percebi que todos pareciam ter estado em concertos completamente diferentes. Eu, muito bem acompanhada pela Melissa e pelo Bernardo, estivemos muito bem posicionados, perto do palco numa zona central, e soubemos aquietar e silenciar o pouco povo que decidia abrir a boca durante o concerto. Uma banda como Sigur Rós não pede um concerto ao ar livre, mas eles souberam como compensar enchendo o palco de uma artilharia material e de luz proeminentes. Foi dos concertos que mais mexeu comigo, mas também foi a primeira vez que os vi ao vivo. Sei que faltava pelo menos o teclista em palco, mas mais uma vez não senti o palco vazio ou sequer falta de energia a vir de lá. Pelo contrário, o vocalista de alguma maneira esmerou-se e ultrapassou o seu habitual recolhimento para chegar mesmo a provocar o público em alguns momentos da actuação.

Protomartyr e Car Seat Headrest foram duas bandas que conheci graças ao João Pedrosa. Tanto me provocou que lá o segui e a verdade é que ele tinha mesmo razão. Foram dois concertos do caraças, ambos no palco Pitchfork. Fiquei surpreendida, principalmente com os segundos, por terem tanto público à sua espera. Melhor, sabiam as letras e os Car Seat Headrest chegaram mesmo a dizer que Barcelona podia ter tido o dobro do público, mas que no Porto eram o dobro no entusiasmo e no feedback que se fez sentir. Aqui ficam duas bandas anotadas para atenção futura.

Mas não nos adiantemos demasiado porque ainda me faltam as Savages no segundo dia que mais uma vez deram um concertão. Não sei bem de que material são feitas aquelas três mulheres, mas só conseguia pensar que quem me dera andar com elas na estrada, conhecer as suas histórias e de como se tornaram esta máquina bem oleada que, por mais vezes que as veja ao vivo, nunca me desiludiram. A vocalista ainda defendeu uma eventual prestação menor, alegando que se aleijou nas costas recentemente, mas qual quê. Atirou-se ao público e deu o que tinha a dar e nós só podemos ficar gratos por tamanha entrega. Nos dias de hoje a distância entre o palco e o público parece ser formada por uma qualquer camada fina de gelo, mas neste concerto a única coisa que se sentiu foi um fogo capaz de domar qualquer um. Claro que uma das consequências foi depois não ter conseguido ficar muito tempo no concerto de PJ Harvey que não foi muito mais do que uma encenação. O facto de nem numa guitarra ter pegado mostra que os seus dias dourados já passaram, fica aquela ligação ao seu eu mais antigo.

Moderat

Último dia do NOS Primavera Sound e depois de Linda Martini e de Car Seat Headrest, veio a espera de hora e meia na grande do palco Super Bock para ver Explosions in The Sky. Sim, aconteceu. Não me lembro de alguma vez o ter feito, nem quando era miúda e comecei a ir aos festivais. Mas aos 28 anos, e depois de ter perdido algumas oportunidades de os ver, tal aconteceu. E este é outro concerto que causa alguma discordância entre quem o viu, mas que a mim pareceu-me só do melhor que já vi. Mas eu sou suspeita. Sou daquelas pessoas em que a Your Hand in Mine foi banda sonora de umas das separações mais difíceis da minha vida, que tantas outras músicas foram o bálsamo para inúmeras e diversas situações ao longo dos últimos dez anos.

Por fim, Moderat. Para quem não conhece, Moderat é o projecto de Sascha Ring, Apparat, com os membros de Modeselektor. Conheci Apparat há cerca de oito ou nove anos e ainda só tinha tido a oportunidade de ver o Sascha a solo no Super Bock Super Rock em 2012. Na altura tocou a Rusty Nails e uma ou outra do projecto com Moderat, mas só agora no NOS Primavera Sound é que pude testemunhar o poderio deste trio. III, o último disco de Moderat, tem sido um vício constante – acho que qualquer dia chego ao carro e o disco já não toca por exaustão. Sendo o último concerto do NOS Primavera Sound no palco principal, tive algum receio que os três não fossem suficientes para entusiasmar o público, mas pelo que pude testemunhar saíram de lá com bem mais fãs do que com que entraram. O concerto contou com um espectáculo de luzes e de imagens forte, não faltou a abordagem mais orgânica à guitarra e ao baixo, o Sascha é uma caixinha de surpresas, e se tinha medo de ficar desiludida, a verdade é que saí de lá com um bruto sorriso nos lábios.

Ambiente

Abençoado NOS Primavera Sound e o reforço das casas de banho. Não encontrei uma única fila o festival inteiro. A zona da restauração foi reforçada com novas instalações sanitárias e a própria oferta alimentar era variada o suficiente para não me ter deparado também com grandes filas para comer. Não há como não gostar do recinto. O Parque da Cidade do Porto é dos sítios mais bonitos do nosso país e dada a disposição dos palcos tanto podemos desfrutar de um concerto sentados, como de pé e podemos circular sem andarmos aos tropeções e aos encontrões. Não vou cair naquela mania de falar do tipo de público que frequentou o festival, talvez porque andei os três dias muito abstraída disso mesmo. Acho que cada vez mais os concertos e os festivais, se quisermos tirar alguma coisa deles, tem de ser uma experiência pessoal. Só saquei do telemóvel para uma ou outra fotografia no final dos concertos que mais me marcaram e nem foi em todos. Ou seja, quis viver e sentir sem ter de me preocupar com isto ou aquilo ou aquele ou o outro. Daí a falta de fotografias neste post, mas basta irem ao Facebook do NOS Primavera Sound e por lá não faltarão, com certeza, fotografias de tudo e mais alguma coisa. Mais uma excelente experiência num dos únicos festivais dos quais ainda tiro um prazer genuíno. 

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Horários e distribuição da programação por palcos no NOS Primavera Sound 2016 https://branmorrighan.com/2016/05/horarios-e-distribuicao-da-programacao.html https://branmorrighan.com/2016/05/horarios-e-distribuicao-da-programacao.html#respond Wed, 25 May 2016 10:30:00 +0000

Nem acredito que finalmente vou poder ver uma data de bandas que, por algum infortúnio, nunca conseguir ver nas passagens anteriores por cá. Sigur Rós, Animal Collective, Beach House, PJ Harvey, Destroyer, Savages (já vi em Bilbao), Dinosaur Jr., Chairlift, Air, MODERAT, Battles (vi em Paredes de Coura) e Explosions in the Sky são aqueles nomes que quero mesmo ver, outros desconheço (não me julguem), mas espero sair de lá com um cardápio  musical ainda maior! E vocês, que concertos é que não vão querer perder?

Não mencionei, mas como sempre, hei-de dar destaque às três bandas portuguesas que irão abrir o palco Super Bock e o palco NOS: Sensible Soccers, White Haus e Linda Martini. 

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NOS Primavera Sound – Programação por Dias + Bilhetes Diários https://branmorrighan.com/2016/02/nos-primavera-sound-programacao-por.html https://branmorrighan.com/2016/02/nos-primavera-sound-programacao-por.html#respond Wed, 24 Feb 2016 17:04:00 +0000

PROGRAMAÇÃO POR DIAS 

BILHETES DIÁRIOS PARA O NOS PRIMAVERA SOUND 2016

Já está disponível a programação por dias da quinta edição do NOS Primavera Sound, de 9 a 11 de Junho, no Porto.

Os bilhetes diários para o NOS Primavera Sound 2016 ficam disponíveis a partir de terça-feira, dia 1 de Março, pelo preço de 55€. Os pontos de venda são: bol, Seetickets, Ticketea, Portal NOS Primavera Sound e locais habituais (FNAC, CTT, El Corte Inglés, Worten, …).


PROGRAMAÇÃO POR DIAS

Quinta-feira, dia 9 de Junho: Animal Collective, Deerhunter, Julia Holter, Parquet Courts, Sensible Soccers, Sigur Rós, U.S. Girls, Wild Nothing

Sexta-feira, dia 10 de Junho: Brian Wilson performing Pet Sounds, Beach House, BEAK>, The Black Madonna, Cass McCombs, Destroyer, Dinosaur Jr., Empress Of, Floating Points (live), Freddie Gibbs, Holly Herndon, Kiasmos, Mudhoney, Mueran Humanos, PJ Harvey, Protomartyr, Roosevelt, Savages, Tortoise, White Haus

Sábado, dia 11 de Junho: Air, Algiers, Autolux, Bardo Pond, Battles, Car Seat Headrest, Chairlift, Drive Like Jehu, Explosions In The Sky, Fort Romeau, Linda Martini, Loop, Manel, Moderat, Neil Michael Hagerty & the Howling Hex, Royal Headaches, Shellac, Titus Andronicus, Ty Segall and The Muggers, Unsane


BILHETES E PONTOS DE VENDA

O passe geral para o NOS Primavera Sound 2016 continua disponível pelo preço de 105€. O passe que dá acesso aos três dias do festival pode ser adquirido em bol, Atrápalo, Seetickets, Ticketscript, Masqueticket, Ticketea, Portal NOS Primavera Sound e nos locais habituais (FNAC, CTT, El Corte Inglés, Worten, …) ou através do travel package da Festicket que inclui, para além do passe geral, o alojamento durante os dias do festival.

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[Crónica João Pedrosa] NOS Primavera Sound https://branmorrighan.com/2016/02/cronica-joao-pedrosa-nos-primavera-sound.html https://branmorrighan.com/2016/02/cronica-joao-pedrosa-nos-primavera-sound.html#respond Mon, 08 Feb 2016 11:12:00 +0000

Olá, cá estou eu novamente depois de na semana passada não vos ter podido escrever por motivos de saúde. Ainda pedi à Sofia para vos avisar, mas ela não fez nada disso e por vingança ainda adiou a sua rúbrica no Frequência Cardíaca. Só para vocês terem uma pequena noção de como ela me trata.  

(é nesta parte que eu me intrometo e digo que é mentira)

Hoje vou falar sobre o NOS Primavera Sound, festival que se realiza no Parque da Cidade do Porto e do qual na semana passada ficámos a conhecer o magnífico line up para este ano. O Primavera Sound é um dos maiores, se não o maior festival de música alternativa do mundo, uma espécie de Mecca indie que se realiza desde 2001 na cidade espanhola Barcelona. Em 2012 recebíamos a notícia de que Portugal tinha sido o país eleito para receber uma versão reduzida do Primavera Sound. 

Para quem gosta de música receber essa notícia provocou provavelmente a mesma sensação de ganhar o Euromilhões. Tínhamos então a garantia de ter a melhor música feita no passado, presente e ainda a antecipação do futuro, e a juntar a isso o espaço idílico do Parque da Cidade do Porto. Em apenas quatro anos o NOS Primavera Sound tornou-se uma marca importante para o turismo do Porto pela quantidade de melómanos que atrai vindos de vários países. Por essa altura o Porto esgota praticamente a sua lotação hoteleira. Não o vamos negar, o Primavera Sound é um festival elitista, primeiramente porque o seu público é bastante exigente quanto ao cartaz e depois porque não é um festival típico de Verão onde se pode acampar e confeccionar os seus alimentos numa botija campingaz. É, portanto, um festival relativamente caro e se isso por um lado pode ser uma condicionante para quem não tem tanta disponibilidade financeira, por outro afasta aquelas pessoas que vão pelo convívio, para levar uma mala cheia de brindes e perturbar quem lá está para assistir aos concertos. Até nisso o Primavera é um festival diferente, a sua comunicação é diferente da de outros festivais, não há gritarias nem distracções. Ali só há um interesse: a música. 

Todos os festivais são feitos para quem gosta de música, mas o Primavera é feito por pessoas que amam a música para pessoas que amam a música e isso sente-se em cada cartaz, em cada edição e na maneira como é preparada toda a logística do festival. É certo que quando olhamos para o cartaz de Espanha em comparação com o nosso poderá haver uma sensação de parente pobre e no fundo é um pouco isso que acontece. O orçamento do NOS Primavera Sound é mais reduzido, mas não é por isso que o festival deixa de ter um dos cartazes mais empolgantes em Portugal, como se comprova mais uma vez este ano. Eu, que não sou dado a religiosidades, todos os dias agradeço pela sorte que temos em ter o festival em Portugal e para que continue por muitos e bons anos. Em Junho voltaremos a ser felizes!

João Pedrosa

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Moderat prestes a lançar novo disco, disponibilizam Reminder https://branmorrighan.com/2016/02/moderat-prestes-lancar-novo-disco.html https://branmorrighan.com/2016/02/moderat-prestes-lancar-novo-disco.html#respond Sun, 07 Feb 2016 18:56:00 +0000

Moderat é uma espécie de superbanda de Berlin. Começou com a colaboração de Sascha Ring, também conhecido como Apparat, com a banda Modeselektor, cujos membros são Gernot Bronsert e Sebastian Szary. O primeiro EP foi lançado em 2002, o primeiro longo-duração homónimo em 2009 e entretanto foram saindo uma série de pequenos trabalhos. Entretanto, a banda anunciou novo disco para Abril de 2016, III. Hoje foi disponibilizada uma música nova que podem ouvir aqui no post.

Relembro que os Moderat vão estar no Primavera Sound no Porto, o que só de si é único e de aproveitar!

Facebook da banda: https://www.facebook.com/moderat.band/

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[Opinião Blog Morrighan] NOS Primavera Sound 2015 e o poder de possuir os corações das pessoas https://branmorrighan.com/2015/06/opiniao-blog-morrighan-nos-primavera.html https://branmorrighan.com/2015/06/opiniao-blog-morrighan-nos-primavera.html#respond Mon, 08 Jun 2015 13:04:00 +0000

“People have the power”, foi o cântico entoado por duas vezes no Parque da Cidade do Porto pela fantástica Patti Smith em dois dias distintos, o primeiro e o segundo. No terceiro tivemos um “Can’t take my mind of you” e um “I will possess your heart” que na sequência dos acontecimentos fez todo o sentido. As pessoas têm, de facto, o poder de proporcionarem momentos únicos, de por meio do seu talento e genuinidade encherem os corações de quem as admira. 

Foi a minha primeira edição do NOS Primavera Sound e só posso esperar que se sigam muitas mais – assim o festival se mantenha fiel a ele mesmo. O espaço é, na minha opinião, o mais bem conseguido de todos os festivais em Portugal. A combinação Queimódromo mais Parque da Cidade proporciona espaços distintos para diferentes actividades (alimentação e entretenimento no primeiro e os diferentes palcos no segundo), o que permite uma boa circulação sem grandes atropelos ou confusões. 

77 000 é o número estimado de pessoas que frequentaram esta edição, com cerca de 40 nacionalidades diferentes, evidenciando já alguma massificação, mas onde a média de idades é superior às dos outros festivais e onde também se encontram mais melómanos. A diversidade fala por si, a organização do festival em Portugal arriscou nos nomes que achou por bem e se alguns acharam-nas arriscadas, a verdade é que é essa a diferença que começa a fazer falta nos festivais do nosso país. Muitas vezes falamos de os festivais se terem que adaptar ao público, mas talvez esteja na hora de ser o público a adaptar-se aos festivais, no sentido em que começa a ser cansativo vermos festivais a perderem qualquer tipo de identidade para se tornarem em autênticas máquinas comerciais. O NOS Primavera Sound, mesmo tendo já muito do fenómeno do “vou porque é fixe” ainda consegue preservar o espírito de diferença, de mostrar uma qualidade e heterogeneidade que, tirando Paredes de Coura numa dimensão bem mais pequena, é já única em Portugal. 

Fotografia Hugo Lima

Passando ao que interessa – a experiência por si mesma! Na verdade tudo começou de forma muito atribulada para o meu lado. Como era a primeira vez que ia ao Primavera, não sabia onde era a entrada e muito inocentemente comecei por explorar o extremo oposto ao que devia. Depois de meia hora em correria, lá levantei a pulseira com as meninas simpáticas da zona de imprensa e lá fui eu a correr para o Palco Super Bock para ver Bruno Pernadas. Este é um dos músicos mais talentosos do nosso país e foi com comitiva completa, com nomes como Afonso Cabral (YCWCB) e Joca (Tape Junk), que – do pouco que consegui ver – fez jus ao que muito se tem dito por aí. A colina estava composta, a zona perto do palco também e para estarem pelas 17h prontas para o ver é porque realmente já reúne um bom conjunto de fãs. Da minha parte digo, sem problema nenhum, que era um dos meus cabeças de cartaz do dia, juntamente com Patti Smith e FKA Twigs. 

Fotografia Hugo Lima

Acabou por ser mesmo essa a sequência de concertos, com uma Patti Smith de meter inveja a qualquer músico de qualquer idade, senhora de si mesma e com um poderio no palco sobre o público que poucos conseguem. Houve momentos mais emocionais, outros mais ternos, músicas dedicadas a pessoas que marcaram o mundo, como Nash, entre outros, e ainda ao seu neto. Que orgulho deve ser para ele ter uma avó assim! Seguiu-se FKA Twigs a não desiludir, mas também a não surpreender. Se por cá tenho defendido a valorização e o crescimento da música electrónica, a verdade é que esperava mais intensidade, talvez emoção, por parte artista experimental britânica. Ainda fiquei para Interpol, que tendo uma setlist muito boa, peca também por não transmitir grande empatia durante o concerto. Sendo sempre simpático, faltou a Paul Banks o dinamismo esperado a um vocalista de uma banda rock. Claro que isto é tudo a minha percepção e o meu gosto, quando estou num concerto rock gosto de sentir a música a entrar-me pelas veias e a energia a vibrar-me no peito – em Interpol não consegui sentir isso. 

Fotografia Hugo Lima

O segundo dia começou com o grupo brasileiro Banda do Mar. São conhecidos pela sua simpatia, pelo seu pop que nos enche de sorrisos e foram bem sucedidos no que toca a deixar os corações quentes de quem os ouvia. Tendo pouco mais de um ano, tem sido de louvar o percurso ascendente e a presença num festival deste calibre tão cedo. Seguiram-se os Giant Sand, que não conhecia e que não me marcaram em particular, para depois termos nova sessão com a rainha Patti Smith a tocar o disco Horses num anfiteatro natural com uma excelente moldura humana! Antes disso ainda passei por Viet Cong, nada mau, mas foi depois da Patti, em José González, que voltei a sentir aquela energia vibrante no ar. O argentino/sueco encheu o público de sorrisos e deu um concerto impecável tendo também tirado da manga a cover Teardrop dos Massive Attack que nem um mestre, acho que até fiquei ainda mais fã! Não é para isso que servem os concertos? Quem também não desiludiu em nada foi Sun Kill Moon. Quem sabe, sabe, e o palco é já uma casa confortável de quem vem percorrendo um longo caminho nele.

Fotografia Hugo Lima

Belle and Sebastian, e Anthony and the Johnsons foram os meus dois últimos concertos do dia. Se com os primeiros a nostalgia e a alegria, com saltos e aclamações, foram a marca de um regresso, com Anthony and the Johnsons o concerto pedia uma solenidade que dificilmente foi encontrada. As circunstâncias eram especiais – o concerto era não ampliado, o que por si só requeria um respeito e um silêncio que existiram pouco. Mesmo estando perto das colunas do lado esquerdo, o som não era límpido e o público à minha volta não se calava com conversas curriqueiras. E aqui entra o tal aspecto do tipo de público que se quer num festival que pretende fazer apostas destas. Que Anthony é um artista cheio de talento e que merece a nossa admiração, penso que todos sabemos, mas consegui-lo é outra coisa.

Fotografia Hugo Lima

Chega Sábado e as saudades já apertaram. Foi obrigatório entrar no recinto como se fosse a primeira vez, gravando na memória os espaços, as caras radiantes, o convívio em tom de partilha e, em alguns casos, de despedida. Começou em língua portuguesa com Manel Cruz, a representar décadas da nossa música e a ser ele mesmo. Com músicas novas e outras de Supernada e Pluto, a grade estava ao rubro e ainda se cantou os parabéns à Camila! Seja ela quem for! Na minha agenda seguiu-se o estrondoso Thurston Moore que para além de tocar como ninguém, transborda um gosto e um comprometimento com o que faz que é de louvar. Foxygen foi um espectáculo digno do estilo Broadway. O vocalista despiu-se e vestiu-se, correu, saltou, conseguiu ter o peito a sangrar, sem nunca deixar de estar completamente electrizado. A restante comitiva, com bailarinas que fariam corar anúncios red bull (acho que não quero saber o que é que tomam!), ajudou à festa e proporcionou um bom momento de entretenimento ao público.

Fotografia Hugo Lima

Com Damien Rice, voltamos ao estilo solene. Munido apenas com as suas guitarras e belíssima voz, o palco NOS poderia parecer demasiado grande, não tivesse a sua música a capacidade de o tornar gigante. Num jogo de luzes simples ao longo do concerto todo, “The Blower’s Daughter” arrancou um coro valente do público e o fim foi fenomenal, com loops consecutivos até parecer que estávamos perante uma banda super composta e com um Damien Rice emotivo que entregou tudo o que tinha. Entretanto, o relógio marca às 22h10 e aí é o meu coração que já não aguenta de expectativa – finalmente a oportunidade de ver Death Cab For Cutie. Banda que remonta a 97 como ano de origem, tem sido um dos conjuntos que mais me tem acompanhado nos últimos. Uma hora que mal dei por ela passar, que soube a pouco, mas quem não quer mais quando ainda por cima sabem como dar ao público aquilo que ele quer?

Fotografia Hugo Lima

Para além de alguns temas do mais recente disco, percorreram clássicos como “I Will Possess Your Heart”, “Soul Meets Body”, “You are a Tourist”, entre outros. Faltou-me a Tiny Vessels, mas não se pode ter tudo na vida, já tive a “Transatlanticism”! Adorei a energia da banda em palco e, a par de Patti Smith e Thurston Moore, foi dos concertos que mais gostei.

Seguiram-se os Ride cujo público era, claramente, mais velho. Foi fascinante ver o entusiasmo, as letras sabidas de cor e o ambiente estava realmente muito bom. Quando terminaram dividi parte do tempo entre The New Pornographers, que não conhecia e dos quais certamente vou ouvir mais, e Dan Deacon, que sabe como animar e entusiasmar o público. Era rara a pessoa que não dançava e não correspondia aos apelos do músico. Underworld e Pharmakon, os últimos dois concertos pelos quais passei, não me entusiasmaram de sobremaneira. Cansada como estava, nenhum deles foi capaz de me dar o boost de motivação extra de que precisava para me manter no recinto e assim terminei o NOS Primavera Sound 2015.

Fotografia Sofia Teixeira

Verdade seja dita, saí exausta (já andava em maratona desde o evento do blogue no Musicbox na Quarta-feira), mas de sorriso no rosto e de “coração possuído”. Venho com a paisagem na memória, os sorrisos, os imprevistos, os encontros com tanta gente fantástica e talentosa (penso que foi o festival onde encontrei mais artistas portugueses como espectadores – pode ser que um dia tenham lugar num dos palcos como montra de exposição para o estrangeiro!). Um agradecimento do tamanho do mundo à organização pela oportunidade que me concederam para testemunhar a enormidade que é o festival. Quero acreditar, vigorosamente, que este festival se vai manter ímpar e que em nada vai sair prejudicado por causa disso. Não há mais nenhum com um conjunto de estrutura, infra-estrutura, cartaz e comunidade tão enorme e com tanta qualidade como este. Nenhum. No outro dia dizia nas redes sociais que pela primeira vez sinto que posso ter dois amores no que toca a festivais. Nunca escondi, nem escondo, que Paredes de Coura tem um simbolismo que mais nenhum tem, que é o meu preferido. Todo o misticismo do campismo, vila, etc., fazem dele o que é e contra factos não há argumentos. Mas agora imaginem um espírito semelhante, com uma dimensão muito maior, na mesma com a natureza a rodear-nos e cartazes de um poderio que obviamente o irmão não consegue ter. Não sei, fica a ideia. Eu adorei e espero mesmo repetir. E que continuem os jogos entre o moderno e o antigo, as apostas nas bandas novas e a recordação das que marcam gerações. É isso que queremos, é disso que precisamos, uma reeducação musical que passa por mostrar personalidade naquilo que se quer ouvir. Penso que não é à toa que este é um dos festivais onde vi mais crianças a acompanharem os seus pais. A boa música é para ser ouvida desde pequeninos! Obrigada, NOS Primavera Sound, pelos momentos únicos. 

PS: Mega obrigada ao meu primo Ricardo Monteiro pelas boleias todas! Obrigada também à Raquel Nunes, à Margarida Cardoso, ao Kristen e ao Diogo pela excelente companhia ao longo dos três dias! As gargalhadas ainda ecoam nos meus ouvidos J

PS2: As pizzas e as batatas fritas do Maus Hábitos souberam que nem ginjas nos poucos minutos que tirámos para comer! 

PS3: Sou uma sortuda por ter gente tão fantástica na minha vida para partilhar estes momentos. Obrigada, leitores! 

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