Xinobi – Bran Morrighan https://branmorrighan.com Literatura, Leitura, Música e Quotidiano Mon, 28 Dec 2020 05:34:48 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.8.2 https://branmorrighan.com/wp-content/uploads/2020/12/cropped-Preto-32x32.png Xinobi – Bran Morrighan https://branmorrighan.com 32 32 Mytho Celebration: a liberdade e o incentivo à expressão individual https://branmorrighan.com/2018/10/mytho-celebration-liberdade-e-o.html https://branmorrighan.com/2018/10/mytho-celebration-liberdade-e-o.html#respond Sun, 21 Oct 2018 13:13:00 +0000 Fotografia Jorge Oliveira


Foto Reportagem completa aqui
http://www.branmorrighan.com/2018/10/foto-reportagem-mytho-celebration.html

No passado sábado, os Jardins do Museu de Lisboa acolheram o Mytho Celebration. Partindo da ideia de que cada pessoa pode ser o seu próprio mito, esta celebração primou pelos pormenores e pelo ambiente incrivelmente descomplexado e harmonioso.

Juntando música, esoterismo, artes performativas e experiências sensoriais, os presentes puderam testemunhar o incentivo à expressão livre, à descoberta do desconhecido e à comunhão pelo que é comum.

É verdade que Lisboa tem muitos jardins “escondidos” que, quando descobertos, parecem dar outra imagem à cidade. Quem visitou os Jardins do Museu de Lisboa, com a devida decoração que o Mytho Celebration instalou, teve a oportunidade de experienciar uma série de universos alternativos, que urgem ser necessários no quotidiano. Espaço para nós mesmos, espaço para podermos contemplar e celebrar com quem gostamos.

Logo à entrada, no Temple of Transition, havia uma espécie de receção em que os visitantes podiam começar, desde logo, a personalizar a sua experiência. Desde secção de maquilhagem, a pintura de henna ou “mangas personalizadas”, cada um era livre de escolher a palete de cores e/ou a forma com a qual se queria expressar. Passada a primeira cortina, entramos então no mundo encantado da celebração da expressão individual.

Do lado direito ficou o Celebration Stage onde vários artistas foram actuando. A tarde começou com o DJ set de Kokeshi, seguindo-se o concerto de Surma. Já conhecida pelas suas performances intimistas e altamente sensoriais, a jovem artista leiriense complementou a sua atuação com a presença de dois bailarinos extraordinários – Guilherme Leal e Catarina Godinho. Se por um lado Surma costuma encantar e conquistar com o seu sorriso e a sua entrega, por outro foi também um privilégio podermos testemunhar o quão hipnotizante pode ser a expressão corporal aliada às suas construções sonoras. Sem dúvida um dos grandes momentos do dia.

O Celebration Stage viu ainda passar o DJ set de Mike El Nite, que colocou os já presentes a dançar. Seguiu-se Da Chick, também já bastante reconhecida pelas suas performances enérgicas e contagiantes.

A grande surpresa da noite, ainda assim, foi Custom Circus (Nirvana Studios), que apresentou um espectáculo que vai para além do musical, apresentando-nos uma espécie de freak show rocambolesco absolutamente fascinante. Desde o cenário ao guarda-roupa, passando pelas diferentes mini-histórias bizarras, foi impossível ficarmos indiferentes ao que se passava em palco. Não faltou pirotecnia nem fogo e viajámos entre os tempos do Moulin Rouge e uma espécie de universo steampunk. Um autêntico hino ao mote do Mytho Celebration.

Finda a atuação no Celebration Stage, foi no Garden of Senses que Xinobi assumiu o comando da música, com o seu DJ set. Neste espaço, para além da música tínhamos ainda vários pontos em que artistas expressavam a sua arte através das suas telas ou com pequenas performances. A decoração com a bola de espelhos e os diferentes focos de luz coloridos reforçaram novamente o ambiente acolhedor e algo mágico.

Na verdade, um dos grandes momentos da noite foi entre a actuação de Da Chick e Custom Circus, em que quatro bailarinos apareceram numa das pontas do jardim, num espaço rodeado por árvores, e iniciaram um acto performativo que misturava espontaneidade com coreografia de forma bastante fluída. Este pequeno ato termina com os quatro bailarinos a puxarem as pessoas para aquele espaço o jardim, fazendo recordar as lendas dos seres antigos que desviavam as pessoas dos seus caminhos para entrarem no seu universo místico, em que a noção de espaço e de tempo se perdia.

Também o místico esteve então fortemente presente no Mytho Celebration com uma das áreas dos Jardins de Lisboa dedicada aos conhecimentos esotéricos, o Mystic Groove. Ao longo de um corredor houve zonas dedicadas tanto a leitura de runas, como espaço para conversas com pessoas das mais diferentes áreas como Astrologia, Numerologia, Tarot, Aromaterapia, Yoga, Biodanza, entre outros. Aqui, a celebração do mito tinha a forma de partilha de conhecimento.

Sem dúvida uma experiência única e que merece voltar a acontecer. Não só é de louvar a abertura de espírito como é de reconhecer e reforçar que a expressão artística e individual pode, e deve, ter diferentes formas, todas elas podendo coabitar em perfeita harmonia, sem medos, de forma pacífica e entusiasta. A adesão pode não ter sido extraordinária, mas o conceito e a forma como foi explorado merece um espaço no nosso calendário cultural.

Fotografias Jorge Oliveira


Reportagem originalmente escrita para a SAPO MAG: https://mag.sapo.pt/showbiz/artigos/mytho-celebration-a-liberdade-e-o-incentivo-a-expressao-individual

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[FOTO REPORTAGEM] Mytho Celebration https://branmorrighan.com/2018/10/foto-reportagem-mytho-celebration.html https://branmorrighan.com/2018/10/foto-reportagem-mytho-celebration.html#respond Sun, 21 Oct 2018 11:44:00 +0000 TEXTO AQUI: https://www.branmorrighan.com/2018/10/mytho-celebration-liberdade-e-o.html

Fotografias Jorge Oliveira

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Depois de “Mom and Dad” e “Real Fake”, “Charm” é novo single de Xinobi, com novo vídeo https://branmorrighan.com/2016/01/depois-de-mom-and-dad-e-real-fake-charm.html https://branmorrighan.com/2016/01/depois-de-mom-and-dad-e-real-fake-charm.html#respond Sat, 23 Jan 2016 12:03:00 +0000

 

“Charm”, o novo single de Xinobi, é mel dançável. A balada, retirada ao seu primeiro álbum, “1975”, tem a participação de Bráulio Amado na voz. Relata o amor e a desavença entre duas pessoas.

No videoclip de “Charm”, temos Xinobi como voyeur, a contemplar uma relação desequilibrada, que se evapora para a ambiguidade do onírico e para um delírio onde encontram a harmonia desejada.

Entrevista XINOBI: 

http://www.branmorrighan.com/2014/10/entrevista-xinobi-bruno-cardoso-musico.html

Opinião Disco: 

http://www.branmorrighan.com/2014/10/opiniao-blog-morrighan-1975-de-xinobi.html

XINOBI AO VIVO

5 Março – Lisboa Dance Festival

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[DESTAQUE] Xinobi com novo vídeo – Real Fake, do álbum 1975 https://branmorrighan.com/2015/02/destaque-xinobi-com-novo-video-real.html https://branmorrighan.com/2015/02/destaque-xinobi-com-novo-video-real.html#respond Wed, 04 Feb 2015 13:30:00 +0000

ESTREIA O VÍDEO DE “REAL FAKE”

Xinobi acaba de estrear o visual oficial de “Real Fake”, o mais recente single do álbum “1975”, que já pode ser visto aqui.

O vídeo foi realizado por Rui Vieira e produzido pela Playground. E é o próprio Xinobi que nos conta a história: “Este é um filme sobre um rapaz apaixonado por uma rapariga. Ela é a mais popular – aquela que é inatingível e que remete o rapaz para a esperança do amor platónico. Um acontecimento traumático leva-o a sentir sensações que pensava inalcançáveis. A rapariga que tanto o fascina materializa-se entre o palpável e a miragem. Torna-se numa numa história de amor fracturada em dois quadrantes: o Falso que assume o papel do conforto e o Real que anula a esperança ao rapaz.”

“Real Fake” é também um novo pretexto para redescobrirmos a viagem pelas influências da house, do disco, funk, dub jamaicano e surf guitar que o alter-ego de Bruno Cardoso nos propõe no seu álbum de estreia, que foi lançado em Outubro passado.

Xinobi é um dos fundadores da essencial editora independente Discotexas.

Entrevista no Morrighan:

Entrevista a Xinobi (Bruno Cardoso), Músico Português, sobre o seu álbum 1975

Opinião do disco: 

[Opinião Blog Morrighan] «1975», de Xinobi

Ficha técnica do vídeo:

Director: Rui Vieira

DOP: Leandro Ferrão

Production Co: Playground

Producers: Joana Lisboa, Márcia Meireles & Rute Avelar

Cast: India Coimbra & Rafael Caetano

Colourist: Scott Harris – Glassworks Amsterdam

Flame artist: Mário Gaspar – Ingreme

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[Opinião Blog Morrighan] «1975», de Xinobi https://branmorrighan.com/2014/10/opiniao-blog-morrighan-1975-de-xinobi.html https://branmorrighan.com/2014/10/opiniao-blog-morrighan-1975-de-xinobi.html#respond Wed, 29 Oct 2014 10:21:00 +0000

Desde que me recordo, a música electrónica e de dança é associada frequentemente a faixas curtas, rápidas, fáceis, aos chamados singles que ficam no ouvido durante meses. Bruno Cardoso, mais conhecido como Xinobi, construiu a sua base sólida enquanto DJ nas pistas de dança, mas nunca deixou o seu lado guitarrista de parte, iniciado a solo ainda antes de The Vicious Five e colocado em prática, hoje em dia, em Moullinex (full band) e ainda na Discotexas Band. 

Todo este percurso e experiências ao longo dos últimos anos fizeram com que Xinobi se sentisse finalmente preparado para ter o seu primeiro álbum a solo. Numa entrevista dada a este blogue, Bruno afirmou que Instrumentos “reais”, vozes e pouco artificio são, diria, os componentes que mais facilmente podes destacar [na boa música electrónica]. Não estando a falar do seu próprio trabalho, a verdade é que eu não conseguiria descrever melhor o seu próprio disco. «1975», ano marcante para a sua família, dá o título a este que promete ser um disco memorável na sua carreira. 

São dez músicas que pedem umas boas colunas, ou uns bons headphones, pois a viagem que se inicia merece ser vivida ao máximo. Para os descrentes da música electrónica, aqui fica uma prova de como é possível fazer-se um trabalho extraordinário, diversificado, não cansativo, ao longo de pouco mais de cinquenta minutos. 

A música é terapêutica. Ajuda-nos a celebrar e acompanha-nos no sofrimento. Tens melodias que te deixam alegre, outras que choram contigo. Tens letras que te fazem questionar a vida, outras que te fazem lembrar que não estás sozinho e ainda te pode ensinar tanto sobre a vida. (citação da entrevista que pode ser lida aqui.)

Este é outro ponto crucial que faz com que 1975 seja diferente. Ao tomar o formato canção, ao ganhar vida através da voz e das letras, proporciona toda uma outra interacção com a música. A juntar à componente orgânica do som, com os tais instrumentos reais como a guitarra, esta componente lírica traz uma riqueza rara à música dita electrónica. Entre sons mais mexidos e outros mais cadenciados, repetição e exagero é coisa que não existe e não será assim tão estranho darmos por nós a ouvi-lo em loop

Não sou uma especialista no que toca a música electrónica, ou a qualquer outro tipo de música, diga-se, mas enquanto ouvinte tenho para mim que este é um dos discos do ano de 2014. Senhor Xinobi, já não era sem tempo. Muito obrigada por este contributo para a música portuguesa.

Entrevista Xinobi: http://www.branmorrighan.com/2014/10/entrevista-xinobi-bruno-cardoso-musico.html

Playlist da Quinzena Xinobihttp://www.branmorrighan.com/2014/10/playlist-da-quinzena-16-31-de-outubro.html

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[DESTAQUE] Álbuns que saíram/sairão nestas semanas e que valem a pena ouvir https://branmorrighan.com/2014/10/destaque-albuns-que-sairamsairao-nestas.html https://branmorrighan.com/2014/10/destaque-albuns-que-sairamsairao-nestas.html#respond Thu, 16 Oct 2014 10:56:00 +0000

1975, do grande Xinobi, o seu primeiro álbum de longa duração. É a nossa grande referência nacional da música electrónica e o que não faltam são convites e países que o querem ver e ouvir. Já está disponível para venda tanto nas plataformas digitais como físicas e pode ser ouvido aqui: Xinobi – 1975

Entrevista: http://www.branmorrighan.com/2014/10/entrevista-xinobi-bruno-cardoso-musico.html

This Is Los Waves So What, dos Los Waves, chega dia 20 de Outubro, mas por aqui já viu e ouviu. Há quem possa dizer que é quase arriscado gostar de Los Waves, por uma vertente, à primeira vista, mais comercial, mas eu não tenho pejo nenhum em dizer que gosto e que durante dias foi o único disco que ouvi no carro. O disco pode ser ouvido aqui: https://soundcloud.com/loswaves

Entrevista: a transcrever, publicada brevemente. 

Enteléquia, este álbum Aristotélico da banda do Porto – O Abominável. Comparado com muitos, feita justiça por poucos, este rock que é nosso começa agora a dar os primeiros passos para conquistar Portugal. Foi lançado apenas digitalmente e pode ser ouvido aqui: O Abominável – Enteléquia

Entrevista: A transcrever, publicada brevemente. 

5 Monstros, do Tio Rex. Mais um disco, este pequenino, que vale a pena apreciar. Desde a música do Miguel à edição física, existe um cuidado artístico que sabe bem observar, ler e ouvir. Este último, podem fazê-lo aqui: Tio Rex – 5 Monstros (EP)

Entrevista: Brevemente. 

Savage, dos Moe’s Implosion, saiu dia 13 e tem o seu lançamento em Lisboa, no Sabotage, amanhã dia 17. É já o segundo álbum de longa duração e as diferenças na sonoridade fazem-se sentir, mais arriscadas e ousadas. Podem ouvi-lo aqui: Moe’s Implosion – Savage

Entrevista: Brevemente. 

Search For Meaning, dos Lotus Fever. Finalmente, o tão aguardado disco. Depois de um primeiro single que fez toda a comunicação social falar deles – Introspection – a banda já anda a apresentar este seu primeiro álbum de longa duração. São, também, uma das minhas grandes apostas a nível nacional. Podem ouvir o disco aqui: Search for Meaning

Entrevista: Brevemente

Assim de rajada, são estes os discos dos quais quero falar num futuro próximo. Devem-me estar a escapar alguns/muitos, também eles a merecerem atenção, mas assim de cabeça e dos que mais me ficaram no ouvido, é esta a minha lista destes tempos de Outubro. 

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[Playlist da Quinzena] 16 a 31 de Outubro de 2014 – As Escolhas de Bruno Cardoso (Xinobi) https://branmorrighan.com/2014/10/playlist-da-quinzena-16-31-de-outubro-4.html https://branmorrighan.com/2014/10/playlist-da-quinzena-16-31-de-outubro-4.html#respond Thu, 16 Oct 2014 00:00:00 +0000

Esta playlist é um apanhado de alguma da música que me inspirou durante o processo de composição e produção do “1975”. Estou certo que não foram apenas estas canções que me levaram a um certo produto final mas formam um puzzle e uma história que me deu coragem para: experimentar cantar; para introduzir um assobio numa música e para garantir substancia e variedade. A música que oiço é aquela que me leva a fazer música que gosto de ouvir.

Bruno Cardoso, artisticamente conhecido como Xinobi, foi a minha vítima desta quinzena. Há meses que andávamos a falar numa entrevista para o blogue, mas dado que o lançamento do seu primeiro disco de longa duração estava previsto para o último trimestre do ano, decidimos esperar. Saiu então, este mês, 1975, o tão esperado álbum. Já acompanhava o Bruno há algum tempo, principalmente através das participações em Moullinex e na Discotexas band, e foi com um grande sentimento de gratidão que vi tanto a sua entrevista como esta playlist a chegarem ao Morrighan. Sei que a agenda do nosso artista anda pela hora da morte, mas a grande pessoa que ele é, sempre humilde e de uma simpatia admirável, permitiu com que este meu desejo se realizasse e, como tal, o meu infinito obrigada. Para quem puder, não perca as datas de apresentação em Portugal, no Porto e em Lisboa! A entrevista do Bruno, muito a propósito do novo álbum, pode ser lida aqui: http://www.branmorrighan.com/2014/10/entrevista-xinobi-bruno-cardoso-musico.html

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Entrevista a Xinobi (Bruno Cardoso), Músico Português, sobre o seu álbum 1975 https://branmorrighan.com/2014/10/entrevista-xinobi-bruno-cardoso-musico.html https://branmorrighan.com/2014/10/entrevista-xinobi-bruno-cardoso-musico.html#respond Wed, 15 Oct 2014 17:01:00 +0000 Existem nomes incontornáveis nas mais diversas áreas de interessa. Em cada tipo de arte, mesmo nos sub-géneros, a citação de certos nomes desperta logo a nossa memória, até mesmo quando nunca tivemos um contacto directo com eles. Xinobi é um deles. Para além de uma referência no que toca à música electrónica portuguesa, Bruno Cardoso, que dá vida a Xinobi, é também já um nome sonante no estrangeiro e uma inspiração para quem começa agora a dar os primeiros passos neste género musical. É também um dos “bosses” da Discotexas que muitos discos tem ajudado a produzir e, com isso, contribuído para a riqueza musical que Portugal atravessa neste momento. Após anos a lançar apenas singles, eis que finalmente foram reunidas as condições para ser lançado o seu primeiro disco de longa duração, 1975, que é uma delícia de se ouvir. Mesmo com a sua agenda super preenchida, o Bruno aceitou responder a algumas perguntas e a próxima Playlist da Quinzena, a começar amanhã, será também da sua autoria. Entretanto, fiquem a saber mais sobre o seu eu artístico – Xinobi.

Bruno, fala-nos dessa tua obsessão pela música. O que seria da tua vida sem ela?

Tudo o que faço gira em volta de música e raramente tenho silêncio absoluto em casa. Há sempre algo a tocar. Duvido que quisesse ou conseguisse viver uma vida sem música. Se a música não existisse de todo ou a inventava ou ficaria ignorante para sempre – sem sofrimento. Mas, sabendo que ela existe, tomo algumas precauções para não ficar surdo e evito ficar maluco por saber que o meu tempo de vida será insuficiente para usufruir da música que quereria.   

És completamente viciado em discos/vinis. Sabes-nos dizer quantos é que tens e qual deles é que foi o teu primeiro?

Tenho uma colecção relativamente modesta, uns mil. Para alguns coleccionadores este número é residual. Eu acho-o bastante respeitável. O primeiro disco que tive foi, acho, um 7” infantil: “Os Amigos do Sono”, uma canção sobre seres recambiado para a cama pelos papás. Tipo “Bruno, são 10 da noite, andor para dormir.” O primeiro que comprei com dinheiro próprio foi o “Angel Dust” dos Faith No More, se não estou em erro. Entretanto, já tinha convencido os meus pais a comprarem-me uns quantos álbuns. Fossem em K7 (que me era o formato mais conveniente quando era puto – o walkman era a minha cena) ou em cd ou vinil.

Como é que foi o teu percurso até à produção a solo?

Comecei a tentar fazer música em casa logo que comecei a sonhar ter bandas. De modos ultra rudimentares. Tinha um deck duplo que me permitia gravar numa k7 uma guitarra. Depois, punha play nessa k7 a ser gravada por outra no deck 2, enquanto tocava outra guitarra por cima. Era multipista com duas k7s. Cada layer que fazia implicava que a qualidade do que tinha gravado anteriormente se fosse perdendo. Era muito engraçado, mas pensando nas facilidades de hoje, é muito risível também. Mais tarde tive acesso a um computador decente e software que permitia fazer música e comecei a fazer algo mais a sério. Não percebia nada do que andava a fazer, mas é delicioso quando, sem vícios, exploras tecnologias novas e todas as possibilidades do mundo parecem estar totalmente ao teu alcance. Passava tardes na faculdade a fingir que estava a pesquisar sobre uma exposição qualquer de desenhos do Picasso, quando na verdade estava a tentar sacar software com 2 ou 3 megas através de uma ligação de internet medieval. Pondo as coisas nesta perspectiva, acho que comecei a “produzir” a solo antes de ter qualquer banda. Nunca tinha pensado assim.

Mesmo vivendo no mundo da música electrónica, consegues dar um carácter bastante orgânico ao som que produzes. Quais os componentes principais, na tua opinião, para se produzir boa música electrónica sem que perca esse cariz?

Instrumentos “reais”, vozes e pouco artificio são, diria, os componentes que mais facilmente podes destacar. Mas mesmo que uses só software, fugir à perfeição e assumir erros são óptimas formas de transparecer o coração na música que fazes. Se não ajeitares nenhuma nota que tocas num sequenciador, tudo parecerá mais humano. É engraçado que tanta música gravada acusticamente é esmiuçada em pós produção para ficar perfeito, demasiado perfeito. Afinam-se vozes, acertam-se guitarras e baterias e trompetes etc. Depois há quem produza tudo num computador, de raiz, e desconstrua a perfeição matemática de um sequenciador para humanizar o que está a fazer. É um paradoxo interessante.  

Depois de uns quantos singles e um EP, eis que chega o tão esperado primeiro álbum de Longa Duração “1975”. Porquê só agora um primeiro álbum?

Porque só agora reuni motivação e força de vontade suficiente para o fazer a sério, e ultrapassar a insegurança de mostrar um disco inteiro ao mundo. Eu na verdade tenho uns 50 álbuns fechados em discos rígidos aqui por casa. Mas acho que vão estar enterrados para sempre.

O que é que este teu novo trabalho mostra de ti que os anteriores ainda não tinham?

Não sei muito bem. Mas acima de tudo espero que não mostre que devia era manter-me a fazer singles. Ahah. Creio que o álbum manifestamente assume a diversidade de todo o meu trabalho passado e resume-o em 10 músicas. Pode não mostrar nada de extremamente novo, apesar de eu saber que há aqui terreno musical e tiques de produção que eu optei por explorar apenas para as músicas que viria incluir no disco.

Tens expectativas em relação ao mesmo?

Prefiro não as criar, mas investi tanto nele que espero que haja algo de bom que expectar. Mas raramente ponho as minhas expectativas lá no alto. Fico-me pela a ansiedade que tudo isto já me causa.

Internacionalmente já és conhecido, reconhecido e aclamado. Em Portugal parece que só agora se começa a dar os primeiros passos para uma maior valorização da música electrónica. De que forma é que encaras esta disparidade  entre o universo musical português e o estrangeiro?

Eu não tenho bem a certeza se só agora se valoriza mais a música electrónica em Portugal. Estou certo que houve uma fusão de públicos que, talvez consequência da diversidade dos festivais, de plataformas como o Spotify que te sugerem artistas enquanto ouves outros ou de artistas que se tornaram híbridos e uniram sons mais banda com electrónica, esta passou a ser vista como mais do que “martelinhos” como pejorativamente se chamava a tudo o que saía de melhor e pior na música de dança, numa generalização que obviamente deixou muito preconceito.

Da mesma forma que creio que nos últimos 10 anos essa disparidade que falas tenha sucumbido. O que se passa cá é no fundo o que se passa em todo o lado. Com mais ou menos uns meses de atraso. O mundo não é homogéneo, e há tendências que pegam mais nuns países do que em outros, mas se somares grande parte dos festivais que tivemos este verão, tens um cardápio fabuloso, com público dedicadíssimo e com vontade de conhecer, sem grande preconceito, o que há em palco. Mas claro, também há muita merda por aí, e ainda mais lá fora.

Para além de músico, és também produtor e chefe na Discotexas que tem trabalhado com vários artistas. Como é que tem sido essa experiência?

A Discotexas é um pilar crucial da minha vida. Já sofri muito por ela. Basicamente é trabalho de amigos que se dedicam e se desdobram da forma que podem para construírem algo que adoram. Tem sido, claro, uma experiência incrível.

Fora essa parte de produção, a Discotexas também actua em banda e ainda participas, mais o Miguel Vilhena, na actuação em formato banda de Moulinex (Luís Clara Gomes). Quais as tuas melhores memórias dessas actuações e em que medida é que todas estas vivências tem contribuído para o Bruno Cardoso enquanto pessoa e músico?

Tal como a Discotexas enquanto editora, estas bandas e lives, tal como todas as bandas que tive, são constantes lições de vida e são uma cartilha para saberes construir e desenvolver relações com pessoas. Há memórias incriveis. Nunca vou esquecer, por exemplo, um concerto que a Discotexas Band deu numa cidade no México. Chegámos ao soundcheck e a venue estava ainda em construção. Na verdade, estavam a começar a fazer o telhado e víamos entrar vários artefactos de casa de banho e sofás novinhos em folha. Foi super weird. À noite, após 20 minutos de concerto, começou a chover torrencialmente e o telhado, que era de vidro, apesar de terminado, tinha ainda as juntas de silicone a secar, pelo que rapidamente começou a chover lá dentro. Quando dei por mim, tinha alguém com um guarda chuva ao meu lado. Foram buscar vários baldes para ir enchendo nas zonas que pingava mais. Inesquecível. E foi uma grande concerto.

Olhando para o panorama social/cultural português, e enquanto cidadão português, achas que é fácil fazer-se música em Portugal? Mais, achas que é fácil fazer-se o que se gosta?

Até hoje não considerei fazer música que não goste, e ainda que tenha trabalhado a ajudar alguns projectos que me estão fora do meu mundo, não precisei de considerar fazê-lo. Independentemente da minha experiência, creio que é fácil fazer música em Portugal, mas, tal como em todas as profissões, não é necessariamente fácil viver dela. Há que trabalhar muito. Vida de músico não é só borga.  

De que forma é que achas que a música pode/consegue ajudar uma pessoa?

A música é terapêutica. Ajuda-nos a celebrar e acompanha-nos no sofrimento. Tens melodias que te deixam alegre, outras que choram contigo. Tens letras que te fazem questionar a vida, outras que te fazem lembrar que não estás sozinho e ainda te pode ensinar tanto sobre a vida. Pode conferir-te uma consciência social muito rica. A música é multi-disciplinar – tens desde música que serve de papel de parede e que te acompanha quando dás um último penteado ao cabelo num elevador, até música que te mostra o quão complexo é o sistema económico mundial. Por norma a música é a arte mais unânime. Todos se reconhecem facilmente nela.

Se um escritor pegasse no teu disco, 1975, e decidisse escrever um livro, que história é que achas que inspiraria?

A história de um puto meio perdido no mundo, a dar conta da regulamentação do mundo; das normas pelas quais não deseja reger a sua vida; dos cânones sociais que são vigentes e que não se adequam a grande parte dos seus princípios; do superficial e do falso. A história de como ele, nessa conjuntura, contorna o que não quer, em busca de um qualquer sonho só dele.  

Tens hábitos de leitura? Algum autor preferido?

Já li mais. Sou uma das vitimas da distracção constante. Leio em viagem. Adorava filósofos dos fins do séc XX. Debord, Foucault, Lipovetsky, Paul Virilio… Adoro, claro, biografias de músicos e alguns romances pseudo-leves – Coupland, Hornby etc – e até curto alguns daqueles bestsellers de natal, sobre anjos, demónios e petróleo.   

Viajas imenso. Tens algum destino preferido? 

América latina. É um misto de gastronomia incrível, pessoas maravilhosas, aventura e risco.

Adoro a Moldávia também. Nunca percebi porquê, mas sinto-me em casa por lá.

Qual a tua conjugação de prato-bebida preferida?

Tacos Pastor e Horchata. Adorava que houvesse este menu em qualquer tasco em Portugal.  

Por último, que mensagem podes deixar aos leitores do Morrighan?

Amem-se.

Facebookhttps://www.facebook.com/xinobimusic

Opinião do disco «1975»: http://www.branmorrighan.com/2014/10/opiniao-blog-morrighan-1975-de-xinobi.html

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[Música] Xinobi com primeiro disco – “1975” – disponível a partir de hoje https://branmorrighan.com/2014/10/musica-xinobi-com-primeiro-disco-1975.html https://branmorrighan.com/2014/10/musica-xinobi-com-primeiro-disco-1975.html#respond Mon, 06 Oct 2014 11:40:00 +0000

“1975”, O ÁLBUM DE ESTREIA, CHEGA HOJE – SEGUNDA FEIRA 

Depois do primeiro single “Mom and Dad”, o álbum completo de estreia de Xinobi chegou finalmente às lojas e plataformas digitais. Uma viagem pelas influências da deep house, disco, funk, dub e surf guitar em 54 minutos, guiada por um dos fundadores da editora independente Discotexas, nome essencial da música de dança actual.

Xinobi é Bruno Cardoso, um rapaz obcecado pela música que para além de um excelente músico é também produtor. O seu primeiro disco de longa duração, “1975”, é editado pela Discotexas e distribuído pela Universal Music Portugal e podem ouvi-lo nesta lista de reprodução:

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