Olá, cá estou eu, como é normal todas as segundas-feiras, altura em que este blog deixa de estar em terceiro para ficar em primeiro. Este fim-de-semana, apesar do mau tempo, foi um fim-de-semana muito positivo. Fui à festa dos sete anos deste maravilhoso blog, festa que se realizou no espaço Maus Hábitos no Porto e que contou com os concertos de Surma, Whales e Azul-Revolto. Bonita festa que ainda ganhou um maior colorido com a vitória do Porto e a possibilidade do Sporting se isolar na liderança, coisa que viria a acontecer no sábado! Mas não foi só o voltar à liderança de forma isolada que tornou este sábado um sábado especial, até porque isso só vai contar se continuar assim até ao final. O que tornou este sábado, dia 13 de Fevereiro, digno de registo foram os quatro anos de Omnichord Records – a impulsionadora editora da cena musical de Leiria. Lembro-me perfeitamente como se fosse hoje do dia em que se começou a desenhar o seu nascimento. Estávamos em 30 de Abril de 2011 e Leiria recebia os Bye Bye Bicycle em mais um episódio do FadeInFestival e como é apanágio da Fade In a primeira parte fica muitas vezes a cargo de bandas de Leiria. Naquele episódio não foi diferente e os escolhidos foram os estreantes Nice Wheather For Ducks (NWFD). Lembro-me do Hugo Ferreira se virar para mim durante o concerto dos NWFD e me dizer que iria fazer uma editora para os lançar, estava completamente maravilhado. Eu confesso que não liguei muito à ideia. Pensei que depois do concerto e com as dificuldades que teria de contornar acabaria por desistir, mas a verdade é que no dia 13 de Fevereiro de 2012 o álbum “Quack” estava pronto. Era então o primeiro dia do resto das vidas de NWFD e Omnichord. Depois seguiram-se os lançamentos de First Breath After Coma (FBAC) e André Barros em 2013. Devo confessar que achei que em 2014 a coisa iria acabar por ali, não por falta de qualidade dos projectos, mas porque via que as coisas estavam a demorar à acontecer. As dificuldades de uma editora que está longe dos centros de decisões de Lisboa e Porto, a juntar à falta de apoios à cultura, característica deste país, eram ingredientes mais que suficientes para a coisa morrer por ali. Provavelmente só não morreu porque o Hugo Ferreira é um apaixonado pela música e por Leiria. Em 2015 a Omnichord ganha um novo fôlego com os Les Crazy Coconuts. Se os NWFD e os FBAC estão na origem da editora, é justo dizer que são os LCC que a lançam para uma nova fase. Uma nova e excitante fase que continua em 2016 com cinco lançamentos: o regresso dos NWFD e FBAC e as estreias de Surma, Whales e Twin Transistors. É esta nova fase que me deixa bastante confiante e com muitas expectativas em relação ao futuro e por isso quando o Hugo me convidou para integrar a estrutura da Omnichord a única coisa que me fez hesitar foi achar se teria capacidade para tal. Ainda continuo com essa dúvida, mas decidi aceitar. A hipótese de poder trabalhar e aprender com pessoas que admiro e gosto e de poder acompanhar o processo criativo das bandas é algo que muito me honra e preenche. Perguntam vocês o que vou fazer eu na estrutura. Bom, o meu primeiro trabalho foi ser taxista da Adriana Jaulino, por isso penso que seja por aí. Não me cabe a mim dizer o que mudou na cena musical Leiriense desde o nascimento da Omnichord, até porque não sou de todo a pessoa indicada para o fazer. O que posso dizer é que agora as bandas de Leiria sabem que se tiverem qualidade e se corresponderem à linha estética desenhada terão mais que uma garagem para tocar, terão alguém para os ajudar num caminho difícil, mas que se formos todos a rumar no mesmo sentido, sem lutas desnecessárias e inúteis, será mais fácil. Quatro anos passados, 8 lançamentos: Nice Weather For Ducks, First Breath After Coma, André Barros (2 discos), Les Crazy Coconuts, Bússola, Few Fingers e Born a Lion, duas compilações e um split vinil. A Omnichord, ao contrário do que eu previa no início, está aqui para durar muitos e bons anos. The Only Truth Is Music.
João Pedrosa