Carlos J. Barros
Editora:Fronteira do Caos
Nº de Páginas:214
Sinopse:“O Ladrão de Livros” é um convite a uma meditação interior, a uma viagem pela nossa solidão, com um destino bem definido – a nossa redescoberta. É ténue a fronteira entre o sonho e a realidade. Realidade que nos conduz a uma paz e nos ensina a sorrir para a vida, independentemente das circunstâncias, dos nossos recalcamentos, dos nossos fantasmas…
Opinião:Após a leitura dos primeiros parágrafos, nada fazia prever o quanto acabei por gostar deste livro. Em poucas palavras, O Ladrão de Livros é uma delícia, um pouco complexa, mas extremamente saborosa.
No início, a leitura foi um pouco difícil. Não que estivesse mal escrito, mas a formatação escolhida para o texto, penso que não foi a mais adequada. Parágrafos com contextos diferentes não estão espaçados, o que faz com que de repente nos percamos na história. Mas tendo consciência deste tipo de formatação, começamos a não estranhar tanto quanto de repente mudamos de cenário.
Fora este pequeno pormenor, opção que acho que a editora devia rever, o livro está extremamente bem escrito, num português delicado que dá gosto ler.
O Ladrão de Livros mostra-nos duas histórias paralelas, a de uma mulher e a de um homem. O que têm em comum é o livro que lêem. O livro chama-se Linhas Paralelas e por mais que o leiam, querem sempre continuar a lê-lo e a cada leitura, eles não reconhecem as palavras. É como se o livro fosse constantemente reescrito. E o mais engraçado, é que a capa do livro muda. Umas vezes está todo colorido, outras vezes está metade colorido metade cinzento. Este livro que lêem, fala de duas pessoas que estão destinadas, mas que nunca se cruzam. Mesmo percorrendo as mesmas ruas, os mesmo locais, passam sempre paralelamente um ao outro sem nunca se cruzarem. Um livro extramamente curioso.
Mais do que um romance, este livro obriga-nos a uma introspeção enorme, a vermos o que realmente importa, se damos valor ao que deviamos, ajuda-nos, essencialmente, a revermos a nossa identidade.
As histórias de David e Matilde, são bastante diferentes uma da outra e ao mesmo tempo bastante parecidas. Com uma escrita elegante e profunda, apegamo-nos a estas duas personagens e só queremos continuar a ler para ver o que acontece a seguir. Mesmo nada o prevendo, será que algum dia as suas linhas se irão cruzar?
Além de a história ser mesmo muito boa, o final do livro é muito surpreendente e leva-nos a reflectir ainda mais. Gostei muito dos momentos que este livro me proporcionou. Para além de não ser de fantasia, género que tenho bebido bastante, conseguiu surpreender-me com a sua sensibilidade e profundidade. Um livro que não ficava nada mal em todas as bibliotecas. Recomendo este livro sem reservas nenhumas.
Deixo um excerto disponibilizado no site da editora:
“Quando ‘acordou’ daquela letargia devidamente explicável, já o rapaz ia a uma distância razoável, seguiu-o. Pelo caminho ia roubando a fragrância que se desprendia dele, um perfume que bem conhecia, rompia com todos os protocolos conhecidos – docemente amargo, quando se perdia pela solidão e vertiginosamente salgado, quando planava sobre a ilusão. Pertencia-lhe aquela fórmula da sua própria existência, não tinha dúvidas de que a vida sobreviveria a mais um salto sobre a sua própria imagem – meio gelada, meio a arder – de sobrevivente. Desceu uma rua acentuada e viu o seu ‘vulto’ a entrar numa enorme porta, num antigo palácio – só depois se apercebeu que era a Biblioteca Municipal Braamcamp Freire. Desceu, o que viria depois a descobrir – a rua da ‘amargura’. Apreciou durante poucos minutos – o tempo que a ansiedade permitiu – a paisagem do lado esquerdo que se estendia até ao rio Tejo. De novo ouviu aquele ruído metálico e rafeiro vindo de um rádio a pilhas, não vinha de lado nenhum o velho que calmamente empurrava a sua ‘pasteleira’. Examinou, de forma delicada e complacente Matilde, e soltou um suspiro.
– Tenha cuidado – aclarou a garganta e repetiu – tenha cuidado com o que persegue.
– Desculpe?! – Matilde ficou numa paralisia quase profusa.
– Tenha cuidado – fixou-lhe os olhos e desceu fundo, como se de uma montanha russa se tratasse – ele é um ‘Ladrão de Livros’. Rouba-lhes a alma e bebe-lhes a vida. – Naquele instante Matilde já olhava para um imenso vazio, o barulho do rádio tinha desaparecido e com ele as palavras que escutara.
– Mas não somos todos assim? – interrogou-se no meio da sua perplexidade – para que servem os livros? Não é para isso, para lhes roubarmos a Alma e lhes bebermos a Vida?”
ui ui! agora fiquei super curiosa!
e achei o excerto um mimo! MAs que verdade xD
Já está lá no topinho da lista!!
😉
bj
Olá 🙂
quando é que publica a minha entrevista e etc?
Pois mas infelizmente nem toda a gente tem possibilidade para o comprar e ter na sua biblioteca!!!!
Se gostaríamos de o ter??? Claro q sim!!! Mas qd. n se tem possibilidade só se pode olhar para a capa!!!
Obrigado…
Beijo
Olá Tatiana, obrigado =)
Aprendiz de Poetisa, vou publicar quando chegar a vez =)
Magda, acredito e compreendo =)
Carlos, de nada.
Beijinhos