Os Diários da Mulher Peter Pan
Teresa Lopes Vieira
Editora:Bertrand
Nº de Páginas:216
Sinopse: Diana leva uma vida monótona com a família no centro de Lisboa. Em plena crise da meia-idade, ela é constantemente assolada por dúvidas em relação ao rumo da própria existência, que se agravam quando se vê obrigada a viajar para o Equador em negócios. Desadaptada e infeliz, assombrada por tendências depressivas, faz planos para regressar o mais depressa possível a casa.
Um grave acidente, ao qual sobrevive milagrosamente, salva por uma tribo em plena Amazónia, produz uma revolução na sua maneira de ser, levando-a a ficar. Wendy, uma estranha e misteriosa jovem que se torna na sua companheira de viagem, arrasta-a então por aventuras inesperadas. Equador, Colômbia, e Venezuela: três cenários tão maravilhosos quanto agressivos que a transportam para uma outra vida em que tudo pode acontecer, desde as teias do narcotráfico colombiano, aos meandros da política venezuelana. Esta é a história de uma mulher que nasce pela segunda vez, redescobrindo ingenuamente o mundo que encontrou à sua espera, decifrando-o com olhos de criança.
Opinião: Este é o primeiro romance de Teresa Lopes Vieira de apenas 26 anos. Foi um livro que se leu bastante bem. A escrita é simples e fluída, embora haja muito mais narrativa do que diálogo o que acaba por tornar a leitura um pouco solitária.
Foi uma aventura surpreendente, esta que fui vivendo com Diana ao longo do livro. O que inicialmente era uma visita de negócios obrigatória em que Diana ia completamente contrariada, acabou por se tornar numa viagem de redescoberta pessoal em que toda a sua vida até ao momento foi sendo posta em causa por ela própria.
Foi bastante interessante ingressar naqueles países que muitas vezes são vistos como decadentes e pobres, violentos até, e nas teias que a autora foi criando. Quando Diana conhece Wendy numa situação bastanta caricata, cedo a vê como um porto seguro. Até que os comportamentos de Wendy se tornam cada vez mais insólitos e Diana não consegue confiar mais nela.
Achei Diana um pouco volátil demais para a idade que aparenta. O que para ela é importante num minuto, passado uns tempos já não é, e ela vai oscilando neste é que não é várias vezes durante o livro em relação a vários acontecimentos. E com marido e filha em Lisboa, houve por vezes dúvidas que eu achei que nenhuma mãe sentiria. Mas ao mesmo tempo, essas dúvidas permitiram-me conhecer melhor Diana e compreender melhor as suas motivações.
Wendy acabou por ser a personagem que mais me fascinou. Uma mulher bem consciente de si mesma, que faz o que tem de ser feito, embora, para o fim, tenha sido supreendida pelos seus sentimentos quase pondo em causa o seu trabalho.
O fim foi completamente inesperado. Quando comecei a ler as últimas 3 ou 4 páginas não pude deixar de abrir a boca de espanto. Confesso que não tinha previsto aquele desenlace de maneira nenhuma.
Gostei bastante da autora nos ter dado a conhecer sítios tão bonitos que quase nos fazem querer tranportar-nos para lá. É sabido quem são países em que o negócio da droga está bem entranhado nas suas culturas e neste livro a autora aborda bastante esse tema.
Foi uma boa descoberta de uma nova autora portuguesa e a quem vou estar atenta.