Pierce Brown – Bran Morrighan https://branmorrighan.com Literatura, Leitura, Música e Quotidiano Mon, 28 Dec 2020 06:01:35 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.9 https://branmorrighan.com/wp-content/uploads/2020/12/cropped-Preto-32x32.png Pierce Brown – Bran Morrighan https://branmorrighan.com 32 32 Opinião: O Filho Dourado (Alvorada Vermelha #2), de Pierce Brown https://branmorrighan.com/2016/03/opiniao-o-filho-dourado-alvorada.html https://branmorrighan.com/2016/03/opiniao-o-filho-dourado-alvorada.html#respond Sun, 13 Mar 2016 15:35:00 +0000

O Filho Dourado (Alvorada Vermelha #2)

Pierce Brown

Editora: Editorial Presença

Sinopse: Nascido Vermelho, Darrow trabalhava nas minas de Marte, suportando a dureza do trabalho enquanto sonhava com um mundo mais justo, uma sociedade livre da intriga e dos jogos de poder. Os Dourados, que escravizam e oprimem os restantes, só podem ser derrotados por uma rebelião das castas. Mas para que tal aconteça foi necessário que Darrow se tornasse num Dourado e, uma vez infiltrado, promovesse a revolta. Neste tão esperado segundo volume da trilogia Alvorada Vermelha, Darrow, agora um Dourado, vê-se confrontado com novos desafios. O seu sucesso atrai inimigos terríveis que usam a intriga e a política como arma. Porém, Darrow está determinado a defender o amor e a justiça, ideais seguidos por Eo, apesar de se saber rodeado por adversários sem escrúpulos que pretendem eliminá-lo.

Opinião: Raramente dou cinco estrelas a um livro, mas quando fui “fechar” a leitura no goodreads, nem hesitei. Também é verdade que tenho andado mais afastada do Fantástico porque ultimamente eram poucos os livros que verdadeiramente me conquistavam, mas sendo este uma continuação do Alvorada Vermelha, que adorei, foi inevitável não me agarrar a ele assim que tive oportunidade. Se o primeiro já tinha achado algo denso em termos de trama e de personagens, chegada a este segundo volume a atmosfera só podia ficar ainda mais concentrada. Foi uma leitura com quase 500 páginas em que raramente a adrenalina esteve ausente. Quando acontecia, chegava a apreensão e a cautela. Baixar a guarda em qualquer uma das páginas seria sempre um erro, pois em O Filho Dourado, não existe tal coisa como elemento indispensável ou personagem certa de que irá sobreviver. É nesse ambiente mordaz de traição, mas ao mesmo tempo de grande sentido de esperança, que caminhamos entre as várias cores na esperança de um mundo melhor.

Pode haver quem considere Darrow o grande protagonista desta série, mas na verdade eu acho que o ponto forte da trilogia é precisamente o conjunto de personagens ser tão forte. Nunca sabemos bem o que é que pode vir de quem, mesmo tendo sempre todas as desconfianças em alerta máximo, e o rumo da trama é cheio de reviravoltas. Fascina-me que no meio de tantos planos cruzados em que a destruição parece ser o único destino possível, o autor consiga de forma determinada prevalecer com certos valores morais sem que estes pareçam deslocados ou ridículos na sociedade criada. Nem ao ritmo a que tudo acontece posso apontar qualquer defeito. Há uma ou outra descrição que talvez me custe mais visualizar, mas na verdade a sofreguidão em saber mais acaba por tapar esses pequenos buracos negros com o consumo de mais páginas. 

Outro grande dedo na ferida, que o autor se tornou mestre em esfregar sal e vinagre, é o reforço de que praticamente todo o ser humano é corruptível quando confrontado com a oferta de poder. Não tem que ser um poder considerável, basta ser ligeiramente maior do que aquele que possui. Mais para o final da obra temos ainda uma perspectiva de como o ser humano também é capaz de se distanciar do seu lugar no universo e achar-se, de forma natural, capaz de decidir de que forma é que todo o sistema deve funcionar, quem é que é forte, quem é que é fraco, como se uma única pessoa tivesse o direito de definir o destino e o conhecimento de todos os seus outros (não) pares. 

Estou muito curiosa com o desfecho da história. O fim deixa-nos numa espécie de abismo que parece não ter como ser contornado, mas se há coisa que Pierce Brown já me ensinou com estes dois livros é que a “salvação” pode aparecer das mais várias e inesperadas formas. Concluindo, estou conquistadíssima por esta história, acho que é uma das melhores apostas da Editorial Presença desde os livros de Justin Cronin e estou ansiosa pelo desfecho. Aconselho vivamente a quem gosta de ficção científica a adquirir o primeiro livro. Mesmo que não se sintam logo arrebatados, dêem uma segunda oportunidade a este segundo. Boas leituras e… Cuidado em quem confiam! 

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Opinião: Alvorada Vermelha, de Pierce Brown https://branmorrighan.com/2015/04/opiniao-alvorada-vermelha-de-pierce.html https://branmorrighan.com/2015/04/opiniao-alvorada-vermelha-de-pierce.html#respond Tue, 21 Apr 2015 17:56:00 +0000

Alvorada Vermelha

Pierce Brown

Editora: Editorial Presença

Sinopse: Alvorada Vermelha é o primeiro volume de uma trilogia que tem tudo para conquistar a legião de fãs de Os Jogos da Fome. Passa-se numa altura em que a humanidade começou a colonizar outros planetas, como Marte. Darrow é um jovem de 19 anos que pertence à casta mais baixa da Sociedade, os Vermelhos, uma comunidade que vive e trabalha no subsolo marciano com a missão de preparar a superfície do planeta para que futuras gerações de humanos possam lá viver. No entanto, em breve Darrow irá descobrir que ele e os seus companheiros foram enganados pelas castas superiores. Inspirado pelo desejo de justiça, Darrow irá sacrificar tudo para se infiltrar na casta dos Dourados… e aniquilá-los! Vingança, guerra e luta pelo poder num romance de estreia empolgante.

Opinião: Rotinas. Rotinas sem grandes reflexões sobre as mesmas, apenas um sentido de dever e de aceitação pelo que se faz. O que é que acontece quando as perguntas surgem? Quando a dúvida se instala e questionar e procurar saber mais se torna num frémito impossível de conter? Universos que escondem mundos, em que apenas alguns sabem da existência de outros, nunca se tendo noção completa da totalidade de populações ou governos. É este o panorama geral de Alvorada Vermelha, mas a forma como começa por ser explorado e nos vai elevando na sua complexidade está de tal maneira bem construída que conseguimos dar por nós quase dissociados de capítulos anteriores, tendo sempre noção desse passado que parece longínquo. 

E é bem por baixo que começamos, com os Vermelhos, os humanos ingénuos que, dentro da sua hierarquia e guerras de gente grande, julgam estar a preparar o planeta Marte para os habitantes da Terra, não fazendo ideia de que apenas alimentam toda uma outra gente, com as suas próprias regras, a viverem confortavelmente, ou nem tanto assim, nas paisagem de Marte. E é através de Darrow que assistimos a uma transformação radical, mas necessária, para a compreensão e descoberta da verdadeira trama humana. Se no fundo temos os Vermelhos e no topo os Dourados, assistir à transformação de Darrow teve tanto de fascinante como de doloroso. 

Esta leitura prendeu-me principalmente pela capacidade exímia de Pierce Brown em me conduzir pelos meandros físicos e psicológicos de um enredo que se vai compondo, camada sobre camada, aumentado de dimensão, sem nunca me fazer sentir perdida e dando sempre um sentido lógico no decorrer de cada acção, um impulso que nos amplia os nossos sentidos e nos faz correr folha após folha sedentos por mais. Existem, também, uma série de analogias que podem ser feitas com a realidade. Se Descartes, Spinoza, Leibniz e Sartre, nos seus tempos, discutiram as várias formas de liberdade, e o que é que pode ser considerado um homem livre, também neste livro o autor dá que pensar ao leitor. 

A realidade dos Dourados, por exemplo, consegue deixar-nos incrédulos, se bem que não chocados, desde o início. Não só pela métrica da perfeição exigida, como ainda pela crueldade com que a suposta educação superior se dá. Quando se é obrigado a matar, logo ao início, para se poder avançar, constatamos que existe realmente alguma coisa de muito errado. Após essa matança inicial, em que cada aluno é emparelhado com um par e em que só um sobrevive, os estudantes são agrupados por equipas, mas o que enfrentam não é uma aprendizagem teórica, mas antes uma luta pelo comandar e conquistar em que apenas os mais fortes ficam de pé no fim. Desde líderes por poder a escravizados por obrigação, dinâmicas de imposição e submissão são uma constante. Resta-nos torcer para que Darrow não perca a sua verdadeira identidade pelo meio. 

Resumindo, temos um universo distópico coerente, com um bom ritmo de evolução e cujas personagens estão bem construídas, misteriosas o suficiente para nos agarrar até à última página, sendo que esta reserva uma decisão que me deixou bastante baralhada, confesso. A escrita é boa, a linguagem está bem adaptada e por isso não me custa nada recomendar Alvorada Vermelha a amantes de universos distópicos. Fico a aguardar pela continuação, gostei. 

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