Poemas – Bran Morrighan https://branmorrighan.com Literatura, Leitura, Música e Quotidiano Wed, 23 Dec 2020 20:59:12 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.7.1 https://branmorrighan.com/wp-content/uploads/2020/12/cropped-Preto-32x32.png Poemas – Bran Morrighan https://branmorrighan.com 32 32 Morreu o poeta António Ramos Rosa – Poema de Homenagem https://branmorrighan.com/2013/09/morreu-o-poeta-antonio-ramos-rosa-poema.html https://branmorrighan.com/2013/09/morreu-o-poeta-antonio-ramos-rosa-poema.html#comments Mon, 23 Sep 2013 19:11:00 +0000

Notícia viaPúblico. Autor de uma das obras poéticas mais extensas e marcantes da poesia portuguesa contemporânea, António Ramos Rosa morreu esta segunda-feira aos 88 anos.

Aqui deixo um poema que adoro:


Não posso adiar o amor para outro século

não posso

ainda que o grito sufoque na garganta

ainda que o ódio estale e crepite e arda

sob montanhas cinzentas

e montanhas cinzentas

Não posso adiar este abraço

que é uma arma de dois gumes

amor e ódio

Não posso adiar

ainda que a noite pese séculos sobre as costas

e a aurora indecisa demore

não posso adiar para outro século a minha vida

nem o rneu amor

nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração

António Ramos Rosa, in “Viagem Através de uma Nebulosa

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Opinião: ‘O Corvo e Outros Poemas’ + ‘A Filosofia da Composição’ de Edgar Allen Poe com Tradução de Fernando Pessoa https://branmorrighan.com/2013/01/opiniao-o-corvo-e-outros-poemas.html https://branmorrighan.com/2013/01/opiniao-o-corvo-e-outros-poemas.html#respond Tue, 29 Jan 2013 11:46:00 +0000

O Corvo e Outros Poemas

Edgar Allen Poe

Editora: Calçada das Letras

Livro: Edição bilíngue, inglês-português, de um clássico da literatura. A tradução dos poemas para português é de Fernando Pessoa, ritmicamente conforme o original.

Opinião: O Corvo e Outros Poemas pela edição Calçada das Letras de Edgar Allan Poe, apresenta-nos os poemas ‘O Corvo’, ‘Annabel Lee’ e ‘Ulalume’. Após a leitura destes magníficos poemas, somos ainda presenteados com o texto ‘A Filosofia da Composição’ por parte Poe em que este explica a construção do poema ‘O Corvo’.

Cada poema vem tanto em inglês como em português, sendo esta última versão traduzida por Fernando Pessoa. Tenho de confessar que prefiro muito mais os poemas em inglês do que em português. Em parte, talvez porque embora tenha completa admiração por Pessoa, enquanto poeta português, não gosto da sua tradução ao poema O Corvo. Já a versão traduzida por Machado de Assis, que não vem nesta edição, mas que podem encontrar aqui, parece-me mais adequada.

Quando ao texto ‘A Filosofia da Composição’, penso que poderia ficar horas a dissertar sobre o mesmo. Assertivo e pragmático, Poe começa por explicar a intenção por trás da elaboração do poema ‘O Corvo’. Saliento aqui algumas das suas afirmações:

(…)Tendo, portanto, escolhido um assunto de romance e a seguir um vigoroso efeito para produzir, procuro se será melhor salientá-lo pelos incidentes se pelo tom, ou por incidentes vulgares e um tom especial, ou por incidentes singulares e um tom ordinário, ou por uma singularidade igual de tom e de incidentes; e, depois, procuro em meu redor, ou antes, em mim próprio, as combinações de eventos ou de tons que possam ser os mais adequados para criar o efeito em questão.”

Penso que este texto é fértil em pontos sensíveis quando se decide escrever uma obra. Mais, o autor consegue transmitir igualmente o efeito que um poema deve ter no leitor, ora vejamos:

(…)E desde já digo: Não. Aquilo  que chamamos um poema comprido não passa, na realidade, duma sucessão de poemas curtos, isto é, de efeitos poéticos breves. Inútil se torna dizer que um poema só é um poema enquanto eleva a alma e lhe proporciona uma excitação intensa; e, por uma necessidade psíquica, todas as excitações intensas são de curta duração.”

Ler estes poemas e este artigo de Poe deu-me uma vontade imensa de fazer outras quantas publicações sobre pontos específicos que o autor aponta no seu texto. Talvez o venha a fazer. Leiam, vale a pena.

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Poesia Aleatória #3 – Alberto Silva https://branmorrighan.com/2013/01/poesia-aleatoria-3-alberto-silva.html https://branmorrighan.com/2013/01/poesia-aleatoria-3-alberto-silva.html#comments Sun, 20 Jan 2013 18:05:00 +0000

Fome

Vejo-te em fragmentos soltos de peças quebradas

em derrotas de batalhas nunca ganhas

nem vontades de lutas diferentes

ou construções de verdadeiras vontades.

Sei-te ainda dentro dos teus ais

por eles fui-te dando o meu ter

enquanto desistias e perdias mais de ti.

Medos de passados já quebrados

despedaçaram-te vontades e quereres

navegando-te em sonhos desfeitos e moribundos

em pedaços mortos de futuros risonhos.

Ergue-te hoje em bases sólidas

de fome e vontade de viver

a vida que com quem deves saber viver

e dá-te à vontade de querer.

― Alberto Silva

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Opinião: ‘Labirinto de Nós’ de Alberto Silva https://branmorrighan.com/2013/01/opiniao-labirinto-de-nos-de-alberto.html https://branmorrighan.com/2013/01/opiniao-labirinto-de-nos-de-alberto.html#respond Fri, 04 Jan 2013 20:39:00 +0000

Labirinto de Nós

Alberto Silva

Editora: Alfarroba

Opinião: Conheci, virtualmente, o autor Alberto Silva a propósito de uma troca de mails sobre a divulgação das suas obras. Quando quis saber mais sobre o mesmo, tive acesso a algumas das suas escritas públicas. Do que li seu, a poesia que encontrei despertou-me logo uma valente curiosidade em ler mais coisas suas.


Labirinto de Nós
é um livro de poemas que só é pequeno em tamanho. Tem cerca de 67 poemas, variados, mas que página a página vão conquistando o leitor sobrando pouca vontade de o largar até a leitura se ver terminada. Existem poetas e poetas e poemas e poemas. Aqueles que normalmente conseguem chegar até mim são dos poucos que encaram a natureza humana e os seus sentimentos com uma veracidade nua e crua. Sem rodeios, ousados, irreverentes e até provocadores.

Ao lermos os poemas de Alberto Silva, talvez não todos, mas uma boa parte deles, temos a sensação de reconhecimento. E que mais podemos pedir aos nossos poetas que não expressarem aquilo que não conseguimos colocar em palavras, mas onde de alguma maneira eles tocam? Gostei bastante e como tal deixo-vos aqui um poema para abrir o apetite. Brevemente postarei mais.

Empurrar

Porque julgas que é a esvaziar-te de sentimentos que lidas melhor com tudo?

Porque precisas tu de empurrar-me para me manteres perto de ti?

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Poesia Aleatória #1 – Fernando Pessoa https://branmorrighan.com/2013/01/poesia-aleatoria-1-fernando-pessoa.html https://branmorrighan.com/2013/01/poesia-aleatoria-1-fernando-pessoa.html#comments Wed, 02 Jan 2013 10:51:00 +0000

Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.

― Fernando Pessoa

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A Descoberta de Um Novo Autor… ‘Desmorta’ de Alberto Silva https://branmorrighan.com/2012/12/a-descoberta-de-um-novo-autor-desmorta.html https://branmorrighan.com/2012/12/a-descoberta-de-um-novo-autor-desmorta.html#comments Sun, 16 Dec 2012 14:32:00 +0000

Alberto Silva é um autor português que até ao aniversário do blog eu desconhecia. Graças à divulgação que tem sido feita, proporcionou-se trocarmos algumas impressões e brevemente irei falar sobre as suas obras e sobre o próprio Alberto enquanto escritor. Entretanto espero abrir-vos o apetite com um dos meus poemas preferidos. Até breve!

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[Poema] ‘Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades’ de Luís de Camões https://branmorrighan.com/2012/04/mudam-se-os-tempos-mudam-se-as-vontades.html https://branmorrighan.com/2012/04/mudam-se-os-tempos-mudam-se-as-vontades.html#respond Sat, 14 Apr 2012 22:41:00 +0000

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,

muda-se o ser, muda-se a confiança;

todo o Mundo é composto de mudança,

tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,

diferentes em tudo da esperança;

do mal ficam as mágoas na lembrança,

e do bem (se algum houve), as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,

que já coberto foi de neve fria,

e, enfim, converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,

outra mudança faz de mor espanto,

que não se muda já como soía.

Luís de Camões

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Poema: Tenho uma vontade de nada de Samuel Pimenta https://branmorrighan.com/2012/02/poema-tenho-uma-vontade-de-nada-de.html https://branmorrighan.com/2012/02/poema-tenho-uma-vontade-de-nada-de.html#respond Tue, 21 Feb 2012 22:26:00 +0000

Tenho uma

vontade de

nada.

Tenho uma

vontade de

nada entregar ao

desejo, à ambição

humana. Tenho uma

vontade de não

ter, de não

ser.

Tenho uma

vontade de

escrever nada, pensar

nada. Tenho uma

vontade de

nada em

mim. Ser

nada.

Tenho uma

vontade de

nada.

Original aqui: https://branmorrighan.com/2012/02/tenho-uma-vontade-de-nada.html

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Poema: ‘Palavras Vagabundas’ de Xico Mendes em Palavras Nossas https://branmorrighan.com/2012/01/poema-palavras-vagabundas-de-xico.html https://branmorrighan.com/2012/01/poema-palavras-vagabundas-de-xico.html#respond Sun, 15 Jan 2012 15:53:00 +0000

Numa outra vida eu quero ser um livro

Um simples livro, sem palavras rebuscadas

Não quero ser livro numa estante aborrecido

Quer ter as lombadas já gastas e usadas

Quero conter mensagens de sonho e emoção

Palavras de esperança, ideias de ternura

Quero ser lido com avidez e com paixão

Ser meditado sempre após cada leitura

Quero ser voz de uma escrita sem rodeios

Quero ser o grito das gargantas destemidas

Quero dar a confiança de um abraço amigo

E, como luz de farol num denso nevoeiro

Quero reacender esperanças já perdidas

Quero ser a praia, ser porto de abrigo.

Xico Mendes em Palavras Nossas (Esfera do Caos, 2011 p.327)

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Poema: ‘A Saber’ de Ricardo Bernardo Valez em Palavras Nossas https://branmorrighan.com/2012/01/poema-saber-de-ricardo-bernardo-valez.html https://branmorrighan.com/2012/01/poema-saber-de-ricardo-bernardo-valez.html#comments Sat, 14 Jan 2012 22:43:00 +0000

Ninguém pode prever, mas todos podem evitar

Todos podemos escolher entre um e outro:

Viver para o fim da noite ou para o princípio do dia

É necessário aprender a viver sob efemeridade

Porque só teme a velhice quem não sabe envelhecer

E envelhecer é o princípio da vida

De tal que só teme envelhecer quem não sabe viver

Porque o desejo da imortalidade não é querer viver

Mas sim o medo de parar ou morrer

Ninguém pode prever, mas todos podem evitar

Todos podemos escolher entre um e outro:

Lutar para vencer ou desistir e morrer

Porque ser forte não é ter força

Ser forte é na fraqueza continuar a lutar

E coragem não é a ausência do medo

Coragem é perante o medo, o medo enfrentar

Ninguém pode prever, mas todos podem evitar

Todos podemos escolher entre um e outro:

Mas não nos fechemos nisto como ciência exacta

O que hoje é vermelho, amanhã poderá ser encarnado

E só amanhã será o fim de hoje

Não nos precipitemos no que temos a fazer

Apelo ao mundo:

O passado é para esquecer e o futuro para ignorar

Mas sempre com perfeita consciência maior:

O passado é a semente e o futuro o fruto do presente.

Ricardo Bernardo Valez em Palavras Nossas (Esfera do Caos, 2011 p.284)

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