Viagem ao Japão – Bran Morrighan https://branmorrighan.com Literatura, Leitura, Música e Quotidiano Mon, 28 Dec 2020 05:44:18 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.8.3 https://branmorrighan.com/wp-content/uploads/2020/12/cropped-Preto-32x32.png Viagem ao Japão – Bran Morrighan https://branmorrighan.com 32 32 [Diário de Bordo] E já passou uma semana que estou em Fukuoka, Japão! https://branmorrighan.com/2017/07/diario-de-bordo-e-ja-passou-uma-semana.html https://branmorrighan.com/2017/07/diario-de-bordo-e-ja-passou-uma-semana.html#respond Sun, 02 Jul 2017 03:40:00 +0000

Queridos leitores, 

Pois é, o tempo passa num instante e, entretanto, fez ontem uma semana que aterrámos em Fukuoka! A aventura tem sido imensa, principalmente pelas diferenças culturais, tanto no trato como, acima de tudo, na alimentação! Ahahah, mas tem sido um fartote de rir. Penso que vos devo ter escrito na Segunda-feira, quando nos instalámos aqui no campus, e até ontem estivemos um pouco em modo sobrevivência, a explorar os refeitórios aqui no campus (ainda só encontrámos uma refeição que o nosso estômago aceitasse como deve ser – está algures na galeria que se segue – que é composta por arroz, algas e uma bola de salmão), e a acertar com os ingredientes que vamos comprando para cozinhar em casa. Ontem, finalmente, fomos a um hipermercado na cidade e já trouxemos algumas coisas que sabemos ser seguras como: cogumelos (de todo o género e feitio), tofu, legumes como bróculos, cebola, batata doce, tomate, pimentos e couves que não sabemos bem o que são, massa, arroz e barras de cereais. Eu ainda consegui encontrar três fatias de pão escuro de arroz! YEAH! Hoje pude ter um pequeno-almoço mais tradicional: pão com manteiga de amendoim e um belo de um café (eles cá têm Nescafé!). 

Existe outro tipo de choque que é o facto de venderem tudo à unidade. Ontem dei o equivalente e 1,5€ por uma laranja… Um kiwi, por exemplo, custa perto de 2,5€… Dez saquetas de chá de camomila são quase 2€ e, imaginem, não comprei, claro, mas uma melancia pequena/média custa entre 10€ e 16€… Reparei que a maior parte da fruta é importada dos Estados Unidos, a laranja que comprei (tinha mesmo saudades e lá me benzi e à minha carteira por dar aquele dinheiro todo) veio dos EUA, as cerejas que vi à venda também… Oh well 🙂 Mas nem tudo é mau, os cogumelos são muito mais baratos que em Portugal, tal como o Tofu. Acho que por quase 1kg de Tofu demos à volta de uns 0,40€ ? Já uma garrafa de 2L de água, por exemplo, anda sempre à volta de 1€. Ontem no Skype, com os meus pais, comentávamos que quando estava em Portugal ainda achava a fruta cara…! Eheheheh!

Dinheiros à parte, há algo aqui que me tem deliciado: a educação dos japoneses nos espaços públicos. Ontem, estava assim meia perdida à procura de uma faca no hipermercado, quando vem uma das funcionárias perguntar, muito timidamente “help?”. É que cá no Japão é mesmo muito, MUITO, raro encontrar alguém que fale inglês. Temo-nos entendido à base de gestos e de muitos sorrisos, Arigato e Sumimasen. Ahahahah. Mas pronto, a senhora, depois por gestos porque não sabia muito mais inglês, lá nos indicou onde estava. Seja em que supermercado for, sempre que entramos temos alguém a cumprimentar-nos. A registar as compras está sempre alguém a recolher o dinheiro enquanto o outro regista e arruma as compras no saco. Existe uma grande humildade nestes pequenos gestos e raramente vemos alguém com má cara. No dia-a-dia é um bocadinho diferente. Aqui no campus, por exemplo, quando passamos por alguém, o máximo que acontece é uma pequena vénia em tom de cumprimento, mas a maior parte das vezes o pessoal baixa a cabeça, encosta-se a um canto e segue caminho. Não há cá bons dias nem boas tardes nem nada que se pareça. Nem sei se isso não será uma intromissão! Ah! E nada de apertos de mão ou beijinhos! Jamais! Também as entradas e saídas dos elevadores ainda me confundem. Parecem haver regras implícitas sobre ordem de entrada (que claro que é sempre pela ordem de chegada) e depois no posicionamento dentro do elevador. Enfim, pode ser que um dia descubra se ando a fazer alguma coisa de errado! Outra coisa curiosa, aqui no campus, é que se o vosso destino forem até dois andares acima ou três abaixo, têm de utilizar as escadas. Eu como estou no décimo andar, dificilmente vou ter esse problema. No outro dia armei-me em esperta e subi os dez andares…. Ficou o exercício físico da semana feito! Ahahah

Por falar em exercício físico, temos conseguido, de vez em quando, ir dar umas caminhadas. É realmente muito bonito e quase etéreo observar todos os verdes, toda esta natureza tão selvagem que tanto parece querer absorver-nos como dar-nos força. As casinhas japonesas são realmente muito diferentes das ocidentais. Tirando os dormitórios que são verdadeiras torres, aqui em Fukuoka, principalmente à volta do Ito Campus, só encontramos casas praticamente tradicionais que vão intervalando com alguns templos. Mesmo o meu quarto também é minimalista, tem uma caminha (que não tem colchão, só futon), uma secretária, um pequeno roupeiro, uma pequena varanda, e uma pequenita zona/corredor onde tem um frigorífico, um lava-loiças e uma placa com dois discos. A verdade é que esta experiência está a ser qualquer coisa de muito pessoal também. Tive alguns problemas com o quarto ao início, não tinha estores (e aqui amanhece às 4h e tal da manhã), tinha um cheiro meio a químicos que ninguém sabia explicar a origem. Durante esta semana, com uma bela limpeza (de rabo para o ar como as japonesas fazem, a limpar o chão com todo o carinho), com a compra de um estor mais escurinho e com uns banhos de incenso, já me apeguei completamente ao quarto. Tem espaço suficiente para eu fazer os meus exercícios de yoga, para me movimentar sem me sentir presa, etc. Sair da nossa zona de conforto para irmos para a outra ponta do planeta com condições desconhecidas pode ser assustador, mas acredito que é uma experiência completamente enriquecedora. Sofri um pouco com o jetlag nos primeiros dias. Dormia pouco ou nada e fui ficando irritadiça e com algumas crises de nervos, mas felizmente nas últimas três noites já dormi que nem um anjinho e já está tudo normalizado. Ah! E adoro o facto de nos termos que descalçar mal chegamos, existe mesmo uma zona de entrada só para deixar o calçado. Para mim é super porreiro porque eu já faço isso em minha casa! 🙂 

Por fim, que no fundo é a razão de eu estar aqui, o trabalho tem corrido bem. Não sei se podia ter corrido melhor, talvez sim, mas dado todo o processo de transição acho que o balanço da primeira semana é muito positivo. Avancei com dois projectos mais ou menos em paralelo, fui mantendo mais ou menos o blogue actualizado com algumas novidades e as perspectivas para as próximas semanas são muito positivas. Na próxima semana o investigador principal não vai estar aqui, por isso vamos aproveitar para tirar umas mini férias e vamos andar a visitar Hiroshima, Miyajima, Matsuyama, Kyoto, Nara, Osaka, só para mencionar alguns. Vou tentar tirar fotografias e partilhar convosco, depois, a experiência! 

A foto que ilustra este post, foi tirada ontem no Aeon, um centro comercial enorme no centro da cidade, que tinha lojas inacreditáveis. Ahahah. Tinha um salão de jogos onde me sentei a fazer uma corrida de carros, tinha um espaço com uma banda ao vivo a tocar de tempos a tempos, fomos também a uma loja comprar legumes onde, por termos feito compras superiores a 8€, nos deram um talão que dava direito a tirar um pote de arroz (e tinha de ser cheio senão ela não nos deixava tirar o arroz do saco) e a fazer uma roleta onde consoante a cor da bola tínhamos direito a um brinde, que era comida!! Ahahah, já quando entrámos numa loja de electrodomésticos nos deram um cartãozinho que também era suposto irmos jogar qualquer coisa, mas dessa vez não fizemos nada. 

As fotos que se seguem estão em ordem contrária à que foram tiradas, mas acho que se vão aperceber de como a cor do céu varia: tanto está um calor enorme com sol (ontem por andar meia hora a pé apanhei um escaldão nos ombros e fiquei com marca dos calções nas pernas) como está na mesma um calor enorme, mas com céu cinzento e às vezes trovoadas enormes. Já apanhei duas molhas gigantes desde que cá estou! Ahahah! É verdade, agora a rever as fotos é que me lembrei! Vocês vão-se deparar com uma foto de uma sanita toda XPTO. Não é igual à que tenho em casa, no dormitório, mas sim no campus (e nos aeroportos) que tem botões para tudo e mais alguma coisa. Para chapinhar, para spray, para colocar música enquanto fazem xixi ou outra coisa qualquer! Ahahah, eu nem sei se não será falta de educação fazer xixi à bom português, sem música a disfarçar. As duas vezes que me cruzei com alguém na casa de banho (aqui em computer science não se vêem mulheres… Agora que penso nisso não sei se não terei sido a única até agora) elas ligaram sempre a música. 

E pronto, é isto, hoje é Domingo, mas viemos ao campus despachar umas coisinhas de trabalho porque amanhã partimos então na nossa aventura. Beijo enorme e obrigada por continuarem desse lado!

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[Diário de Bordo] Olá Japão! Os três primeiros dias https://branmorrighan.com/2017/06/diario-de-bordo-ola-japao-os-tres.html https://branmorrighan.com/2017/06/diario-de-bordo-ola-japao-os-tres.html#respond Mon, 26 Jun 2017 06:12:00 +0000

Queridos leitores, como estão? Pois é, cheguei ao Japão no Sábado, mas só agora vos estou a conseguir escrever. Chegámos bem, apesar de alguns percalços. Para chegarmos ao nosso destino final em Fukuoka, a Universidade de Kyusho, precisámos de três aviões (um deles de 12h o qual tinha um ecrã onde vi pelo menos dois filmes, joguei imenso sudoku e também um jogo para aprender algum japonês!), um metro e ainda um autocarro. Devem imaginar o estado em que chegámos! Cansadinhos, cansadinhos, cansadinhos. Foi comprar o básico de sobrevivência e tentar dormir. Eu ainda estou em jetlag, infelizmente, o que quer dizer que ainda não dormi uma noite seguida, mas estou com esperança que isso aconteça brevemente. Senão acho que vai andar por aqui uma portuguesa meia maluquinha da cabeça. Ahahah

Ontem fomos explorar a península seguindo o trilho do rio. Andámos cerca de 15km! Parámos numa pequena mercearia para petiscar algo, aqueles triângulos de arroz com salmão embrulhados em alga e ainda umas tangerinas gigantes (juro que até as maçãs parecem ter o tripo do tamanho das nossas), e foi quase cómico comunicar com a senhora local. Ela foi uma querida autêntica e a coisa aconteceu, mesmo ela não percebendo nem falando nada de inglês e nós muito pouco japonês. Ao longo da nossa caminhada fomo-nos cruzando com outros locais e é muito engraçado constatar que o espectro de simpatia varia mesmo muito. Tanto encontramos pessoas mais velhas que lançam sorrisos e vénias como pessoas completamente introvertidas e fechadas. 

Mais tarde encontrámos outra loja (tenho pena de não a ter fotografado) cheia de coisas orientais e budistas, onde aproveitei para comprar mais incenso e ainda um cortinado para o meu quarto. A ideia é tornar o espaço o mais pessoal possível, já que vou lá viver mês e meio, e assim limpar um pouco da insipidez que é sempre característicos destes tipos de habitação temporária em dormitório. Acho que ficou tudo bastante bem! 

Passámos por florestas, praias e parques, e fiquei sempre fascinada com a variedade da flora e a sua cor. Muitas das árvores não consegui identificar. Parecem quase mutantes ou junção de várias espécies. Mas o verde! O verde! O verde é tão vivo como o céu também é meio espesso e cinzento. Está calor, mas ao que parece viemos na época sazonal da chuva e o ar está sempre bastante abafado. A humidade é quase sempre superior a 80% e acho que ainda não apanhei nenhuma fase de céu limpo. Hoje de manhã (não se esqueçam que estou sempre a escrever-vos com oito horas de avanço) estava um sol mesmo quente, mas agora, por exemplo, já está tudo outra vez meio cinzento. Aliás, no primeiro dia apanhámos tanta chuva que as minhas sapatilhas ainda não secaram! Ahahah

Okay, vamos a outro ponto importante: alimentação! Ainda estamos numa fase meio híbrida, em que tentamos passar para a alimentação típica japonesa, mas para um português não é assim TÃO fácil. Ou então sou só eu. Mimada como sou, habituada ao meu pote de café e às minhas torradas logo de manhã, com uma fruta no início ou no final, ter que passar a comer triângulos de arroz ou algo semelhante logo de manhã… Como trouxe doses individuais de café, ainda estou a conseguir manter essa parte, mas de resto… Ahahah! E agora, imaginem, nós não comemos carne, mas os japoneses não são, de todo, vegetarianos. Aliás, a maioria come frios ao almoço, embalagens já pré-concebidas, em que eles misturam tudo. Como não há rótulos em mais língua nenhuma que a japonesa, andamos a aprender por tentativa e erro. Tal como ontem, pensávamos que estávamos a comprar um sumo 100% fruta (não se vê fruta à venda em quase lado nenhum e então temos de compensar de alguma maneira), mas quando fomos abrir vimos que era uma base de sopa. Ahahahah! E hoje ao almoço, disseram-nos que tirando um dos elementos do pack que era carne, o resto era arroz e peixe. Pois bem, quando começamos a comer o arroz, com a folha de alga por cima, damos conta que tem carne no meio. Ai ai! Ao menos temo-nos rido que é uma coisa estúpida. Aliás, ontem comprámos daqueles ramens que vêm embalados, com a massa e os ingredientes em saquinhos, e o que nos rimos quando abrimos alguns deles (que obviamente não metemos no nosso ramen) por causa das suas texturas e cores. Não fazemos ideia do que são algumas coisas, ou do que são feitas, o que só por si acaba por ser cómico quando temos de comer e temos.

De resto ainda é muito cedo para fazer qualquer tipo de balanço. Na faculdade, fomos muito bem recebido pelo chefe do departamento e estamos finalmente instalados numa sala só para nós, com vista para as montanhas e para a floresta. Quem me dera em Portugal trabalhar com esta vista! E há tanto que fazer! Temos imensas ideias que queremos colocar em prática e eu tenho ainda uma cadeira para terminar, fazendo um trabalho para o qual estou muito entusiasmada e que acho que pode trazer resultados muito, muito interessantes! 

E cá estamos! Não prometo escrever com muita regularidade, porque temos mesmo muito trabalhinho pela frente, mas quem sabe ainda surge essa disponibilidade! Deixo-vos com algumas fotografias, do telemóvel, que fui captando desde que saí de Portugal. Até já!

PS: Adoro o facto de encontrar corvos em tantos sítios! E tanto no dormitório como aqui na faculdade conseguimos ouvi-los grasnar! Ahahahah 🙂 

O adeus a Portugal
Chegada a Tokyo, prestes a partir para Fukuoka
A chegar a Tokyo
Aeroporto Fukuoka
Domitório

Andando por Fukuoka


Primeiro dia na Faculdade

Work with a view
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[Diário de Bordo] O Pânico! O Horror! O Delírio do Bom! https://branmorrighan.com/2017/06/diario-de-bordo-o-panico-o-horror-o.html https://branmorrighan.com/2017/06/diario-de-bordo-o-panico-o-horror-o.html#respond Thu, 22 Jun 2017 15:47:00 +0000

Malta, isto está o caos! Ahahah, ainda não fiz a mala de viagem, ainda estou a preparar uma série de coisas que têm de ficar alinhadas antes de ir embora e, como tal, ainda não consegui actualizar o blogue como deve ser. Ainda assim, como já estava previstos há meses, ontem dei-me ao luxo de ir como imprensa, pelo Música em DX, ver Mastodon à Sala Tejo. Não vou falar muito do concerto aqui, porque ainda vou escrever a reportagem para os nossos companheiros, mas FOI DO CARAÇAS! Porra. Que saudades. Eles já não vinham a Portugal há cinco anos, mas eu já não os via há oito! Foi bom, foi tão bom. Vinte e uma músicas assim de injecção num ambiente brutal. Já não me lembrava de como é que era ficar a colar com tanto suor humano diferente no meu próprio corpo, mas estando ali na terceira/quarta fila e nos limites do mosh pit não podia ser de outra maneira. 

Portanto, e perdoem-me a ausência mais prolongada do que planeada, fiquem atentos hoje às 22h no Facebook, porque a minha última acção antes de sair de Portugal vai ser divulgar o novo single da Surma – “Hemma” – que estreia hoje em exclusivo na Comunidade de Cultura e Arte! Quando chegar ao Japão e estiver estabelecida também dou notícias. O mais fácil é seguirem pelo Instagram: https://www.instagram.com/sofiateixeira_branmorrighan/

Mil beijos e babem-se pelo Troy como eu babei. Este homem é tipo o vinho do Porto! Ahahah (Perdoem-me o comentário mais brejeiro, mas tinha de ser!)

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[Diário de Bordo] Preparativos para o Japão, Mastodon e a tonelada de opiniões por escrever! https://branmorrighan.com/2017/06/diario-de-bordo-preparativos-para-o.html https://branmorrighan.com/2017/06/diario-de-bordo-preparativos-para-o.html#respond Sat, 17 Jun 2017 12:34:00 +0000

Nem acredito que é já na Sexta-feira que estou de partida para o Japão! Ficou tudo decidido há menos de dois meses e o tempo passou que foi um instante! Ontem fui levantar o meu passaporte (não há como ficar com cara decente nestas coisas) e este fim-de-semana convém deixar tudo preparadinho pois na Quarta-feira ainda vou ter vigilância da cadeira que estou a leccionar na faculdade, vou ter de corrigir parte desses testes e ainda tenho o concerto de Mastodon nesse mesmo dia à noite! Quinta-feira já sei que vai ser a pilha de nervos, mas também vai ser um dia muito bom porque vão haver novidades boas da Surma (xiu… não digam a ninguém, mas Quinta-feira vai sair novo single/vídeo da nossa pequena! A estreia será em exclusivo através da página de Facebook da Comunidade de Cultura e Arte e vai ser tão bonito!). Sobre isto não posso adiantar mais nada, façam de conta que nem leram (mas marquem a data no vosso calendário!). 

O problema de se começar a preparar uma mala para uma viagem de mês e meio nem é a questão das roupas. No Japão vou estar no pico do Verão, por isso dificilmente apanharei chuvas ou frios desagradáveis. A questão aqui, na verdade, é quando se é mulher e ainda por cima se vê mal! Ahahah, já explico. Vou com um colega português e ele já me enviou a sua lista de coisas que vai levar com ele. Bem, os homens, que sorte! Qualquer coisinha serve para andarem no dia-a-dia e não têm que se preocupar com menstruações nem trinta mil outros cuidados que nós mulheres às vezes temos de ter. Como ainda por cima sou míope, tenho de me preocupar com líquido das lentes, embalagens de lentes de contactos (as minhas são quinzenais), óculos, etc. etc. Mesmo quando vou só um fim-de-semana fora, há sempre tanta coisa a ter em conta que muitas vezes fico espantada como é que mesmo assim tenho acampado todos os anos e sempre em campismo selvagem. Ahaha, a verdade é que o que não nos mata torna-nos mais fortes e acho que este texto todo é só uma desculpa para soltar algum nervosinho. 

É que não é uma viagem em lazer. Vou para uma faculdade em Fukuoka, durante seis semanas, para trabalhar numa área específica de informática (compressão de estruturas de dados, cadeias de caracteres, etc), mas em vez de poder ir com esse foco como a única preocupação, arranjei maneira de me atrasar noutras coisas e em paralelo vou ter de terminar um trabalho para uma cadeira, escrever parte do meu relatório pré-tese que convém apresentar em Setembro e ainda pensar noutro artigo científico que preciso de submeter até ao início de Setembro. No meio disto tudo, quero ainda arranjar tempo para visitar parte do Japão. Eu e o meu colega já temos pelo menos sete destinos onde queremos parar, mas a perspectiva de o conseguirmos fazer no tempo disponível é quase surreal! Ahahah, bora lá! Vamos ver o que acontece.

O que eu sei é que estou muito contente com esta oportunidade. Dizem que o Japão é um país extraordinário e com um certo fascínio pelos portugueses, devido à ajuda que acabámos por dar quando estavam em guerra. É uma história que quero aprofundar e ficar a conhecer melhor enquanto lá estiver. 

Ah! Já me esquecia, a crise dos livros! Então é assim, saio de Portugal às 7h25, chego a Fukuoka às 11h10 do dia seguinte… Na verdade é como se estivesse a chegar às 2h10, pois lá são mais 9 horas do que aqui. O único drama é: estão a ver o número de horas que vou passar no ar? Vamos fazer duas escalas, uma em Londres, outra em Tokyo, e eu nunca “voei” tanto tempo. Será que vou devorar livros? Será que vou conseguir dormir alguma coisa? Será que vou ter um ataque de ansiedade que me vai fazer chorar baba e ranho? Ahahah! E sim, sou uma pessoa bastante ansiosa, apesar de até estar com uma serenidade bastante grande. Ainda assim, ando aqui por volta dos meus livros a ver se escolho o que levar. A questão é que em viagem nunca sei com que humores vou estar e então estava a tentar levar pelo menos meia dúzia deles só para me sentir confortada e confiante que independentemente do “mood” vou ter a leitura perfeita para a ocasião. O problema é que ainda não cheguei a conclusão nenhuma… Estão a ver a confusão que para aqui vai, não estão? 

E pronto, acho que já escrevi demais! É quase nostálgico olhar para trás e ver como este blogue me tem acompanhado em fases tão diferentes da minha vida. Desde quando jogava basquet em alta competição, às minhas lesões, à minha licenciatura, mestrado, agora doutoramento, o meu ex-namorado chegou a escrever aqui para o blogue, já foi só quase paganismo, já foi maioritariamente sobre livros e escritores, depois a música também veio para ficar… Quem diria que ainda viria a dar workshops sobre comunicação e promoção de artistas independentes, que viria a apresentar livros de autores que tanto admiro, que iria ao meu querido Paredes de Coura como imprensa e mais tarde como comitiva de um banda, que iria às rádios, à televisão, que lançaria uma colectânea de contos com algumas das minhas pessoas preferidas e novos escritores… e u   s e i   l á! Realmente tem passado uma vida inteira. Oito anos e meio quando se está na casa dos 20 é mesmo uma eternidade e muda tanta coisa em tão pouco tempo! E dito isto não posso deixar de agradecer às pessoas da minha vida que se mantiveram sempre constantes e ao meu lado, não posso deixar de agradecer a todos os leitores e em especial àqueles que me acompanham desde o meu primeiro desabafo (porque sei que os há e que ainda me contactam de vez em quando). O B R I G A D A! 

Não sei se será o último Diário de Bordo antes de ir para o Japão, mas hoje acordei mesmo com vontade de vos escrever. Beijos e bom fim-de-semana!

PS: Não falei na tonelada de opiniões por escrever, mas tenho as dos seguintes livros (que li nos últimos meses): A Contraluz, de Rachel Cusk; Homens Imprudentemente Poéticos, de Valter Hugo Mãe; A Casa das Belas Adormecidas, de Yasunari Kawabata; O Homem Mais Inteligente da História, de Augusto Cury; O Grito do Corvo (Crónicas da Terra e do Mar #3), de Sandra Carvalho; Fazer as Pazes Consigo Mesmo, de Saverio Tomasella; Isto Acaba Aqui, de Colleen Hoover (que livro do caraças!!!!). Vou tentar colocar tudo em dia enquanto estiver no Japão! Beijos! 

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