Galo Cant’Às Duas são Gonçalo Alegre e Hugo Cardoso. Há uns meses atrás lançaram o seu primeiro disco – Os Anjos Também Cantam – e desde então que andava à espera de uma oportunidade para estar com eles e falar um pouco sobre o seu trabalho. Primeiramente divulguei o trabalho deles aqui, e na semana passada escrevi mais um pouco aqui. Chega agora a (pobre) entrevista, por mail, mas com a rica intenção de que se interessem por eles, que os sigam, que os acompanhem e que sejamos todos galos e anjos felizes e cantantes.
Vou deixar de parte as introduções formais (já que os links anteriormente referidos já constam isso tudo) e vamos directamente ao assunto. Os Anjos Também Cantam é o nome do vosso primeiro longa-duração. Que relação é que os Anjos têm com os Galos? 😊
Não chega a haver propriamente uma relação, visto que os Anjos e os Galos fazem parte de um espírito só. É como se fosse o lado direito e esquerdo dos Seres Humanos.
Agora fora de brincadeiras, que relação é que vocês estabelecem entre o título do disco e o tipo de música que produziram?
Está relacionado com o tipo de texturas que exploramos. Tanto vamos à brutalidade individual e colectiva como a sonoridades mais celestiais, mais abertas. Queríamos também provar ás pessoas que não são só os Galos que Cantam, os Anjos também. E com isto concluímos que se os Anjos Cantam, os Galos também Voam.
Que instrumentos, e qual a vossa relação original com eles, é que usaram nestas composições?
Usamos todos os instrumentos que achamos necessários quando compomos determinado tema. Sempre tivemos todas as hipóteses em aberto, é o que dá mais gozo neste mundo que é a música. Começámos com contrabaixo e bateria, e neste momento estamos com baixo eléctrico, guitarra acústica, contrabaixo, bateria, percussões e tudo aquilo que está na alma de cada instrumento. Decidimos mais tarde também introduzir vozes, o que foi um grande desafio para nós. É optimo estarmos constantemente à procura do desconforto.
Foram apenas instrumentos de estúdio ou também se inspiraram em sons ou movimentos exteriores?
Toda a nossa inspiração vem de tudo o que nos rodeia, directa ou indirectamente. Através dos instrumentos chamados convencionais existe a capacidade de ver para além do óbvio.
Também usaram a voz para um vibrante “Seremos todos nada”. É esta a conclusão a que querem chegar com este final de disco?
É a conclusão que acabamos por tirar da vida ahahahahahah. Não que sejamos pessoas assim com tanta experiência de vida, mas a que temos até agora leva-nos a este porto. Não é dito de uma maneira negativa, pelo contrário. Somos apenas uma entre centenas de espécies de Seres Vivos que têm o dever de não dar demasiada importância ao que não acrescente nada nas nossas vidas. Não é por acaso que dizemos ser Seres racionais, vamos então aproveitarmo-nos disto da melhor maneira.
E Viseu, que papel é que tem no meio disto tudo?
Viseu é a cidade onde neste momento estamos. É uma cidade que nos oferece algumas vantagens por ser uma cidade pequena. Temos um grupo todo jeitoso de amigos que adoramos e que nos ajudam em tudo o que é necessário, inclusive, claro, o Nosso Galo. É óptimo sentirmos toda a energia desta cidade e analisar que está a evoluir a olhos vistos. Dá-nos ainda mais força e vontade de lutar por aquilo que acreditamos.
No que toca à produção, quão importante foi para vocês escolherem o local onde gravaram o disco? (No vosso caso no HAUS)
Admiramos bastante o trabalho da malta do HAUS, toda a estrutura que foram construindo durante estes anos é fruto de um árduo trabalho. Acabam por ser uma influência para nós a este nível. O Fábio Jevelim e o Makoto foram quem nos produziu e ajudaram-nos/ajudam-nos bastante a perceber certos pormenores na nossa música e no nosso mercado. Foi muito importante termos passado por lá.
No vosso material promocional consta que todo este trabalho tem um cariz sensorial. Também as fotografias e o vídeo estão muito bem cuidados a nível estético. É uma preocupação associar este tipo de carimbo à vossa identidade?
Felizmente, como já referimos, temos óptimos amigos que nos dão bastantes opiniões e ideias, depois é saber filtrar toda a informação. A Joana Linhares e a Maria Fox têm sido muito importantes no que diz respeito à imagem. Nós sempre tivemos esse cuidado e com estas profissionais a trabalharem connosco torna-se tudo mais fácil.
Marcha dos que Voam (podem saber tudo sobre o vídeo aqui) foi então o vosso primeiro single/vídeo com a realização da Joana e do Jéremy. Quão importante foi essa interacção com eles para o resultado final?
A Joana e o Jéremy já nos conhecem desde o ínicio do Galo. Existe toda uma partilha de informação e ideias que torna as coisas interessantes. Desenvolvemos uma boa ligação enquanto pessoas e está uma boa equipa para seguir caminho.
E estão contentes com o resultado final?
Sem dúvida alguma, estamos bem orgulhosos com o disco. Agora é continuar a viagem.
Já vos disse quais é que eram os meus dois temas (Respira e Partícula) preferidos e na altura comentaram que era engraçado porque coincidiam com os dois temas dos quais tinham histórias engraçadas para contar. Querem partilhá-las com os leitores?
O Galo diz que prefere marcar uma tertúlia para partilhar histórias e Cantares entre todos. Ele é que manda.
E qual o vosso momento mais memorável enquanto banda?
Memorável é todo o conjunto de momentos que vamos passando e nos fazem crescer em todos os aspectos.
O disco só tem pouco mais de 30 minutos, mas os concertos ao vivo acabam por ter sempre mais. O que é que acontece ao vivo que não ouvimos em disco?
Ao vivo existe muita libertação das nossas mentes. Temos uma estrutura mas também muito espaço para improvisarmos. Sentimos que somos pessoas com bastantes ferramentas musicais, é só libertarmos o que nos está a correr nas veias em determinada altura e groovar ahahahahah.
Para o resto de 2017, o que é que nos aguarda de Galo Cant’Às Duas?
Temos alguns planos bonitos que serão falados na altura mais brilhante. Até lá continuaremos na estrada a partilhar a nossa obra. Estarem atentos no FB é importante.
https://www.facebook.com/galocant.asduas/ |
Fotografias por Joana Linhares