Bruxas, Vampiros, Zombies
Convidados:
Pedro Reisinho (Editor da Gailivro)
Luís Corte-Real (Editor da Saída de Emergência)
Joana Neves (Editora da Contraponto)
Sofia Teixeira (Leitora e autora do blogue Bran Morrighan) – Eu mesma 🙂
Moderador: Luís Caetano
Pois bem, para quem ainda não sabia (admito que não fiz questão de divulgar) fui convidada para participar num debate da feira do livro sobre bruxas, vampiros e zombies. Esse debate foi hoje e não correu mal.
O debate começou com o moderador Luís Caetano a falar sobre os vampiros, a moda dos vampiros e este fenómeno Stephenie Meyer. Oscilámos imenso sempre nas mesmas coisas. Vampiros bons, Meyer, ah e tal o que vende são vampiros bonzinhos e o que é bom não se vende. Editoras que metem qualquer tipo de tralha cá fora enquanto outros tentam filtrar um bocado… etc etc etc. Podem consultar neste link (http://www.fallingintoinfinity.com/2010/05/debate-sobre-literatura-fantastica-na.html) uma perspectiva interessante e mais imparcial sobre o debate. Tive muita pena que, quando me abordaram sobre os autores portugueses, logo de seguida mudassem de assunto.
Quando abordei o facto dos nossos autores terem tanta dificuldade em entrar no mercado, que quando entram mal vêem um tostão, ainda pagam parte das suas próprias edições e carecem de revisores e todas essas dificuldades que tenho vindo a conhecer, pelos vistos, isso não serviu para alimentar o debate e, logo de seguida, voltou-se ao mesmo de sempre.
No link anterior tem também link para a gravação do debate.
Perdoem-me a minha triste, ou não, prestação. Foi a primeira vez que estive em algo desta envergadura, foi uma boa experiência, mas fiquei cansada de ver tanta luta editorial e de tanta Stephenie Meyer. Peço desculpa se não fui muito explícita, mas como a gravação está disponível, deixo ao vosso critério as críticas que possam querer fazer. Um obrigado à organização da feira do livro por me ter proporcionado esta oportunidade.
É quase dizer que não vale a pena, Sofia. Eles simplesmente não estão preparados para ouvir umas quantas verdades porque não lhes interessa.
Acho ridículo monopolizar um debate sobre o fantástico a 2 ou 3 autores que, sendo uma delas a Stephenie Meyer, ainda mais ridículo se torna, visto que a senhora foi tudo menos original na concepção da sua obra. Ainda ela era uma simples dona de casa a cuidar dos seus filhinhos, já outras autoras tinham criado o conceito do vampiro bom, vegetariano, ou o que queiram chamar-lhes e com paixonites agudas por humanas. Mas enfim… é o que temos por cá…
De louvar a tua tentativa, ainda assim 😉
Serviu, no entanto, para compreender melhor como realmente pensam os editores em questão.
Como apontei já diversas vezes, apenas o Luís Corte-Real foi totalmente sincero dizendo que quem não acompanha as tendências não consegue sobreviver no mundo editorial. Mas também confessou que apesar de ter que editar alguns livros de menor qualidade, mas que vendem mais, tal lhe permite publicar livros que realmente aprecie, mas que vendem pouco ou até resultam em prejuízo para a editora.
Milene, já falámos tanto sobre isto.. Que dizer mais?
Ricardo: Se era para discutir linhas editoriais e porquês de opções, não me convidavam, não achas? Eu não percebo ponta de editoras, dos seus porquês, eu limito-me a ler. E dos livros que leio mais nem são de nenhuma daquelas editoras. Não achas que é de me sentir desconfortável?
Confesso que não vi o debate e tenho muito pena mesmo. Mas vou aproveitar para fazer um comentário sobre literatura de vampiros. Tenho 30 anos e a primeira vez que venerei hist de vampiros devia ter 12. Desde aí que leio livros dentro dessa temática do fantástico e do oculto me foram seduzindo, mas confesso que entre uma grande outra variedade de temas. Se Drácula de Bram Stoker é como que uma obra prima, há toda uma biblioteca de livros muito bons em que o tema é bem explorado e não se baseia em romances tipicamente "morangos com açúcar" em que o vampiro é bonzinho e apaixona-se pela moça desamparada (pelo contrário, alimenta-se dela e deita-a no lixo). Esta nova onda dos vampiros e os bancos de sangue ou sugadores de animaizinhos da floresta… come on! Claro que li os livros da Stephenie Meyer, por caso antes de saber que vinha aí o filme. Confesso que os li bem, mas não passam de romances, não de livros com vampiros. São mais livros com super-heróis. Mas dentro destas novas novelas, mil vezes o true blood, em que há sangue, há sexo, não há cá infantilidades. Digamos que é Anne rice adaptada às novas gerações. Acho que o que podemos agradecer aos livros do twilight e respectivos filmes foi a abertura do mercado a este tipo de livros e finalmente à publicação de histórias escritas por autores portugueses. Lamento que a discussão/debate tenha sido como tu descreveste, mas sabes que até a feira do livro é comercial e tem de se falar do que o povo gosta de ouvir… e neste momento é de Bela e seus dois amores.
Talvez Anónimo, talvez…
Eu por acaso entrei no fantástico mais através da Marion Zimmber Bradley, Bram Stoker e Juliet Marillier. Depois vieram os filmes reaviver Tolkien e Anne Rice…
Mas gostos são gostos e eles só gostam do que é deles porque o que é deles é que é bom 😉
É compreensível que te tenhas sentido assim, mas acho que o problema não está em terem falado da sua perspectiva editorial, que me parece interessante, mas sim tal perspectiva ter dominado praticamente todo o debate. Havia tempo para abordar outros pontos de vista, e é também por isso que mantenho a minha opinião de que faltava no debate um elemento para representar os escritores.
Com pena minha, não consegui assistir ao debate. Infelizmente, o debate parecer ter-se centrado no mesmo de sempre: vampiros (quando o tema também se relacionava com bruxas e zombies). Sofia, como a Milene disse, foi de louvar a tua tentativa e tenho a certeza que defendeste bem os leitores e nós, autores nacionais. Por isso, da minha parte, o meu obrigado por nos representares 😉
Faltou um representante real dos escritores. Mas como ao que parece só as modas internacionais é que interessam… Nós, mais parece, não temos personalidade literária 😉
é pena que o debate tenha sido conduzido tanto para o mundo vampirico, especialmente SM… há tanto para falar sobre estes tres temas … :/ não obstante, espero que tenha corrido bem.
É tammbém pena minha que não se tenha dado a importância devida aos autore portugueses desta área.. eu já aprendi que eles têm qualidade e esta qualidade deveria ser mais publicitada e também valorizada…
Enfim, agora o dinheiro é o mais importante e o "bom" portugues olha semprepara o que vem de fora, deixando de parte o produto portugues, muitas vezes um diamante por lapidar que, com a devida valorização e atenção chegaria longe…
bjinhos
Bem Sofia,
não vale a pena grandes discursos, ouvi o suficiente… e o nome em 2 minutos repete enne vezes, apesar de ter os livros dela todos, não olha para um "Deus" mas enfim… Tanto escritor bom por aí, e mesmo cá os nacionais, tenho lido e gostado bastante, mas prontos atingiu o ponto de quase um mito, a culpa também foi do cinema, não está só no mundo do "livro", o difícil foi atingir o que ela atingiu, agora nem que não seja nada demais, ganhou a fama e agora ninguém a tira…
Tentas-te, sem sucesso, mas valeu imenso a tentativa e a intenção 😉
Bom trabalho e continua!
Um dia destes escrevo uma história, e não de vampiros, vivo num mundo muito próprio escondido à anos, que um dia "sai pra fora" lol
É o costume, cada um vende o seu peixe em vez de construírem um debate interessante sobre o tema.
Infelizmente vê-se muito disso em debates literários.
O que é uma pena já que o paranormal (high fantasy, low fantasy, dark fantasy) tem um imenso potencial e não falo só de bruxas, vampiro e zombies mas de todo o espectro de criaturas mitológicas.
Mas enfim, os únicos que se devem sentir envergonhados são os editores.
Continua a fazer o que tens feito com o teu blog e suscita o debate dentro dos teus próprios termos.
Aliás tendo em conta a quantidade de autores portugueses dentro do género mais vale sermos nós a incentivar o debate.
Acho que da intervenção do Luís Corte-Real se consegue retirar o essencial.
Os editores nacionais entram na onda internacional de publicar alguns livros como tentativa de chegar ao lucro, mesmo que os livros sejam deploráveis. Precisamente porque o valor acrescido do marketing é eficaz numa determinada camada de leitores.
Aos portugueses, infelizmente sem essa capacidade de marketing, resta-lhes a possibilidade de serem excelentes se querem ser publicados; possibilidade que infelizmente não se verifica em quase nenhum dos autores nacionais.
Podem argumentar que esses autores não tiveram espaço para evoluir, mas aí é outra discussão…
Bjs e abraços,
Rogério
Infelizmente, também nãu pude ir. Primeiro porque a essa hora ainda estava a trabalhar. Depois, porque só soube no próprio dia… depois do debate (tenho de tomar mais atenção).
Bom, estou a ler a saga mais badalada do momento e, apesar de até estar a gostar, realmente não a acho transcendente. Porém, devido a todo o furor que há à volta dela, não me admirou que tivesse monopolizado o debate.
Também não me espanta o facto do tema "autores portugueses e as dificuldades que eles enfrentam de momento" ter sido rapidamente posto de lado. Há coisas incomodas de que não se gosta (convém?) falar.
Acho que de facto por muita discussão que haja dentro desses ciclos nunca se vai passar da eterna discussão do "qualidade" vs. "quantidade". Acho que em vez disso, se discutissem os livros em si, ajudavam mais pessoas.
Que a SM não é nada de original, nem nada demais já toda a gente sabe. Mas vende. C'est la vie! Acho que não nos podemos queixar muito. Sempre que vou à FNAC os livros portugueses não estão propriamente escondidos. Tenho mais dificuldade em arranjar um livro em inglês, do que um livro de fantasia portuguesa.
Mesmo assim acho que as Editoras Portuguesas andam obcecadas com a figura do "coitadinho": coitadinhos o nosso mercado é pequeno, coitadinhos não existem escritores de jeito tudo o que vier à rede é peixe (e ainda temos de dar graças); "coitadinhos" que o preço do livro tem de estar caro, porque temos de publicar edições com qualidade (muitas vezes de autores sem a mesma) – no pwn aos portugueses intended.
Mesmo assim como raramente compro livros em português não me queixo do mercado (porque não me afecta).
Para verem o quão mau o mercado está: a edição portuguesa do novo livro da S.M. ao mesmo tempo que a edição inglesa será lançada. Em contrapartida se quiser pesquisar o romance de Effi Briest ou outro livro de Thomas Mann numa FNAC sou capaz de ter de esperar 1 mês ou mais até o livro chegar.
Mas entende-se este sacrifício. Effi Briest é um livro tão chato e os livros da Stephenie Meyer já vão dar aso a peluches, chávenas de chá e ainda pulseiras e colares. Enquanto a pobre da Effi Briest só tem um monte de páginas.
As editoras e a Literatura vive destes sacrifícios momentâneo. (end of sarcasm)
Tirei um tempinho para ouvir o debate!
Defendeste bravamente o teu ponto de vista!
Inacreditável como o tema vampiros SM ocupou quase o tempo todo de antena. Os livros dela lêem-se bem mas não percebo tanto alarido! O Mundo fantástico tem muitos outros para oferecer como George Martin e Tolkien e os autores portugueses que tão bem defendeste. Confesso que essa é uma das minhas lacunas, a literatura portuguesa comtemporrânea… mas os livros portugueses são muito difíceis de encontrar aqui na minha cidade.Tenho de os mandar buscar o que é inadmíssivel. Há dinheiro para trazer livros de autores estrangeiros e não há para os livros portugueses.
Continua o excelente trabalho Sofia!!!!
Bem, todos falam do Dracula do Stoker mas ninguem fala numa novela do escritor Sheridan Le Fanu que foi uma das principais influencias para o amigo Bram Stoker escrever o Dracula. Falo da novela Carmilla.
Já agora, que tal tambem referirem o livro Salem's Lot do Stephen King (já que se falou de literatura vampirica) que é bem melhor que todas as porcarias (minha opinião) que a Stephenie Meyer escreveu?
Ouvi a primeira parte do debate no Youtube e achei que faltava falar sobre muita coisa. Mesmo assim melhor do que nada e acredito que o tempo deva ter sido limitado.
Ass.: Matusalem
A primeira parte mostra muito pouco, o debate melhora após a fase inicial.
Pessoal, muito obrigado pelos vossos comentários.
Quer concorde com todos ou não, fico contente que cada uma vá tirando as suas conclusões mesmo sem saber todos os conflitos que existem no mundo editorial e que, infelizmente, começo a ter consciência.
Tatiana – Sabes, não interessa dar muito valor aos autores portugueses (na óptica dos editores), porquê? Bem, a minha opinião é suspeita porque eu consigo reconhecer que temos valor cá dentro, mas de que vale? Os autores portugueses não têm precedentes que justifiquem os investimentos das editoras da mesma maneira que estas investem naqueles bestsellers internacionais… Mas então, quando é que os autores os vão criar?
Clube Dos Livros – Tudo vale a pena quando a alma não é pequena!! E a minha não o é de certeza.
Vitor Frazão – Vitor, Vitor.. Eu acho que realmente era de valor, conseguir juntar duas ou três editoras, uns quantos autores jovens e mais dois ou três leitores. Isto sim, seria um debate justo e equilibrado. Talvez até com mais pessoas. Mas nunca poderia ser só de uma hora e nunca poderia ser monopolizado num só tema como aquele foi. A Stephanie Meyer há-de morrer e rebolar no túmulo por se continuar a falar dela.
Rogério – Tu gostaste de ver a luta editorial, gostaste de os ver discutir e ainda achaste que eu estava lá meramente como leitor-arquétipo do fantástico apesar de, nas tuas palavras, ter tentado ser mais. Epah, tendo um blog de autores portugueses e lendo basicamente só livros nacionais, não sei porque é que me convidaram para aquele debate. Afinal estavam à espera do quê? Que eu fosse para lá concordar com tudo?
A Contraponto nem fantasia em condições tem… Onde ficou a presença que tem uma colecção só de fantasia?
Mas como em tudo na vida, depende do ponto de vista.
SkyStorm – Claro que não convém falar. Quais seriam as justificações? Que não são bons? Há tanta porcaria internacional a ser publicada com grande sucesso. LOL..
Adeselna Davies – É o que eu digo.. A mulher há-de morrer e andar a rebolar no túmulo e ainda ser a rainha da noite…
Jojo – Muito obrigado minha querida, mas acredita que grande parte da audiência e pelos vistos da mesa, só queriam que eu fosse para lá dizer que sim e que eles têm razão. O eu ter mudado de assunto não agradou a muita gente 😉
Blessed be all
Pois, ora aí está uma suspeita que sou obrigada a me resignar… não lhes convém investirem em autores portugueses, apenas àqueles como JRS ou Saramago (dois pequenos exemplos) e eu tenho muita pena disso! é inaceitável que o nosso povo, e em muito por causa das editoras, continue a olhar só para livros de estrangeiros, não digo que sejam maus, muitos são bons e adoro! Mas convenhamos, há muita tralha estrangeira que entra e que é bem pior que autores portugueses… Lá está… a economia a trabalhar.
Se elas investissem em autores portugueses e isto com boas revisões, edições, publicidade e etc., até seriam mais capazes de chamar a atenção estrangeira para o nosso produto e, quem sabe, não vender os direitos para traduções em outros países.
Mas pronto, eu acho que o problema vem de trás. Vem da mentalidade de o estrangeiro é que é bom, o produto estrangeiro é que é bom… blá blá blá… é mentalidade de palha que não deixa avançar o nosso país… até o governo, como governo que é (tambén não é lá muito bom exemplo -.-‘), deveria de comprar material aos portugueses mas vemos o quê? Para as campanhas vão comprar lápis, canetas, chapéus, bandeiras aos nossos vizinhos. Ora eu acho isto de um gozo incomensurável para com o povo português perfeitamente capaz de produzir as coisas com imensa qualidade.