Salvo pelas Estrelas
Kristine Barnett
Editora: Self
Sinopse: O filho de Kristine Barnett, Jacob, tem um QI mais elevado do que o de Einstein, memória fotográfica e aprendeu cálculo em apenas duas semanas. Aos nove anos, começou a desenvolver uma teoria na área da astrofísica que poderá valer-lhe um Prémio Nobel; e aos doze tornou-se investigador profissional em física quântica.
A jornada de Kristine e Jacob é ainda mais notável porque o autismo quase deitou a perder esta mente brilhante. Kristine foi informada, quando o filho foi diagnosticado aos dois anos de idade, que este poderia nunca vir a ser capaz de se calçar sozinho.
Rodeado de «especialistas» que tentavam forçá-lo a concentrar-se nas suas competências e privá-lo dos seus interesses, que o distraíam dos exercícios que lhe eram impostos, Jacob não fez qualquer progresso, isolando-se cada vez mais, acabou por deixar de falar de todo.
Mas Jacob gostava dos movimentos das sombras nas paredes, das estrelas, dos padrões dos sofás… Contrariando o marido e os pareceres dos especialistas, Kristine seguiu os seus instintos, retirou o filho da educação especial e iniciou, sozinha, uma nova educação. Decidiu seguir a «centelha» de Jacob, as suas paixões, e concentrar-se nas coisas que o filho era capaz de fazer ao invés de se concentrar nas que ele não conseguia. Acreditava no poder da infância e na importância de brincar e esta filosofia ajudou-a a ultrapassar obstáculos enormes.
Trabalho árduo, determinação e uma fé inabalável nos amigos e família, permitiu aos Barnett superar, não só este desafio tremendo, como também as dificuldades financeiras por que passaram e os problemas de saúde graves de Kristine. Os resultados foram muito além do que qualquer pessoa poderia ter imaginado.
Opinião: Não consigo iniciar esta opinião sem declarar, à partida e abertamente, que é um dos melhores livros que alguma vez li. Talvez se deva ao facto de já ter tido contacto com crianças autistas, ou então por apenas ser uma história de esperança, persistência e preserverança sem igual. O que é certo é que esta família tornou-se uma referência, uma fonte de força e um exemplo do que é lutar por algo indo contra tudo e todos, apostando no instinto e remando contra preconceitos obstáculos, tudo com base na força de vontade e no amor.
É-me difícil falar de Salvo pelas Estrelas sem ser assaltada por uma miríade de emoções intensas. Só de imaginar a possibilidade de ter um filho, em que em tenra idade me dizem que não voltará a falar, que não terá capacidade alguma de aprendizagem, levando-me a crer que nada há a fazer por ele… É desesperante! A determinação de Kristine, a sua capacidade de sacrifício, o seu coração gigante e a sua força foram determinantes.
Esta é uma obra que entrelaça os seus dedos nos do leitor e o encaminha por cenários que, para muitos, são desconhecidos. Não só a história de Jacob, com o seu cérebro fascinante, é comovente e inspiradora, como toda a teia de acontecimentos faz com que prendamos a respiração constantemente. É uma história de adversidades, de obstáculos atrás de obstáculos, mas também que reflecte a capacidade do ser humano de, assim esteja disposto a dar tudo, conseguir emergir sempre das cinzas, ficar por cima e grato, sempre com um sorriso nos lábios.
As lágrimas assaltaram-me os olhos diversas vezes. Não só por me ter comovido terrivelmente como de felicidade. Rejubilo quando de alguma maneira tudo se conjuga para mais cedo ou mais tarde alguns sonhos se realizarem. Apesar de me estar a focar nas coisas boas, é importante deixar registado que alguns dos eventos foram completamente devastadores e razão suficiente para muitos enlouquecerem ou ficarem descrentes. No entanto, penso que a lição a tirar deste livro, para além de realista e consumador da realidade tal qual como ela é, com as suas coisas boas e más, é de que com o espírito, amor e convicção certos, somos capazes de tudo. Até de salvar uma pequena criança do mundo do autismo.
Jacob é um miúdo fantástico. Reconheci nele tantas acções e comportamentos de uma criança familiar minha, que fiquei de coração apertado. A sua forma de absorver conhecimento, as tentativas de comunicar com o mundo exterior sem ter ninguém que o compreendesse, a sua interação com as outras crianças e como se apegou verdadeiramente a um amigo, cativam completamente. A empatia é automática e o virar de páginas torna-se frenético. Queremos, a todo custo, que a história termine bem! E termina, dentro do possível.
A escrita é factual, claro, e tão terra a terra que é como se tivéssemos perante Kristine a ouvir o relato. O meu muito obrigada à editora Self por esta oportunidade de leitura. Amei.