[DESTAQUE] Galo Cant’às Duas apresentam videoclip “Marcha dos que voam”

Fotografia Joana Linhares

Antes de caminharem para os textos oficiais e para o videoclip, há algo que gostava de deixar, desde já, aqui registado: fiquem atentos a estes dois rapazes! Galo Cant’Às Duas é provavelmente um dos projectos que mais vai marcar o meu 2017 em termos de novidades da música portuguesa. Tive o privilégio de receber o disco com tempo de avanço sobre os comuns mortais e, desde então, o mesmo não tem parado de tocar no meu carro, o único local onde ainda mantenho um leitor de discos (não andasse eu horas e horas de carro). Mais, vocês já conhecem Marcha dos que Voam, agora com videoclip dos meus queridos Joana Linhares e Jeremy Pouivet (que mantêm o projecto Stalking Project e que são dois jovens de um talento imenso), mas as outras três faixas do disco também vão mexer convosco. Aliás, eu tenho de admitir que acho uma certa piada ao nome da música “Respira”, porque no fundo o que sinto é uma libertação imensa de algo que poderia estar asfixiado há demasiado tempo. Este poder de mexer com as emoções, não está ao alcance de qualquer um. Parabéns, Gonçalo e Hugo! E, claro, parabéns Joana e Jeremy, que vídeo tão bem trabalhado! Beijos e até breve! 

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“Marcha dos que Voam” é o videoclip de estreia de “Galo Cant’Às Duas”. A história transporta-nos para a comunhão do Seres com a Natureza, numa procura energética de simbologias e ações.

As personagens interpretam duas metamorfoses do Ser, as crianças, os Seres puros, sem rótulos ou quaisquer preconceitos e o Leão, um Ser forte, sem carga às costas, com certezas para onde quer ir e o que quer atingir. O clip é rodado com 8 crianças. Essas seguem numa procura de cinco partes de um talismã, que, depois de fundidas, ganham a capacidade de levantar voo, de ver para além do óbvio. As cores apoderam-se da mente, conseguindo transcender a própria visão de cada uma.

A realização e produção conta com Joana Linhares e Jeremy Pouivet que desde o início têm acompanhado esta viagem.

Depois do fenómeno quase inexplicável que abalou o rock nacional a norte do país, com Barcelos a fazer as vezes de Laurel Canyon como incubadora dos mais interessantes projectos psicadélicos nacionais, chegou a vez do interior dar cartas. Galo Cant’às Duas é uma ideia de Gonçalo Alegre e Hugo Cardoso, que são de Viseu – e fazem questão de o dizer.


“Os Anjos Também Cantam” é o primeiro trabalho discográfico do duo, mas nem por isso terá pouca projecção editorial. Lançado pela Blitz Records e distribuído pela prestigiada Sony Music Entertainment, o álbum vem confirmar as esperanças já depositadas nos Galo Cant’Às Duas pelas performances ao vivo já conhecidas que não deixavam grande margem para dúvidas quanto à inegável ousadia e virtuosismo do duo.


O carácter improvável e único, quase misterioso, da junção entre os dois músicos se ter dado num encontro artístico isolado da cidade, num local recôndito em Castro Daire, só poderia culminar num som igualmente singular.


Piscam o olho ao pós-rock e ao space rock. Riffs graves são repetidos até penetrarem nos nós cerebrais e finalmente rebentam em clímaxes com tanto de longamente antecipados como de inesperados e surpreendentes.


O uso dos loops facilita a que uma outra nuance seja determinante no som dos Galo Cant’Às Duas: a criação de camadas de som, que o tornam intrincado, complexo e multifacetado. Ainda assim, essa repetição assalta-nos de forma inusitada e pouco usual. Ao contrário dos mui aclamados e também nacionais Memória de Peixe, que fazem uso do loop como método de aglomeração de riffs que acabam por culminar numa explosão de guitarras em duelo de espadas, a percussão de Hugo Cardoso e os instrumentos de cordas de Gonçalo Alegre têm no acumular das camadas de som o seu trunfo para moldar a vibe mais atmosférica e cerebral da banda.


“Os Anjos Também Cantam” é um disco que, intencionalmente ou não, não deixa passar em claro a predilecção pelo cariz sensorial da música criada pelos Galo. É curioso atentar no uso constante do verbo nos títulos: “Os Anjos Também Cantam”, “Marcha dos que Voam” e “Respira” deixam bem vincada a intenção dos Galo Cant’Às Duas convidarem o ouvinte a fazer parte da acção do disco. Fazerem deste álbum de estreia uma experiência, uma viagem.


Se nos focarmos no aspecto sónico, essa viagem será provavelmente associada a um cariz cósmico, espacial. Em “Respira”, por exemplo, os nossos ouvidos são irrompidos por um contrabaixo a fazer lembrar uns saudosos Raindogs, que a juntar ao estado de espírito ambient desta composição nos trazem o momento mais psicadélico e dreamy do disco.


Contudo, virando os holofotes para um prisma mais conceptual, a viagem que este disco pretende representar pode muito bem ser temporal, do passado ao futuro. Pela “capa”, ou neste caso pelo nome do duo, poderíamos ver uma alusão a elementos mais tradicionais, com uma expressão aparentemente tão familiar e quase conservadora como Galo Cant’Às Duas. Mas, abrindo o livro que é este “Os Anjos Também Cantam”, ouvimos meia hora de canções que embora não sejam futuristas nas texturas ou no método, conseguem ser inovadoras e imprevisíveis na sua forma e estrutura. E, a espaços, sublimes.


Os anjos também cantam, diz o nome do disco. O Galo só sentiu o impulso de o fazer na última canção do álbum. Mas nem necessitava: já há muito estávamos acordados.

Escrito Por: Luis Sobrado

Fotografia Joana Linhares

Biografia Galo Cant’às Duas

Galo Cant’às Duas nasceu de um encontro de artes em meio rural, na aldeia da Moita/Castro Daire. Fazendo ambos parte desse encontro de artistas,  Hugo Cardoso e Gonçalo Alegre decidiram avançar para uma jam/concerto em duo onde a bateria, percussões e contrabaixo foram os instrumentos escolhidos para explorarem sonoridades sem qualquer preconceito.

O concerto foi libertador, tanto para os músicos como para o público. As variadas texturas, densidades, dinâmicas, respirações e silêncios fizeram com que o concerto desse a motivação necessária para ambos, um mês mais tarde se fechassem na sala de ensaios a compor. A ideia inicial seria procurar concertos, mas sempre em formato de jam, sem qualquer estrutura ou forma. O principal seria a comunicação entre percussão e contrabaixo.

Com o trabalho diário, as linhas de contrabaixo levaram à necessidade de procurar e encontrar outras sonoridades, como de baixo eléctrico ou guitarra. Os loops e as frases electrónicas foram surgindo de dia para dia e uma estrutura mais concreta apareceu sem uma procura consciente. O principal objectivo foi o não assumir um género/rótulo musical, mas sim a criação de uma história, sim, a criação de uma história onde tudo se liga a tudo e leva a tantas outras coisas. As variadas dinâmicas e densidades foi o que esteve mais presente nas mentes dos dois músicos.

Os concertos começaram a surgir e a sonoridade do Galo, automaticamente, começou a ficar mais concreta. A estrutura mais clara e a comunicação dos dois músicos tornar-se-ia mais coesa e balançada.

Após 9 meses de composição e estrada, Hugo Cardoso e Gonçalo Alegre resolvem gravar “Os Anjos Também Cantam”, o disco de estreia de Galo Cant’às Duas. No estúdio HAUS, durante uma semana, trabalharam com Makoto Yagyu e Fábio Jevelim na gravação, produção, mixagem e masterização do disco com a assistência de Miguel Abelaira. O contacto com estes profissionais e com o próprio ambiente de estúdio faz com que o disco soe mais maduro, expressivo e orgânico. Desde então, a linguagem do Galo transformou-se mais dura, sem tantos floreados. Os concertos são um expulsar de energia rítmica e harmónica, viajando pelas texturas tanto desejadas desde o início do projeto.

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    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

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