Os Artistas Portugueses em Paredes de Coura e o Morrighan – Bran Morrighan https://branmorrighan.com Literatura, Leitura, Música e Quotidiano Mon, 28 Dec 2020 05:34:50 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.8.2 https://branmorrighan.com/wp-content/uploads/2020/12/cropped-Preto-32x32.png Os Artistas Portugueses em Paredes de Coura e o Morrighan – Bran Morrighan https://branmorrighan.com 32 32 [Festival Paredes de Coura 2015] Voltar a Casa – A Primeira Mão Cheia de Recordações https://branmorrighan.com/2015/08/festival-paredes-de-coura-2015-voltar.html https://branmorrighan.com/2015/08/festival-paredes-de-coura-2015-voltar.html#comments Mon, 31 Aug 2015 22:10:00 +0000 Ainda me lembro da minha primeira edição, em 2011. A forma como sozinha fui descobrindo as maravilhas de Coura, mesmo quando só queria fugir de todo o lado. Cheguei inquieta, fiquei algo nervosa ao início, mas no fim só queria poder ficar mais tempo, que o festival não terminasse logo naquele instante em que tudo parecia fazer sentido e eu sentia que o meu lugar era ali. E é. Nem que seja numa mão cheia de dias, por vezes mais, por ano. Desde então que não mais larguei Paredes de Coura. As férias são sempre reservadas para essa semana, a ansiedade que antecede esses dias é sempre positiva e a sensação ao começar a estrada das curvas-contra-curvas é a de que estou a regressar a casa após uma breve ausência. Não sei se convosco era assim, mas comigo era – lembram-se de quando eram miúdos e iam passar aqueles dias a casa dos avós ou dos amigos e em que às tantas só queriam que os dias passassem para lá voltarem no Verão? Aquela sensação de paz e alegria em que não havia lugar onde preferissem estar? É assim que me sinto quando regresso a Paredes de Coura. Começa desde que saio de casa até àquela pequena estrada após saída da auto-estrada, culminando quando chego à vila. Aí assaltam à memórias as pequenas rotinas anteriores e os pequenos pormenores anuais: as sandes americanas do Courense, ou as sandes de carne assada mesmo ao lado, as músicas Eurodance ali perto, as filas para os supermercados, os sorrisos espalhados, a vida a fervilhar! Mas este ano descobri também os banhos quentes nos balneários do Courense por uma ninharia, a poesia maravilhosa do Vozes da Escrita no Taboão e tantas outras coisas. Podem passar muito anos, mas há sempre algo novo a experienciar.

2015 fica marcado não só pela minha mão cheia de edições e de felicidade em Paredes de Coura, como pelo primeiro ano em que o festival esgota. Não será de estranhar, por isso, a confirmação que as faixas etárias dominantes estão a mudar. Muito se tem falado que Paredes de Coura parece o novo Sudoeste, mas para além de eu ferver com essa comparação, acho que podemos ver isto por outro prisma muito mais interessante. É que se Paredes de Coura começa a ser o primeiro festival a que os jovens vão, cabe-nos também a nós educá-los. Quanto à educação musical, o próprio festival encarrega-se disso, não fossem os cartazes sempre cheios de qualidade e diversidade. Em relação aos comportamentos nos festivais, cabe ao espírito festivaleiro dos mais antigos contagiar os mais novos. E é verdade que o festival ganhou outra vida este ano, tal como ganhou outros acessórios que até ali não tinha. Sou da opinião que a parte do campismo não estava totalmente preparada para receber tanta gente. Se a nível de área de tendas esta aumentou consideravelmente, a mesma quantidade de banhos e casas-de-banho não foi suficiente para dar vazão a tanta gente, mas a organização já anunciou que estas melhorias estão no caderno de encargos da próxima edição, por isso não se preocupem. O que prometem, cumprem. 


E é precisamente por isso que este festival não desilude, ano após ano. As gerações podem mudar, o festival pode ter mais ou menos pessoas, mas é a credibilidade e a solidez nas apostas que se fazem que mantém o amor eterno daqueles que vivem Paredes de Coura há mais tempo. Se por um lado achei completamente dispensável aquela torre de vigia perto do rio – acho que faz com que os mergulhos percam a sua genuinidade, tal como tiram a espontaneidade de quem por lá anda – a aposta na poesia foi uma aposta ganha. A parceria recente com a Tinta da China marcou pela diferença e pelos momentos bonitos, uma mais tímidos que outros. Assisti a dois dias do Vozes da Escrita, o primeiro com a Matilde Campilho, jovem poetisa portuguesa que nos leu alguns dos seus poemas. Entre o português do Brasil e o de Portugal, algumas das suas memórias foram escorrendo através das palavras. Momentos bonitos que culminaram numa longa fila para compra dos livros de Matilde e ainda uns quantos beijinhos e autógrafos. O segundo dia foi com Carlos Vaz Marques e Pedro Mexia. Traziam consigo livros de artistas nacionais e internacionais e dentro deles poemas e músicas que para muitos têm sido como bandas sonoras de uma vida. Foi dos momentos mais intensos do festival, pelo menos para quem sente na poesia uma forma de expressão de vida. Entre arrepios, coração apertado e lágrimas nos olhos, foi o orgulho que veio ao de cima – quem acha que Paredes de Coura é só música e rio está tão enganado que mais vale não voltarem, a poesia corre nas veias de todos aqueles que constroem este festival e assim o sentem. Infelizmente, no último dia já não estava presente (andava doente e com febre, tive de ir embora nessa manhã). 

Acho que também é de realçar que este é o festival onde vejo mais pessoas com livros. Mais, com livro interessantes! Não é que seja uma cusca sem remédio, mas dá-me algum gozo passear entre as toalhas e espreitar para os livros que ali pousam, à espera que os seus donos cheguem refrescados e peguem neles, com cuidado, sem os estragarem. Este ano foi mais complicado, as toalhas quase que se sobrepunham umas às outras, mesmo que as pessoas fossem entre si desconhecidas – mas isso não é problema, em Coura o pessoal dá-se bem e partilha sem confusões! Tive pena do rio andar sobrelotado este ano, não andei tanto por lá como gostaria, ainda por cima porque só nos dois primeiros dias é que isso seria possível, ao terceiro já só espirrava! Ainda assim lá andei eu também com o meu livrinho – Objetos Cortantes – atrás, a ler nas pausas do descanso e até na tenda, enquanto o after saía do recinto para as tendas dos meus vizinhos! 

Esta foi também a segunda edição que foi como imprensa, mas foi diferente do ano passado – é que este ano eu já conhecia mais gente e vi-me com um grupinho mesmo porreiro de companheiros! Quero destacar a Ana Cláudia Silva e o André Roma (que me tentaram aplacar a gripe com medicamentos e me mostraram o tal balneário de água quente para ver se eu me aguentava até ao fim…!) e ainda o Paulo Homem de Melo e a Sandra Pinho com quem partilhámos boas gargalhadas. Os jornalistas eram às dezenas, mas também aí o ambiente era bom, nota-se quando as pessoas gostam daquilo que fazem onde o fazem e o carinho por Paredes de Coura é generalizado e bonito de se ver e ouvir! Ah, e já agora de ler, que tenho visto por aí reportagens bem bonitas! 

Como imprensa o meu foco é não só estas pequenas experiências e trocas com outros festivaleiros, mas também dar um maior destaque ao que é nacional. Não há palavras a poupar aqui, as escolhas nacionais podem parecer poucas num cartaz tão vasto como o de Paredes de Coura – a verdade é que já temos festivais muito bons especializados em música portuguesa – mas são todas elas boas. Aliás, ainda me sinto completamente de consciência pesada por ter perdido Holy Nothing no último dia, banda que vi o ano passado na vila e que quis logo entrevistar. No entanto, tenho a certeza que arrasaram, eles são muito bons no que fazem! Este ano só fui um dia à vila, mas – e sem ofensa – acho que fui no melhor! Foi o dia da Escola do Rock de Paredes de Coura e dos Les Crazy Coconuts. “A “Escola do Rock” é uma iniciativa do município de Paredes de Coura (…) que permitirá a um conjunto de jovens proveniente de todo o país, desenvolver competências musicais e criativas, em especial na área da música rock.” E foi mesmo isto que vimos, clássicos do rock interpretado por miúdos e graúdos num palco completamente preenchido e versátil em instrumentos e tons de vozes. Há esperança para a juventude e para o rock portugueses! Seguiram-se uma das minhas bandas portuguesas favoritas – “os meus meninos”, como eu lhes chamo – os Les Crazy Coconuts. É engraçado como já os vi tantas vezes e, ainda assim, a cada concerto têm algo novo, diferente, único. Eu sabia que para eles o palco de Paredes de Coura, ainda que na vila, era muito especial e ao início pareciam um bocadinho nervoso. Não tardou a que o alinhamento também explodisse numa onda mais rock, arrancando uma resposta notável por parte do público.



Indo para o palco principal do festival, Palco Vodafone, como tem vindo a ser tradição, este foi sempre inaugurado com uma banda portuguesa, mas também houve espaço para um dos nomes mais sonantes de Portugal brilhar em prime time – The Legendary Tigerman! Mas já lá vamos… No dia 19, dia em que apenas o palco principal teve direito a concertos, a noite começou com Gala Drop. Tal como disse na antevisão aos artistas portugueses nunca tinha visto ao vivo, mas fiquei agradavelmente surpreendida. Para um primeiro dia e ainda para mais sem a noite ter começado, o anfiteatro belíssimo de Paredes de Coura já se fazia notar em termos de ocupação e o vocalista – Jerry The Cat – incitou à festa desde o início. O terreno sonoro desta banda consegue ter tantas paisagens que definir um género é um crime. Posso falar de electrónica, rock, psicadelismo, etc. etc., mas será sempre uma classificação redutora. Confesso, penso que é um género musical cujo pico de intensidade será mais bem aproveitando num ambiente noturno, mas nem por isso a luz do dia fez com que os corpor abrandassem. Que todas as festas comecem com a qualidade com que esta começou! Foi logo ao segundo dia que tivemos direito a dose dupla de música nacional e ambos no palco principal. Peixe:Avião começou, gratos como sempre, e fizeram-me recordar que foram uma das primeiras bandas que vi em Paredes de Coura na primeira edição em que estive presente – 2011. Nem de propósito, também os tinha visto uns dias antes noutro festival, mas cada palco é um palco e as experiências acabam por ser sempre diferentes. Estava numa das linhas da frente nesta actuação e foi espantoso a quantidade considerável de fãs que vibrava autenticamente com o concerto. É bom, sabe bem, vermos estes projectos acarinhados em grandes festivais! Sem querer minorar os outros projectos, tenho que ser justa – grande grande foi o Paulo Furtado! The Legendary Tigerman consegui, com um anfiteatro a abarrotar, contagiar todos e mais alguns com o seu rock&roll. Tenho tido a oportunidade de ver bastantes vezes este projecto a actuar e sou da opinião que só faltou o strip-tease rockeano que tanto deixa o público doido (afinal da última vez o pessoal até começou a despir o que era dispensável) para rematar o concerto. É também verdade que num palco tão grande como o de Paredes de Coura senti falta de uma maior interacção de Paulo Furtado com o público em detrimento do típico jogo de provocações com o seu saxofonista. Sei que faz parte da actuação, sei que é um sucesso, mas pela primeira vez senti necessidade de mais. O seu rock consegue ser muito poderoso – não foi à toa que colocou um microfone a circular, ou o seu portador, com “rock&roll” a ser expelido em plenos pulmões – e estando num ponto alto como estava foi bonito de ver a reacção fervorosa dos festivaleiros. Nesta noite ainda houve Mirror People, mas foi quando a minha febre começou a marcar presença e não consegui ficar para o after hours. No dia seguinte, o meu último dia possível no festival, tivemos direito ao grande regresso dos X-Wife. Confesso, e das bandas que mais prazer me dá ver. Mesmo com uma aparente timidez de Rui Maia em palco, a felicidade e o gosto pelo que os quatro fazem é tão grande que é impossível quem vê ficar indiferente. Desde clássicos mais antigos a temas novos, o conjunto de fãs – em que nem os cartazes faltaram – fez-se ouvir. Dizem que Paredes de Coura é um palco especial e João Vieira realçou isso mesmo, poupando palavras para terem mais tempo de música, recordando a edição de 2008 em que também actuaram. É um regresso que me deixa muito contente e que espero poder acompanhar de perto.

Ainda em relação às actuações portuguesas, independentemente da hora em que actuam, eu espero que as bandas saibam que o público só espera o melhor que possam ter para dar. Em tempos ponderei se abrir palcos se não seria diminuir o estatuto das bandas, mas na verdade a minha mentalidade tem mudado um pouco. Talvez por haverem festivais completamente dedicados à música portuguesa, talvez porque temos a oportunidade de os ver tantas vezes em tantos locais ao longo do ano, mas a verdade é que nada disso muda o facto de estar lá a vê-los independentemente da hora a que actuam. Se uma hora mais tardia os ajudaria a ter uma maior projecção? Sim, é verdade, mas estariam eles preparados para dar um concerto desses? Algumas, talvez, sim, mas também acho que essa evolução acabará por ser natural e ver o Tigerman a actuar em pleno horário principal já foi brutal.


É claro que eu não vi só os portugueses e mesmo não entrando em grandes detalhes não posso deixar de referir alguns daqueles que foram dos melhores concertos que já vi na vida. E é esta outra magia deste festival – a cada ano há sempre uns quantos concertos que nos ficam na memória e um ou dois que nos marcam ainda mais. Do primeiro dia tenho de referir Slowdive e TV on the radio. Slowdive foi belíssimo, eles são mesmo muito bons naquilo que fazem e o ambiente que criaram foi excelente. Mesmo com um comportamento do público a tender para o mosh – não me perguntem porquê – fazendo com que aquele rectângulo de plateia a direito engolisse pó até mais não, a música superou todas as parvoíces. Em TV on the radio a coisa piorou no que toca ao pó. Não sei quantos red bulls é que aquele pessoal tomou, mas até para o vocalista já estava a fazer impressão, tanto que este pediu para que ao menos não se magoassem e tivessem cuidado com quem estava contra as grades. Deram um concerto do caraças e não consigo compreender alguns comentários que fui ouvindo sobre se calhar não serem assim tão bons ou nem o serem de todo. Oh well, é por isso que cada um deve pensar com a sua cabeça, não é? Foi bom, muito bom mesmo.

No segundo e terceiro dias o público parece ter acalmado no que toca à euforia do mosh (imagino aquelas gargantas e narizes só pelo que eu própria fiquei e estava um pouco afastada), mas tudo correu bem e a felicidade esteve na mesma presente – basta consultarem as diversas fotografias dos inúmeros fotógrafos que lá estiveram. Em termos de concertos – Father John Misty! E nem devia ser preciso dizer mais nada… Que senhor! Que presença em palco! Mais, não sei se sabem, mas por norma os fotógrafos só podem fotografar um número limitado de músicas. Em FJM podiam nas três primeiras e o músico não se fez de rogado, deu-lhes tudo o que precisavam para excelentes fotografias e que realmente espelhavam um quão bom estava a ser o concerto. A sério, se ele voltar a Portugal… Corram logo para a bilheteira! Já Tame Impala, não sei… Eu adoro-os, a sério, mas sinto falta daquele rock inicial mais puro. O concerto foi muito bom, foi sim senhor, mas o meu gosto pessoal interfere aqui ficando apenas satisfeita e não deslumbrada. Mark Lanegan Band sabe sempre bem, mas soube a pouco. O seu estilo calado e pouco comunicativo não costuma prejudicar, mas o alinhamento desta vez não me satisfez por aí além. No fundo acho que as energias se estavam todas a guardar para Charles Bradley and his extraordinaires. Por esta altura já eu estava nas últimas, sentada numa pequena colina no cimo do anfiteatro, mas raios me partam que o homem merece vénias daqui até ao infinito. Lembro-me que na altura quando partilhei uma fotografia daquela perspectiva no Instagram meti como legenda “Acho que o Amo!”. Penso que não será demais dizer que naquela noite todos os amaram. A paixão, a entrega, a forma carinhosa como tratou o público português foi fabulosa. Adorei, adorei, adorei. O palco secundário, infelizmente, este ano não contou muito com a minha presença. Enchia muito rapidamente e ao contrário de anos anteriores eu não estava assim tão em condições de ir para o meio da multidão o que me fez perder Pond e Merchandise (ao longe ambos pareciam estar a ser brutais).

Deuses, como eu gosto de Paredes de Coura! Quando penso que nesse dia fui para a tenda já a saber que na manhã seguinte podia ter que ir embora, caso não melhorasse (já não havia sweats, camisolas do Mickey – sim, é verdade! – cachecóis e lenços que me protegessem do frio), até se me aperta o coração. Nem perguntei a ninguém, e tenho-me recusado a ler, sobre esse dia. Sei que choveu, provavelmente eram as minhas lágrimas misturadas com as do festival por me ter ido embora. Gosto de acreditar que aquele local gosta tanto de mim como eu dele, não há outro onde sinta que pertenço tanto. E lá esperei eu, sentadinha, na rotunda com o cartaz “Contigo o Cartaz Fica Completo”, a pensar até para o ano, a pensar que saía eu incompleta, mas as recordações são boas e haverá sempre histórias novas para contar. Não posso terminar este post sem agradecer a oportunidade à organização do festival, dar-lhes novamente os parabéns por terem conduzido com tanto sucesso uma edição completamente esgotada (sim, os diários também esgotaram!). Quero ainda deixar um beijinho ao Hugo Ferreira (obrigada pela boleia!), à malta de Leiria sempre tão boa companhia (em especial ao Gil e ao Walter com quem vi imensos concertos); ao Francisco Pinto, e à restante malta do sítio, que me deixaram um espaço reservado no meu local de sempre no campismo e foram sempre boa companhia; à Ana Cláudia Silva pelo companheirismo em quase tudo, mas principalmente nas aventuras gastronómicas (as sandes vegetarianas do Comida de Rua eram fenomenais tal como as bolas de berlim!) e nas fotos mais amalucadas; no fundo, obrigada a todos os que contribuíram para que este festival fosse o que foi. Em tom de aviso a novos visitantes, saibam ao que vão, contribuam para que o festival continue a manter o espírito genuíno e original. Não se preocupem com futuros cartazes ou públicos-alvo, tenho plena confiança em quem está à frente do Festival Vodafone Paredes de Coura. Sei que também eles são genuínos e originais nas suas escolhas. Venha 2016, já tenho saudades!

PS: Talvez fosse boa ideia começar a pensar em deixar o campismo e em alugar uma casa ou assim, mas não consigo deixar de sentir que a experiência seria diferente. Será?

PS2: Esqueci-me de mencionar que a comida dentro do recinto este ano estava melhor do que nos anos anteriores. Tinha pizzas muito boas, comida típica do norte e opções para todo o tipo de regime alimentar. Muito bom!

PS3: Provavelmente esqueci-me de tantas outras coisas… Perdoa-me Coura, eu Amo-te.


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A rubrica “Os Artistas Portugueses no Vodafone Paredes de Coura” está de volta! https://branmorrighan.com/2015/08/a-rubrica-os-artistas-portugueses-no.html https://branmorrighan.com/2015/08/a-rubrica-os-artistas-portugueses-no.html#respond Mon, 17 Aug 2015 14:42:00 +0000

Há um ano estava a criar a rubrica Os Artistas Portugueses no Vodafone Paredes de Coura precisamente para dar destaque aos mesmos. Este é o segundo ano que vou com acreditação ao Paredes de Coura e só faz sentido vestir essa pele se for para continuar em prol da divulgação da música portuguesa naquele que me é o festival de música em Portugal mais querido. Desde a edição de 2011 que por lá passo e mesmo com alguma massificação – afinal este ano já esgotaram os passes gerais! – tenho esperança que a experiência genuína se mantenha.

Voltando à rubrica, são vários os artistas portugueses que irão passar pelo anfiteatro natural de Paredes de Coura, mas é já amanhã na vila que temos o primeiro destaque – Les Crazy Coconuts! À semelhança do que aconteceu o ano passado, a vila antecede o festival e desde ontem que à noite é possível conhecer jovens bandas portuguesas. Como só estou em Paredes de Coura a partir de amanhã, só faz sentido falar daquilo que vou ver e como também já devem ter percebido pela evolução do blogue no último ano e meio, os Les Crazy Coconuts são a banda que, na minha opinião, mais promete evoluir nos próximos anos. A primeira vez que os vi foi no 5º Aniversário, ainda eram apenas três e tocaram em acústico, mas desde então foram várias as vezes em que os vi ao vivo – não me consigo cansar! – e o crescimento tem sido assombroso! No bom sentido, claro. Estando em Paredes de Coura é realmente um concerto a não perder. Para aqueles que estão a pensar ir só na Quarta, repensem bem a vossa vida pois vão perder um concertão! Ouvi dizer, por fontes próximas ali dos nossos meninos, que vão haver algumas surpresas! Pois é… Não venham depois dizer que não vos avisei!

Oficialmente o festival só começa na Quarta-feira e nesse dia temos Gala Drop! Nunca os vi ao vivo, confesso, por isso a estreia vai ter direito a um post único! Deixo-vos a descrição oficial do festival: “Os Gala Drop, apurado desenho sonoro feito a partir de um sofisticado decalque de várias influências musicais, estão confirmados para a edição deste ano do Vodafone Paredes de Coura. Com influências assumidas do kraut-rock, que sempre souberam misturar com o groove de raíz africana, e a que juntam o dub ou a house, são criadores de um território de fronteiras originais e que, por isso, se torna tão especial. Para as margens do Taboão levam II, álbum editado em 2014, e toda a paisagem sonora contagiante da sua música, maré cheia de ritmos e possibilidades oníricas luminosas.​”

Dia 20, Quinta-feira, temos dois grandes da música portuguesa – Peixe:Avião e The Legendary Tigerman –  e ainda o recente projecto Mirror People. Os primeiros dois já vi uma boa quantidade de vezes, mas para quem não viu fiquem a saber que são uma aposta ganha. Peixe:Avião tem um estilo muito próprio – falam pouco, mas dão muito. A intensidade nos seus concertos é palpável, a interacção é escassa, mas o que é certo é que o público costuma vibrar imenso e o novo disco está prestes a sair! Já The Legendary Tigerman é sempre imprevisível! Munido de uma energia única, Paulo Furtado é uma personalidade do rock português incontornável e os seus concertos costumam levar o público a um delírio muito próprio. Tanto em Portugal como no estrangeiro The Legendary Tigerman cumpriu a profecia do seu nome – tornou-se lendário! Já o projecto de Rui Maia – Mirror People – vai ser uma estreia, mas uma estreia muito querida, pois tenho muita curiosidade em ver ao vivo. Gostei do disco e é sem dúvida uma boa banda para abrir o after hours!

Dia 21 temos mais uns quantos nomes extraordinários! Os X-Wife estão de volta e vão abrir o palco Vodafone. “O power trio electro-rock edita novo álbum em breve, depois de um hiato de três anos, ao longo do qual João Vieira editou enquanto White Haus , Rui Maia lançou um álbum na pele de Mirror People e Fernando Sousa colaborou com os Best Youth, There Must Be a Place e PZ. Movin Up o single recente que tomou as rádios de assalto traz a identidade dos seus 13 anos juntos, a aliança entre o nervo rock e a frescura das tendências de dança mais recentes.​” Nicole Eitner and the Citizens abre o palco secundário: “A luso-alemã Nicole Eitner a prometer emocionar a Praia Fluvial do Taboão com a sua voz sublime, poderosa e ao mesmo tempo delicada. O percurso de Nicole comprova o talento natural desta compositora, pianista e cantora que em 2009 ganhou o 1º prémio do Festival SXSW no Texas para gravar nos emblemáticos Sun Studios de Elvis Presley, ou que em 2011, já ao lado dos The Citizens, actua em Cannes depois de vencer o Midem Off Showcase Competition. Fade to Shade é o terceiro álbum de Nicole and The Citizens, um disco que reflecte uma evolução estética em relação aos registos anteriores e que cria ambientes plenos de mistério e inquietude, nuances de um filme romântico a preto e branco.” São dois concertos que quero muito ver, os primeiros porque já não vejo X-Wife há anos e a segunda porque nunca vi e tenho imensa curiosidade!

Dia 22, a fechar o destaque nas participações portuguesas no Vodafone Paredes de Coura temos Holy Nothing, que o ano passado actuaram na vila e agora sobem ao palco Vodafone.FM. O disco está prestes a sair e, na minha opinião, são outra jovem banda portuguesa muito promissora. É um projecto que “mistura projecções com sintetizadores, sustenta a palavra com imagens impactantes e funde música e cinema numa realidade expressiva bastante complexa. Desde 2013 a movimentarem-se pelos caminhos infinitos da música electrónica, e já com o aclamado EP de 2014 Boundaries na bagagem, o grupo prepara-se para lançar em Setembro o álbum de estreia Hypertext. O resultado de um ano intenso de composição e experimentação é aquilo que podemos testemunhar no dia 22 de Agosto no Vodafone Paredes de Coura, numa actuação com várias referências unificadas no método muito próprio dos Holy Nothing construírem canções.”

Temos também a Banda do Mar que tem conquistado o país como poucos, cujo maior trunfo é mesmo a cumplicidade e o carinho que os seus elementos partilham em palco. “Quando Marcelo Camelo e Mallu Magalhães trocaram o Brasil por Portugal, estavam longe de saber que dessa mudança nasceria a Banda do Mar, projeto que se completa com o português Fred Ferreira. 2014 viu nascer a parceria luso-brasileira com o lançamento do homónimo álbum de estreia, que os tem levado a esgotadas salas dos dois lados do Atlântico. No Vodafone Pareces de Coura, as contagiantes canções da banda têm tudo para funcionar em pleno com o toque mágico da natureza envolvente.​”

Como vêem, só coisas boas e nacionais para vermos no meio de um cartaz e luxo no que também toca aos nomes internacionais. Por aqui depois falarei dos concertos que gostei mais, tanto nacionais como internacionais, mas contém com os destaques habituais ao que é nacional! Não esquecer que também o Jazz na Relva conta com nomes como Peixe, Macadame, entre outros! Fiquem atentos e BOM FESTIVAL! 

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[Balanço] Os Artistas Portugueses no Vodafone Paredes de Coura VIII – Fast Eddie Nelson https://branmorrighan.com/2014/09/balanco-os-artistas-portugueses-no.html https://branmorrighan.com/2014/09/balanco-os-artistas-portugueses-no.html#respond Thu, 04 Sep 2014 17:30:00 +0000 Fotografia por Hugo Lima

Desafiei as bandas portuguesas que estiveram em Paredes de Coura a responderem a seis perguntas. Os nossos rockeiros sem espinhas de Fast Eddie Nelson já responderam!

1.Qual é a sensação de tocar no Vodafone Paredes de Coura? Existe algo que, para vocês, o diferencie de todos os outros locais de concertos?

Para mim é só o sítio mais bonito onde já tive o privilégio de tocar. Vindo de uma cidade industrial como o Barreiro tocar no Minho é sempre uma oportunidade de lavar a vista, em Paredes de Coura mais ainda porque a morfologia do local ainda o torna mais encantador. Por outro lado é dos festivais que oferece consistentemente os cartazes que mais me interessam ver. Acho que sai fora da esfera habitual dos festivais de verão em Portugal e ainda bem.

2.O que pensam da hora que vos atribuíram? Sentiram-se satisfeitos ou já começa a ser cansativo a filosofia de serem os portugueses sempre a abrirem os palcos?

Acho a melhor hora, muito sinceramente. Podemos tocar e depois ir ver as outras actuações descansados sem estarmos preocupados com a nossa. Acho mais importante fazer parte das coisas do que tocar a esta ou aquela hora.

3.Porque é que acham que isso ainda acontece?

O público é que decide o que é que tem mais interesse em ver, os festivais alinham as actuações de acordo com essa expectativa, baseados em vendas de discos e bilhetes vendidos em outros concertos, parece-me.


4.Que passo será necessário dar para que isso mude?

Acho que as mudanças a ocorrer neste e em qualquer outro tipo de espectáculos ao vivo depende sempre da vontade do público e da sua capacidade de transmitir isso a quem de direito. Mas como disse, esse assunto não me ocupa muito a cabeça. Se eu organizar um festival faço o alinhamento que quiser e as pessoas ou vão ou não vão.

5.Conseguiram usufruir do festival enquanto meros espectadores? 

Infelizmente tive que me pirar no dia a seguir à minha actuação. Ainda vi em palco o Seasick Steve e o Thurston Moore. Perdi os The Oh Sees, para grande infelicidade minha. São excelentes.

6.No fim, que balanço é que fazem deste Vodafone Paredes de Coura? Querem voltar?

O balanço só pode ser o melhor. Correu tudo bem e diverti-me bastante. Faço questão de voltar, ao festival e a Paredes de Coura que é um sítio fabuloso.

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[Os Artistas Portugueses no Vodafone Paredes de Coura VII] Entrevista rápida aos Holy Nothing, Banda Portuguesa https://branmorrighan.com/2014/09/os-artistas-portugueses-no-vodafone.html https://branmorrighan.com/2014/09/os-artistas-portugueses-no-vodafone.html#respond Wed, 03 Sep 2014 10:37:00 +0000 Este ano, tivemos quatro dias de concertos, em tom de
warm-up, a preceder o Festival Paredes de Coura. Uma das bandas que actuou no
dia 19 foi Holy Nothing e, como não os conhecia, para além de ouvir as suas
músicas e depois ver o concerto, consegui apanhá-los, mais concretamente ao
Samuel, para uma entrevista rápida para o blogue. A energia em palco foi
enorme, a recepção do público muito boa e a conversa decorreu de forma fácil e
com muito boa disposição.

Comecemos então pelo início, em tom de apresentação: «Quando
começámos a falar deste projecto, estávamos todos separados. Eu estava no
Chile, o Pedro estava na Holanda e o Nelson estava no Porto. Começámos a
trabalhar à distância que foi, basicamente, começar a trocar ficheiros, coisas
ainda produzidas muito em casa ou em estúdios de amigos, cada um no seu país e
tudo muito digital. No início de 2012, encontrámo-nos todos no Porto e levámos
todo esse material, mais de computador, para a sala de ensaio. Foi aí que as
coisas se começaram a transformar – uma coisa que era quase electrónica
purista, tomou o formato banda. Foi nesse
momento que também conhecemos o Bruno Albuquerque, que nos trata da parte da
imagem, que faz narrativas visuais para os nossos concertos e que acaba por resultar
num influência mútua – nós influenciamos o que ele faz, mas o que ele faz
também nos influencia.
»

Já o nome, Holy Nothing, apenas surgiu quando já gravavam:
«Nós estávamos a gravar com o Rui Maia, em 2013, no estúdio e não tínhamos nome
ainda. O produtor que estava a trabalhar connosco já
estava farto de ouvir essa discussão, pegou num livro do James Joyce e
disse-nos “abram um livro em qualquer página e aí vão encontrar o vosso nome”
(risos), e assim foi. Optámos por ir mesmo por aí, por uma coisa casual.
»

Por causa do nome, surgiu-me uma dúvida existencial
relacionado com a sua origem e que, antes de ser esclarecida, se prendia com as
possíveis referências a Holy Fuck ou Holy Ghost… «Se tiver de responder a
isso, qual prefiro, Holy Fuck (risos) Mas acho que são todas ok, assim como
Holy Other (risos) e não saíamos daqui a noite toda!
»

Pedi-lhe então que me falasse das verdadeiras influências
musicais: «Falar de influências é sempre complicado porque ouvimos todos coisas
muito diferentes e o que ouvimos está sempre a mudar. Pessoalmente, agora,
estou a ouvir coisas que não têm muito a ver com aquilo que estamos a fazer –
música brasileira, africana, anos 70. Estas coisas acabam por influenciar
aquilo que fazemos, mas não de uma forma directa, por isso é-nos difícil falar
de influências. Se calhar existem bandas com sonoridades parecidas com as
nossas, mas que nós não ouvimos, percebes?
» Percebo sim senhor! 

A banda é jovem, mas há poucos meses já saiu o primeiro EP e
podemos esperar mais: «Já temos material novo, mas ainda não sabemos o que
vamos fazer com ele. Se vamos criar um álbum, se vamos lançar outro EP. Temos a
necessidade de sentir alguma liberdade na forma como pensamos nisso. Não
queremos forçar nada, quando chegar a altura de lançar coisas, lançamos, mas
sempre neste registo muito do momento, muito relaxado.
»

A música electrónica em banda, acaba por ter bastante
impacto ao vivo na interacção com o público, talvez mais do que lançar um disco
apenas: «Lá está, nós, por esse processo de criação do disco, ainda não
passámos, mas já gravámos um EP, e é sempre muito difícil porque temos
sempre dificuldade em passar aquilo que somos ao vivo. Acaba por ser uma coisa
electrónica, mas ao mesmo tempo muito orgânica, pouco computorizada e muito
mais ligada ao formato de banda, ainda que em termos de som possa soar mais
digital. A construção em estúdio é sempre um desafio para nós, como equilibrar
a parte digital e orgânica. Mas acho que faz parte, é como ensaiares – o
trabalho que tens a ensaiar é o que tens no estúdio, é uma constante
aprendizagem.
» Disse-lhe que com o tempo, provavelmente o processo seria
agilizado e se tornaria mais fácil, mas o Samuel não tem de todo essa
expectativa: «Sabes, na verdade, espero nunca agilizar, espero que consigamos
manter este carácter quase experimental nas coisas que fazemos. Ou seja, o
nosso resultado final pode não ser experimental, mas o processo sim. Espero que
isso nunca se perca e que nunca chegamos àquele ponto em que já sabemos o que
nos espera.
»

Estiveram no Bons Sons, actuaram então no warm-up de Paredes
de Coura, o que reflecte já um bom reportório de concertos em palcos
importantes. Perguntei-lhe como é que andavam a ser essas experiências ao vivo:
«Nós adoramos tocar ao vivo, a única coisa que te posso dizer é que tem sido
óptimo. Temo-nos sentido muito bem em cima do palco, olhar para o públco e
sentir que estamos a fazer uma festa juntos. É bom quando sentes isto de parte
a parte e o público tem sido excelente.
»

A nível de objectivos futuros, a postura é modesta: «Nós não
pensamos em objectivos em termos de mercado ou de promoção. O nosso objectivo
passa por fazer aquilo que gostamos e o resto vem por acréscimo, penso eu. Isto
há-de-nos levar para onde tiver que ir.
» Cada um dos elementos da banda tem a
sua profissão e fazer apenas da música vida não é bem um objectivo de vida:
«Cada um de nós tem o seu emprego. Gosto muito do que faço e a música é um
complemento. Mais, quando te começas quase a profissionalizar, começas a perder
muitas coisas que são boas e que nada paga. O facto de nunca te sentires
pressionado, essa liberdade, permite-te originar coisas muito mais naturais.
» E
tocar lá fora? «Só tocámos uma vez lá fora, em Madrid, valeu a pena a viagem
(risos). Mas é algo que pode começar a acontecer em breve. Tocar lá fora é
sempre sinónimo de tocar mais e é disso que gostamos. O prazer de tocar
sobrepõe qualquer objectivo económico.
»

Foi um prazer estar à conversa com o Samuel e podem seguir a página de facebook deles aqui: https://www.facebook.com/holynothingband

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[Os Artistas Portugueses no Vodafone Paredes de Coura VI] Entrevista rápida aos The Zanibar Alliens, Banda Portuguesa https://branmorrighan.com/2014/08/os-artistas-portugueses-no-vodafone_30.html https://branmorrighan.com/2014/08/os-artistas-portugueses-no-vodafone_30.html#respond Sat, 30 Aug 2014 12:00:00 +0000 As datas oficiais do festival Vodafone Paredes de Coura foram de 20 a 23 de Agosto, mas owarm-up começou uns bons dias antes, em plena vila. O primeiro concerto deu-se a dia 16, eu só cheguei a 17 e, como tal, só apanhei as bandas a partir daí. Eram poucas as que não conhecia, mas uma delas tocou logo no dia 18 e não resistir em saber mais sobre eles – os The Zanibar Aliens. Numa entrevista muito rápida logo a seguir ao concerto, pude fazer algumas perguntas e perceber que esta banda, ainda tão jovem, tem um entusiasmo contagiante e que quer mesmo muito seguir com este projecto em frente. Ora vejam lá o que eles me contaram:

A banda começou com apenas três elementos, o Carl o Filipe e o Martim, aos quais mais tarde se juntou o Diogo e ainda mais tarde o Ricardo. A história é-nos contada pelo Carl: «Eu e o Martim andávamos juntos na escola, eu tocava piano, estava a tocar para pianista clássico, de concerto, mas depois ele fez-me mudar de ideias – ele tocava guitarra e começou a mostrar-me mais o rock e decidimos criar uma banda. O meu irmão (Filipe), mais tarde entrou, começou por tocar baixo, mas não gostou, foi para a guitarra e assim ficámos com dois guitarristas. Durante um tempo fomos só nós os três, até que depois encontrámos o Diogo, amigo do Filipe, que até tinha, mais ou menos, jeito para tocar bateria (risos). A verdade é que ele aprendeu a tocar bateria connosco. Decidimos comprar uma, colocar lá em casa e foi lá que ele aprendeu, evoluiu e tornou-se num grande baterista. Estávamos mesmo a precisar de um baterista, a ficar desesperados! Só bem mais tarde é que entrou o Ricardo. A curiosidade é que ele era meu amigo de infância. Aqui somos todos amigos desde há muito tempo.»

Com a formação completa, estão juntos desde Õutubro de 2011, ainda todos entre os 15 e os 16 anos. Claro que a minha curiosidade virou-se para as influências que estes jovens poderiam ter já tão cedo: «Vai tudo do rock dos anos 60 aos anos 90. Pink Floyd, Queen, Tame Impala, Black Keys, Mac DeMarco, Arctic Monkeys, são estas as principais.»

A nível de trabalho editado em disco, eles explicaram-nos o seu percurso: «Ao início estivemos a gravar as nossas coisas em casa, tudo muito homemade, e a mostrar às pessoas na net. Ainda não temos um EP, por assim dizer, mas temos um álbum digital que foi gravado em Dezembro de 2012.» O álbum está disponível no Spotify e também podem encontrar vídeos e músicas no canal do Youtube da banda. Brevemente contam lançar um EP: «Em princípio vamos ter uma agência/label a apoiar-nos e contamos que saia em breve.»

Tão novos e ainda a explorar caminho, já tocaram em Paredes de Coura, mesmo tendo sido no warm-up. Dado todo o ambiente especial que existe à volta deste especial, perguntei-lhes como é que tinha sido tocar ali naquele palco na vila: «Empolgante! Fantástico! Foi muito bom, estávamos cheios de nervos, mas demos tudo ali no palco. O público respondeu muito bem.» Claro que respondeu, tiveram direito a t-shirts e tudo! Digamos que este pessoal é novinho, mas já sabe como ir conquistando com a simpatia. 

Voltando um pouco então ao trabalho e ao futuro dos The Zanibar Alliens, ficámos a saber que o EP irá sair por volta de Outubro, que até Dezembro, pelo menos, irão andar a tocá-lo e que já têm seis datas marcadas. O único local que puderam adiantar, em que irão tocar, foi o Beat Club – já conhecido por receber bandas jovens e por ser um grande montra das mesmas. «Iremos tocar umas músicas mais antigas e contamos experimentar outras novas. Em Dezembro também contamos fazer uma digressão de semana e meia, mas adiantamos depois essa informação.»

Era então ora de olhar para as perspectivas futuras. Sendo uma banda tão jovem, alguns ainda a acabar o ensino secundário, questionei-os sobre o que é que esperavam, a nível musical, dos seus futuros: «Continuar a tocar até chegarmos a um ponto em que o público estará a cantar as nossas músicas. Queremos fazer disto vida.» A nível de palcos que gostavam de pisar, a primeira resposta foi logo «Wimbledon!», rimo-nos todos e pedi-lhes para serem um bocadinho mais realistas agora para o próximo ano e para me dizerem palcos em Portugal: «Gostávamos de tocar no palco principal do Alive daqui a dois anos!» Ao que eu questionei, “então e Paredes de Coura?” – «É já para o ano! (risos) Também gostávamos de tocar no Super Bock Super Rock, andamos a trabalhar para isso.»

Para terminar, pedi-lhes que deixassem uma mensagem que transmitisse parte do que são e do que querem: «Nós estamos a trazer de volta o bom e velho rock&roll, com umas misturas de vários géneros. Andamos a arranjar público novo com isto. Há que ser inovador. Comprem as nossas t-shirts, sigam este blogue que é muita fixe (risos), apareçam nos nossos concertos e peace and love!»

Foram, sem dúvida, minutos de muito boa disposição em que os The Zanibar Alliens conseguiram mostrar bem a sua vontade, o seu entusiasmo e a sua ambição. Gostei muito de estar com eles e vou andar atenta ao seu trabalho. Peace!

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[Balanço] Os Artistas Portugueses no Vodafone Paredes de Coura V – Killimanjaro https://branmorrighan.com/2014/08/balanco-os-artistas-portugueses-no-2.html https://branmorrighan.com/2014/08/balanco-os-artistas-portugueses-no-2.html#respond Wed, 27 Aug 2014 11:52:00 +0000 Fotografia por Hugo Lima

Desafiei as bandas portuguesas que estiveram em Paredes de Coura a responderem a seis perguntas. Os nossos jovens e cheios de garra Killimanjaro foram os primeiros!

1.Qual é a sensação de tocar no Vodafone Paredes de Coura? Existe algo que, para vocês, o diferencie de todos os outros locais de concertos?

A principal diferença, para nós, é que é o maior de todos os locais de concertos onde alguma vez tocámos e com a maior quantidade de ouvidos apontados a nós.

2.O que pensam da hora que vos atribuíram? Sentiram-se satisfeitos ou já começa a ser cansativo a filosofia de serem os portugueses sempre a abrirem os palcos?

Não nos incomoda nada a hora. Para dizer a verdade, estamos contentes com tudo. Gostávamos de ter tocado mais alto, mas assim já foi rock que chegue.


3.Porque é que acham que isso ainda acontece?

Sei que a mágoa partilhada pelos Linda Martini deixou muita gente sensível a isto, mas sinceramente, se alguém vai dar um bom concerto, faz isso tanto às 18h como às 02h. Sei que há menos público e tal, mas compreendo muitas vezes a parte da organização. Quem lida com bandas estrangeiras sabe que tendem muitas vezes a serem picuinhas com este tipo de questões, o que não é uma característica típica das bandas portuguesas, por isso, é deixar passar a água debaixo da ponte, que ainda há muita.

4.Que passo será necessário dar para que isso mude?

Criar um terceiro palco que só funcione a partir das 22h e só com bandas tugas. Depois é esperar para ver. O público não está assim tão preocupado com estas coisas e não é por mal. Da mesma forma que não é por mal que vejo pessoal a moshar em Mac DeMarco e sentadinhos no nosso concerto. E isto não nos pode incomodar. As pessoas têm de gostar de nós porque gostam de nós.

5.Conseguiram usufruir do festival enquanto meros espectadores? 

Bastante.

6.No fim, que balanço é que fazem deste Vodafone Paredes de Coura? Querem voltar?

Como estreantes em todos os aspectos, não temos um ponto de referência para comparar a outras edições, mas gostamos e imenso e saímos de Coura arrependidos por não termos vindo anteriormente. Certamente nos encontraremos no bar da roulotte para o ano.

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[Os Artistas Portugueses no Vodafone Paredes de Coura IV] – Dia 4 – Sequin & Sensible Soccers https://branmorrighan.com/2014/08/os-artistas-portugueses-no-vodafone_24.html https://branmorrighan.com/2014/08/os-artistas-portugueses-no-vodafone_24.html#respond Sun, 24 Aug 2014 22:52:00 +0000 Último dia de Paredes de Coura, as saudades já apertam, mas a despedida promete e foi com esse espírito que iniciámos este 23 de Agosto. No cardápio constou Sequin, de Ana Miró, e Sensible Soccers, um quarteto de Fornelo que tem encantado e conquistado o mais variado público.

Fotografia Hugo Lima

Foi às 18h que Sequin entrou no palco secundário para dar início a mais um dia de festival. Para surpresa da artista, a tenda secundária encontrava-se bem preenchida, com mais público do que seria habitual para uma hora em que normalmente ainda se toma banho no rio ou apressa-se o jantar. Apresentando-se em full band, com Filipe no sintetizadores e Tiago no baixo, Ana Miró entra em palco em jeito de menina, sempre simpática e com um encanto muito próprio. Não sendo um tipo de concerto que eu escolheria ouvir àquela hora, mas antes ao início da madrugada, deu para começar a noite de concertos de forma agradável, pé dançante e boa disposição. Na sua música electrónica, com o baixo a ressoar no nosso peito, Sequin mostrou-nos parte do seu trabalho, incluindo coisas novas. Interagindo com o público enquanto cantava, e puxando por ele, obteve uma boa resposta e o balanço é positivo. A verdade, é que poucos ficam indiferentes à sensualidade de Ana Miró em palco, que é complementada com a sua voz e com as letras das suas músicas. Fica a nota que, no mesmo palco, mas numa hora mais tardia, daria para desfrutar muito mais do concerto.

Fotografia Hugo Lima

Sensible Soccers, um nome que depois de ouvido não é mais esquecido. Conheci-os através do seu mais recente trabalho “8”. Apaixonei-me perdidamente pela AFG e daí a entregar-me a toda a sua música foi um instante. Já os tinha visto ao vivo, mas Paredes de Coura é Paredes de Coura e só podia ser especial. Começando logo a abrir com a AFG, a partir daí foi sempre a somar e a dançar. Que o Manuel Justo não me leve a mal, mas aquela dança enquanto toca, mexendo as ancas bem melhor do que muitas mulheres, é uma inspiração para quem quer mexer o corpo. E não podemos esquecer o seu sorriso, claro. É  constante, é contagiante. Também o Hugo Gomes, parecendo espantado com a reacção do público, virou-se muitas vezes para o mesmo, agradecendo e acenando, fazendo o público sentir-se bem vindo e acolhido. Entre sorrisos acanhados e outros inevitáveis, também o Filipe e o Emanuel, nas suas respectivas guitarras, viveram a música à sua maneira, conseguindo transmitir a sua entrega ao que estavam a tocar. Muitos já devem ter visto vídeos – eu sei que já tinha visto um, mas  ao vivo nunca – em que aparece um rapaz em boxers/calções a dançar, na música Sofrendo por Você. Não é que fomos brindados com a sua presença? Trazendo um toque requintado ao concerto, o balanço que faço é evidente – os Sensible Soccers são uma banda despretensiosa que gosta do que faz e que é boa a fazê-lo. Não só é evidente a sua paixão pelo que fazem, como também não precisam de qualquer malabarismo ou teatro para que gostem deles. De poucas falas, mas de muitas expressões, são daqueles que falam aos corações e não às aparências. Um auditório cheio e completamente receptivo tornaram o cenário idílico. Para repetir, sem qualquer dúvida.

Fica a nota que Sensible Soccers a fechar, nem que fosse o palco secundário, onde também o ambiente é mais íntimo, teria sido o amor. A luz pode ficar-lhes bem, mas há um toque na obscuridade e no jogo de luzes que dá logo outra energia. Mas isto é só a minha opinião pessoal.

Resumindo e concluindo, grande cartaz português e um grande orgulho no que é nosso! 

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[Os Artistas Portugueses no Vodafone Paredes de Coura III] – Dia 3 – Killimanjaro & Linda Martini https://branmorrighan.com/2014/08/os-artistas-portugueses-no-vodafone_23.html https://branmorrighan.com/2014/08/os-artistas-portugueses-no-vodafone_23.html#respond Sat, 23 Aug 2014 14:58:00 +0000 Chegou a vez do terceiro dia do Festival Vodafone Paredes de Coura e com ele a actuação de mais duas bandas portuguesas – Killimanjaro e Linda Martini. Em horas de abertura de festival, ambas tocaram no palco principal, o que de si já tem significado.

Fotografia Hugo Lima

Começando com abertura do palco, com os Killimanjaro, José Gomes na voz, Joni Dores na bateria e Luís Masquete no baixo, encontrámos uma banda jovem a apresentar vários dos temas do novo trabalho – Hook. Na sua página de facebook estão categorizados como Heavy Rock, mas a verdade é que o seu som roça claramente o metal e, em laivos mais potentes, chega mesmo a lembrar algumas malhas de Metallica ou até Dream Theater. Num anfiteatro ainda a carecer de algum público, e sendo a luz do dia um pouco aversa ao estilo de música, foi o bastante para colocar os pescoços e cabeças a mexerem. Com um vestuário contraditório com o seu estilo de música, Killimanjaro é aquela banda que tem todo o potencial para que com o tempo, e uma boa dose de concertos, percam todas as inibições e se deixem levar pelo som que tocam. A interacção com o público não foi má, mas ficou a faltar essa liberdade e à vontade que só com a experiência se adquire. Ponto positivo – apesar de um ou outro precalço, a banda reagiu com naturalidade, continuando o concerto como se nada tivesse acontecido. Um futuro risonho, parece-me, é o que aguarda a estes três jovens.

Fotografia Hugo Lima

Começar uma nota sobre os Linda Martini é sempre algo ingrato. Volvidos três anos após a última estadia no Festival Paredes de Coura, em 2011 e no qual estive igualmente presente, coube aos Linda Martini sucederem aos Killimanjaro e, supostamente, abrirem terreno para os restantes. O problema aqui, que para mim não é problema, mas antes um orgulho enorme, é que os Linda Martini não sucederam ninguém, nem abriram para ninguém – foram reis e senhores de si mesmos, mostrando que aqui quem manda são eles e que têm o poder de influenciar qualquer público, afirmando-se e confirmando-se assim a soberania despretensiosa de uma banda que se tornou de culto em Portugal.

Se as primeiras músicas foram bastante calmas, com o pessoal a curtir cada um na sua, bastou uma intervenção de Hélio Morais para a revolução acontecer. O que eram músicas calmas, passaram a ser pretextos para moches e para toda uma manifestação de adoração à banda de outro mundo. Com o André na guitarra, a Cláudia no baixo, o Pedro na outra guitarra, o Hélio na bateria e todos na voz, não foi um concerto que surpreendesse, mas antes um que deliciasse os seus fãs e que colocasse o auditório principal de Paredes de Coura à Pinha e completamente frenético. Como bons anfitriões que são, não só se deram à música, como o mergulho de piscina do Hélio na multidão não faltou, tal como o do Pedro Geraldes. A invasão do público no palco, foi a cereja no topo do bolo e uma estreia nos concertos todos que vi de Linda Martini até hoje – que não foram poucos. Com a multidão em palco, foi bonito quando a Cláudia se sentou no pequeno avanço a tocar virada para eles e de costas para o público. Numa palavra – Memorável! Ah! E, claramente, foram os Cabeças de Cartaz do dia de ontem. Melhor que Black Lips, com certeza mil vezes melhor que Cut Copy e, com todo o respeito que tenho pelos outros, completamente superiores aos restantes. 

Fica a nota para o orgulho no que é nosso, principalmente das nossas bandas, e porque foi a isso que me propus quando me deram a credencial para Paredes de Coura. Hoje temos Sequin e Sensible Soccers!

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[Os Artistas Portugueses no Vodafone Paredes de Coura II] – Dia 2 – Fast Eddie Nelson e White Haus https://branmorrighan.com/2014/08/os-artistas-portugueses-no-vodafone_22.html https://branmorrighan.com/2014/08/os-artistas-portugueses-no-vodafone_22.html#respond Fri, 22 Aug 2014 17:12:00 +0000 Fotografia por Hugo Lima

Mais um dia de Vodafone Paredes de Coura e mais duas presenças nacionais de destaque. Ao contrário do que é o habitual, as bandas portuguesas sempre a abrir, desta vez fugiu-se um bocadinho à regra e tivemos uma a abrir o palco Vodafone.fm e a outra a fechá-lo! Ou melhor, para mim, a noite acabou depois de White Haus! 

Mas comecemos com Fast Eddie Nelson, o concerto de abertura deste dia 21 de Agosto. Foi a primeira vez que vi ao vivo e foi uma agradável surpresa, quanto mais não seja pela completa despretensão e o enorme à vontade em palco, num tom rock puro, sem artifícios ou paninhos quentes. Originário do Barreira, foi a primeira vez que veio a Paredes de Coura «e ainda por cima pagaram-me para o fazer!». É neste tom descontraído e “sem merdas” que a actuação se desenrolou, havendo espaço para fazer piadas sobre o Barreiro e ainda umas quantas interacções com o público – que obviamente tinha gente conhecida da banda e que a certa altura tomou contornos cómicos. Para um início de tarde e primeiro concerto do dia, a quantidade de público foi razoável e o resultado foi então uma boa amostra do que Fast Eddie Nelson tem para dar. 

Fotografia por Hugo Lima

Existem projectos que nos enchem de orgulho e White Haus é um deles. Iniciado por João Vieira, dos, agora em pausa, X-Wife, White Haus apresenta-nos um som fresco, de disco que é bem mais do que isso, e que faz corar qualquer projecto do género, internacional ou não. Em banda, o músico faz-se acompanhar por André Simão e Graciela Coelho (Dear Telephone), e por Nuno Sarafa (We Trust, Best Youth) – desconfio que não podia haver combinação melhor. Quatro pessoas que exalam a sua paixão pela música, influenciando de forma incontornável quem os assiste. 

Já conhecendo o trabalho de White Haus, e já tendo visto outros dois concertos, não posso deixar de referir que este foi o meu preferido. Todo o espectáculo de luzes com a projecção visual, o convidado de energia inesgotável a dançar e a participação do baixista dos X-Wife, culminaram num grande concerto com as voz inconfundível de João Vieira e com a postura sempre sensual da Graciela. E se há coisa que adoro quando vejo estes quatro a tocarem juntos, são as caras de entrega de André Simão e Nuno Sarafa. Quatro grandes músicos e um fechar de noite fantástico. 

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[Os Artistas Portugueses no Vodafone Paredes de Coura I] – Dia 1 – Capicua no Primeiro Music Session https://branmorrighan.com/2014/08/os-artistas-portugueses-no-vodafone-2.html https://branmorrighan.com/2014/08/os-artistas-portugueses-no-vodafone-2.html#respond Wed, 20 Aug 2014 18:42:00 +0000 Fotografia por Sofia Teixeira

Foi hoje, o primeiro Music Session do Festival Vodafone Paredes de Coura 2014 com a Capicua. O concerto deu-se numa ponte romana, em que o rio Coura passa por baixo, adequando-se que nem uma luva perfeita ao mais recente trabalho da artista – Sereia Louca. 

Num ambiente intímo e num registo puramente vocal, os festivaleiros que puderam estar presentes, usufruíram de uma oportunidade única de ouvir vários dos textos que Capicua foi escrevendo ao longo dos últimos anos. «Antes de cantar, eu já escrevia.» Com esta relação tão estreita entre uma coisa e outra, foram declamados poemas, letras de músicas e ainda uma pequena história, baseada numa das notícias mais lidas do p3, completada e reinventada de forma lírica e poética, resultando em algo muito bonito. 

Com o som do rio a correr e toda a dinâmica forte, feminina e imponente de Capicua, este foi um concerto singular e que ficará, certamente, na memória de cada um dos presentes. O seu estilo de música pode não ser o meu de eleição, mas não nego o poder e o talento que possui, transmitindo uma espécie de força e de humanidade a quem a ouve, principalmente às mulheres. 

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