Sextante – Bran Morrighan https://branmorrighan.com Literatura, Leitura, Música e Quotidiano Mon, 28 Dec 2020 05:53:25 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.8.2 https://branmorrighan.com/wp-content/uploads/2020/12/cropped-Preto-32x32.png Sextante – Bran Morrighan https://branmorrighan.com 32 32 Sugestões de Natal, por João Morales: O Prisioneiro de Zenda, de Anthony Hope https://branmorrighan.com/2019/11/sugestoes-de-natal-por-joao-morales-o-2.html https://branmorrighan.com/2019/11/sugestoes-de-natal-por-joao-morales-o-2.html#respond Thu, 21 Nov 2019 02:06:00 +0000

O Prisioneiro de Zenda

Anthony Hope (tradução de Maria Lúcia Lima)

Sextante

200 págs

16,60 euros

No imaginado Reino da Ruritânia, Rudolf V é drogado e manietado na véspera da sua coroação. O coronel Sapt e Fritz von Tarlenheim, os mais fiéis servidores de Sua Majestade, encontram uma solução ardilosa para que tudo pareça bem aos olhos dos súbditos: Rudolf Rassendyll, um visitante inglês e primo afastado do monarca, deverá tomar o seu lugar na cerimónia, ajudando a fracassar a conspiração conduzida por Michael, Duque de Strelsau, meio-irmão do raptado. Contudo, Michael e o seu braço direito Rupert de Hentzau – cujo nome dá o título à continuação, romance publicado quatro anos depois – não desistem de levar a diante os seus conspirativos propósitos.

A escrita de Anthony Hope revela-se de uma eficaz elegância, consonante com o tema e o cenário: «contar aqui os detalhes da minha vida diária dessa época poderia talvez ser instrutivo para os curiosos pouco familiarizados com o interior de um palácio; revelar alguns segredos de que me inteirei talvez tivesse interesse para os estadistas da Europa. Não tenciono fazer nenhuma dessas coisas. Ficaria entre a espada da insignificância e a parede da indiscrição, e considero que será melhor limitar-me estritamente à comédia de enganos que se desenrolava clandestinamente nos bastidores da política ruritana».

Claro que, como qualquer clássico, há uma história de amor pelo meio. Rassendyll apaixona-se pela Princesa Flavia, dama prometida ao rei, contudo, para sucesso das maquinações políticas, não lhe pode revelar quem realmente é. Decide resgatar o rei e liderar uma tentativa de entrar no castelo de Zenda. Os combates, agora, serão dois: um, contra o vilão da Corte; o outro, com os seus sentimentos mais afoitos que impelem o romantismo mais profundo e que parecia desconhecer.

Com este volume, a Sextante Editora prossegue a sua colecção de clássicos de aventuras, uma proposta que reúne alguns dos melhores romances de acção que fizeram as delícias de outras gerações de leitores, em especial duramente a juventude.

Publicado originalmente em 1894, terá sido este o romance que lançou a tendência de narrativas ficcionais localizadas em países inexistentes, principalmente na Europa Central ou Europa de Leste (como a Bordúria ou a Sildávia, onde se desenrola O Ceptro de Ottokar, volume emblemático de As Aventuras de Tintim).

João Morales

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Recensão: Krabat – O Moinho do Feiticeiro, de Otfried Preussler https://branmorrighan.com/2018/12/recensao-krabat-o-moinho-do-feiticeiro.html https://branmorrighan.com/2018/12/recensao-krabat-o-moinho-do-feiticeiro.html#respond Mon, 31 Dec 2018 13:28:00 +0000

Krabat – O Moinho do Feiticeiro

Otfried Preussler (tradução de Gabriela Fragoso)

Sextante Editora

256 págs

16,60 euros

por João Morales

«Na véspera de Ano Novo os rapazes foram para a cama mais cedo do que era habitual. O Mestre não tinha aparecido durante todo o dia. Talvez estivesse na Câmara Negra, trancado lá dentro, como tantas vezes fazia… ou talvez tivesse ido dar uma volta no seu trenó puxado por cavalos. Ninguém sentia a sua falta, ninguém falava dele.

Os rapazes tinham-se enfiado nos enxergões, em silêncio, logo depois do jantar. “Boa noite”, disse Krabat, como fazia todas as noites, porque era assim que um aprendiz devia proceder.

Hoje, porém, os companheiros pareceram levar-lhe isso a mal.

– Cala o bico! – assanhou-se Petar, e Lyschko atirou-lhe com um sapato.

 – Ouve lá! – exclamou Krabat, levantando-se de um pulo. 

 – Calminha aí! Ainda se deve poder desejar boa noite, não?

Voou novo sapato que lhe passou a roçar o ombro, o terceiro foi intercetado por Tonda.

– Deixem o miúdo em paz! – ordenou ele. – Esta noite também há-de passar.

Depois, voltou-se para Krabat:

– É melhor que te deites, rapaz, e que fiques quieto.

Krabat obedecu. Deixou que Tonda o tapasse e lhe pusesse a mão na testa.

– Dorme bem, Krabat… e entra bem no novo ano!»

Quando a história começa, quase um ano antes, entre o Ano Novo e o Dia de Reis, Krabat era um orfão de 14 anos, mais um desgraçado a quem estava destinada a esmola e a permanente mendicidade, não fora ir parar a Koselbruch e a uma estranha azenha, na Água Negra. Acaba por engrossar as fileiras dos aprendizes de Magia Negra do moleiro, mas não sem rapidamente entender que o domínio de artes superiores, a certeza das refeições ou a companhia dos restantes aprendizes implicam um preço. Que pode mesmo atingir a vida por valor – a sua e a sua amada.

Krabat – O Moinho do Feiticeiro foi uma boa surpresa do mercado editorial português, em 2018. Escrito pelo alemão Otfried Preussler (1923-2013), publicado originalmente em 1971, tem por cenário a Sorábia, região do Norte da Alemanha, duramente conflitos bélicos na primeira metade do séc. XVIII. 

O ponto de partida mais evidente é o confronto entre o Bem e o Mal, embora no caso deste Mestre algumas referências surjam truncadas, baralhando as coordenadas que alicerçam o imaginário ancestral ocidental. Por exemplo, veja-se a alusão à Páscoa, como sendo a altura do ano em que o Mestre obtém mais poder. Se nos lembrarmos que é na Páscoa que celebramos renascimento de Cristo (e cedo intuímos que os valores do Mestre não serão exactamente os mesmo) aumenta a estranheza. 

Por outro lado, na literatura clássica alemã (ou, pelo menos, em alguns títulos que hoje integram com facilidade essa categoria), esta relação de subserviência, de contrato com o Desconhecido em prol da ganância e o desejo de bem-estar, conta com alguns exemplos muito fortes. Sem sequer falarmos das fábulas (onde alguns episódios criados pelos irmãos Grimmm teriam facilmente cabimento) lembremos apenas Fausto, de Johann Wolfgang von  Goethe (1749-1832), mas também A História Fabulosa de Peter Schlemihl, escrito por Adelbert von Chamisso (1781-1838), narrativa espantosa sobre um homem que abdica da sua sombra sem perceber a importância daquilo que todos temos (livro que, em certa medida, haveria de inspirar O Homem sem Sombra, de António Torrado). 

A narrativa é habitada por inúmeros simbolismos (como bem explica o óptimo prefácio da tradutora, Gabriela Fragoso), explorando com mestria um registo de literatura adequado a um público juvenil, que nem sempre consegue encontrar textos apelativos com este equilíbrio entre uma história dinâmica e repleta de acção e um conjunto de elementos que permitem fazer a ponte para outro tipo de conhecimentos – como a questão da numerologia, as implicações do Sábado ou a dimensão profética dos sonhos. 

Os discípulos do moleiro são doze, o que pode remeter facilmente para os meses do ano, numa construção que se apoa por diversas vezes na passagem e na medição do tempo. Mas não é menos verdade que, num texto onde os ensinamentos e a doutrina são continuamente referidos (há mesmo alusões a um livro, de onde emanará o saber, se correctamente lido e entendido) se possa duvidar da coincidência com o número de convivas que acompanhou Jesus Cristo na Última ceia…

O texto é tão rico e propenso a leituras atentas – ou em diferentes idades, talvez – que até permite descortinar algumas considerações de carácter socio-político, facilmente transponíveis para algumas críticas tão actuais, sobre a forma como o Sistema (e só para este termo seria necessário um outro texto) tem a capacidade de integrar as vozes e críticas e torná-las num apoio insuspeito, num maquiavélico bailado ideológico:

« – Quem pode desabafar uma vez no ano – continuou Krabat –, mais facilmente aceita que o submetam nos restantes meses. E verás que aqui, na Azenha do Koselbruch, isso já é muito.»

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Recensão: A Sucessão, de Jean-Paul Dubois https://branmorrighan.com/2018/12/recensao-sucessao-de-jean-paul-dubois.html https://branmorrighan.com/2018/12/recensao-sucessao-de-jean-paul-dubois.html#respond Tue, 18 Dec 2018 15:24:00 +0000

A Sucessão

Jean-Paul Dubois (tradução de Joana Cabral)

Sextante

206 págs

16,60 euros

por João Morales

“Levantara-me cedo para preparar as minhas coisas e pôr-me a caminho de Hendaia, onde ia jogar no Sábado. As minhas mãos de vime estavam no estojo e a medicina no outro extremo das minhas preocupações”, sintetiza Paul Katrakilis. Jogador de profissional de cesta punta (pelota basca) em Miami, é filho de um médico excêntrico, oriundo de uma família com ampla história de suicídios: o tio, a mãe, agora o pai.

A linhagem (que inclui um avô, supostamente fugido da URSS com uma lamela do cérebro de Estaline, e igualmente suicida) resulta do cruzamento de duas famílias e desemboca nesse estranho síndrome, quase uma maldição, mas também uma postura: “Os Katrakilis e os Gallieni eram artistas. Sabiam morrer até mais não”. Toda esta conjuntura pessoal desemboca num cinismo trabalhado ao longo de anos, a necessidade de inventar uma nova vida, um nihilismo latente e uma concepção invertida da existência, em que a dificuldade será entender a vida, e não a inescapável morte, como no mais comum dos mortais: “Devia ter-me agarrado às paredes da sua uretra, devia ter aguentado, resistido, nunca ter saído daquele miserável cano e tê-lo deixado debater-se com a sua ejaculação estéril de médico do serviço público”.

Paul é chamado a reclamar o consultório do pai, é-lhe sugerido que retome a actividade, que dê seguimento à obra de família, na profissão inspirada em Hipócrates, mas que também acompanha as evoluções tecnológicas, científicas e, acima de tudo, éticas e filosóficas. Em torno da vida… e da morte.

O encontro com um cão, lançado ao rio para morrer, adoptado pelo narrador, alinhado como seu companheiro de viagem, acabará por ter consequências maiores na construção simbólica deste enredo, uma espécie de reflexão filosófica, inserida numa história bem contada e com diferentes pontos de enfoque.

A frieza perante um desaparecimento é uma constante no devir colectivo, malgrado a dor de cada um, impotente para reverter ou minorar as consequências. A máquina do mundo teima em girar. “Como de cada vez que alguém morre e que é preciso arranjar espaço para os que vêm a seguir. Os números da segurança social apagam-se uns a seguir aos outros, os seguros deixam de reclamar, as facturas esquecem-se da morada, os bancos desviam o olhar, e toda essa pequena contabilidade de uma existência se apaga por si mesma como um dia de inverno triste e desagradável”.

O que vai encontrar no consultório do pai, será insuficiente para esclarecer a tragédia familiar, mas ajuda fortemente o leitor a encontrar neste livro uma simbologia transversal, que acolhe, inclusive, a paixão de Paul pela sua patroa, quando após uma greve em confronto com a máfia que controla os jogos em Miami, passa uma temporada a trabalhar num restaurante.

Os subtis paralelismos na evocação de Ernest Hemingway (escritor que cometeu suicídio a 2 de Julho de 1961), colocando-o igualmente no centro de uma família de suicidas, acentuam o âmago desta narrativa, um espelho que coloca, repita-se, vida e morte frente a frente, questionando com naturalidade a equidistância e a pertinência de ambas. Fala-se de um ornitólogo que matava os pássaros para os desenhar e provoca-se o choque no leitor: “Em 1850 esse homem era considerado um amante da natureza”.

Um livro com uma narrativa aparentemente simples, uma história sem grandes sobressaltos, mas que, lido com acuidade, oculta diferentes camadas de entendimento e percepção, discorrendo sobre a vida e a morte, os limites demiúrgicos da própria condição humana (e que melhor profissão para o questionar, que a do médico), o amor, as escolhas que fazemos para procurar a felicidade. Jean-Paul Dubois (n. 1950), escritor e jornalista francês, contava já com dois livros traduzidos em Portugal, publicados pelas Edições Asa, Uma Vida Francesa (em 2005, publicado originalmente um ano antes e distinguido com o Prémio Femina e Prémio FNAC de Romance) e Não Brinque, Senhor Tanner (três anos depois, em 2008). Curiosamente, neste último, o protagonista sabia da morte do tio através de uma carta (método utilizado para dar início à trama em A Sucessão, desta feita para comunicar a morte do pai do jogador) “enrolado em látex e irremediavelmente morto na cama de um jovem com quem partilhava a existência há alguns anos”. No presente livro, o pai atira-se de um prédio, mas com os maxilares e os óculos bem presos com fita-cola. Para ter a certeza de não gritar… e ver tudo até ao fim.

Voltemos a Paul Katrakilis, para acrescentar que ele é apaixonado pelo seu barco, a bordo do qual encontrou o seu amigo canino, baptizado como Watson. Como sabemos desde a antiguidade, é impossível velejar duas vezes na mesma exacta água e Paul irá senti-lo, já nas páginas finais: “Não havia muita gente no mar. A hora e a marulhada eram uma explicação para isso. Navegámos para Norte, uma zona que conhecia bastante bem. E reconheci o sítio onde salvara Watson. Como se tivesse acontecido na véspera, voltei a ver o focinho dele preso à superfície, a bela cabeça de cão que só queria viver, senti as patas dele agarrarem-se a mim, e ouvi-o em casa a precipitar-se escadas abaixo até bater contra a minha porta. A seguir, com as mãos no leme, rumando para um destino imaginário, comecei a chorar como uma criança, porque era a única coisa que um homem razoável podia fazer num momento desses”. 

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Em Janeiro pela Sextante Editora: 70% acrílico 30% lã, de Viola di Grado https://branmorrighan.com/2015/01/em-janeiro-pela-sextante-editora-70.html https://branmorrighan.com/2015/01/em-janeiro-pela-sextante-editora-70.html#respond Fri, 23 Jan 2015 16:16:00 +0000

70% acrílico 30% lã

Viola di Grado

Tradutor: Regina Valente

Págs.: 200

PVP: € 15,50

Viola di Grado é a nova voz da literatura italiana

70% acrílico 30% lã é o surpreendente romance de estreia vencedor do Prémio Campiello 2011

Com apenas 23 anos, Viola di Grado publicou o seu primeiro romance e estaria longe de imaginar que, com ele, se tornaria a mais jovem vencedora do Prémio Campiello para romance de estreia, alcançando igual feito ao integrar a lista de finalistas do Prémio Strega, o mais prestigiado de Itália. 70% acrílico 30% lã é esse romance e chega às livrarias nacionais no dia 30 de janeiro com a chancela Sextante Editora.

Já publicado em vários países da Europa, nos Estados Unidos da América e na Argentina, este é um livro cru, por vezes surrealista, que surpreenderá pela sua maturidade e pelo seu estilo único.

LIVRO

Camelia vive com a mãe em Leeds, uma cidade onde «o inverno começou há tanto tempo que ninguém é suficientemente velho para saber como era antes». Vivem numa casa assediada pelo mofo.

Ela traduz manuais de instruções para máquinas de lavar enquanto a mãe fotografa obsessivamente buracos de todas as espécies. Um trauma que as une fá-las comunicar através de um alfabeto cheio de olhares. Um dia, Camelia encontra Wen, um rapaz chinês que começa a ensinar-lhe a sua língua. Os ideogramas, dando novos significados às coisas, vão abrir um espaço de beleza e mistério na vida de Camelia. Mas Wen esconde um segredo, que partilha com um estranho irmão que modifica vestidos para lá de uma porta fechada.

Uma primeira obra de grande maturidade, 70% acrílico 30% lã é um daqueles poucos romances que conseguem manter intacta a força da inspiração poética sem renunciar a contar uma história.

AUTORA

Viola di Grado tem atualmente vinte e sete anos. Nasceu na Catânia, estudou línguas orientais em Turim e depois em Leeds e em Londres. 70% acrílico 30% lã, originalmente publicado em 2011, é o seu primeiro romance e obteve um notável êxito internacional e o Prémio Campiello Primeiro Romance 2011. Um seu novo romance, Cuore cavo, foi publicado em 2014.

IMPRENSA

Por mais teorias literárias que se criem, talvez nenhuma venha a contradizer a ideia de que um escritor surge, ou assim é reconhecido, quando afirma um espaço literário único e original. Esse foi o grande mérito de Viola di Grado, que aos 23 anos irrompeu no panorama editorial italiano com o brilho de um cometa.

[…] é inebriante e sedutor este romance descosido e virado do avesso, feito de muitas costuras e encontros improváveis.

Luís Ricardo Duarte, Jornal de Letras, Artes e Ideias

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Em Novembro pela Sextante: Os guarda-chuvas cintilantes, de Teolinda Gersão https://branmorrighan.com/2014/11/em-novembro-pela-sextante-os-guarda.html https://branmorrighan.com/2014/11/em-novembro-pela-sextante-os-guarda.html#respond Sat, 01 Nov 2014 16:46:00 +0000

Os guarda-chuvas cintilantes – Diário – Cadernos I

Teolinda Gersão

Págs.: 136

PVP: € 15,50

O primeiro volume dos Cadernos de Teolinda Gersão regressa às livrarias após 30 anos

Publicado pela primeira vez em 1984, o livro e diário Os guarda-chuvas cintilantes – Cadernos I, de Teolinda Gersão, regressa às livrarias no dia 7 de novembro, com chancela da Sextante Editora. A propósito deste livro, José Emílio Nelson defende que «Teolinda Gersão escreve “a forma inteira” das inquietações contemporâneas num tempo difícil de definir. Os guarda-chuvas cintilantes, livro “sobre tudo”, cintilante entre dois planos de redação oximora (racional/irracional, a um tempo), exemplo de contestação e exemplar alternativa à noção de ficção, vulgarizada por obras contemporâneas menores».


SOBRE O LIVRO

A dimensão simbólica oscila entre um sentido lúdico e um sentido fantástico, mas também incide sobre o domínio sobrenatural das coisas e dos seres. Ultrapassar fronteiras de territórios mentais aparentemente incomunicáveis é operação que constantemente se pratica neste livro. 

Maria Alzira Seixo

Uma fala que se insurge contra o condicionamento do próprio processo literário, rompendo com as formas convencionais impostas à escrita. 

Maria Heloisa Martins Dias, São Paulo

Na obra de Teolinda Gersão, uma das vertentes mais interessantes é a dos textos “interiores” que revelam a escritora (a partir) de um “eu” que se escreve, consciente do domínio do inconsciente.

Adília Martins de Carvalho

AUTORA

Teolinda Gersão estudou nas universidades de Coimbra, Tübingen e Berlim, foi leitora de português na Universidade Técnica de Berlim e professora catedrática da Universidade Nova de Lisboa, onde ensinou Literatura Alemã e Literatura Comparada. A partir de 1995 passou a dedicar-se exclusivamente à escrita literária. Viveu três anos na Alemanha, dois anos em São Paulo, Brasil, e conheceu Moçambique, onde se passa o romance A árvore das palavras (1997). É autora de 12 livros de ficção, traduzidos em 11 línguas.

Foram-lhe atribuídos os seguintes prémios: por duas vezes o Prémio de Ficção do PEN Clube (O silêncio, 1981, e O cavalo de sol, 1989), o Grande Prémio de Romance e Novela da APE (A casa da cabeça de cavalo, 1995), o Prémio Fernando Namora (Os teclados, 1999), o Grande Prémio do Conto Camilo Castelo Branco (Histórias de ver e andar, 2002), o Prémio Máxima de Literatura (A mulher que prendeu a chuva e outras histórias, 2008), o Prémio da Fundação Inês de Castro (2008), o Prémio Ciranda e o Prémio da Fundação António Quadros (A Cidade de Ulisses, 2011). Três dos seus livros foram adaptados ao teatro e encenados em Portugal, Alemanha e Roménia.

Página pessoal: www.teolinda-gersao.com

Página no Facebook: www.facebook.com/teolindagersao

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Opinião: A Última Viagem de Laurent Gaudé https://branmorrighan.com/2013/12/opiniao-ultima-viagem-de-laurent-gaude.html https://branmorrighan.com/2013/12/opiniao-ultima-viagem-de-laurent-gaude.html#respond Wed, 04 Dec 2013 11:45:00 +0000

A última viagem

Laurent Gaudé

Editora: Sextante Editora

Sinopse: Durante um festim na Babilónia, por entre risos e música, Alexandre, o Grande, cai subitamente por terra, febril. Os seus generais cercam-no, receiam o fim mas preparam já a sucessão, disputando a sua herança e o privilégio de dispor dos seus restos mortais. Um estranho mensageiro parte dos confins da Índia rumo a Babilónia. E, num templo longínquo, uma mulher jovem de sangue real é de novo chamada para junto do homem que derrotou o seu pai. O dever e a ambição, o amor e a fidelidade, o luto e a errância conduzem as personagens à embriaguez de uma última cavalgada. Numa escrita de fôlego épico, A última viagem segue o cortejo fúnebre do grande imperador, libertando-o da História e abrindo-lhe a infinitude da lenda.

Opinião: A História do mundo está recheada de grandes personagens, de pessoas que marcaram os milénios de forma indelével. Alexandre, o Grande, foi um deles. Este macedónio, que foi dono de um vasto império, era, e é, conhecido pela sua imponência, por nunca ter perdido uma única batalha na conquista dos seus territórios e por ter sido um lutador pela justiça, entre outros. No entanto, também era conhecido, no reverso da medalha, por ser alguém altamente instável e de uma sede de sangue difícil de saciar.

Em A Última Viagem temos uma visão dos últimos dias de Alexandre, em que a loucura e a doença tomam posse dele descontroladamente, e da epopeia para a libertação do seu espírito enquanto os seus guerreiros lutam pelo império que ele deixou sem sucessor. 

Gostei da estrutura da narrativa, alternando constantemente entre as visões das pessoas que estão mais intimamente ligadas a Alexandre, que vão ao seu encontro, ou de livre vontade ou porque assim foi imposto, com um único objectivo: libertá-lo das amarras da História, eternizando-o. A escrita é intimista, captura a atenção do leitor e transporta-nos para os vários cenários testemunhados por quem os narra.

É uma história de amor, crueldade, libertação, uma história de luta em tempos de instabilidade e de perda de um dos maiores líderes que a humanidade já teve. O perigo das ligações, dos possíveis sucessores. A luta de uma mãe que tem de escolher abdicar desse título para salvar o filho das carnificina pela sucessão a Alexandre. A comunhão dos espíritos para que o seu líder finalmente descanse em paz.

Foi uma leitura de bastantes emoções, apertos no estômago, sensações literais de opressão e desespero. Ao mesmo tempo conseguiu ser uma leitura carregada de beleza e significado. Gostei muito da escrita de Laurent Gaudé e penso que está aqui um bom retrato do que significa Alexandre para a Macedónia.

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Em Novembro pela Sextante Editora: A Última Viagem de Laurent Gaudé https://branmorrighan.com/2013/11/em-novembro-pela-sextante-editora.html https://branmorrighan.com/2013/11/em-novembro-pela-sextante-editora.html#respond Fri, 15 Nov 2013 10:55:00 +0000

A última viagem

Laurent Gaudé

Tradutor: Isabel St. Aubyn

Págs.: 136

PVP: 15,50 €

Laurent Gaudé e a derradeira viagem de Alexandre, o Grande

O mais recente romance do escritor chega no dia 22 de novembro às livrarias

A Sextante Editora publica, no dia 22 de novembro, o novo romance de Laurent Gaudé, A última viagem, um livro sobre Alexandre, o Grande, e a sua derradeira jornada.

Partindo de um facto histórico – o cortejo fúnebre de Alexandre atravessando o império que conquistou –, Gaudé introduz um componente onírico e fantástico que fortalece a lenda criada em torno do maior general de todos os tempos. Através das diversas vozes que ecoam nesta história, o autor relata aquela que será a última cavalgada de Alexandre, promovendo uma reflexão pungente sobre a fragilidade do poder.

Laurent Gaudé estará em Lisboa nos dias 27 e 28 de novembro para participar em sessões organizadas pelo Lycée Français Charles Lepierre, e para contactos com a comunicação social.

LIVRO

Durante um festim na Babilónia, por entre risos e música, Alexandre, o Grande, cai subitamente por terra, febril. Os seus generais cercam-no, receiam o fim mas preparam já a sucessão, disputando a sua herança e o privilégio de dispor dos seus restos mortais. Um estranho mensageiro parte dos confins da Índia rumo a Babilónia. E, num templo longínquo, uma mulher jovem de sangue real é de novo chamada para junto do homem que derrotou o seu pai. O dever e a ambição, o amor e a fidelidade, o luto e a errância conduzem as personagens à embriaguez de uma última cavalgada. Numa escrita de fôlego épico, A última viagem segue o cortejo fúnebre do grande imperador, libertando-o da História e abrindo-lhe a infinitude da lenda.

AUTOR

Laurent Gaudé nasceu em Paris em 1972. Dramaturgo e romancista, obteve em 2004 o Prémio Goncourt com o romance O sol dos Scorta. Publicado em 34 países, tem também traduzidos em Portugal os seus livros A morte do rei Tsongor (2002), Eldorado (2006), Noite dentro, Moçambique (2007), além de A porta dos infernos (2008) e Furacão (2012), ambos publicados pela Porto Editora.

IMPRENSA

Em estilo épico, Gaudé segue as últimas horas do conquistador e oferece-nos uma reflexão sobre o poder. Mergulha na epopeia e faz surgir os gritos das vítimas pelas estradas, os bramidos das carpideiras quando Alexandre morre.

Christine Ferniot, Lire

Gaudé faz o relato soberbo de um mundo jovem, ardente e cruel. Neste romance precioso, faz-nos saborear a embriaguez das cumeeiras: as do Olimpo, de onde se observa de cima o mundo inteiro.

Les Echos

A última viagem expressa, com força e brio, a vontade firme de abandonar a realidade para chegar á lenda, com um fôlego poderoso, a um tempo trágico e épico

Le Courrier

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