Entrevista a Filipe Costa, Escritor Português

Viva! Em tempo de feira do livro e de lançamento de novidades, deixo-vos aqui a entrevista de mais um autor portuguÊs que lançou recentemente o seu primeiro livro ‘O Templo dos Três Criadores’.

Fala-nos um pouco sobre ti:
Enquanto autor de um primeiro romance recém-publicado, tudo o que podia desejar era que a minha obra fosse a única locutora habilitada para falar por mim. Que seja ela, pois, a ficar com o protagonismo, o autor é secundário neste processo. Acredito que uma obra poderá contar tudo sobre o seu autor, ou pelo menos a sua vertente realmente interessante e que valerá a pena conhecer. E eu não fujo a essa regra, a esse sonho de me ver projectado através da minha obra, do qual este livro constitui apenas um pequeno passo. Que os meus livros sejam um dia a minha única biografia, e que, aparte disso, nas palavras de Alberto Caeiro, ela contenha apenas duas datas: a do meu nascimento e da minha morte. Penso que isto já diz bastante sobre mim.

Qual o teu estilo e ritmo de escrita:
Este é um exercício de auto-avaliação delicado, na medida em que um autor não é leitor dos seus livros, ou pelo menos não o é com a distância e independência necessárias para ser isento e objectivo como se espera numa resposta a uma pergunta como esta. Em breves notas, adiantarei assim que a minha escrita, quanto ao ritmo, tenta ser uma actividade regular, quotidiana, nem sempre se realizando à velocidade desejável, mas progredindo pouco a pouco. Uma escrita que aprendeu que escrever é reescrever, e nesse sentido “pede-me” constantemente para voltar atrás a reler com o fim de corrigir e aperfeiçoar, tendência essa que eu como autor tenho de me esforçar para conter, sob pena da própria escrita se tornar num ciclo vicioso sem saída. Quanto ao estilo, os propósitos da minha escrita são tornar-se heterogénea, abrangente, rica em vocabulário, tocando em tudo sempre na medida certa, sem pecar por excesso nem por escasso. Sonha agradar a todos os leitores, mas abe que tal tarefa será sempre impraticável. No fundo, trata-se de uma escrita humilde e acabada de sair da gaveta, com consciência que terá seguramente ainda muito para aprender, muitas outras letras e palavras para conhecer e muita tinta para derramar. Em suma, muito para melhorar.

Quais as tuas influências:
As influências são muitas e variadas, estendendo-se por pessoas, leituras, locais, memórias, e outras, pelo que nem sempre é fácil individualizá-las. Tentarei, contudo, dissecar algumas que elejo como principais: numa perspectiva geral, a minha escrita foi naturalmente influenciada pelo meu processo de aprendizagem, onde tive a sorte de me cruzar com grandes professores, em especial de língua portuguesa, com os quais muito aprendi e que sempre me incentivaram a explorar a minha vertente literária. No que toca ao meu livro em concreto, ele foi obviamente influenciado pelas minhas muitas leituras desde tenra idade, sendo incontornável que os livros pertencentes ao género do fantástico ocupem um lugar de destaque entre os que mais me inspiraram na criação do meu livro (o que inclui certamente autores como JK Rowling, JRR Tolkien, Phillip Pullman, George Martin, apenas para citar os principais). Na construção da história em si, terão havido com certeza influências ao nível histórico, em especial no que toca à mitologia da Antiguidade Clássica, já que a mitologia acaba por ser o sustentáculo em que assenta a construção daquele mundo. De resto, também há quem seja capaz de descortinar a influência de uma serie televisiva em concreto sobre este livro. Para além disso, quem o vier a ler facilmente se aperceberá de que as próprias cores e a relação entre elas tiveram influência na construção da história. E como estas haverá seguramente outras tantas, muitas das quais nem chego a ter consciência.

O que é que nos podes contar sobre a tua obra?
O Templo dos Três Criadores é um livro que se pretende afirmar como o início de uma saga de fantasia, saga essa apelidada de “Crónicas de Lusomel”. Sendo um livro de fantasia, ele pode ser, dentro desta, enquadrado no subgénero high fantasy, no sentido em que a acção se desenrola num mundo inteiramente criado de raiz, designado por “Arquipélago de Lusomel”, ou simplesmente “Lusomel”. Como livro de fantasia que é, vai naturalmente beber às grandes obras de fantasia de raiz tolkiana que hoje em dia já se tornaram parte do ideário da cultura geral massificada (designadamente na criação de um mundo de inspiração medieval, no tipo de cenários, na magia, etc.). Como já referi anteriormente, as influências são por demais evidentes, e saltam facilmente à vista. O que tem então a minha obra de diferente? Começaria por dizer aquilo que não tem: não tem elfos nem anões, vampiros ou dragões, nem muitas das criaturas que pululam habitualmente pelo mundo do fantástico. Em Lusomel, o mundo é habitado maioritariamente por povos humanos distintos entre si, e é no seio de uma civilização humana – mas em muitas coisas totalmente diferente da nossa – que gira a trama desta história, centrada na busca por um volume desaparecido das “Crónicas de Lusomel”, os livros sagrados, e nas revelações que o mesmo poderia conter. Convido-vos a ler para desvendarem o resto.

O que te levou a escrever na área do fantástico?
O facto de ser um género do qual sou apaixonado assumido. O facto de ser um género capaz de nos transportar para lá das barreiras da realidade e de nos fazer explorar os limites da nossa imaginação. O facto de ser um género capaz de trazer para o nosso mundo novos mundos infinitamente mais interessantes. E que gozo que me deu escrever dentro desta área!

Como foi o caminho até à publicação deste teu primeiro romance? Tiveste muitas dificuldades em publicar? Fala-nos um pouco sobre esse processo.
Honestamente, nunca confiei que as portas das editoras e das livrarias se abrissem de rompante à chegada do meu livro ao mercado. Estava suficientemente informado sobre o processo de publicação para saber de antemão os obstáculos que teria de enfrentar. Sim, encontrei dificuldades, mas nada que não tivesse à espera, e que no fundo vieram a demonstrar-me claramente qual era de facto o meu ponto de partida, e o que teria (e terei) de lutar para encontrar o meu espaço no mercado literário. Desse ponto de vista foi um processo positivo. Este é, efectivamente, o meu primeiro romance publicado, um romance de um autor ainda desconhecido do público e que pretende ser apenas o primeiro passo de um projecto que ambiciona ser maior e ao qual pretendo dar continuidade, mas que ainda tem um longo caminho a seguir. Todos esses factores puseram em dúvida a viabilidade deste meu projecto. Sim, bati com o nariz em muitas portas, tive contactos felizes e infelizes, encontrei editoras muito profissionais, outras nem tanto, tudo isso fez parte de um percurso que sempre encarei com normalidade. Ao fim de um ano, deparei-me finalmente com a editora Alfarroba, que me fez a proposta mais interessante e que me levou a querer arriscar a minha sorte no mercado editorial, e foi assim cheguei até aqui. Agradeço, por isso, a oportunidade que a Alfarroba me proporcionou, ciente de que foi apenas uma porta que se abriu entre muitas outras que ainda terei que destrancar.

Onde vais buscar ideias para criar as tuas histórias?
Elas advêm naturalmente dos diversos tipos de influências que já tive oportunidade de abordar aqui. Mas o maior desafio em escrever não reside no surgimento da ideia, mas sim nas etapas que vêm depois. Após a consolidação dessa ideia, será necessário somar-lhe alguns momentos de inspiração, e muitos horas de trabalho, persistência e suor, sendo na conjugação desses factores que se molda uma história digna desse nome.

Projectos Futuros:
Ao nível literário, estou a trabalhar no desenvolvimento da saga “Crónicas de Lusomel”, e assim dar continuidade a este meu primeiro livro publicado. Ainda em 2012, haverá um outro texto meu objecto de publicação, que se trata de um conto que submeti à 1ª edição do concurso literário “Erótica Fantástica” desenvolvida pela editora brasileira Draco no final do ano passado, e que veio a ser selecionado para integrar a respectiva Antologia de contos eróticos no domínio do fantástico e da ficção científica, Antologia essa que deverá ser publicada no final deste ano, e que aguardo com natural expectativa. Espero também para este ano fazer chegar o meu primeiro livro ao máximo número de leitores, desenvolvendo campanhas no sentido de dar a conhecer este meu projecto literário. Aproveito para informar que marcarei presença na Feira do Livro de Lisboa no próximo Domingo dia 6 de Maio, a partir das 17 horas. Poderão encontrar-me ainda através dos seguintes contactos:
• Blog pessoal: http://cronicasdelusomel.blogspot.pt/
• Página Facebook: http://www.facebook.com/pages/Cr%C3%B3nicas-de-Lusomel/204720352964224

Pergunta da praxe – o que achas do blog Morrighan?
Um blog fantástico ao nível dos conteúdos para qualquer amante de livros, que acompanho com todo o gosto. Deixarei apenas aqui uma sugestão que já li ter sido dada por outros entrevistados antes de mim: a necessidade de ser feita uma mudança de layout, dando-lhe uma cara nova.

Sobre a Obra do Autor Aqui no Blog: https://branmorrighan.com/2012/05/divulgacao-o-templo-dos-tres-criadores.html

Obrigada Filipe!

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Vasco Francês
Vasco Francês
12 anos atrás

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  • Sobre

    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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