Poesia – Bran Morrighan https://branmorrighan.com Literatura, Leitura, Música e Quotidiano Sun, 17 Jan 2021 14:09:07 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.9 https://branmorrighan.com/wp-content/uploads/2020/12/cropped-Preto-32x32.png Poesia – Bran Morrighan https://branmorrighan.com 32 32 Opinião: Ascensão da Água, de Samuel Pimenta https://branmorrighan.com/2021/01/opiniao-ascensao-da-agua-de-samuel-pimenta.html https://branmorrighan.com/2021/01/opiniao-ascensao-da-agua-de-samuel-pimenta.html#respond Sat, 16 Jan 2021 19:25:08 +0000 https://branmorrighan.com/?p=24908
Ascensão da Água

Ascensão da Água
Samuel Pimenta

Editora: Labirinto

Opinião: Faz quase 11 anos que descobri o autor português Samuel Pimenta. Quando penso nisto, e quando penso em todo o seu percurso e todos os momentos que nos juntaram, há um pequeno arrepio que me corre pela espinha. O que começou com uma curiosidade em conhecer um jovem autor português, acabou por evoluir e tornar-se numa amizade de muito respeito e admiração. Nunca me vou esquecer da conversa franca que tivemos uma vez no Noo Bai e como me dei conta que estávamos, em tantos sentidos, a crescer ao mesmo tempo. Mas não é sobre a nossa amizade que vos escrevo, mas sobre a sua poesia que tanto admiro.

Na altura já discutíamos a importância da poesia, o seu papel na nossa literatura e como deve existir um exercício de interpretação e imagética íntimo ao leitor. A poesia pode ter origem no escritor, este ser a sua nascente, mas tal qual o rio que desagua numa qualquer paisagem intrépida, cada poema ganha uma nova forma em quem o lê. Ascensão da Água é a entrega perfeita deste exercício.

Mais do que isso, esta obra poética tem o poder de nos enraizar, de nos fazer voltar para dentro, para a nossa origem, ao mesmo tempo que nos obriga a desabrochar e a visionar o nosso caminho a partir de então. Existe uma beleza subtil e tocante neste caminho que começa na escuridão e desagua na luz.

Diante da porta
vislumbro o teu rosto
e a escuridão.


Pedes-me os passos
do labirinto
e a vida do monstro.


Não tenho fio para voltar até ti
.

Em Um rasto de vida, de cura e de amor, podemos ler o texto que Samuel Pimenta leu aquando da cerimónia de entrega do Prémio Literário Cidade de Almada. Não só vale a pena ler o texto, como também temos um vislumbre da natureza mágica da alma dos poemas. Se o Samuel já é um ser, por si mesmo, que nos convida ao deslumbramento (é um ser humano como poucos outros e um escritor dotado de uma capacidade empática extraordinária), ao longo deste conjunto de poemas apercebemo-nos de como o amor (que o autor admite ser a força motriz desta obra), nas suas mais diversas formas, consegue ser o elemento mais transformador que temos ao nosso dispor.

Sei como tocar a escuridão
e a dureza da pedra a impor fronteira
sem corromper a transparência
do meu nome.

A água é luz liquefeita
e tudo o que toca reverbera
.

Há um caminho que se faz através destas páginas que evoca um pouco o voyeurismo. Não só damos a mão ao Samuel desde o primeiro poema, acompanhando o seu percurso, como também somos testemunhos das suas dedicatórias. E cada dedicatória, na minha modesta interpretação, traça um marco neste universo fascinante e rico em emoções – boas e menos boas – que parece rodear o autor. Confesso que para mim a poesia é a única forma de escrita que verdadeiramente consegue, de forma desnuda, expressar o que vai nos assalta a alma.

Outra vantagem da poesia é precisamente poder ser-se livre de métrica e de preconceitos. Já lá vai o tempo em que nos ensinavam que a verdadeira poesia tem de seguir uma determinada dança, uma determinada rima. A poesia de Samuel Pimenta, a meu ver, corre livre como a sua alma e é um gosto enorme partilhar mais este trilho com ele. É um privilégio ter acesso a uma obra que nos permite uma certa purificação, uma certa cura, com uma ligação tão forte à natureza e à nossa ancestralidade. Deixo-vos com um último poema que, para mim, resume tudo tão bem.

Saber das raízes
foi saber do Lar.

Saber das sementes
foi saber da ascensão.

Saber das nascentes
foi saber do desejo.

Mas quando soube da palavra e dos poemas
aprendi a fala das bruxas.
E nunca mais vivi num mundo sem magia.

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Vodafone Vozes da Escrita regressam à Praia Fluvial do Taboão com Inês Meneses, Rui Reininho, Márcia e Valter Hugo Mãe https://branmorrighan.com/2019/08/vodafone-vozes-da-escrita-regressam.html https://branmorrighan.com/2019/08/vodafone-vozes-da-escrita-regressam.html#respond Fri, 02 Aug 2019 11:45:00 +0000

Pelo quinto ano consecutivo, as sessões de leitura Vodafone Vozes da Escrita regressam ao festival Vodafone Paredes de Coura, na Praia Fluvial do Taboão, e este ano serão protagonizadas por duas duplas: a radialista Inês Maria Meneses e o músico Rui Reininho, no dia 15 de agosto, e a cantora e compositora Márcia e o escritor Valter Hugo Mãe, no dia 16.

As atuações acontecem, nos respetivos dias, no palco Jazz na Relva, às 13h, e à semelhança de anos anteriores os convidados vão preparar duas sessões de leitura únicas, proporcionando aos presentes nas margens do rio Coura momentos especiais em torno das palavras, que só podem acontecer num festival tão especial como o Vodafone Paredes de Coura.

Inês Maria Meneses formou-se como radialista na TSF, onde permaneceu durante 12 anos, antes de se mudar para a Radar. Autora do programa de entrevistas “Fala com Ela”, na Radar assina ainda o programa semanal “PBX” com o escritor Pedro Mexia, onde a atualidade cultural dita a emissão semanal de uma hora.

Inês Meneses sobe ao palco Jazz na Relva ao lado de Rui Reininho, figura incontornável da cultura pop portuguesa e mítico vocalista dos GNR desde 1981, com quem gravou 12 discos de originais. Artista multifacetado, Rui Reininho recebeu várias distinções ao longo da sua carreira, entre elas a Medalha de Mérito Cultural do Estado Português.

A primeira sessão da edição de 2019 das Vodafone Vozes da Escrita promete ser um encontro muito especial entre dois amigos, que além da amizade partilham cumplicidades musicais e literárias.

De profunda amizade também é feita a relação da dupla que protagoniza a segunda sessão de leitura no Vodafone Paredes de Coura. Márcia, um dos talentos maiores da composição nacional da atualidade, destacou-se na última década pelos seus trabalhos sinceros e intimistas, nomeadamente o EP “A Pele que Há em Mim”, “Dá”, “Casulo”, “Quarto Crescente” e “Vai e Vem”.

Ao lado de Valter Hugo Mãe – reconhecido por todos como um dos mais destacados escritores portugueses, autor de várias obras premiadas como “A máquina de fazer espanhóis”, “O remorso de Baltazar Serapião” e “O apocalipse dos trabalhadores” – espera-se uma hora de partilha irrepetível entre dois amigos.

As Vodafone Vozes da Escrita surgiram em 2015, com a participação dos escritores Matilde Campilho, Pedro Mexia, Carlos Vaz Marques e Rui Cardoso Martins. Nos anos seguintes, entre os convidados passaram nomes como Samuel Úria, Gisela João, Capicua, Adolfo Luxúria Canibal, Catarina e Tomás Wallenstein, Marta Ren, Miguel Guedes, Manuela Azevedo, António Zambujo, Sara Carinhas, José Eduardo Agualusa e Kalaf, dando vida a textos que incluíam poesia, letras de canções, excertos de romances, crónicas, histórias e autores vários.

A 27.ª edição do Vodafone Paredes de Coura decorre entre os dias 14 e 17 de agosto, e vão passar pelo ‘habitat natural da música’ nomes como The National, New Order, Patti Smith, Car Seat Headrest, Father John Misty, Suede, Mitski, entre muitos outros.

Os últimos passes gerais para a 27ª edição do Vodafone Paredes de Coura estão disponíveis por 94,00€ na App Vodafone Paredes de Coura e nos pontos de venda oficiais e nos locais habituais (FNAC, CTT, El Corte Inglês…). O passe geral dá acesso aos 4 dias do festival e ao camping, sendo limitado ao espaço existente. Os bilhetes diários estão disponíveis por 55,00€.

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Poesia: três aproximações a uma constante, por João Morales https://branmorrighan.com/2019/06/poesia-tres-aproximacoes-uma-constante.html https://branmorrighan.com/2019/06/poesia-tres-aproximacoes-uma-constante.html#respond Tue, 11 Jun 2019 21:37:00 +0000

Breves notas, pessoais e amplamente subjectivas, sobre um trio de livros de poesia publicados há pouco entre nós. Três janelas com paisagens distintas.

João Morales

Nota prévia: já escrevi sobre muitos autores, diferentes géneros literários, textos em formato distintos, histórias ou ideias de diferentes épocas. Contudo, salvo algumas excepções, tenho sempre mantido alguma distância relativamente à poesia. Não por repulsa, indiferença, ou atrito, precisamente pelo contrário, por uma reverência, uma reconhecida incapacidade de descoser com honestidade intelectual a elaboração do texto ou repercutir as imagens e sensação absorvidas, epifania tantas vezes mais presente no domínio intuitivo ou emocional do que matéria do foro racional e escalpelizável no código da prosa que gere a nossa comunicação quotidiana.

Se uma passagem de José Gomes Ferreira, que descobri na década de oitenta com menos de duas décadas de vida, me ajudou a alimentar a dúvida infinita periódica que nos acompanha na descoberta da poesia (“Poeta o que é? Um homem que leva/ o facho da mina/ mas apenas vê/ o que não ilumina”), já numa etapa muito mais recente encontrei na citação de Paul Claudel, repetidamente evocada pelo Mestre Eugénio Lisboa em diversas intervenções públicas, mais um marco para sinalizar o percurso e me apoiar na escalada, desvendando o que pode ser a poesia: “são as palavras de todos os dias e, contudo, não são as mesmas”.

Posto isto, opto neste texto por fazer alusão a três livros de poesia que recentemente chegaram às nossas livrarias, não arriscando uma abordagem crítica, teórica, analítica, escalpelizadora. Uma mera deambulação pessoal perante três volumes que apelaram mais à emoção que a um olhar racional balizado por linhas de horizonte traçadas com argumentação e a coerência. Um vagar pelas letras e pelas frases que bem me soube e senti vontade de partilhar convosco.


A Chama

Leonard Cohen (tradução de Inês Dias)

Relógio D’Água

368 págs

18 euros

A Chama. Este foi o título escolhido pelo filho de Leonard Cohen, Adam, para reunir poemas, canções, desenhos, alguns versos dispersos, apontamentos em guardanapos de papel ou cadernos avulsos, dando origem a um volume que funciona como uma espécie de epitáfio, uma despedida do mundo das letras e da poesia que cruza a vida, através de um legado organizado segundo as indicações do próprio Cohen quem, contudo, não assistiu à publicação deste derradeiro volume, conforme seria, possivelmente, seu desejo. “Estou pronto para morrer”, dizia por alturas do seu disco derradeiro, You Want it Darker. Metódico, paciente, dedicado, empenhado, visionário.

Juntando textos inéditos e outros já publicados, A Chama, publicado em Portugal pela Relógio D’Água, evidencia um carácter confessional, não por uma exposição de intimidade que possa causar estranheza ou surpresa nos leitores que bem conhecem o universo onírico, espiritual e, simultaneamente, bem concreto e explícito em que se move a escrita deste “profeta do amor”, como já lhe chamaram. Antes porque a maioria destes textos não se coíbe da primeira pessoa do singular, assumindo a necessidade de viver por eles, e neles, transfigurando emoções, recordações, percepções, numa reinvenção da existência que tanto terá de espiritual como de relato nostálgico.

«Não há tempo para mudar/ O olhar para trás/ É demasiado tarde/ Meu doce livro // Demasiado tarde para/ Que os homens se envergonhem/ Daquilo que eles fazem/ Com chamas nuas// Demasiado tarde para/ Cair sobre a minha espada/ Nem sequer tenho espada/ Estamos em 2005// Como ouso preocupar-me/ Com o que tenho a fazer/ Ó doce livro/ Vens demasiado tarde// Não percebeste nada/ Da poesia/ É tudo sobre eles/ Não sobre mim».

Encontramos este trabalho divido em três partes. Primeiro, um conjunto de 63 poemas, recolhidos entre uma produção mantida inédita e escritos ao longo de décadas, permitindo aos garimpeiros do estilo procurar sistematizar traços evidentes de preocupações constantes, marcas de personalidade que se revelaram perenes e intrínsecas lao a lado com abordagens conjunturais que nas mãos de biógrafos minuciosos podem ganhar o alento de porta de entrada para caminhos ainda obscuros numa personalidade intensa e assumidamente exposta, como foi a atitude quase sempre mantida pelo autor de “Suzanne”.

Depois, como seria previsível, uma escolha de alguns poemas que se cristalizaram publicamente como letras de canções. «Assim como a névoa não deixa marcas/ Na colina verde-escura/ Também o meu corpo não deixa marcas/ Em ti, nunca vai deixar// O vento e o falcão têm o seu encontro/ E o que resta para guardar?/ Também tu e eu após o nosso encontro/ Nos vamos, depois dormimos// Assim como a noite consegue resistir/ Mesmo sem lua e sem estrelas/ Também vamos resistir/ Quando um de nós partir para longe».

A antologia completa-se com fragmentos dos seus inúmeros cadernos, preenchidos ao longo da(s) sua(s) vida(s). E desenhos, muito, muitos desenhos…

Palavras de Fogo

Jidi Majia (tradução de José Luís Peixoo)

Rosa de Porcelana

195 págs

15 euros

O segundo livro aqui referido, Palavras de Fogo, chega-nos de um quadrante sobejamente diferente (nomeadamente, de uma chancela cabo-verdiana, Rosa de Porcelana) e a curiosidade nasceu em mim ao dar com o nome do tradutor, já que se trata do escritor português José Luís Peixoto. O autor é o poeta chinês Jidi Majia (n. 1961). Não o conhecia, mergulhei nas fontes virtuais que hoje nos rodeiam para perceber que é alguém considerado no seu meio literário, com cargos como o de Presidente da Associação Literária das Minorias da China ou Vice-Presidente Permanente da Associação dos Poetas da China no seu percurso. A primeira versão da tradução não nasceu dos originais, em Mandarim, mas sim de traduções anteriores em língua inglesa, francesa, galega e castelhana.

Jidi Majia surpreende com poemas longos, uma incursão literária por referências concretas onde a dimensão reverencial convive naturalmente com descrições ou narrações, fazendo do poema um elo de ligação com a realidade, uma ponte entre memória e observação, uma transposição da opção metafórica para um idioma mais amplo, apenas aparente menos intrincado: «Perguntei uma vez a um verdadeiro sábio/ o que significava a liberdade./ A resposta foi fiel ao que dizem os clássicos./ Achei que as suas palavras continham a liberdade inteira».

Geografia e telurismo, reafirmando na primeira a evidência do segundo, unem-se num olhar convergente, definindo os horizontes e desenhando os contornos que delimitam estas palavras. Há espaço para a evocação histórica: «Oh, século XX,/ quando realmente te recordo,/ descubro até que ponto és um enigma!/ És preciso, mas também aleatório./ Pareces conformação do passado/ mas também pronúncio do futuro./ Deus deve ter perdido o controlo sobre ti por um momento/ e, como uma faca de dois gumes, caíste sobre nós»; in “Recordando o século XX”, dedicado a Nelson Mandela.. Para descrições metafóricas enriquecidas com simplicidade: «Em cada estação, o vento, como um grupo de meninas,/ esculpe uma silhueta na montanha/ e com tesouras pequenas recorta a forma das tuas orelhas/ de encontro a um mar azul de lembranças do bosque,/ onde as árvores crescem com ânsia,/ onde os teus maravilhosos ouvidos/ se convertem em pássaros a voar»; in “O bosque e o pingente de cera de um caçador”. Ou ainda uma controlada e estética dedicação ao exercício contido de narração poética, fazendo da enumeração uma etapa essencial no laboratório do poema: «Vou procurar/ uma palavra que foi enterrada./ Deve saber-se/ que é a água da matriz,/ brilho de escamas em água escura».

Mas também diversas referências, nomes de personalidades, figuras que – adivinhamos – tutelaram uma aprendizagem humanística e/ ou artística em quadrantes naturalmente distintos, embora partilhando algumas preocupações éticas e estéticas. Um bom exemplo é o final do manifesto “Para Vladimir Mayakovsky”, datado de 2015: «Mayakovsky, nosso novo Noé/ Pela luz da madrugada, estas cordilheiras alinhadas esperam/ Pela descida da tua arca aos confins da terra e do oceano/ A poesia não morreu: o seu fôlego é mais pesado do que uma linha de chumbo/ Embora não seja o sacerdote do mundo e não possa absolver/ A totalidade dos pecados, mas por favor acredita que permanecerá/ para sempre nas alturas do tribunal moral da humanidade/ nunca se afastando um passo, levantando a sua voz duradoura/ Por todos os séculos – em atos de testemunho!».

A musa irregular – edição aumentada

Fernando Assis Pacheco

Tinta-da-China

480 págs

21,90 euros

O terceiro volume deste triângulo é o livro que motivou este texto, reunindo os escritos poéticos de um autor português para quem a poesia a vida se confundem, desde logo, pela dimensão epicurista que se adivinha nos versos tradutores de um quotidiano humano e reconhecível, digno de todos nós – uma poesia feita com o coração, burilada com a tarimba de quem vivia pela construção e desmontagem de frases e pensamentos, finalizada com o toque de mestre que sós bons conversadores sabem imprimir, mesmo quando se trata de um monólogo. Falo de Fernando Assis Pacheco (1937-1995), jornalista de excepção que vê agora a sua poesia toda num só volume, conquistando para título o mais famoso dos seus, A Musa Irregular, com o alerta distintivo “edição aumentada”. Um mimo!

Na poesia de Assis Pacheco encontramos distintas abordagens, sempre fruto de uma honestidade evidente que nos ajuda a confundir o sujeito criativo com o autor que o acolhe – o homem. Aliás, não se trata de confundir, é justamente o contrário, trata-se de eliminar qualquer confusão, sublinhando a poesia como uma extensão da vivência e da postura de alguém para quem “epicurismo” nunca foi um termo técnico, antes uma forma de lidar com o quotidiano. «É favor não pedirem a esta poesia/ que faça o jeito às alegadas tendências/ do tempo nem às vãs experiências/ que sempre a deixaram de mão fria», começa ele o seu “Soneto Contra as Pesporrências”.

A escapadela sentinela está quase sempre defendida com uma ironia muito própria, destinada a erguer defesas opacas e fazer resvalar qualquer gota mais emocional que uma escrita impecavelmente ginasticada possa trair. Como em “Genérico”: «E tu, meu pai? Adivinho esses vidrinhos/ das lágrimas quebrando/ um a um na boca triste mas/ por dentro, para que digamos/ mais tarde, se, invenção escusada:/ o pai não chorou».

Este nosso Fernando foi um homem que primou pelo convívio permanente, muito longe da figura do intelectual distante e arreigado em torres inacessíveis, antes à mão de tropeçar pela cidade fora e em regulares convívios que ele mesmo promovia – célebres ficaram as patuscadas que engendrou em sua casa, acompanhadas de descomprometidos leilões de livros.

Outro pilar fundamental no edifício humano deste poeta é a família, núcleo mínimo e contíguo à sua própria existência, traçando uma linha sem início nem término que une os pontos deste desenho honesto, traçado à vista de todos. “A Filha”: «Ajudai-me a cantar a filha./ Preciso de cantar/ esta alegria simples que se abate/ sobre uns ombros mesquinhos./ És tu a baga vermelha;/ e vou até fim da vida/ sorvendo o teu sumo; e quando tantas voltas/ me ainda faltam/ chegas tu para arrancar/ de vez algumas torvas raízes/ presas ao coração».

A guerra e os seus fantasmas, os amores encontrados ou torneados pela vida, o avô que tantas vezes nos é contado como matriz, a Lisboa que conheceu pelas entranhas, a vida ritualizada nos gestos mais banais, uma extrema sensibilidade, servida pela mestria de quem manobra a Língua Portuguesa como muito poucos o fizeram:

AS PUTAS DA AVENIDA


Eu vi gelar as putas da Avenida

ao griso de Janeiro e tive pena

do que elas chamam em jargão a vida

com um requebro triste de açucena


vi-as às duas e às três falando

como se fala antes de entrar em cena

o gesto já compondo à voz de mando

do director fatal que lhes ordena


essa pose de flor recém-cortada

que para as mais batidas não é nada

senão fingirem lírios da Lorena


mas a todas o griso ia aturdindo

e eu que do trabalho vinha vindo

calçando as luvas senti tanta pena

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HOJE – Rui Torres fala sobre Poesia Experimental Portuguesa na ZDB https://branmorrighan.com/2017/03/hoje-rui-torres-fala-sobre-poesia.html https://branmorrighan.com/2017/03/hoje-rui-torres-fala-sobre-poesia.html#respond Thu, 30 Mar 2017 10:25:00 +0000

A Galeria Zé dos Bois recebe, esta Quinta-feira, uma conferência especial de Rui Torres em torno da poesia experimental portuguesa. Inserida na programação complementar da exposição Verbivocovisual: Poesia Experimental Portuguesa, a sessão apresentará a meta-estrutura do arquivo digital po-ex.net. Recorde-se que Rui Torres é um dos expecialistas na Poesia de Invenção em território nacional. Na conferência, marcada para as 19h00, o autor falará sobre a representação textual, simulação contextual e interacção interpretativa da po-ex, abordando as ligações entre as práticas históricas da Literatura Experimental (poesia visual, sonora, espacial, performativa, digital, concreta e vídeo ) e as possibilidades abertas pelas novas tecnologias de informação.

A sessão, que se estenderá até às 20h00, contará ainda com as performances de António Poppe, Tomás Cunha Ferreira e Anabela Duarte. O acesso é livre.

Vibração de seu chamado, por António Poppe, 2017 (em streaming)

Improvisação para além do livro físico, o volume inesgotável que recorda o desconhecido sol em que o sol nasce. E sobretudo, de um solo vistazo, contemplo – remoremo moxi – a presença espontânea à vibração de seu chamado.

A-o, por Tomás Cunha Ferreira, 2017 

Estreia do mais recente poema sonoro de Tomás Cunha Ferreira

Stripsody de Cathy Berberian, por Anabela Duarte, 1966

Interpretação de uma das mais icónicas composições para voz da música contemporânea onde Berberian explora técnicas vocais onomatopeicas utilizando sons provenientes das bandas desenhadas.

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[DESTAQUE] Em Maio, pela Porto Editora: Poemas Canhotos, de Herberto Helder https://branmorrighan.com/2015/05/destaque-em-maio-pela-porto-editora-2.html https://branmorrighan.com/2015/05/destaque-em-maio-pela-porto-editora-2.html#respond Mon, 11 May 2015 12:30:00 +0000

Poemas Canhotos

Herberto Helder

Págs.: 56

Capa: Dura

PVP: 16,60 €

O último livro de Herberto Helder

Poemas Canhotos é publicado a 15 de maio pela Porto Editora

Na próxima sexta-feira, dia 15 de maio, a Porto Editora orgulha-se de publicar Poemas Canhotos, o último livro de poemas inéditos de Herberto Helder, que o terminou pouco antes de morrer. 

LIVRO

Esta edição inclui uma bibliografia completa dos livros publicados pelo autor, cuidadosamente preparada por Luis Manuel Gaspar.

De acordo com a vontade de Herberto Helder, Poemas Canhotos terá uma edição de tiragem única.

a amada nas altas montanhas

o amador ao rés das águas

Um dos poemas deste livro, «[fico tão feliz quando vejo como os golfinhos são…]», está disponível para leitura aqui e o índice aqui.

AUTOR

Herberto Helder nasceu em 1930 no Funchal, onde concluiu o 5.º ano. Em 1948 matriculou-se em Direito mas cedo abandonou esse curso para se inscrever em Filologia Românica, que frequentou durante três anos. Teve inúmeros trabalhos e colaborou em vários periódicos como A Briosa, Re-nhau-nhau, Búzio, Folhas de Poesia, Graal, Cadernos do Meio-dia, Pirâmide, Távola Redonda, Jornal de Letras e Artes. Em 1969 trabalhou como diretor literário da editorial Estampa. Viajou pela Bélgica, Holanda, Dinamarca e em 1971 partiu para África onde fez uma série de reportagens para a revista Notícias. Em 1994 foi-lhe atribuído o Prémio Pessoa, que recusou. Faleceu em Cascais a 23 de março de 2015, tinha 84 anos.

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Matosinhos apresenta «Cem Poemas Para Salvar a Nossa Vida», com Adolfo Luxúria Canibal, Capicua e Francisco José Viegas https://branmorrighan.com/2014/11/matosinhos-apresenta-cem-poemas-para.html https://branmorrighan.com/2014/11/matosinhos-apresenta-cem-poemas-para.html#respond Wed, 26 Nov 2014 13:30:00 +0000

Matosinhos apresenta «Cem Poemas Para Salvar a Nossa Vida»

7 e 8 de dezembro

Biblioteca Municipal Florbela Espanca

Adolfo Luxúria Canibal, Capicua e Francisco José Viegas são algumas das presenças confirmadas para a décima edição da Festa da Poesia, evento que assinala a data do nascimento e da morte de Florbela Espanca. Programa conta este ano com várias novidades.

Cento e vinte anos volvidos sobre a data do nascimento da poetisa Florbela Espanca, a 8 de Dezembro de 1894, a Câmara Municipal de Matosinhos volta a assinalar a efeméride com mais uma edição da Festa da Poesia. Sob o lema «Poemas para Salvar a Vida», o evento celebra os poetas e a poesia em língua portuguesa com um programa que conta este ano com algumas novidades, do Poetry Slam à apresentação de uma antologia especialmente concebida para esta edição. Entre a noite de domingo, 7 de dezembro, e a noite de segunda-feira, 8, a festa levará ainda a poesia ao Estabelecimento Prisional de Custóias e a um lar de idosos do concelho.

Iniciada em 2005, a Festa da Poesia pretende, este ano, dar ainda maior primazia à palavra. Nesse sentido, faz parte da programação o espetáculo «Poesia no Quarto Escuro», o qual apela ao poder da palavra, potenciando-o pela via sensorial. Quatro personalidades foram, assim, convidadas a conceber um espetáculo que estará em cena com as luzes do auditório todas apagadas, centrando as atenções no som dos poemas. Os também músicos Adolfo Luxúria Canibal e Capicua já confirmaram a sua participação neste espetáculo único e, se calhar, irrepetível.

Do programa destaca-se ainda a apresentação da antologia «Cem Poemas para Salvar a Nossa Vida», organizada pelo escritor, poeta e editor Francisco José Viegas. Na ocasião, alguns autores serão convidados a ler poemas publicados nesta compilação, após o que se iniciará o debate em torno da palavra e do papel que a poesia pode ter na salvação da humanidade ou de uma única vida.

Atenta ainda às novas expressões da poesia, a edição deste ano abraça uma tendência emergente nos centros urbanos: a poetry slam. Numa sessão que pretende dar a conhecer este novo uso da palavra, estarão presentes alguns dos mais representativos intérpretes nacionais desta arte de dizer, entre os quais se destaca o nome de Alexandre Sá, vencedor do 1.º Poetry Slam de Matosinhos e segundo classificado no PortugalSLAM!.

84 anos depois da morte de Florbela Espanca em Matosinhos, a 8 de Dezembro de 1930, a Festa da Poesia contará também com as habituais leituras públicas e com as conversas em torno de odes, musas e versos, estando já confirmada a presença, entre outros, dos poetas Daniel Jonas e João Luís Barreto Guimarães

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Concurso – Poetas Lusófonos: Emergente – Antologia de poesia https://branmorrighan.com/2014/11/concurso-poetas-lusofonos-emergente.html https://branmorrighan.com/2014/11/concurso-poetas-lusofonos-emergente.html#respond Tue, 11 Nov 2014 08:10:00 +0000

Em parceria com a editora Livros de Ontem, o autor Samuel Pimenta decidiu organizar a antologia “Emergente – Novos Poetas Lusófonos”, uma publicação anual que pretende divulgar a poesia lusófona e dar novas oportunidades aos/às jovens poetas que se expressam em Língua Portuguesa, em todas as suas variantes.

Está lançado um concurso até 31 de Dezembro para poetas entre os 18 e os 30 anos, inclusive. Serão seleccionados até 12 poetas, em parceria com um terceiro elemento surpresa, que será divulgado em breve.

Para mais pormenores, podem consultar o regulamento aqui: http://livrosdeontem.pt/emergente-antologia-de-poesia/

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Opinião: Viajantes, de Daniel Costa-Lourenço, Bruno Torrão e fotografia por Marta Cruz https://branmorrighan.com/2014/10/opiniao-viajantes-de-daniel-costa.html https://branmorrighan.com/2014/10/opiniao-viajantes-de-daniel-costa.html#respond Mon, 13 Oct 2014 14:56:00 +0000

Viajantes

Daniel Costa-Lourenço, Bruno Torrão e fotografia por Marta Cruz

Editora: Livros de Ontem

Sinopse: Viajantes é um livro que conjuga a poesia de Daniel Costa-Lourenço e Bruno Torrão com a fotografia de Marta Cruz, tudo com o propósito de lhe mostrar Lisboa como nunca a viu. Através de uma poética por vezes amorosa, por vezes musical, o leitor é convidado a descobrir cada canto e recanto da cidade de Lisboa nos seus pormenores mais simples e reveladores.

“Este livro é uma viajem pelo lado invisível de Lisboa, por aquela cidade que sentimos e que nos transforma, que nos serve de cenário e que, por vezes, é também personagem.” Daniel Costa-Lourenço

“Cada poema leva-nos a um sítio, um bairro, uma avenida, uma rua, um beco quiçá…” Bruno Torrão

Opinião: Escrever sobre poesia não é uma tarefa fácil para mim. Não sou uma entendida em estruturas e formas poéticas, mas uma coisa eu sei – existem obras que nos atingem, qual tornado, e nos fazer sentir um turbilhão de emoções imenso, sem fim à vista, e que nos desassossegam, falam ao ouvido e ficam em eco durante minutos, horas, dias a fio. E é com base nesses sentimentos, nessa perturbação anímica, que gosto de escrever sobre livros como o Viajantes.

A proposta é simples: dois autores, uma fotógrafa e Lisboa como pano de fundo. O início ficou a cargo de Daniel Costa-Lourenço e é quase injusto falar sobre os seus poemas. Tal como Vicente Alves do Ó diz no Prefácio “Não cabe a ninguém – muito menos a mim – explicar seja o que for, ou elogiar a superfície brilhante do que se segue (…).” Existe uma capacidade, na escrita de Daniel, em expressar determinadas circunstâncias e intimidades que é assombrosa. A imagética projectada, também ela, é intensa, desprovida de timidez e aguçada, incisiva.

Já Bruno Torrão, dá-nos toda uma outra perspectiva mais violenta, com uma agressividade passiva que murmura sobre as paixões efémeras, os tormentos admitidos e renegados, os cenários que confrontam o leitor com a sua fragilidade. São encontros e desencontros a um ritmo que oscila entre o pálido deslumbramento e a fervorosa convicção. Este estilo mais sombrio, tantas vezes sexual, acaba por emparelhar como um oposto perfeito à poesia de Daniel Costa-Lourenço.

Mas esta obra não seria a mesma coisa sem as fotografias de Marta Cruz. Se por um lado ambos os poetas são fortes na projecção de imagens através das palavras, a verdade é que é com as fotografias de Marta que verdadeiramente se completa todo o cenário poético. Pormenores subtis, jogos de luzes íntimos e reconfortantes, são características que conferem a Viajantes um cariz único. A edição está muito bonita, bem cuidada e tem sido um prazer lê-lo e relê-lo. Existem passagens que ficam nas nossas memórias e a tentação de voltar é sempre muita. 

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Escrito Aleatório #57 – Centopeia, de Emanuel Madalena https://branmorrighan.com/2014/06/escrito-aleatorio-57-centopeia-de.html https://branmorrighan.com/2014/06/escrito-aleatorio-57-centopeia-de.html#respond Wed, 25 Jun 2014 22:52:00 +0000

Emanuel Madalena

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Povo lança nova compilação e edita livro de poesia https://branmorrighan.com/2014/02/povo-lanca-nova-compilacao-e-edita.html https://branmorrighan.com/2014/02/povo-lanca-nova-compilacao-e-edita.html#respond Fri, 14 Feb 2014 13:13:00 +0000

Desde os primórdios da história nacional que a tasca e taberna se assumem como testemunhos da vida económica, social, cultural e, até, política das populações. Dois anos depois de abrir portas ao grande público, o Povo assume essa herança e actualiza-a aliando a vertente gastronómica a um conjunto de actividades culturais centradas na palavra.  Ao longo deste tempo dezenas de artistas, músicos e curiosos têm passado pelos serões do Povo para encontros à volta do fado, da poesia e debate.

A assinalar estes dois anos, o Povo prepara, nos próximos tempos, duas actividades que servem de contraponto para estas actividades. O lançamento da segunda compilação de Fadistas do Povo, a 22 de Fevereiro no Museu do Fado, e a edição do livro “Poetas do Povo: Ano I”, marcada para 24 de Fevereiro no restaurante.

MUSEU DO FADO . SÁBADO. 22 DE FEVEREIRO. 21h30 . ACESSO LIVRE

LANÇAMENTO DA COMPILAÇÃO: FADISTAS DO POVO II

Fadistas: Ana Roque, Jorge Baptista da Silva, Nádia Leirião, Fernanda Paulo e Cristina Andrade.

Músicos: Sidónio Pereira (guitarra Portuguesa) e João Penedo (viola)

Músicos convidados: Celina da Piedade (acordeão), Raquel Reis (violoncelo) e João David Almeida (guitarra)

POVO. SEGUNDA. 24 DE FEVEREIRO. 22h00 . ACESSO LIVRE

LANÇAMENTO DO LIVRO: “POETAS DO POVO: ANO I”

Com poemas de: AFONSO DE MELO, AFONSO MATA, ALEXANDRE DIAPHRA, ÁLVARO GIESTA, ANA ZANATTI, ANDRÉ GAGO, ANTÓNIO MANUEL RIBEIRO, ANTÓNIO POPPE, EDSON ATHAYDE, FERNANDO ALVIM, FERNANDO LUÍS SAMPAIO, FILIPA LEAL, FILIPE HOMEM FONSECA, JAIME ROCHA, JOSÉ ANJOS, JOSÉ CANDEIAS, LEANDRO MORGADO, LI ALVES, LUANDA COZETTI, LUÍS DE CARVALHO, MANUEL CINTRA, MARIA QUINTANS, MARGARIDA FERRA, MC SANTIAGO, MIGUEL CARDOSO, MIGUEL MANSO, NICOLAU SANTOS, NILSON MUNIZ, NUNO COSTA SANTOS, NUNO MIGUEL GUEDES, NUNO PITEIRA, PAOLA D’AGOSTINO, PAULA CORTES, PEDRO MALAQUIAS, RAQUEL LIMA, RICHARD ZENITH, RUI PORTULEZ, RUI ZINK, SÉRGIO COUTINHO, SILVA O SENTINELA, SUSANA NEVES, SUSANA ARAÚJO, TERESA LOPES VIEIRA, TIAGO GOMES, TIAGO TORRES DA SILVA, VITON ARAÚJO, VITOR RUA, ZECA MEDEIROS

A segunda compilação de Discos do Povo será lançada, no próximo dia 22 de Fevereiro, num espectáculo que reunirá os seis fadistas que dão vozes aos 16 temas que compõem o cd. O espectáculo, marcado para as 21h30, terá lugar no Museu do Fado e contará ainda com a presença dos músicos Sidónio Pereira e João Penedo, responsáveis pelo acompanhamento dos jovens artistas durante o período de residência artística realizado no Povo. O concerto será de acesso livre e servirá também para mostrar o trabalho que o restaurante/bar do Cais do Sodré tem realizado na descoberta e lançamento de novas vozes do Fado, através da promoção de períodos de residência artística.

Marcado para segunda, dia 24 de Fevereiro, está o lançamento do livro “Poetas do Pov: Ano I”, que assinala o primeiro aniversário da iniciativa que, todas as segundas, promove o encontro entre a tradição da poesia escrita e dita e as novas formas da sua expressão. O documento incluirá originais e inéditos de nomes como Nicolau Santos, Richard Zénith, André Gago, António Poppe, Miguel Manso, Rui Zink, Edson Athayde, Paola D’Agostino, entre outros.

O lançamento de “Poetas do Povo – Ano I” está marcado para segunda-feira, dia 24 de Fevereiro, pelas 22 horas no restaurante Povo (Cais do Sodré).

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