Paula Hawkins – Bran Morrighan https://branmorrighan.com Literatura, Leitura, Música e Quotidiano Sun, 10 Jan 2021 20:19:45 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.8.3 https://branmorrighan.com/wp-content/uploads/2020/12/cropped-Preto-32x32.png Paula Hawkins – Bran Morrighan https://branmorrighan.com 32 32 Opinião: Escrito na Água, de Paula Hawkins https://branmorrighan.com/2017/04/opiniao-escrito-na-agua-de-paula-hawkins.html https://branmorrighan.com/2017/04/opiniao-escrito-na-agua-de-paula-hawkins.html#respond Sat, 22 Apr 2017 13:45:00 +0000
Escrito na Água

Escrito na Água
Paula Hawkins

Editora: TOPSELLER

OPINIÃO: Melhor do que A Rapariga no Comboio. Sendo a autora que é, depois de um bestseller estrondoso como foi a sua obra de estreia, esta é a primeira conclusão a que se chega ainda antes de se terminar Escrito na Água. Descolando das comparações com, por exemplo, Em Parte Incerta, ou outra obra do género, Escrito na Água confirma duas coisas.

Que independentemente do cerne da narrativa, Paula Hawkins tem uma escrita que nos envolve e nos prende, mesmo quando já desconfiamos do final muito antes de este chegar (o que não é necessariamente mau, pois tudo continua suficientemente intenso para nos levar a querer confirmar – ou não – as nossas desconfianças); e a segunda é que me parece que Paula Hawkins veio para ficar e que tem todas as ferramentas literárias, pela técnica e pelo estilo, para continuar a deslumbrar os seus leitores. 

Confesso que toda esta história me causou um certo fascínio, não só pela forma como a escritora estruturou a teia de personagens e as interacções, mas principalmente por me ver tão focada e tão expectante pelo desenvolver da trama. O tema, que mistura um certo misticismo popular com um tema bastante sério – suicídio -, acaba por ser um dos grandes culpados pela fome constante de se saber mais.

Existem obras que apelam ao nosso emocional e enquanto as lemos vamo-nos abstraindo da camada estrutural subjacente à história, mas Escrito na Água é o oposto. É um apelo ao nosso lado analítico e dedutivo, sendo quase matemática a forma como olhamos para o enredo e vamos tentando descortinar quem fez o quê quando e porquê. A isso ajuda o facto de termos à volta de uma dezena de narradores, tendo assim várias perspectivas dos acontecimentos, sem nunca sentirmos que existe uma repetição dos acontecimentos.

Duas mulheres morrem, “no poço das mulheres problemáticas”, com dois anos de diferença. Nel, a mais recente “afogada”, é o elemento catalisador da discórdia e da insegurança por entre os habitantes daquele pequeno lugarejo, tão bem caracterizado através das suas gentes. Nel estava determinada a contar a história das mulheres que morreram naquele lugar, desde o registo da primeira à última.

Os factos conhecidos levam-na a querer contar as suas histórias, mas esse é um trabalho que nunca ficou completo. Nel morreu, sem se compreender porquê, já que quem a conhecia de perto dificilmente veria sentido no seu suicídio, mas ao mesmo tempo achavam que seria uma forma “romântica” de chamar à atenção e assim perpetuar a sua fama de destabilizadora.

Jules, a sua irmã, não tem muita dificuldade em acreditar nesta última hipótese, ao mesmo tempo que coloca tudo em causa. A sua relação problemática com Nel teve um forte impacto na forma como desenvolveu a sua personalidade e é extraordinário como Paula Hawkins conseguiu cruzar narrativas presentes e passadas, transformando-as e dando-lhes uma nova forma ao olhar do leitor e dos próprios protagonistas. E isto não acontece só com Jules, mas com vários outros. 

Não me surpreendeu a resolução que se deu sobre as várias mortes ao longo do tempo naquele poço. Aliás, até achei inteligente da parte da autora, mas ao mesmo tempo senti-me um pouco melancólica pois houve uma altura em que esperava uma causa a roçar quase o místico. Devo-me ter tornado demasiado Nel ao longo do livro! Honestamente não me quero alongar muito mais neste texto, porque Escrito na Água é aquele livro que recomendo sem qualquer tipo de receio.

Tem capítulos curtos, personagens tão diferentes quanto empolgantes, mistério e acção quanto baste, e ainda uma forte dose de reflexão sobre até onde estamos dispostos a chegar por aqueles que julgamos amar. Existe uma irracionalidade adjacente a algumas emoções que por vezes cria, na própria pessoa, uma espécie de dissociação, fazendo com que por vezes se olhe para certos factos como se tivesse sido outra pessoa. Porém, os fantasmas raramente desaparecem. Boas leituras! 

PS: Neste texto não falo da grande parte das personagens, porque é-me difícil fazê-lo sem revelar demasiado. Acho mesmo que podem tirar um grande gozo do livro, por isso se vos for oportuno peguem nele e mergulhem nestas águas! 

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[Diário de Bordo] Tardou, mas chegou! https://branmorrighan.com/2017/04/diario-de-bordo-tardou-mas-chegou.html https://branmorrighan.com/2017/04/diario-de-bordo-tardou-mas-chegou.html#respond Sun, 09 Apr 2017 12:54:00 +0000

Já cá canta o avanço da leitura do novo livro de Paula Hawkins, Escrito na Água! Imagino que quem segue vários blogues literários já viu várias acções relacionadas com este livro e o BranMorrighan não ficou de fora na escolha dos premiados para uma leitura antecipada daquele que a Revista TIME diz ser um dos livros mais aguardados de 2017! Gostaram do primeiro? A minha opinião sobre A Rapriga no Comboio pode ser lida aqui: http://www.branmorrighan.com/2015/05/opiniao-rapariga-no-comboio-de-paula.html

Mais informações sobre este livro e a vinda da autora a Portugal aqui: http://www.branmorrighan.com/2017/03/ultima-hora-feira-do-livro-de-lisboa.html

A partir de agora vou dividir esta leitura com Filhos do Vento e do Mar, da Sandra Carvalho! Depois vou colocando aqui algumas novidades sobre estas leituras! Beijos e bom Domingo! 

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ÚLTIMA HORA: Feira do Livro de Lisboa – Paula Hawkins, autora de «A Rapariga no Comboio», será cabeça de cartaz https://branmorrighan.com/2017/03/ultima-hora-feira-do-livro-de-lisboa.html https://branmorrighan.com/2017/03/ultima-hora-feira-do-livro-de-lisboa.html#respond Sun, 05 Mar 2017 15:32:00 +0000

A britânica Paula Hawkins, autora do bestseller mundial A Rapariga no Comboio e do tão esperado thriller Escrito na Água, à venda no dia 02 de maio sob a chancela Topseller (Grupo 20l20 Editora), será cabeça de cartaz da 87.ª Edição da Feira do Livro de Lisboa.

A visita de Paula Hawkins, que viu a sua obra de estreia chegar ao grande ecrã em 2016, com Emily Blunt no papel principal, irá acontecer nos dias 10 e 11 de junho.

Uma presença há muito desejada pelos leitores portugueses, que poderão finalmente conhecer a autora do livro que, quase dois anos volvidos, se mantém no Top 10 Nacional (Ficção), e satisfazer curiosidades sobre Escrito na Água, thriller ansiosamente aguardado e que hoje ganha vida com a divulgação da edição portuguesa (capa em anexo).

A Rapariga no Comboio, com mais de 20 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo (traduzido em 40 línguas), 125 mil editados em Portugal (21 edições), catapultou Paula Hawkins para o Top 10 dos autores mais bem-sucedidos em todo o mundo.

Números que geram natural expectativa em torno do novo thriller da autora britânica, cujo lançamento mundial acontecerá no dia 02 de maio, data em que chegará igualmente às livrarias nacionais. E, Escrito na Água, cujos direitos para filme já foram comprados pela Dreamworks, não irá desiludir.

Escrito na Água é um livro profundamente original e surpreendente sobre as formas devastadoras que o passado encontra para voltar a assombrar-nos no presente. Paula Hawkins confirma, de forma triunfal, a sua mestria no entendimento dos instintos humanos, numa história com tanta ou mais intensidade do que A Rapariga no Comboio.

CUIDADO COM AS ÁGUAS CALMAS. NÃO SABEMOS O QUE ESCONDEM NO FUNDO.

       

NEL VIVIA OBCECADA COM AS MORTES NO RIO.

O rio que atravessava aquela vila já levara a vida a demasiadas mulheres ao longo dos tempos, incluindo, recentemente, a melhor amiga da sua filha. Desde então, Nel vivia ainda mais determinada a encontrar respostas.

AGORA, É ELA QUE APARECE MORTA.

Sem vestígios de crime, tudo aponta para que Nel se tenha suicidado no rio. Mas poucos dias antes da sua morte, ela deixara uma mensagem à irmã, Jules, num tom de voz urgente e assustado. Estaria Nel a temer pela sua vida?

QUE SEGREDOS ESCONDEM AQUELAS ÁGUAS?

Para descobrir a verdade, Jules vai ser forçada a enfrentar recordações e medos terríveis há muito submersos naquele rio de águas calmas, que a morte da irmã vem trazer à superfície.

PAULA HAWKINS 

Paula Hawkins foi jornalista na área financeira durante 15 anos, antes de se dedicar inteiramente à escrita de ficção. Nascida e criada no Zimbabué, mudou-se para Londres em 1989, onde vive atualmente.

A Rapariga no Comboio foi o seu primeiro livro e um verdadeiro fenómeno, tendo sido traduzido em mais de 40 línguas, com cerca de 20 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo. Em Portugal, é o livro mais vendido desde 2015 (n.º 1 durante 13 semanas consecutivas), tendo atingido os 125 000 exemplares editados. Do livro resultou um filme de sucesso, protagonizado por Emily Blunt, que alcançou o primeiro lugar das bilheteiras em Portugal (10 semanas em exibição, Top 20 dos filmes mais vistos em 2016, 192.738 mil espetadores, 1 milhão de faturação).

Escrito na Água é o segundo thriller da autora, cujos direitos para filme já foram comprados pela Dreamworks. Paula Hawkins fará parte da produção executiva. 

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Opinião: A Rapariga no Comboio, de Paula Hawkins https://branmorrighan.com/2015/05/opiniao-rapariga-no-comboio-de-paula.html https://branmorrighan.com/2015/05/opiniao-rapariga-no-comboio-de-paula.html#comments Fri, 15 May 2015 16:22:00 +0000

A Rapariga no Comboio

Paula Hawkins

Editora: TOPSELLER

Sinopse: Todos os dias, Rachel apanha o comboio…

No caminho para o trabalho, ela observa sempre as mesmas casas durante a sua viagem. Numa das casas ela observa sempre o mesmo casal, ao qual ela atribui nomes e vidas imaginárias. Aos olhos de Rachel, o casal tem uma vida perfeita, quase igual à que ela perdeu recentemente.

Até que um dia… 

Rachel assiste a algo errado com o casal… É uma imagem rápida, mas suficiente para a deixar perturbada. Não querendo guardar segredo do que viu, Rachel fala com a polícia. A partir daqui, ela torna-se parte integrante de uma sucessão vertiginosa de acontecimentos, afectando as vidas de todos os envolvidos.

Opinião: Um bom Thriller acelera-nos o batimento cardíaco de tal maneira que damos por nós a virar página após página sem sequer nos apercebermos do tempo a passar. Em Parte Incerta, de Gillian Flynn, obra com a qual A Rapariga no Comboio tem sido comparada, teve esse efeito em grande parte dos leitores, eu incluída. Vi-me a consumir páginas como se fossem gomas, sem qualquer precaução, só queria mais. Quando a base de comparação é algo que nos fascinou bastante é razoável avançar com cautela para uma nova aventura que se diz ser par da anterior, pelo menos no estilo. E a verdade é que à medida que fui avançando na leitura desta obra, houve essa familiaridade na estrutura, no apelo ao mistério, na procura do que realmente se terá passado.

Às vezes dou por mim a tentar lembrar-me da última que tive alguma espécie de contacto físico relevante com outra pessoa, nem que tenha sido um abraço ou um aperto de mão caloroso, e sinto o coração estremecer-me. 

Paula Hawkins construiu um enredo com três narradoras que assumem o protagonismo central e que à sua maneira nos vão relatando aquilo que precisamos de saber para ligar os pontos. Tal como em Parte Incerta, parte da narrativa vai ocorrendo com registos do passado até apanhar o presente, até nos ser revelado o desfecho final. Não tendo sido uma surpresa para mim, talvez por ter uma mente muito especulativa, não me senti defraudada pois a verdade é que ultrapassado o primeiro terço do livro, não mais conseguia parar. Mesmo podendo antever o que se iria passar, a leitura foi apelativa o suficiente para me manter em estado de alerta. 

Perdi o controlo sobre tudo, até sobre os lugares dentro da minha cabeça.

Tenho para mim que o ponto forte do livro está relacionado com as personagens e com a forma como os vários temas vão sendo abordados. Pelos excertos que aqui partilho convosco, conseguimos perceber que estas encarnam pessoas muito humanas, com problemas tão reais como aqueles com que somos confrontados no dia-a-dia. Existem, no entanto, aqueles toques subtis de loucura, de alguma irracionalidade que intrincam ainda mais a acção, obscurecendo os cenários com que somos confrontados.

Tenho de a aceitar, não vale a pena ignorar esta sensação. Vou sentir-me péssima durante todo o dia. Há de chegar em ondas – mais forte e depois mais fraca e depois mais forte outra vez -, aquele nó na barriga, a angústia da vergonha, o rubor a subir-me às faces, os olhos muito apertados como se assim pudesse apagar o que fiz. 

Se um dos personagens é psicólogo, é certo que ainda antes de o conhecermos já andamos nós a tentar incorporar as emoções de cada um. O que faria eu no lugar dela? Como reagiria à reacção dele? Não é que tenha sentido uma empatia particular por alguma das personagens, mas a cada momento foi inevitável tentar perceber as motivações e que consequências viriam das suas decisões. A humanidade e o realismo da trama dão-nos uma sensação algo vertiginosa e até arrepiante. Sem dúvida que a autora soube como impregnar a sua escrita de uma boa dose de adrenalina.

É ridículo, se pensarmos bem no assunto. Como é que vim parar aqui? Pergunto-me quando começou o meu declínio; em que ponto poderia tê-lo travado.


Resumindo, é um livro ao estilo de Em Parte Incerta que se lê rapidamente e que mistura a paixão, o medo, a solidão e a irracionalidade com uma frieza arrepiante. 

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