A Espia do Oriente (Freelancer #2)
Nuno Nepomuceno
Editora: TOPBOOKS
Sinopse: De férias na região, um investigador norte-americano é raptado do hotel onde se encontrava instalado. Uma nova pista sobre um antigo projecto de manipulação genética é descoberta e a Dark Star, uma organização terrorista internacional, está decidida a utilizar os conhecimentos deste cientista para ganhar vantagem.
Contudo, de regresso à Europa, uma das suas operacionais resolve trair o sindicato do crime e oferece-se para trabalhar como agente dupla ao serviço da inteligência britânica. O mistério adensa-se quando esta mulher, de nome de código China Girl, impõe como única condição colaborar com André Marques-Smith, o director do Gabinete de Informação e Imprensa do Ministério dos Negócios Estrangeiros português e espião ocasional.
Obrigados a trabalhar juntos para evitarem um atentado a uma importante líder europeia, uma atmosfera tensa, de suspeição e desconfiança, instala-se de imediato entre os dois. Mas que segredos esconderá esta mulher, cujo próprio nome é uma incógnita? Serão as suas intenções autênticas? Será o espião português capaz de resistir à sua invulgar e exótica beleza?
Opinião: Apresentação feita, elogios trocados, chega a vez de registar a minha aventura pela leitura d’A Espia do Oriente. É o segundo livro da série Freelancer e retoma a aventura iniciada em O Espião Português, antecipando o volume final que ainda está a ser escrito. Os livros podem ser lidos de forma independente, mas é claro que não posso deixar de aconselhar que comecem pelo primeiro e que se deixem seduzir logo pelo André Marques-Smith, um espião que ao mesmo tempo trabalha para o governo português, mas as surpresas não ficam por aqui. E se, por um lado, no volume anterior a vida do André pareceu ficar virada do avesso, por outro a sensação que fica ao terminar A Espia do Oriente é que o primeiro volume foi como um aperitivo em tom de refeição, mas cujo prato principal é agora com André e China Girl lado a lado numa aventura hiperactiva.
Se gostei d’O Espião Português é certo que dei por mim a devorar completamente A Espia do Oriente. O enredo está mais rico, há mais a atrair a atenção do leitor, várias linhas de acção a seguir, sempre bem estruturadas e coerentes, e a sensação de perigo chega a ser vertiginosa. Quais são as verdadeiras motivações das facções que lutam pelos manuscritos? Serão todos tão leais ao que dizem ser? De onde virá a primeira facada nas costas? Como depositar confiança em alguém que já deu provas de traição? E se a dúvida é como um veneno que se alastra, resta arriscar que cada uma das decisões tomadas seja em prol de um antídoto que não sabemos se alguma vez tomaremos.
A narrativa está muito bem construída. Para quem não leu o volume anterior, as peças vão -se encaixando nos tempos certos, sendo que o autor enquadra o leitor de forma subtil e esclarecedora. Desde o início que a tensão está presente entre os dois protagonistas – André e China Girl – e nunca sabemos bem qual será o desfecho que lhes cabe. Temos a espionagem, as missões aparentemente suicidas e o perigo como pano de fundo, mas é na exploração das emoções que A Espia do Oriente ganha ainda mais pontos. Nuno Nepomuceno já começa até a ser conhecido por isso, pelas personagens tão humanas, com todas as forças e fraquezas que cada um transporta em si no seu dia-a-dia, e é raro conseguir importar isso para uma obra literária num género como o thriller sem que a história se torne aborrecida, afinal estamos à espera de uma adrenalina e compulsividade de leitura sem igual. O nosso escritor consegue ambos e fá-lo de forma única, apaixonada. Mais, temos cenários lindíssimos, plena cultura internacional que nos vai sendo apresentada, cuja tentação de ir ao motor de busca procurar por certos locais se tornou impossível de conter e a vontade de os visitar ainda mais.
Nota-se uma clara evolução do primeiro livro para este e não será demais dizer que o preconceito em relação a publicar autores portugueses que escrevam dentro do género policial/thriller/espionagem tem de acabar. Ganhar um prémio literário como o Nuno ganhou e ter dificuldades em publicar um segundo livro quando o primeiro foi um sucesso – com centenas de fãs a aclamar por mais – não se justifica. Não num mercado que importa tanto, por vezes de forma bastante infeliz, tendo pequenas minas no seu próprio país. Deixo uma última nota para as páginas finais que me enfureceram como poucos autores o conseguiram fazer e que me deixou a ferver por iniciar o próximo. Realmente nem tudo o que parece é, por vezes para o bem, outras para o mal. Veremos o que se segue! Recomendo sem restrições, a não ser um “aguenta, coração”! Vão precisar J