Já que tenho acompanhado esta polémica um pouco desde o início, não queria deixar de partilhar com os que se mostraram igualmente indignados com as declarações da autora Margarida Rebelo Pinto (https://branmorrighan.com/2012/08/margarida-rebelo-pinto-ridiculariza-se.html), a excelente crónica de Tiago Mesquita no jornal Expresso. Aqui fica então:
Uma crónica de Margarida Rebelo Pinto, apesar de publicada no jornal Sol em 2010 (!), correu as redes sociais nos últimos dias, gerando ondas de protesto e indignação. Fiquei curioso. Decidi autoflagelar-me e fui ler.
A crónica, intitulada “as gordinhas e as outras” visava um grupo especifico que Margarida – a magra – fez questão de distinguir das demais mulheres. Basicamente a “gordinha” era retratada por Margarida como mais um “gajo” entre muitos, com a particularidade de ter uma vagina e maminhas e, de sorriso nos lábios, estar sempre disposta a partilhá-las com todos os “gajos” que consigam entornar mais do que sete vodkas (segundo Margarida, a partir do sétimo “qualquer bisonte se transforma numa mulher sexy, mesmo que seja uma peixeira com bigode do Mercado da Ribeira” – ficámos a saber como funciona o cérebro de algumas pessoas). As gordinhas “falam de sexo à mesa”, “apanham grandes bebedeiras” e consomem “outro tipo de substâncias dadas a euforia” (só as gordinhas a consomem?), urinam de pé e “dizem palavrões”, sempre sem serem recriminadas.
Se não achasse que a referida autora está para a escrita como o senhor Tobias, que me pintou os rodapés do corredor, está para as Belas Artes, provavelmente ter-me-ia chocado. Mas não. Depois temos “as outras”, as que sabem escrever – graças a Deus. Os livros que vai expelindo aparecem nos escaparates normalmente agrafados a um brinde ou enfeitados. Um enorme laçarote, um espelho de rosto, um batom ou uma caixinha de pensos higiénicos. Em boa verdade o livro é o brinde, e não o contrário. Há que distrair os potenciais leitores, não deixá-los perceber de que há papel para além do higiénico, ou vão achar que mais valia terem gasto os quinze ou vinte euros no café da esquina a esfregar raspadinhas, ou pegado na “gordinha” e tirado a barriga de misérias num restaurante de rodízio.
Adiante. Do texto depreende-se que uma “gordinha” não pode ser uma miúda gira, é uma impossibilidade. Dois pontos para as magras. Isto porque Margarida diz ter amigas muito “bonitas” e “boazonas” e que ela mesmo, no fundinho, se considera uma tipa gira: “ser gira dá trabalho e requer alguma diplomacia” – afirma. De nada valerá dizer que há muitos “gajos” (um problema recorrente de quem só se dá com “gajos” é escapam-lhe os homens) que, mesmo com catorze vodkas em cima, não se atreveriam a cometer a proeza de tentar ter uma conversa minimamente inteligente com algumas pessoas ( e não estou a falar do excesso de álcool), quanto mais levá-las para onde quer que fosse.
O texto termina com mais uma pérola: “Como dizia a Wallis Simpson: “Never too rich, never too slim”. E quanto às Gordinhas, o melhor é arranjarem um namorado. Ou uma dieta. Ou as duas coisas.”
Eu acrescento, cara Margarida, como tão bem diria Walter Gropius:”o cérebro humano é como um chapéu de chuva: funciona melhor quando aberto.” E dão muito jeito, uma coisa e a outra. Ter ambas é o ideal: um guarda-chuva e um cérebro.
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PAHAHAHAH! Adorei! XD