Opinião: O Nadador, de Joakim Zander

O Nadador

Joakim Zander

Editora: Suma de Letras

Sinopse: Um thriller viciante que não poderá parar de ler. Damasco. Uma noite quente no princípio dos anos 80. Um agente americano entrega a sua bebé a um destino incerto, uma traição que jamais se perdoará e que será o começo de uma fuga de si próprio. Até ao dia em que não pode continuar a esconder-se da verdade e se vê obrigado a tomar uma decisão crucial. Trinta anos depois, Klara Walldéen, uma jovem sueca que trabalha no Parlamento Europeu, vê-se envolvida numa trama de espionagem internacional na qual está implicado Mahmoud Shammosh, o seu antigo amante e ex-membro das forças especiais do exército sueco. Klara e Mahmoud transformam-se no alvo de uma caçada através da Europa, um mundo onde as fronteiras entre países são tão ténues como a linha que separa um aliado de um inimigo, a verdade da mentira, o passado do presente.

Opinião: Dizem que a literatura nórdica não é muito apreciada em Portugal, mas da minha parte tenho de contrariar esta opinião – pelo menos no que toca a policiais e a thrillers nórdicos. Existe sempre uma aura bastante intensa, um tanto cinzenta, talvez a condizer com o próprio clima desses países. No caso de O Nadador, obra de estreia de Joakim Zander, advogado da União Europeia, a curiosidade veio não só por essa característica que normalmente os autores nórdicos conferem às suas obras, como também a espécie de promessa de ser mais do que isso, envolvendo intrigas políticas e quem sabe alguma dose de realidade no que toca ao terrorismo. E o mais engraçado, sem graça nenhuma, é que iniciei esta leitura dois dias antes do ataque em Paris. Coincidências, hein? 

Com um início mais lento, mas um ritmo crescente, a leitura acabou por tomar contornos vertiginosos fazendo com que em certas alturas fosse impossível pousar o livro. A grande razão acaba por ser a oscilação de narrativas, saltando pelas perspectivas das personagens-chave, deixando sempre um rasto de alguma ansiedade para o que vem a seguir. Enquanto por um lado temos uma narrativa linear no tempo presente, por outro lado vamos tendo vislumbres do “Nadador”, desde a explosão que provocou a morte da mulher que amava, e que o obrigou a entregar a filha, até convergir com o presente. 

Sendo uma estreia do autor no que toca a romances, só posso elogiar a audácia e a coragem em arriscar logo com temas tão fortes. A narrativa está muito bem explorada, o enredo é forte, as personagens são muito humanas e faz-nos pensar que talvez existam situações reais não tão diferentes das que são descritas. É um livro que acaba por se tornar bastante diferente de outros que já li precisamente por parecer tão real nas descrições das redes terroristas, como é que o governo americano, e a própria Europa, pode ter tido mão nisso, as comunidades lobistas, a forma sagaz de como os advogados lidam com certas polémicas e, ainda, como é que um passado com envolvimento em equipas de tortura pode afectar de forma irreversível a vida de um agente. 

Para além de toda esta teia engenhosa, Joakim Zander teve a capacidade de ser bem sucedido no que toca às emoções exploradas, inserindo até um pouco de romantismo. O que acabou por me surpreender, neste campo, foi a forma como incluiu a homossexualidade na estrutura da obra. Mais uma dose de realismo que nem por isso destoou da restante estrutura e fluidez da história. Não sendo frequente ler obras sobre espionagem, consigo recomendar, sem problema algum, este livro a quem queira dar oportunidade a uma trama deste género. Volto a reforçar o enredo interessante, as personagens fortes e intensas e um ritmo que a seu tempo nos faz suster a respiração. Gostei. 

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    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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