E agora, o que se segue? [Diário de Bordo XLI] Festa de Aniversário no Musicbox, entre outras coisas

Fotografia por Vera Marmelo

«A foto que refiro é exactamente isso. Mostra uma pessoa tímida mas com carácter forte. És tu!»

Não sabia bem como começar este post. É o primeiro Diário de Bordo de 2015 e já vamos para a terceira semana de Janeiro. Também o título mudou – vários dos acontecimentos que “vinham aí” já aconteceram, mas cheguei a um ponto em que agora a pergunta é “E agora? Que me trará o futuro?”. Não é essa a pergunta que nos fazemos quando nos sentimos em tempos de mudança? Veremos. 

O início de 2015 ficou marcado por uma série de eventos e, antes de ir à passada Sexta-feira que não me sai da memória, quero também contar-vos ou relembrar-vos de outras coisas que também têm significado muito para mim. Para começar, o blogue fez então seis anos no dia 13 de Dezembro de 2014, mas andou em comemorações virtuais até dia 13 de Janeiro – sim, um mês, porque é essa a tradição desde 2012. Como os agradecimentos já foram feitos em post próprio, convido-vos a visitarem este link. Após o desfecho, faltam ainda apurar alguns vencedores, mas o balanço é totalmente positivo. Parceiros satisfeitos, leitores em delírio com os seus prémios… Não me posso mesmo queixar! Muito obrigada a todos os que fizeram parte desta festa virtual!

Isto de ter um blogue pessoal acaba por ser como ter direito a comemorar o aniversário duas vezes por ano. Os mimos que recebi durante o aniversário do blogue, muito direccionados para mim mesma enquanto Sofia Teixeira e depois enquanto autora do Morrighan, chegaram a trazer-me as lágrimas aos olhos. Foi o vídeo do Tio Rex, as mensagens que autores e parceiros me deixaram, e ainda o coração gigante da Vera Marmelo ao perguntar-me se me podia fazer um retrato. Tudo isto já foi relatado, mas acho que agradecer nunca é demais. Podem passar por todos estes marcos seguindo esta ligação

Antes de irmos à festa física propriamente dita, ficam aqui mais duas coisas que penso que ainda não partilhei convosco. Na RTP2 estreou um programa novo de literatura – Contentor 13 – que é, na verdade, o tal Projecto Mistério de que aqui fui falando. Foi a minha estreia em televisão como entrevistadora “fantasma”, mas os três programas que fiz deram-me um gozo do caraças e tenho muito orgulho no trabalho da VideoPlanos, a produtora do mesmo. 

Também o projecto Gerador, que já vai no terceiro número da sua Revista, tem uma pequena contribuição minha. Vai estar nas bancas a partir de dia 21 e lá poderão encontrar uma entrevista com o Mestre Grácio, construtor de guitarras portuguesas, que me deu um gosto enorme fazer. Foi mesmo muito bom entrar dentro daquela oficina e testemunhar o carinho e até o amor com que tratam as guitarras. 

Passemos agora ao que realmente me motivou a escrever este Diário de Bordo – a Festa de Aniversário do blogue no Musicbox. (É que o engraçado disto é que por vezes temos a tendência de pensar que somos super-heróis e que havendo motivação e força de vontade nada nos pára, mas não é bem assim… Depois da noite inesquecível de Sexta-feira, ontem tive jogo à hora de almoço e, se já não andava muito bem fisicamente, hoje acordei com umas dores que só agora me permitem sentar algum tempo à frente do computador para escrever. Mas sabem uma coisa? Valeu, e tem valido, tudo a pena!)

A divulgação e recepção da iniciativa foram fantásticas. Houve outros blogues e sites a divulgarem o aniversário, inclusive passou na própria Vodafone.FM (eu ouvi com os meus próprios ouvidinhos!), e ainda a Revista Sábado fez uma peça sobre os blogues que organizam festas e incluíram o nosso Morrighan como um desses blogues. O meu muito obrigada a todas as plataformas que ajudaram nesta divulgação! Foi uma experiência única, de facto, não estava à espera que dessem tanta atenção ao evento; talvez porque na literatura os blogues sejam muito menos valorizados e a minha experiência seja mais vasta nesse campo… (Mas isso são contas de outro rosário!)

16 de Janeiro de 2015 vai ficar para sempre gravado na minha memória de forma incontornável. Não só marca pela minha estreia na organização de noites de concertos (sim, espero que venham a haver mais!), como também acaba por ser o culminar de um período em que me entreguei à cena musical de alma e coração. Queria que fosse uma noite especial, que significasse alguma coisa para quem estivesse presente e esse cuidado esteve presente desde o primeiro dia em que idealizei esta noite. Desde as bandas ao local, queria que fosse especial para mim, mas que também para eles, protagonistas e casa acolhedora da festa do meu mais querido projecto – o Morrighan.

Fotografia por Nuno Capela

Algumas fotografias já estão disponíveis aqui, mas também esteve lá o fotógrafo Luís Macedo, desde o soundcheck, a registar cada momento. Mais tarde teremos fotos dele também. Tínhamos então um Musicbox mais calmo quando a noite começou, pelas 22h30, mas que rapidamente e começou a compor, acabando por encher e por tornar a moldura humana belíssima. Estiveram presentes tantas pessoas especiais, amigos que já não via há imenso tempo, mas que queriam estar lá para presenciarem o momento, pessoas da indústria que acabaram por ir e que me deram os seus parabéns pela festa, enfim! Eu estava numa pilha de nervos, queria que tudo corresse bem, e estava completamente deslumbrada por realmente a festa estar a acontecer com aquelas pessoas. Quem segue o Morrighan sabe que mais do que um blogue que fala de música é um blogue que vive das minhas emoções, do que sinto ao ler um livro, ouvir uma banda ou até mesmo conhecer certas pessoas – tudo acaba por tomar contornos bastante intensos para mim.

Foi nesse registo intenso que fiquei de peito cheio enquanto a noite de Sexta-feira decorria. Twisted Freak, da família ZirgurArtists, abriu a noite em tom crescendo, tanto a nível de textura musical como de atrevimento. Nunca o tinha visto ao vivo, mas tenho seguido o seu trabalho e foi um prazer vê-lo em palco a aplicar a sua magia na experimentação, desafiando conceitos e etiquetas, abraçando as sonoridades que deseja num jogo constante de conjugações.

O grande estreante desta noite foi o projecto azul-revolto, também ZirgurArtists. Com o primeiro EP – Ouija – lançado já no final de 2014, nunca antes tinham feito uma performance Live, mas foi digno de se ver. Para mim é dos projectos de electrónica que mais pode crescer e evoluir em Portugal. Tendo a oportunidade de convidar bandas para uma noite da minha curadoria, senti-me muito feliz quando eles aceitaram apresentar o seu trabalho na festa de aniversário. Na minha opinião, suspeita, claro, correu muito, muito bem. A coordenação foi boa, mesmo sendo a primeira vez ao vivo, e o trabalho visual, a projecção na tela, esteve sempre em sintonia com a música. Se os apanharem por aí, não percam a oportunidade de os ver! Vale a pena.

The Allstar Project – a banda que ainda hoje quase não acredito que aceitou estar presente. Cabeças de cartaz, os The Allstar Project são uma banda de post-rock que, só para terem uma noção, lá fora são comparados a Mogwai, Explosions in the Sky e afins. A meu ver, são do melhor que já vi e ouvi a nível mundial – e acreditem, já vi bastantes deste género. Há pouco tempo pude vê-los num teatro em Leiria e fiquei completamente vidrada enquanto os ouvia e acompanhava os vídeos conceptuais que ilustram as músicas não cantadas. Podem não ter voz, mas cada música tem uma melodia marcante, uma narrativa que se expande e que se complementa não só com a energia dos músicos em palco como também com as imagens projectadas. Para mim é um pouco complicado colocar em palavras o que sinto de cada vez que os ouço, mas principalmente de cada vez que os vejo. Acho que é uma experiência muito própria. Eu, pessoalmente, fico hipnotizada com as guitarras, com a velocidade alucinante com que por vezes são tocadas, contrastando com a delicadeza do que muitas vezes transmitem. Conjugadas com o baixo e com a bateria, a sonoridade do conjunto expele todo o tipo de emoções – amor, carinho, paixão, felicidade, tristeza, fúria, frustração, determinação e garra. Existe também um tom saudosista, a impossibilidade do possível, a procura, a interrogação. Mas vou parar com os devaneios, isto são tudo interpretações minhas, claro.

É complicado expressar o quão grata  me sinto por ter tido estes excelentes cinco músicos nesta noite tão especial para mim e para o blogue. Bem sei que havia fãs ao magote à espera que voltassem a Lisboa e por isso fico contente por ter contribuído para que isso acontecesse. Sinceramente, quem me dera poder vê-los num palco como o Primavera ou Paredes de Coura. Todos os palcos me têm parecido minúsculos para a dimensão e qualidade destes The Allstar Project que, mesmo sem tocarem com frequência há algum tempo, deram um concerto do caraças!

Fotografia por Vera Marmelo

Não me querendo alongar mais, termino com um último, mas muito especial, obrigada ao Musicbox Lisboa por ter acolhido desde o início esta minha iniciativa. Foi uma experiência de loucos, organizar tudo e mais alguma coisa com eles e com as bandas, mas valeu cada cabelo branco que aposto que está por nascer. Não sei para onde vai o blogue a partir de agora, mas sei que valeu a pena chegar até aqui. Poucos acreditam que faço isto a custo zero, o que se mantém, mas podem acreditar que esse desprendimento e essa “desobrigação” dá todo um outro gosto a tudo o que faço. Talvez por isso seja tão feliz a fazê-lo. Obrigada a todos os que me dão motivação para sair da minha zona de conforto e arriscar em fazer mais! Sim, porque realmente, por incrível que pareça, sou tímida, mas existe uma ferocidade na luta pelo que acredito que me faz disfarçar isso de forma bastante convincente até. Às vezes, pelo menos! Até ao próximo Diário de Bordo 🙂

Por aqui ainda se está…

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  • Sobre

    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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