O Livro de Areia
Jorge Luis Borges
Editora: Quetzal
Sinopse: «Não mostrei a ninguém o meu tesouro. À felicidade de possuí-lo juntou-se o medo de que mo roubassem, e depois o receio de que não fosse verdadeiramente infinito. Essas duas inquietações agravaram a minha já velha misantropia. Sobravam uns amigos; deixei de vê-los. Examinei com uma lupa a lombada já gasta e as capas e rejeitei a possibilidade de algum artifício. Comprovei que as pequenas ilustrações distavam duas mil páginas uma da outra. Fui-as anotando num registo alfabético, que não tardei a encher. Nunca se repetiram. De noite, nos escassos intervalos que me concedia a insónia, sonhava com o livro.»
Opinião: O Livro de Areia de Jorge Luis Borges, é um pequeno livro de contos que primeiro estranha-se e depois entranha-se. Existe um enorme sentimento de transcendência ao longo da leitura. A constante metafísica presente nos contos, leva-nos por vezes a deambular num mar filosófico que parece não ter fim.
Apesar de ter a sua pitada de fantástico, penso que o grande impacto que este livro acaba por ter no leitor é a obrigação de exercitar a mente e estar completamente atento e concentrado na narrativa se não se quiser perder.
Abordando assuntos como o amor, a política, religião e ideais pessoais, são diversas as formas como o autor nos transmite que nada tem um início ou um fim, pelo menos passível de ser identificado, culminando essa mesma demonstração no último conto intitulado de ‘O Livro de Areia’.
Uma leitura que se mostrou ser uma autêntica descoberta e descodificação de labirintos intrínsecos ao pensamento humano e às suas limitações.