Pede-me o que Quiseres (Pede-me o que Quiseres #1)
Megan Maxwell
Editora: Grupo Planeta
Sinopse: Após a morte do pai, o prestigiado empresário alemão Eric Zimmerman decide viajar até Espanha para supervisionar as filiais da empresa Müller. Nos escritórios centrais de Madrid conhece Judith, uma jovem inteligente e simpática, por quem se enamora de imediato. Judith sucumbe à atracção que o alemão exerce sobre ela e aceita tomar parte nos seus jogos sexuais, repletos de fantasias e erotismo. Com ele aprenderá que todos temos dentro um voyeur, e que as pessoas se dividem em submissos e dominantes… Mas o tempo passa, a relação intensifica-se e Eric começa a temer que o seu segredo seja descoberto, algo que poderia ditar o princípio do fim de uma relação.
Opinião: Megan Maxwell esteve recentemente em Portugal e proporcionou-nos a oportunidade de a conhecermos melhor e às suas obras. Em Espanha o sucesso é estrondoso, lotando autênticos salões de lançamentos e as filas de “guerreiras”, como a autora apelida as suas leitoras, não se fazem de rogadas e todas querem estar em contacto com a escritora. A razão do sucesso? Uma saga erótica que foge à moda do sadomasoquismo e que aborda toda uma componente voyeur ainda pouco explorada nas últimas publicações do género em Portugal.
Os protagonistas, Judith e Eric, não primam em si pela originalidade, mas é antes a escrita da autora e a aura de erotismo que cria à volta dos mesmos que nos faz ficar agarrados à leitura. A aposta explicita no voyeurismo assume aqui o comando do enredo fazendo com que o próprio leitor se sinta nesse papel, em que ao virar de cada página é como se estivéssemos a testemunhar algo que não nos caberia ver. A narrativa começa de forma tradicional, com os dois presos num elevador, para uma futura coincidência que deixa Judith sem saber o que fazer, para pouco depois quase fazer o leitor engasgar-se com o abrir do pano para os cenários eróticos, com Jud a assistir, escondida dentro do seu carro, a uma cena escaldante, a roçar o pornográfico, entre a sua patroa e um colega seu. A partir deste momento, Megan Maxwell não reprime nem um pouco a sua imaginação, apimentado cada vez mais todas as descrições.
Para além do voyeurismo, também o swing é aqui retratado, em tom de oferta do parceiro/parceira a outro(s)/outra(s). Existe a tentativa de separar as águas em que de um lado estão os sentimentos seguros e absolutos, e do outro o prazer carnal e toda a “morbidez” (como está traduzida a excitação sexual para português) a ser vivida. Para Judith, todo este erotismo é uma novidade, as suas relações nunca ultrapassaram muito as barreiras do tradicional e sempre que o tentou fazer foi condenada pelo seu antigo parceiro em que este lhe chamava vadia ou coisas piores. Em Eric ela encontra a libertação de todos os seus desejos, mas também a insegurança e a fragilidade.
Tal como disse anteriormente, o ponto forte deste livro é mesmo a capacidade da autora nos prender ao enredo, talvez pela curiosidade “mórbida” em explorar cenários vistos e vividos por outras pessoas. Tanto o voyeurismo como o swing são práticas reais, em que neste livro a autora optou por deixar bem claro que a exploração da dor física enquanto teaser para se atingir o prazer não é de todo obrigatório ou indispensável, optando por explorar a intensidade das atracções, dos desejos reprimidos e do descobrir-se a si mesmo. Uma obra de leitura rápida e que foge à moda dos livros BDSM.