Opera Omnia – Bran Morrighan https://branmorrighan.com Literatura, Leitura, Música e Quotidiano Mon, 28 Dec 2020 05:53:20 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.2 https://branmorrighan.com/wp-content/uploads/2020/12/cropped-Preto-32x32.png Opera Omnia – Bran Morrighan https://branmorrighan.com 32 32 Sugestões de Natal, por João Morales: Aperto Libro – Páginas de Diário I – 1977-1990 https://branmorrighan.com/2019/11/sugestoes-de-natal-por-joao-morales-2.html https://branmorrighan.com/2019/11/sugestoes-de-natal-por-joao-morales-2.html#respond Mon, 18 Nov 2019 13:17:00 +0000

Aperto Libro – Páginas de Diário I – 1977-1990

Eugénio Lisboa

Opera Omnia

288 págs

15,90 euros

«Confirmo todo o meu fastio pela Grande Dama do Crime. Do pior que há em literatura policial (visto que nem vale a penas falar em literatura). Poirot – grotesco. Personagens – de cartão. Podem comer-me vivo, que não arredo daqui», lemos numa entrada datada de 28.08. 1989. E confirmamos a irreverência intelectual e a coerência de Eugénio Lisboa.

As páginas deste diário – cujo segundo volume chegou há pouco mais de um mês às livrarias – servem para caracterizar o quotidiano deste pensador, mas também para sublinhar o seu carácter e sua postura. Mesmo nos temas mais consentâneos, não abdica da sua própria perspetiva, ainda que ao arrepio da confortável maioria.

As entradas oscilam entre referências políticas e sociais, próprias das funções que o autor desempenhava em Londres, convivendo com algumas mais pessoais ou estéticas: Londres, 24.08-1989: «As cartas que recebi do João Palma-Ferreira eram impressionantes, de amargura, desespero e fúria. Agredia nelas, com energia, a prostituição que grassa na república das letras».

Antes de iniciar a publicação dos seus Diários, Eugénio Lisboa teve a “ousadia” de dar à estampa sete volumes de memórias, deixando bem claro que é pela fixação das recordações, dos factos, e da evolução do seu próprio pensamento e reflexões que pretende concluir a sua intervenção nas Letras portuguesas, percurso que passa pela Crítica, Ensaio, Crónica e algumas irregulares incursões pela Poesia. Nome maior na análise de José Régio, Reinaldo Ferreira e vários escritores moçambicanos, devoto de autênticas instituições como a prosa acutilante de Chesterton, crítico de algumas figuras erguidas no altar da literatura contemporânea portuguesa, o autor de Indícios D’Oiro fala de si falando dos outros. Vindo de um tempo ainda epistolográfico: «O Vergílio Ferreira nunca mais respondeu à minha carta. Se calhar não gostou do que lhe disse do Sartre. A verdade é que lhe não disse nem metade do que penso».

João Morales

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