Francisco Azevedo
Editora: Porto Editora
Sinopse: A imigração portuguesa no Brasil, no séc. XX, retratada num romance sobre a saga de uma família em busca de um futuro melhor. Ao longo de cem anos acompanhamos as alegrias e tristezas, as discussões e as pazes, as separações e os que são felizes para sempre. Aproveite ao máximo. Família é um prato que, quando se acaba, nunca mais se repete.
Opinião: “Família é prato difícil de preparar. São muitos ingredientes.” – Esta é, para mim, a grande premissa de toda esta magnífica obra. Quando tive a oportunidade de ler as primeiras páginas, ainda antes de ter a obra completa em minha posse, fiquei completamente rendida. Arroz de Palma acabou por se tornar numa leitura autêntica, deliciosa, de, quase literalmente, comer e chorar por mais!
Iniciamos a viagem através da história de José Custódio e Maria Romana que se casam com a benção de um arroz muito especial oferecido por Palma, irmã de José. Este casal, que fica mais de dez anos sem conseguir ter um filho, brevemente descobrirá os poderes do que é que um presente cheio de amor é capaz. O arroz de Palma, tão desprezado por Custódio, será a chave motriz de todo o enredo.
“A felicidade, meu filho, desperta mais inveja que a riqueza.”
É através de António, filho de José e Maria, que nos são relatados os cem anos de uma família, de origem portuguesa, que começou com a benção do arroz de Palma. Palma, esta mulher fantástica e independente, não tem descendência própria, mas é como uma segunda mãe para António e é através dela que ele tanto vai aprendendo, retendo todas as lições que esta prontamente lhe vai ensinando.
Arroz de Palma é uma história familiar, com todos os componentes que as grandes famílias acabam por ter: felicidades, tristezas, desentendimentos, traições, reconciliações, segredos, preferências, revoltas, etc. Contada com uma mestria única, o leitor vai-se rendendo a uma velocidade sem precedentes a toda a trama. A escrita, que ao início me custou um pouco acostumar por estar em português do Brasil, rapidamente se torna um elemento essencial na conjectura do livro.
“Agora não tem volta. Está dito. Se eu pudesse apagar o que está gravado aí na sua mente. Mas, não. A Vida não me dá esta opção. Tudo o que eu disser se somará ao que foi dito. Peso inútil. Mais perigo. Mais risco de desentendimento. Posso afirmar o contrário, posso negar, posso ponderar que não era a minha intenção. Não adianta. O que foi verbalizado não voltará em silêncio para dentro de mim.”
Sem dúvida que esta obra de arte não voltará em silêncio para dentro de mim. Penso que, a seu tempo, a releitura será inevitável e é incrível como ainda não consegui para de recomendar este Arroz de Palma. Uma excelente aposta da Porto Editora que me aqueceu o coração, comoveu e sem dúvida deixou a sua marca em mim. Afinal, uma obra, tal como uma família, “é um prato que, quando se acaba, nunca mais se repete”. Um livro único.