Via Láctea – Bran Morrighan https://branmorrighan.com Literatura, Leitura, Música e Quotidiano Mon, 28 Dec 2020 06:06:01 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.8.3 https://branmorrighan.com/wp-content/uploads/2020/12/cropped-Preto-32x32.png Via Láctea – Bran Morrighan https://branmorrighan.com 32 32 Opinião: Half Wild – Entre o Humano e o Selvagem, de Sally Green https://branmorrighan.com/2015/09/opiniao-half-wild-entre-o-humano-e-o.html https://branmorrighan.com/2015/09/opiniao-half-wild-entre-o-humano-e-o.html#respond Sat, 19 Sep 2015 14:35:00 +0000

Half Wild – Entre o Humano e o Selvagem

Sally Green

Editora: Editorial Presença

Sinopse: Nathan consegue finalmente escapar do cativeiro. Depois de encontrar o seu pai e de este lhe oferecer um dom poderosíssimo, completando assim os três dons que o confirmam como bruxo adulto, o jovem sabe, contudo, que ainda não se encontra a salvo e que tem de continuar a fugir. Porque de um lado estão os Bruxos Negros que o odeiam e do outro, os Bruxos Brancos que desejam a sua captura. No meio deste conflito, Nathan tem de conseguir encontrar o seu amigo Gabriel e resgatar Annalise, a jovem que ama e que está prisioneira do temível bruxo negro, Mercury. Mas para ser bem-sucedido, Nathan sabe que terá de aprender a controlar o seu próprio poder…

Half Wild é a continuação do livro Half Bad  ̶  Entre o Bem e o Mal, aclamado internacionalmente pela crítica e pelo público.

Opinião: Sally Green foi uma das autoras surpresa do ano passado, quando li o seu primeiro livro Half Bad – Entre o Bem e o Mal. O género literário é claramente o Fantástico, na categoria da Magia e dos Bruxos, está direccionado para um público jovem-adulto, mas o que é certo é que tem agradado tanto a miúdos como a graúdos. No Goodreads os livros estão todos muito bem classificados e como podem constatar pela minha primeira opinião, também eu me rendi à narrativa. E não só. Antes de avançar para o comentário sobe a continuação da história, acho que é relevante enaltecer o trabalho gráfico que tem sido feito com esta trilogia. Estamos perante mais uma capa belíssima que complementa a história e provoca a nossa imaginação.

Entrando na trama, e porque sendo um segundo livro não quero estar a adiantar muito do seu desenvolvimento para não estragar qualquer tipo de surpresas, esta para mim tem dois lados. O lado obsessivo de Nathan em relação a Annalise e o lado em que Nathan lida com a descoberta do seu poder e ainda com a sua amizade com Gabriel, que passa por algumas zonas mais cinzentas. A obra começa de forma muito intensa, com uma imagética poderosa e que deixa o leitor sobreaviso e curioso sobre o que se segue. Quando depois começam os confrontos interiores entre as várias coisas que Nathan tem de enfrentar é que nem sempre a história mantém um entusiasmo constante.

Confesso, tudo o que disse respeito a Annalise teve o seu quê de irritante, às vezes parecia já não fazer sentido o que se passava. Já em relação ao Gabriel acho que a autora esteve excelente, desde às atitudes, à personalidade e às convicções, nunca se rebaixando, mas lutando sempre por aquilo em que acredita. Também o mito da morte do pai de Nathan, tão temido por todos os bruxos – quer brancos, quer negros – foi bem trabalhado e tive realmente pena de como as coisas acabaram por se desenrolar. Achei fascinante a forma como Sally Green foi descrevendo a evolução da relação de Nathan com o seu poder e o fim acaba por ser de uma frieza e coragem brutais.

Resumindo, Half Wild – Entre o Humano e o Selvagem podem fazer sortir opiniões bastante díspares devido a uma ou outra personagem. Eu gostei bastante dos novos intervenientes que foram apresentados, mesmo que nem todos tivessem sobrevivido até ao fim, e acho que esta trilogia também vale por toda a exploração emocional/psicológica não só do protagonista consigo mesmo, mas com os outros. Quando sentimos que não pertencemos a lado nenhum, em quem é que realmente podemos confiar? Falta agora o terceiro e último livro da trilogia que guardarei ansiosamente.

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Opinião: O Mar Infinito (A 5ª Vaga #2), de Rick Yancey https://branmorrighan.com/2015/07/opiniao-o-mar-infinito-5-vaga-2-de-rick.html https://branmorrighan.com/2015/07/opiniao-o-mar-infinito-5-vaga-2-de-rick.html#comments Wed, 22 Jul 2015 17:28:00 +0000

O Mar Infinito (A 5ª Vaga #2)

Rick Yancey

Editora: Editorial Presença

Colecção: Via Láctea #123

Sinopse: Segundo volume da trilogia A 5.ª Vaga. Com a espécie humana quase extinta e com a quinta vaga em marcha, Cassie Sullivan e os seus companheiros têm de tomar uma decisão crucial: enfrentar o duro inverno e ficar à espera que Evan Walter, que nem tão-pouco sabem se ainda está vivo, regresse ou partir à procura de mais sobreviventes, porque o próximo ataque de os Outros é mais do que possível, é inevitável…

Opinião: O Mar infinito é o segundo livro da trilogia intitulada 5ª Vaga. Na primeira obra somos situados numa pós-destruição massiva da raça humana. Ninguém sabe em quem é que pode confiar, a probabilidade de encontrar alguém pertencente aos Outros em vez de alguém “normal” é quase total e o maior perigo reside nos “Silenciadores”, seres dotados de características humanas melhoradas (como melhor visão, maior rapidez e força, regeneração rápida, etc.), cuja missão é apenas matar ou capturar os humanos que restem. É no meio do caos, de uma batalha acabada de ser travada, com consequências para todos os envolvidos, que esse primeiro capítulo termina e que agora O Mar Infinito retoma. 

Quando terminei esta leitura lembrei-me de algo que li aqui há tempos sobre o Síndrome do Segundo Livro. Não sei se cá em Portugal esta terminologia é aplicada, mas sinceramente foi isso que senti quando o pousei. Eu gostei, muito mesmo, do 5ª Vaga. As personagens tão diferentes umas das outras, o enredo bem construído, uma linha de acção que nos prendia de sobremaneira, etc. Penso que talvez tenham sido as reviravoltas, ou a forma como Rick Yancey decidiu apresentar as diferentes frentes da história, que me baixaram um pouco o entusiasmo. Por outro lado temos a escrita que, independentemente de estar a gostar ou não do rumo da trama, é fantástica. O escritor tem uma capacidade imensa de passar certas mensagens de forma tão visual, tão crua e recta que o impacto é directo no leitor. 

Gostei da evolução de Ringer, para mim a verdadeira protagonista desta obra, e não Cassie. A narrativa em si, de capítulo em capítulo, vai tendo perspectivas diferentes de vários dos personagens, mas é Ringer quem assume a parte mais fria, mais analítica, de tudo o que os rodeia e é também quem sofre as maiores consequências. O romance entre Cassie e Evan ficou interessante apenas quando abordado pelo ponto de vista deste último, a Cassie que acompanhamos ao longo destas quase 300 páginas consegue ser um pouco irritante. É a aura de mistério à volta do que move Evan e do porquê de continuar aficcionado em Cassie que também dá combustível ao desenrolar dos acontecimentos, mas desde cedo novos factores entram em jogo e tudo o que julgávamos saber sobre este universo e sobre os Outros é posto em causa. 

Resumindo, só não gostei tanto deste livro porque o primeiro está mesmo muito bom e neste parece haver uma quebra considerável. O último terço do livro foi o que mais me entusiasmou, o cérebro estava a mil com as possibilidades e com o mistério prestes (ou não) a ser desvendado! Estou verdadeiramente curiosa pelo terceiro livro e só aí conseguirei fazer um verdadeiro balanço da trilogia que, para já, continua positivo. Venha o próximo e que ma faça ferver novamente o sangue a sério, coisa que este apenas conseguiu tentar, não com muito sucesso. Mas partilhem comigo as vossas opiniões, principalmente sobre a Ringer e o Evan! Boas leituras!

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Opinião: Fusão, de Julianna Baggott https://branmorrighan.com/2015/06/opiniao-fusao-de-julianna-baggott.html https://branmorrighan.com/2015/06/opiniao-fusao-de-julianna-baggott.html#respond Sun, 28 Jun 2015 19:42:00 +0000

Fusão

Julianna Baggott

Editora: Editorial Presença

Sinopse: Em Fusão, voltamos a encontrar Pressia, a jovem determinada a descobrir os segredos do passado; Lyda, a guerreira; Bradwell, o revolucionário; El Capitan, o guarda e por fim Partridge, um Puro. Juntos organizam um grupo de guerrilha para pôr termo a um plano secreto e diabólico que está a ser arquitetado pela elite científica da Cúpula. Se conseguirem vencer milhares de vidas poderão ser salvas, mas se não, a humanidade corre um grave perigo… 

Este segundo volume da trilogia, iniciada com o volume Puros, é o relato de uma aventura épica mas é também uma história de amor inesquecível.

Opinião: Quase um ano, foi o tempo de espera para termos a continuação de Puros nas mãos. Uma espera que por um lado parece que foi rápida (com tantos livros que tenho sempre por ler), mas que por outro, ao terminar a leitura, parece que foi longa demais. Fusão não só me conquistou como me fez olhar para o volume anterior com outros olhos, ainda mais aguçados. É verdade que as distopias estiveram, e se calhar ainda estão, muito na moda, mas difícil começava a ser encontrar um universo que se destacasse dos demais. Nessa linha, a Editorial Presença tem feito um bom trabalho, tendo publicado Alvorada Vermelha há relativamente pouco tempo e apontando na continuação desta saga (mesmo com o período longo de espera). 

Há uma coisa que é precisa ser dita logo desde início – se não se lembram muito bem do Puros, se calhar vale a pena passarem-lhe uma vista de olhos. Não digo que é preciso reler tudo, embora nunca seja demais, mas pelo menos lerem na diagonal para despertarem a vossa memória a alguns pormenores, pelo menos se ficaram tanto tempo como eu à espera da continuação. É que ao contrário do que muitos autores fazem, Julianna Baggott não teve muito espaço de manobra para relembrar muito do que já se passou e parte do exacto ponto onde acabou o livro anterior. O ritmo vai-se tornando cada vez mais intenso e as últimas 100 páginas foram definitivamente devoradas esta manhã. Não descansei enquanto não tinha o livro dado por terminado. 

A escritora conseguiu criar um mundo complexo sem que seja complicado para o leitor percebê-lo e a todas as suas nuances. As detonações deixaram as pessoas fundidas ao que lhes estava mais próximo nesse momento, formando assim várias “espécies” por entre aqueles que sofreram com elas. Neste volume, temos um maior desenvolvimento em relação às Mães (mães que ficaram fundidas aos filhos em alguma parte do seu corpo ou que os perderam) e sem dúvida que se tornam num grupo de personagens bastante particular e cujo comportamento é bastante curioso. Mas também conhecemos elementos novos, como Fignan, uma pequena caixa que esconde segredos e um conhecimento imenso, para além de uma ferramenta muito útil quando solicitada. 

É de louvar e admirar a capacidade de criação de narrativas paralelas da autora. Os destinos dos vários protagonistas vão-se separando e cruzando, tendo vários pontos de divergência, mas ainda assim nunca perdemos o fio à meada. É um volume recheado de informação, fervilhante no que à acção diz respeito e ainda inclui um ingrediente numa dose bem superior que no livro anterior – romance. Se em Puros parecia que havia um ligeiro vazio, superável, nesse aspecto, em Fusão a opção foi explorar um lado mais emocional e romântico dos personagens principais. Com toda a destruição e perda há, ainda assim, espaço para que laços se fortaleçam e outros provoquem consequências que só no terceiro volume poderemos tomar conhecimento. 

A demanda na luta pela verdade e pela esperança na igualdade prometia sangue e foi sangue que teve. Existem cenários de autêntica destruição, de uma frieza e imagética tão fortes que é impossível não franzirmos os olhos ou sentirmos um aperto na barriga enquanto os lemos – tal qual como se estivéssemos no cinema. Para terminar, quero destacar El Captain/Helmud como os personagens que mais cresceram do volume anterior para este, sendo que os momentos finais apertam-nos mesmo o coração. Que acontecerá a Bradwell? E a Patridge/Lyda? Deuses, o que será de Iralene após ter ajudado Patridge arriscando a sua vida já de si… Suspensa? E, claro, Pressia, de coração e ideologias divididas, que toma uma decisão em tom de desespero e agora ficamos sem saber no que irá resultar. E já me esquecia… Que papel estará ainda guardado para Hastings? Sim, acho que vos estou a provocar. Gostei mesmo desta série e só espero que a possam ler também. Gostei muito! 

OPINIÃO PUROS: http://www.branmorrighan.com/2014/08/opiniao-puros-de-julianna-baggott.html

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Opinião: A 5ª Vaga, de Rick Yancey https://branmorrighan.com/2015/01/opiniao-5-vaga-de-rick-yancey.html https://branmorrighan.com/2015/01/opiniao-5-vaga-de-rick-yancey.html#respond Thu, 22 Jan 2015 16:01:00 +0000

A 5ª Vaga

Rick Yancey

Editora: Editorial Presença

Colecção: Via Láctea #115

Sinopse: A 5ª Vaga, o volume que dá início à trilogia com o mesmo nome, é uma obra-prima da ficção científica moderna. É um épico extremamente original, que nos apresenta um cenário de invasão extraterrestre do planeta Terra como nunca antes foi escrito ou sequer imaginado. Nesta narrativa assombrosa, uma nave extraterrestre fixa-se na órbita da terra, à vista de todos mas sem estabelecer qualquer interação. Até que, subitamente, uma gigantesca onda eletromagnética desativa todos os sistemas da Terra, e todas as luzes, comunicações e máquinas deixam de funcionar. A esta primeira vaga seguem-se outras, num crescendo de violência que devasta grande parte da humanidade. Será este o fim da existência humana sobre a Terra? Haverá ainda alguma salvação possível? Um thriller de alta voltagem, com todos os ingredientes para se tornar um grande clássico da literatura fantástica universal.

Opinião: Deixem-me lá colocar aqui a playlist dos Deftones para começar a escrever esta opinião! Pode parecer um pouco tonto, mas o processo de associação até se deu ao contrário. Dei por mim a ouvir My Own Summer, ou a Digital Bath, e a relembrar passagens deste livro de Rick Yancey, Mas pronto, confesso, eu gosto de arranjar as minhas próprias bandas sonoras para os livros. A 5ª vaga, que inicia uma trilogia, traz até nós uma invasão alienígena, um enredo com o qual é preciso precaução – entre o que parece e o que é, são várias as vezes em que damos por nós a mudar de opinião, até nos ser mostrado a verdadeira face do problema mas, mesmo aí, as questão não cessam pois outras se levantam. 

É fácil gostar deste livro, mesmo constatando alguns pontos menos fortes. As personagens, pelas situações com que são confrontadas, acabam por, desde muito cedo, prender a nossa atenção. O facto de a narrativa também ser interactiva, mudando de narrador protagonista, ajuda a que a dinâmica da leitura não se quebre. As emoções são exploradas de forma tão cuidadosa quanto intensa. Cada um dos personagens centrais tem muito com que lidar. Não só apenas têm noção que apenas sobram cerca de 3% de vida humana desde que a nave-mãe começou a sobrevoar a terra, como ainda não conseguem diferenciar, ao apenas verem alguém, se é humano ou não. E é com uma destas cenas que somos confrontados desde o início, um soldado que pede ajuda, mas que é logo baleado por Cassie, sem hipótese, por poder ser um deles. 

Cassie é a protagonista feminina desta trama, uma adolescente que assiste à morte da mãe, por doença de uma vaga anterior; mais tarde levam-lhe o irmão, com promessas que ficará seguro, para logo a seguir ver o seu pai a ser baleado pelo mesmo tipo de pessoas que lhes prometeram segurança. 

Já por outro lado temos Zombie, o protagonista masculino que quer esquecer o tipo de pessoa que era, também ele um adolescente que acabou por deixar a irmã para a morte, mas que agora é um soldado com uma missão que vem a descobrir não ser exactamente aquilo que ele pensava. Com um passado comum, é no futuro e na esperança de sobrevivência que ambos os caminhos se irão cruzar. 

Apesar de ser um thriller de ficção científica, esta não tem uma presença muito forte. As tecnologias extraterrestres não são muito exploradas nem detalhadas, ficando no ar, durante bastante tempo, quais as verdadeiras razões desta invasão. Penso que este é o fio mais frágil desta obra – todas as peças se movem em torno de uma premissa um tanto incerta. O romance que se vai desenvolvendo, entre Cassie e um Silenciador (um deles, que mata sem questionar), acaba por servir como de força motriz para se chegar a um entendimento, e que vai sendo vivido de forma tensa, mas também profunda. No fim, tudo culmina para que finalmente se possa desmascarar os orquestradores do terror que se vive, mesmo que ainda não se perceba muito bem o porquê de a Terra ter sido escolhida para tal.

Resumindo, A 5ª Vaga é um livro que coloca à prova, e no limite, o ser humano. Que evidencia que por muito que se observe a lógica das reacções de cada pessoa, os sentimentos serão sempre um factor surpresa. Não dizem que o amor é a maior arma que cada um possui? Valores como a amizade, família e confiança são vistos sob toda uma nova perspectiva. A escrita é dinâmica e fluida, e a acção tem um bom ritmo. Tirando alguns pormenores em termos de contextualização, que não me deixaram totalmente satisfeita, posso dizer que usufrui bastante da leitura e que vou querer ler a continuação. 

PS: Agora ouçam lá Deftones e digam-me se não vos faz lembrar os vários momentos do livro, principalmente os últimos, ou até as cenas entre a Cassie e o Evan (Silenciador)! Deixem-me juntar a Knife Prty e a Passenger! 

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Opinião: Maze Runner – A Cura Mortal (Maze Runner #3), de James Dashner https://branmorrighan.com/2014/11/opiniao-maze-runner-cura-mortal-maze.html https://branmorrighan.com/2014/11/opiniao-maze-runner-cura-mortal-maze.html#comments Sun, 23 Nov 2014 19:13:00 +0000

Maze Runner – A Cura Mortal (Maze Runner #3)

James Dashner

Editora: Editorial Presença

Sinopse: Thomas atravessou o Labirinto; sobreviveu à Terra Queimada. A CRUEL roubou-lhe a vida, as memórias, e até mesmo os amigos. Mas agora as Experiências acabaram, e a CRUEL planeia devolver as memórias aos sobreviventes e completar assim a cura para o Fulgor. Só que Thomas recuperou ao longo do tempo muito mais memórias do que os membros da CRUEL julgam, o suficiente para saber que não pode confiar numa única palavra do que dizem. Conseguirá ele sobreviver à cura? 

Opinião: Eis que chega o tão aguardado final da trilogia Maze Runner. Se há pouco tempo saiu o primeiro filme para nos avivar a memória do que já ficou para trás, com a leitura deste último volume ficamos um pouco desamparados. As perguntas que se levantam ao longo de toda a leitura são sempre mais do que as respostas que obtemos. As hipóteses possíveis para cada momento da acção parecem infinitas. Depois de tantas provações, de testes e mais testes, memórias traiçoeiras e lutas incessantes, Thomas tem um novo rio de decisões para tomar. 

Um quarto branco e uma sensação de que algo está errado. É assim que Thomas começa a testemunhar aquele que é o início do fim da sua ligação à CRUEL. Ou será que esta alguma vez desaparecerá? Sim, as questões começam logo de início, mas quando vemos o Homem Rato a dizer que as experiências acabaram, os alarmes disparam e a cada linha que ia lendo, a desconfiança era a palavra de ordem em total sintonia com a mente do nosso protagonista. Querem-lhes restituir as memórias. Que a partir desse momento tudo se tornará claro e a cooperação um desejo, mais do que uma obrigação. 

O mundo de Maze Runner é assustador na medida em que não é difícil de imaginar um cenário real em que partes governamentais decidem lançar um vírus para controlo de população e isso corre mal. As experiências, por exemplo, já são uma realidade, mesmo que muito bem calada e disfarçada. É toda esta envolvente realista, narrada através de uma distopia, que nos faz ficar presos à leitura. A acção em si, nesta contagem decrescente, foi sendo um pouco previsível, por vezes, pareceu-me, forçada. Percebi que o autor queria causar impacto em certos momentos, mas dado todo o historial das personagens, estava à espera de algo mais fluido, mais… forte. Não obstante, segui a bom ritmo e com grande intensidade.

A violência é uma das componentes viu reforçadas as descrições, com uma imagética muito forte, transportando-nos para a pele dos personagens, entranhando-nos as suas emoções na nossa mente. Este é um ponto muito forte na escrita da Dashner. O fim, em si, podia ser mais um começo, é daqueles pontos finais que mais parecem reticências e que antecipam uma continuação. Não havendo esse volume póstumo, ficam as conjecturas, as interpretações próprias. Acho que é uma trilogia que vale a pena ler pelas várias razões que fui enumerando ao longo destas três opiniões. Se há quem ache que o género Fantástico é um género menor, eu sou da opinião que existem obras deste género que dão demasiado que pensar, que mexem muitas vezes com o subconsciente de cada um. Maze Runner é uma dessas obras. 

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Opinião: Endgame: A Chamada, de James Frey & Nils Johnson-Shelton https://branmorrighan.com/2014/11/opiniao-endgame-chamada-de-james-frey.html https://branmorrighan.com/2014/11/opiniao-endgame-chamada-de-james-frey.html#comments Sat, 08 Nov 2014 15:24:00 +0000

Endgame: A Chamada

James Frey & Nils Johnson-Shelton

Editora: Editorial Presença

Colecção: Via Láctea

Sinopse: Eles chegaram à Terra há 12 mil anos. Vieram dos céus e criaram a humanidade. Quando se foram embora deixaram um aviso: um dia iriam voltar… E quando voltassem, teria início o grande jogo, o Endgame. Ao longo de dez mil anos, as doze linhagens originais existiram em segredo, mantendo sempre, cada uma delas, um jogador preparado para entrar em ação a qualquer momento. O Endgame era sempre uma possibilidade, mas agora que eles voltaram, tornou-se uma realidade, e os doze jovens jogadores estão a postos para entrarem no grande jogo que decidirá o futuro do planeta e da humanidade. Só um pode vencer. Só a linhagem do vencedor será salva. Vence quem encontrar primeiro as três chaves escondidas algures na Terra. E é sobre a busca da primeira chave que se centra este primeiro livro da série.

Opinião: A Literatura Fantástica é todo um universo com infinitas possibilidades de ser explorado. Apesar das modas, há uns anos vampíricas, actualmente distópicas, há certas obras que se vão destacando e tornando-se referências à escala mundial. Uma dessas obras, por exemplo, foi a trilogia Os Jogos da Fome, de Suzanne Collins, que provavelmente inspirou outros quantos autores a arriscarem no género. Se já há quem associe essa trilogia a Battle Royale, não associar Endgame Os Jogos da Fome é praticamente impossível. A não ser que nunca se tenha lido nenhuma das obras que mencionei. 

Temos doze linhagens, doze Jogadores que têm de lutar pela continuação do seu povo, em que só um pode sair vencedor e escolher quem vive e quem morre. Os humanos, aqui, são vistos como meros brinquedos das Entidades, à espera que o Acontecimento chegue, o momento em que milhões morrerão e só o mais forte prevalecerá. São precisas descobrir três chaves para se ser vencedor, são vários os obstáculos e enigmas por resolver, e apenas uma certeza lhes está bem presente na cabeça – é matar ou morrer e tudo o que sejam alianças serão apenas até ao momento final. 

É neste universo de desconfiança que vamos conhecendo os vários jogadores das diferentes linhagens. Alguns, mal queriam acreditar que aquilo lhes estava a acontecer na geração deles, outros tomaram o sinal como se não tivesse feito sentido viver sem tal objectivo. Quando a violência aperta, é nos locais mais improváveis que encontram o seu par. Sempre juntos ou com encontros esporádicos, estas parcerias ajudam-nos a sobreviver e os isolados vão perecendo de forma sanguinária. 

A narrativa tem um ritmo intenso. A panóplia de protagonistas é tão diversificada que é sempre um desafio tentar prever os passos de cada. As motivações são facilmente desvendadas, mas nem sempre as suas acções. A linguagem é simples, mas crua, não poupa o leitor a pormenores, porém também não exagera. O que mais gostei, sem dúvida, foi o mistério que se foi condensando e a incerteza dos acontecimentos. Também as diferentes perspectivas sobre como salvar o mundo, as interpretações tenras do que é o amor – afinal todos são adolescente entre 13 e os 18 anos (sim, tal e qual Os Jogos da Fome) – foram interessantes. 

Endgame: A Chamada marca então o ponto de partida para uma trilogia que desafia o leitor a tomar partido de um Jogador, a mentalmente tentar decifrar se poderá existir uma solução em que possa haver mais do que um sobrevivente. Abordam-se vários locais míticos, como o Stonehenge, entre outros, justificando a sua existência como obra dos seres superiores. Não sendo um livro extraordinariamente original, é uma obra que se lê bastante bem, de forma corrida e com entusiasmo. Estas comparações com Os Jogos da Fome não são necessariamente positivas ou negativas, até porque tocando-se em certas particularidades, são estórias completamente diferentes. Cá fico a aguardar pelos próximos dois volumes. 

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Opinião: Puros, de Julianna Baggott https://branmorrighan.com/2014/08/opiniao-puros-de-julianna-baggott.html https://branmorrighan.com/2014/08/opiniao-puros-de-julianna-baggott.html#respond Wed, 13 Aug 2014 21:45:00 +0000

Puros

Julianna Baggott

Editora: Editorial Presença

Colecção: Via Láctea

Sinopse: Depois de uma série de detonações atómicas destinadas a exterminar grande parte da Humanidade, apenas uma pequena elite de puros deveria ter sobrevivido, protegida dentro da Cúpula até que a Terra se regenerasse por completo. Mas não foi isso que aconteceu… Muitos foram os que sobreviveram às explosões, deformados, com mutações terríveis, refugiados entre as ruínas da cidade, num clima de opressão por parte da milícia entretanto formada, que os aterroriza e explora. Pressia Belze é uma jovem de dezasseis anos, uma mutante que tenta fugir à milícia; Partridge é um rapaz da elite, um Puro atormentado pela suspeita de que um plano secreto está a ser desenvolvido pela elite científica da Cúpula. Numa terra devastada, os caminhos destes dois jovens acabam por se cruzar, dois sobreviventes em busca de um futuro menos sombrio, que nem desconfiam do laço secreto que os une…

Opinião: As bombas atómicas são uma realidade, as deformações também, e imaginar um futuro em que os humanos se acham no direito e capacidade de julgar que só uns poucos merecem ser poupados, não é assim tão difícil, pois não? É este o conceito base, deste que é o primeiro livro de uma trilogia. Julianna Baggott, uma estreia nas minha prateleiras e nas minhas leituras, conseguiu construir um universo que, apesar de ser considerado distópico, é completamente plausível, assustadoramente possível, mas, acima de tudo, muito de emoções e descrições muito fortes. 

Começamos por conhecer Pressia e Partridge – ela um alvo das detonações, ele um Puro da Cúpula. Através dos olhos de Pressia, vamos conhecendo a realidade de quem não foi protegido, daqueles que acabaram fundidos com os objectos ou as pessoas que estavam mais próximos, aquando das explosões. Pressia, que nunca largava a sua boneca, ficou com ela em vez de uma das suas mãos. O seu avô, com uma ventoinha no pescoço. O lema destas pessoas e dos novos seres que surgiram cr.om as denotações – a sobrevivência! Enquanto isso, na Cúpula, Partridge vai-se questionando em relação a muito do que ouve e vê por lá. As codificações genéticas não estão a funcionar na sua totalidade, e o facto de o seu comportamento ser uma das características não afectadas, começa, aparentemente, a preocupar o seu pai – o grande responsável pela Cúpula.

No decorrer da narrativa, os horrores são vários, as possibilidades infinitas, mas existe um fio condutor constante, ao longo de toda a obra, que a autora conseguiu incutir em quem lê para não desesperar – a esperança! Aparece sob várias formas, mas seja por desespero ou por mera crença, é a esperança que move os protagonistas e mais, é a necessidade de sentir que alguma coisa tem de estar certa naquele mundo tão erróneo. O enredo é complexo, mas não complicado, as personagens principais são jovens em plena adolescência que só querem lutar, mas é nos adultos que o verdadeira terror é transmitido, com motivações egoístas, uma sobranceria que não lhes compete ter e a razão pela qual as vidas de Pressia e Pertridge nunca mais serão as mesmas. 

Com um bom ritmo de acção, Puros traz uma dose de realidade que muitos ignoram, envolvendo-a com uma trama de ficção científica e com uma imagética muito forte, perto de cinematográfica. O fim, deixou um gosto agridoce – depois de tantas descobertas, amores e desamores, encontros e desencontros, a estória termina de uma maneira algo repentina, sem que me tenha feito questionar avidamente sobre o que virá a seguir. Ainda assim, é inegável que está muito bem escrito, construído, a sequência de eventos faz-nos folhear o livro sem cessar e, é claro, vou ficar à espera do próximo volume para saber até onde vai a imaginação da autora, para saber até onde consegue ir um ser humano quando obcecado por um ideal que não lhe pertence. 

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Passatempo Exclusivo Facebook 5000 Likes – Pack Filipe Faria + Rafael Loureiro https://branmorrighan.com/2014/06/passatempo-exclusivo-facebook-5000_20.html https://branmorrighan.com/2014/06/passatempo-exclusivo-facebook-5000_20.html#respond Fri, 20 Jun 2014 15:46:00 +0000

[PASSATEMPO EXCLUSIVO FACEBOOK 5000 LIKES! ]

Em Parceria com a Editorial Presença, tenho 1 pack com os livros – A Manopla de Karashtan, O Perraultimato | Filipe Faria e A Redenção de Rafael Loureiro para oferecer aos fãs da página! 

Para se habilitarem a ganhá-lo, basta fazerem like na página, like no post e colocarem o vosso nome nos comentários. As restantes regras são as seguintes:

– O passatempo termina às 23h59 do dia 6 de Julho

– Só é aceite uma participação por pessoa

– Só serão aceites participações de Portugal

– Partilhar o passatempo (tem que ser público para se conseguir ver a partilha)

O vencedor é escolhido através do random.org e será contactado via mensagem. 

Sobre os livros e os Autores:

Filipe Faria: http://www.branmorrighan.com/search/label/Filipe%20Faria

Rafael Loureiro: http://www.branmorrighan.com/search/label/Rafael%20Loureiro

Opiniões:

A Manopla de Karashtanhttps://branmorrighan.com/2010/02/manopla-de-karasthan-filipe-faria.html

Os Filhos do Flagelohttps://branmorrighan.com/2010/02/os-filhos-do-flagelo-filipe-faria.html

Marés Negrashttps://branmorrighan.com/2010/04/opiniao-mares-negras-de-filipe-faria.html

A Essência da Lâminahttps://branmorrighan.com/2011/03/opiniao-essencia-da-lamina-cronicas-de.html

Vagas de Fogohttps://branmorrighan.com/2011/07/opiniao-vagas-de-fogo-cronicas-de.html

O Fado da Sombrahttp://www.branmorrighan.com/2012/01/opiniao-o-fado-da-sombra-cronicas-de.html

Oblívio http://www.branmorrighan.com/2012/02/opiniao-oblivio-cronicas-de-allaryia-7.html

O Perrautimatohttp://www.branmorrighan.com/2012/05/opiniao-perraultimato-felizes-viveram.html

O Andersenalhttp://www.branmorrighan.com/2013/06/opiniao-o-andersenal-felizes-viveram.html

Memórias de um Vampirohttp://www.branmorrighan.com/2011/06/opiniao-memorias-de-um-vampiro-de.html

A Ascenção de Arcanahttp://www.branmorrighan.com/2011/07/opiniao-ascensao-de-arcana-trilogia.html

A Redençãohttp://www.branmorrighan.com/2011/08/opiniao-redencao-tomo-3-trilogia.html

Obrigada e Boa Sorte!

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Opinião: Half Bad – Entre o Bem e o Mal de Sally Green https://branmorrighan.com/2014/03/opiniao-half-bad-entre-o-bem-e-o-mal-de.html https://branmorrighan.com/2014/03/opiniao-half-bad-entre-o-bem-e-o-mal-de.html#respond Mon, 17 Mar 2014 18:04:00 +0000

Half Bad – Entre o Bem e o Mal 

Sally Green

Editora: Editorial Presença

Colecção: Via Láctea #114

Sinopse: Na Inglaterra dos nossos dias, bruxos e humanos vivem aparentemente integrados. Na realidade, os bruxos têm a sua própria sociedade secreta, as suas regras e a sua guerra, que divide os Bruxos Brancos, considerados «bons», e os Bruxos Negros, odiados e perseguidos pelos Brancos. O herói, Nathan, é filho de uma Bruxa Branca e de um Bruxo Negro e, portanto, considerado perigoso. Nathan é constantemente vigiado pelo Conselho dos Bruxos Brancos desde que nasceu e aos 16 anos é encarcerado e treinado para matar. Mas Nathan sabe que tem de fugir antes de completar 17 anos e a sua determinação é inabalável. Este é o romance de estreia de Sally Green e o primeiro volume de uma nova trilogia do género fantástico.

Opinião: A Literatura fantástica em Portugal tem atravessado várias modas. Desde os vampiros às bruxas, dos lobisomens aos anjos tal como a forte aposta nas distopias. Half Bad – Entre o Bem e o Mal, poderia ser apenas mais um desses livros, não tivesse Sally Green transformado-o em algo mais, algo maior, quase real. Tudo começa com uma premissa inquietante, um protagonista que nos olha nos olhos e nos fala ao espírito. O seu tormento, a sua determinação, a vontade férrea que promete ultrapassar barreiras. Um bruxo que é um ser humano, um ser humano que no fundo podia ser qualquer um de nós… Não fosse a parte da magia.

Atacando desde já o núcleo da obra, penso que o mais extraordinário é a linha entre o real e o imaginário ser tão ténue. Mesmo sendo uma obra claramente inserida na categoria Fantástico, a verdade é que quase nos abstraímos dessa componente de tão focados que estamos na história em si. Existem momentos de terror quase puro, outros de mero carinho completamente adequados a um jovem de 17 anos, mas o que sobrepõe a tudo é a noção do “Diz-me de quem és filho, dir-te-ei quem és. Os seus erros são agora teus.” É com esta mentalidade que Nathan cresce e aprende a sobreviver, tal e qual tantas situações que ainda se vivem nos dias de hoje. 

Bruxos e humanos convivem pacificamente na maioria das regiões. Os bruxos reconhecem-se entre si, mas andam em escolas com os humanos. É na escola que Nathan se apaixona pela primeira vez por uma Bruxa Branca e que por causa disso acaba por carimbar parte do seu destino. Sendo um código Misto, nem Bruxo Branco, nem Bruxo Negro, o Concelho não lhe dá descanso, convocando-o regularmente para novos inquéritos, nova bateria de perguntas à qual ele responde sempre com o seu silêncio. Até ao dia em o Concelho decide que ele deve ter uma nova tutora, Celia, que irá tomar conta dele e ensiná-lo até ao dia em que completar 17 anos, em que é suposto receber as três dádivas e ficar definitivamente definido se é Bruxo Branco ou Negro. Celia foi das personagens que mais gostei. Severa, previsivelmente exigente e má, mas que aos poucos ganha outro brilho ao nosso olhar. 

A escrita de Sally Green é poderosa a transmitir emoções. Para além de conseguir dar um bom ritmo à história, em que cada virar de página se torna um vício mais urgente que o anterior, ela criou em Nathan uma personagem tão completa que a partir dele somos levados a reflectir e a reconhecer que o bem e o mal conseguem ser conceitos relativos, que as intenções podem ser subversivas e que laços de sangue serão sempre laços de sangue, independentemente da intensidade das nossas emoções perante outros. Amor e ódio, vingança e libertação, a urgência de uma identidade própria são os motes de Half Bad. Como não podia deixar de ser, a magia/fantasia cai que nem uma luva, sem exagero ou despropósito, para conferir um tom mais magnético e fascinante a toda a trama. Uma belíssima estreia para a escritora Sally Green, fiquei rendida.

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Opinião: O Silo de Hugh Howey https://branmorrighan.com/2014/01/opiniao-o-silo-de-hugh-howey.html https://branmorrighan.com/2014/01/opiniao-o-silo-de-hugh-howey.html#comments Thu, 02 Jan 2014 12:17:00 +0000

O Silo

Hugh Howey

Editora: Editorial Presença

Colecção: Via Láctea #112

Sinopse: Num mundo pós-apocalíptico, encontramos uma comunidade que tenta sobreviver num gigantesco silo subterrâneo com centenas de níveis, onde milhares de pessoas vivem numa sociedade completamente estratificada e rígida, e onde falar do mundo exterior constitui crime. As únicas imagens do que existe lá fora são captadas de forma difusa por câmaras de vigilância que deixam passar um pouco de luz natural para o interior do silo. Contudo há sempre aqueles que se questionam… Esses são enviados para o exterior com a missão de limpar as câmaras. O único problema é que os engenheiros ainda não encontraram maneira de garantir que essas pessoas regressem vivas. Ou, pelo menos, assim se julga…

Opinião: As distopias têm andado na moda graças aos mundos pós-apocalípticos tão extraordinariamente criados e em O Silo temos o privilégio de testemunhar mais uma. Curioso, o percurso de edição desta obra que começou com pequenos capítulos numa small press, passando posteriormente para uma auto publicação na plataforma Kindle, tornando-se um best-seller do New York Times pouco tempo depois. Nesta obra, Hugh Howey presenteia-nos com um mundo submerso numa atmosfera corrosiva, em que o único porto seguro é o silo em que as pessoas se encontram, ou assim parece. No entanto, os segredos encerrados naquelas escadas e naquelas paredes parecem sussurrar cada vez mais alto e a ameaça de uma nova insurreição começa cada vez mais a pairar no ar.

São vários os personagens que vão ganhando protagonismo ao longo da trama. Tudo começa com o mistério da Limpeza, ou seja, com aqueles que por violação das leis são obrigados a deixar o silo sempre com a missão de limpar as lentes que proporcionam a visão do mundo exterior. E, apesar de todos dizerem que não irão limpar nada, afinal estão a ser condenados à morte, o que é certo é que todos, sem falha, acabam por fazer a Limpeza. Isto é, todos até ao dia em que alguém vai mais longe em relação aos segredos do silo e em vez de limpar as lentes, segue caminho, ultrapassa o limite de visão das câmaras do silo, e com isso instala o caos.

Estamos perante uma história cuja realidade não é difícil de imaginar. Interesses políticos, um mundo destruído por armas químicas (ou assim me pareceu), a sobrevivência da espécie através do confinamento, mas também o isolamento para que possam preservar todos os segredos que esse mesmo confinamento implica. Toda a estrutura do silo está organizada de forma a que, para manter o silo a funcionar a 100% sem risco de tragédia, todas as pessoas se mantenham de tal maneira ocupadas que não haja tempo para pensarem em mais nada e muito menos colocarem questões.

Gostei bastante da forma como as expectativas foram sendo geradas, impelindo-me sempre a ler mais uma página, a querer saber como é que todo aquele mistério iria ser desvendado. É certo que não existe um protagonista total e absoluto por quem o leitor se afeiçoe, mas à medida que existe uma pessoa a assumir esse protagonismo, conseguimos sentir uma empatia praticamente automática provocando um sentimento de incentivo e protecção em relação à mesma.

Foi uma leitura relativamente rápida e que deixou semeada a curiosidade. Vou ficar ansiosamente à espera que venha a continuação, pois este fim acabou por deixar ainda mais perguntas por responder. 

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