Opinião: Half Bad – Entre o Bem e o Mal de Sally Green

Half Bad – Entre o Bem e o Mal 

Sally Green

Editora: Editorial Presença

Colecção: Via Láctea #114

Sinopse: Na Inglaterra dos nossos dias, bruxos e humanos vivem aparentemente integrados. Na realidade, os bruxos têm a sua própria sociedade secreta, as suas regras e a sua guerra, que divide os Bruxos Brancos, considerados «bons», e os Bruxos Negros, odiados e perseguidos pelos Brancos. O herói, Nathan, é filho de uma Bruxa Branca e de um Bruxo Negro e, portanto, considerado perigoso. Nathan é constantemente vigiado pelo Conselho dos Bruxos Brancos desde que nasceu e aos 16 anos é encarcerado e treinado para matar. Mas Nathan sabe que tem de fugir antes de completar 17 anos e a sua determinação é inabalável. Este é o romance de estreia de Sally Green e o primeiro volume de uma nova trilogia do género fantástico.

Opinião: A Literatura fantástica em Portugal tem atravessado várias modas. Desde os vampiros às bruxas, dos lobisomens aos anjos tal como a forte aposta nas distopias. Half Bad – Entre o Bem e o Mal, poderia ser apenas mais um desses livros, não tivesse Sally Green transformado-o em algo mais, algo maior, quase real. Tudo começa com uma premissa inquietante, um protagonista que nos olha nos olhos e nos fala ao espírito. O seu tormento, a sua determinação, a vontade férrea que promete ultrapassar barreiras. Um bruxo que é um ser humano, um ser humano que no fundo podia ser qualquer um de nós… Não fosse a parte da magia.

Atacando desde já o núcleo da obra, penso que o mais extraordinário é a linha entre o real e o imaginário ser tão ténue. Mesmo sendo uma obra claramente inserida na categoria Fantástico, a verdade é que quase nos abstraímos dessa componente de tão focados que estamos na história em si. Existem momentos de terror quase puro, outros de mero carinho completamente adequados a um jovem de 17 anos, mas o que sobrepõe a tudo é a noção do “Diz-me de quem és filho, dir-te-ei quem és. Os seus erros são agora teus.” É com esta mentalidade que Nathan cresce e aprende a sobreviver, tal e qual tantas situações que ainda se vivem nos dias de hoje. 

Bruxos e humanos convivem pacificamente na maioria das regiões. Os bruxos reconhecem-se entre si, mas andam em escolas com os humanos. É na escola que Nathan se apaixona pela primeira vez por uma Bruxa Branca e que por causa disso acaba por carimbar parte do seu destino. Sendo um código Misto, nem Bruxo Branco, nem Bruxo Negro, o Concelho não lhe dá descanso, convocando-o regularmente para novos inquéritos, nova bateria de perguntas à qual ele responde sempre com o seu silêncio. Até ao dia em o Concelho decide que ele deve ter uma nova tutora, Celia, que irá tomar conta dele e ensiná-lo até ao dia em que completar 17 anos, em que é suposto receber as três dádivas e ficar definitivamente definido se é Bruxo Branco ou Negro. Celia foi das personagens que mais gostei. Severa, previsivelmente exigente e má, mas que aos poucos ganha outro brilho ao nosso olhar. 

A escrita de Sally Green é poderosa a transmitir emoções. Para além de conseguir dar um bom ritmo à história, em que cada virar de página se torna um vício mais urgente que o anterior, ela criou em Nathan uma personagem tão completa que a partir dele somos levados a reflectir e a reconhecer que o bem e o mal conseguem ser conceitos relativos, que as intenções podem ser subversivas e que laços de sangue serão sempre laços de sangue, independentemente da intensidade das nossas emoções perante outros. Amor e ódio, vingança e libertação, a urgência de uma identidade própria são os motes de Half Bad. Como não podia deixar de ser, a magia/fantasia cai que nem uma luva, sem exagero ou despropósito, para conferir um tom mais magnético e fascinante a toda a trama. Uma belíssima estreia para a escritora Sally Green, fiquei rendida.

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    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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