Morreu João Aguiar, romancista e autor de séries de televisão

Poderia dizer que é com tristeza que dou esta noticia, mas para mim a morte não é o fim. João de Aguiar pode ter morrido, o seu coração pode ter parado de bater, mas a sua alma continua o seu ciclo infindável na roda da vida. Que a sua missão tenha sido cumprida.
Deixo agora o texto transcrito do site da sic.

João Casimiro Namorado de Aguiar nasceu em 28 de outubro de 1943 e viveu a infância entre Lisboa, cidade natal, e a Beira, em Moçambique. A mãe ensinou-o a ler para mantê-lo sossegado na cama, durante um longo período de doença, e de leitor interessado passou rapidamente a aspirante a escritor.

Aos oito anos, tentou ditar um livro de aventuras à irmã Maria João mas o sentido crítico dela arrasou-lhe as pretensões. Insistiu com novas obras que foi deitando para o lixo e teve mesmo um “primeiro” livro que só não viu a luz do dia porque a editora faliu antes. Só depois dos 40 anos publicou o primeiro romance, na Perspetivas & Realidades de João Soares: “A Voz dos Deuses”, uma ficção histórica centrada na figura de Viriato.

Seguiram-se duas dezenas de romances que o levaram a estudar a história mais remota de Portugal — regressou aos primórdios para falar de Sertório e publicou até um trabalho não ficcionado sobre o menino do Lapedo. Viajou para Macau com a ficção para escrever “Os Comedores de Pérolas” e “O Dragão de Fumo”.

Pelo meio, João Aguiar criou duas séries destinadas ao público mais jovem — “Sebastião e os Mundos Secretos” e o “Bando dos Quatro”, no qual ele próprio figura na personagem do Tio João. Fez também o libreto para a ópera “A Orquídea Branca” de Jorge Salgueiro, estreada em 2008.

A doença que veio a provocar-lhe a morte impediu-o de concluir o livro que preparava sobre a revolução de 1383.

João Aguiar frequentou em Lisboa os cursos superiores de Direito e Filosofia mas foi em Bruxelas que se licenciou em Jornalismo, profissão que entretanto tinha começado a exercer. Na Bélgica, fez um pouco de tudo, desde lavar escadas a trabalhar no Turismo de Portugal.

De regresso a Portugal, fez o serviço militar e uma comissão em Angola no sector da ação psicológica, produzindo rádio para as tropas.

Considerou-se sempre jornalista, mesmo passados largos anos desde que abandonara a actividade profissional. Começou pela RTP — onde também coordenou uma série da Rua Sésamo – e passou depois por jornais como Diário de Notícias, A Luta, O País. Fez rádio no Canadá, onde trabalhou com Henrique Mendes.

Dizia-se um “monárquico não tradicionalista”, justificava-o “por uma questão pragmática”. O último romance que publicou — “O Priorado do Cifrão” — era uma “charge” ao mundo criado por Dan Brown.

Numa autobiografia irónica que escreveu para o jornal de Letras em 2005, João Aguiar concluía: “A minha vida não dava um livro, e ainda bem. Em compensação, o facto de os meus livros darem uma vida — boa ou má, não importa para o caso — , esse facto devo-o, em grande parte, aos momentos de não-glória que acabo de relatar. E estou-lhes muito grato.”

(Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico)Lusa

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    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

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