Entrevista a Madalena Santos – Escritora Portuguesa

Olá a todos! Hoje tenho mais uma escritora portuguesa para vos apresentar! A simpática Madalena Santos que com a sua agenda incansável só hoje teve um tempinho para me responder! Mas agenda cheia é bom, certo? Penso que para todos os autores isso seja bom sinal e assim o espero que seja e que a Madalena tenha muito sucesso! Passemos então à mini-entrevista com a Madalena Santos!

Sobre a Madalena dito por ela própria:

Os meus amigos dizem que não entendem como consigo gerir a minha agenda com tantas actividades em que me envolvo. Respondo de imediato que é uma questão de gestão de tempo, mas lá confesso que de vez em quando tenho o sono muito pouco em dia…

Apesar de ser uma dessas ocupações, a escrita é a que permite o maior escape ao quotidiano, aquelas horas de devaneio e profundo mergulho noutros mundos onde me expando e me exponho por palavras.

Desde muito cedo procurei dar largas às minhas histórias. Antes de aprender as palavras, era pelo desenho; mais tarde, alguma banda desenhada e muitos textinhos e poemas. A prosa surgiu naturalmente. Comecei a escrever aos doze/treze anos e dediquei-me a uma dimensão paralela cheia de magia e seres imaginários por cerca de três anos, fugindo de vez em quando para os contos de suspense e terror muito sangrentos. Mas estava sempre insatisfeita com o resultado e, aos quinze, larguei tudo para que no meu imaginário reinassem as Terras de Corza. Não deixei de apostar noutras vertentes, como a música, a vida social – nos últimos tempos, a prioridade é criar e dinamizar uma biblioteca na minha freguesia, sendo eu a criadora e coordenadora – e a profissional, que começou no ano passado logo após a conclusão da licenciatura em Direito na Universidade do Porto.

Há dias, ao fim de uns inesquecíveis sete anos em que as Terras de Corza ocuparam continuamente o primeiro plano na escrita, apresentei à Editora o quarto e último livro da saga Terras de Corza, cujo primeiro volume foi publicado em 2006, depois de estar quase um ano na gaveta e os meus pais sugerirem que seria bom conhecer uma opinião profissional. Enviei o original apenas para a (LeYa) Gailivro e enterrei o assunto. Poucos meses mais tarde, a minha vida literária mudou de aspecto.

Estilo e Ritmo de Escrita:

Sou daqueles autores que muito planeiam antes de passar para o texto que será lido. Remexo o esqueleto da intriga em vários ângulos, exploro detalhes, cruzo ideias isoladas, preparo o cenário e entrelaço-o com as personagens e os seus desígnios. Quando é hora de escrever, tenho tudo planeado e sei como vai acabar, mas o enredo está sempre aberto a surpresas com que não contava; por vezes, os caminhos são desviados e resta-me relatar o que as personagens querem e não o que eu lhes reservara. Aí está o momento de maior prazer na escrita.

Não escrevo de um só fôlego. Páro várias vezes para reler, modificar e acrescentar. Há muitos dias de reflexão e preparação para o passo seguinte. Quando dou o ponto finalíssimo, a história já sofreu punhados de revisões e ainda tem outras mais pela frente, o que permite a que haja várias histórias paralelas. Infelizmente não posso escrever todos os dias… A menos que a jornada tivesse mais um par de horas. Mas tenho ocupado mais ou menos o mesmo tempo para cada obra, quando comparo todos os processos de escrita por que já passei.

Influências:

A maior influência é, sem dúvida, a História da Europa do Sul, quando falamos das Terras de Corza – Idade Média, fim do Absolutismo, início da Industrialização e, no livro que vem aí, um período tribal bastante primitivo que posso remeter para a lendária Monarquia de Roma. Muitas semanas são dedicadas exclusivamente à investigação, que, por vezes, resultam em apenas uma ou duas frases no livro. De resto, tudo o que se passa à volta de quem escreve é susceptível de influenciar; em especial, a maneira de ser dos amigos e dos familiares, os contrastes dos humores de quem percorre as nossas ruas, as conversas que se tem em todas as esquinas da vida… Por fim, e não sendo a menor delas, há o trabalho dos escritores. Como nem sei bem em que género posso introduzir os meus livros, também não sei que outros autores escrevem nesse registo e que possam ter-me induzido a tomá-lo como arena da minha imaginação. Mas claramente tomo como ideais os trabalhos de autores como J.R.R.Tolkien, este porque criou um mundo complexo e com uma ordem tão completa, de modo que o leitor sente-se numa “verdadeira realidade”, e Umberto Eco, pois é excepcional no romance histórico e, lá pelo meio, sabe deliciosamente usar pepitas de fantasia.

Que livro mais gostaste de escrever e porquê:

Não há um favorito. São todos especiais à sua maneira, cada um marcou diferentes fases da vida e, visto que são histórias independentes, em que nada os relaciona (nem as personagens, nem o tempo, nem as ambições dos protagonistas) para além de tudo se passar nas Terras de Corza e, consequentemente, haver legados a enriquecer a “História” daquele mundo, ainda mais difícil será comparar e forçá-los a enfileirar-se no pódio. Além de que, mesmo mantendo o mesmo método, houve nuances a que os diversos enredos me obrigaram quando faziam parte do meu dia.

Projectos para o futuro:

A minha intenção é continuar no mesmo género nos próximos trabalhos. Algumas ideias já surgiram e ainda preciso de estudá-las. Se volto às Terras de Corza? Creio que não, pelo menos no futuro próximo. Contudo, há sempre a probabilidade de, como me marcaram tanto, voltarem a enfeitiçar-me…

O que dirias a alguém que está agora a começar como autor:

O primeiro e grande conselho é ler, ler muito. A leitura transporta-nos até mundos que de outro modo não conheceríamos, ensina-nos a controlar emoções e a saber passá-las para o papel, faz-nos reflectir, questionar e alargar horizontes. Todas as benesses da leitura são vitais para quem escreve. Logo de seguida, está a dedicação: é preciso tempo, paciência, objectividade e saber ser-se crítico de si próprio. Não vacilar, quando algo não parece tão bom quanto se quer, pois o perfeccionismo é um requisito na hora em que o leitor vai dar a sua opinião. Só no momento em que sorrimos para a obra, porque graças a ela estamos a contar algo novo e especial, é que se pode estar certo de que se escreveu… de que se criou.

Livros publicados:

Décimo Terceiro Poder

Si­nopse: Ne­ferlöen é uma jovem don­zela, filha adop­tiva do Rei de Le­vi­onda, que, face a um ini­migo sem rosto, vê-se su­bi­ta­mente pro­mo­vida a re­pre­sen­tante do seu tutor nas terras do sul do Reino. Sem nunca deixar a sua fa­ceta fe­mi­nina, afirma-​se uma di­plo­mata num mundo de ho­mens e uma au­tên­tica guer­reira de es­pada em riste. Con­segue, com a sua pe­rícia, con­ci­liar as am­bi­ções dos vá­rios tronos das Terras de Corza e o seu des­tino será de­fi­nido pelo se­gredo da sua pa­ter­ni­dade.

A Coroa de Sangue

Si­nopse: Eiron, so­brinho do conde de Am­broc, luta para se li­vrar das ma­ni­pu­la­ções que ex­pe­ri­men­tara até à morte do seu tio. Porém, o jogo de in­fluên­cias não ter­mina pe­rante o lugar vago no trono e, sem se con­formar, é exi­lado. Longe dos ten­tá­culos dos cons­pi­ra­dores, pro­voca uma au­tên­tica guerra civil para re­velar o se­gredo he­di­ondo do re­gi­cídio. Con­tudo, não será capaz de se de­sem­ba­raçar do le­gado san­grento das suas raízes…

As Tribos do Sul

Sinopse: O novo ho­ri­zonte de­cora uma época de mu­dança; os pri­meiros au­to­mó­veis pas­seiam-​se em ci­dades de cha­minés fu­me­gantes, que gritam por mais re­cursos, para um maior pro­gresso. Pela pri­meira vez, as Terras de Corza galgam as suas fron­teiras, nessa busca fre­né­tica, cru­zando-​se com os povos do Sul, que, ainda amando a na­tu­reza virgem, er­guem de­fesas de­ses­pe­radas. Ty­rawen, filha de um De­pu­tado, faz parte da vaga de ex­plo­ra­dores, mas, quando menos es­pera, a ex­pe­ri­ência de um rapto al­tera-​lhe o rumo: uma pro­messa por cum­prir fá-la en­tregar-​se ao mis­ti­cismo das tribos, que a con­verte na re­pre­sen­tação de uma di­vin­dade. As Terras de Corza pre­tendem des­cre­di­bi­lizá-​la; mas serão ca­pazes de negar a força das crenças pri­mi­tivas? O fu­turo irá traçar-​se res­pei­tando os mais an­tigos ou der­ru­bando uma ci­vi­li­zação…

Toda a informação a mais que pretendam descobrir, podem encontrá-la no site da autora que está super completo.

Site de Madalena Santos

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  • Sobre

    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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