Confesso que não sou dada a mexericos. Raramente espreito o que se passa nos mundos cor-de-rosa, ou até mesmo na restante blogosfera. No entanto, há coisas que por vezes nos suscitam uma curiosidade em dose excessiva por ser tão ridículo.
Num artigo de opinião intitulado como ‘As Gordinhas e as outras’, a escritora Margarida Rebelo Pinto escreve o seguinte:
Serve esta crónica para retratar e comentar um certo elemento que existe frequentemente em grupos masculinos e que responde pelo nome genérico de ‘Gordinha’
A Gordinha é aquela amigalhaça companheirona que desde o liceu cultivava o estilo maria-rapaz, era espertalhona e bem-disposta, cheia de energia e de ideias, sempre pronta para dizer asneiras e alinhar com a malta em programas. Ora acontece que a Gordinha é geralmente gorda e sem formas, tornando-se aos olhos masculinos pouco apetecível, a não ser em noites longas regadas a mais de sete vodkas, nas quais o desespero comanda o sistema hormonal, transformando qualquer bisonte numa mulher sexy, mesmo que seja uma peixeira com bigode do Mercado da Ribeira.
A Gordinha é porreira, é fixe, é divertida, quer sempre ir a todo o lado e está sempre bem-disposta, portanto a Gordinha torna-se uma espécie de mascote do grupo que todos protegem, porque, no fundo, todos têm um bocado de pena dela e alguns até uma grande dose de remorsos por já se terem metido com a mesma nas supracitadas funestas circunstâncias. E é assim que a Gordinha acaba por se tornar muito popular, até porque, como quase nunca consegue arranjar namorado, está sempre muito disponível para os mais variados programas, nem que seja ir comer um bife à Portugália e depois ao cinema.
À partida, não tenho nada contra as Gordinhas, mas irrita-me que gozem de um estatuto especial entre os homens. Às Gordinhas tudo é permitido: podem dizer palavrões, falar de sexo à mesa, apanhar grandes bebedeiras e consumir outras substâncias igualmente propícias a estados de euforia, podem inclusive fazer chichi de pernas abertas num beco do Bairro Alto porque como são ‘do grupo’ toda a gente acha muita graça e ninguém condena.
Agora vamos lá ver o que acontece se uma miúda gira faz alguma dessas coisas sem que surja logo um inquisidor de serviço a apontar o dedo para lhe chamar leviana, ordinária, desavergonhada e até mesmo porca. Uma miúda gira não tem direito a esse tipo de comportamentos porque não é one of the guys: é uma mulher e, consequentemente, deve comportar-se como tal. E o que mais me irrita é quando as Gordinhas apontam também elas o dedo às giras, quando estas se comportam de forma semelhante a elas.
Ser gira dá trabalho e requer alguma diplomacia. Que o digam as minhas amigas mais bonitas e boazonas que foram vendo a sua reputação ser sistematicamente denegrida por dois tipos de pessoas: os tipos que nunca as conseguiram levar para a cama e as gordas que teriam gostado de ter sido levadas para a cama por esses ou por outros. Uma mulher gira não pode falar alto nem dizer palavrões que lhe caem logo em cima. Já uma Gordinha pode dizer e fazer tudo o que lhe passar pela cabeça, porque conquistou um inexplicável estatuto de impunidade.
Porquê? Porque não é vista como uma mulher? Porque todos têm pena dela? E, já agora, porque é que quando uma mulher está/é gorda nunca ninguém lhe diz, mas quando está/é magra, ninguém se coíbe de comentar: «Estás tão magra!?»
Como dizia a Wallis Simpson: «Never too rich, never too slim». E quanto às Gordinhas, o melhor é arranjarem um namorado. Ou uma dieta. Ou as duas coisas.
Em: http://sol.sapo.pt/inicio/Opiniao/interior.aspx?content_id=250&opiniao=Opini%E3o
Ora, eu não sei com o que é que fiquei mais chocada. Nem sei se é choque a palavra certa. O certo é que nunca li um livro desta senhora e a partir deste momento podem crer que nunca o vou fazer. Talvez a intenção seja essa mesmo, chamar a atenção para si mesma e às tantas ainda a estou a ajudar. Mas acho que o leitor deve ter alguma consciência das pessoas que são os escritores dos livros que lêem.
Não sei por que traumas passou esta senhora, mas isto é vergonhoso e traz um todo novo sentido ao conceito de xenofobia.
Não sei qual é a vossa opinião, mas isto a mim deixa-me extremamente indignada. E não, não sou gorda. Dada a minha vida como atleta tal quase seria impossível, mas isto não deixa de me corroer por dentro, qual veneno mais nojento.
E mais não digo.
Não sou fã da MRP mas não vejo qualquer problema com esse texto. Para mais, acho que a autora do blogue precisa de umas luzes sobre o significado de "xenofobia".
Se o "Anónimo" necessitar de alguma luzes sobre xenofobia, e que ela não se cinge apenas a raças e culturas, pois pode associar-se a grupos ou subculturas, que me avise. Terei todo o gosto em esclarecer.
Aacabei de ver o meu passado nas palavras da escritora..nada mais correcto!!! Sem dúvida que é a pura verdade, eu passei por isso, isso acontece de verdade!! Foi bom ler, foi bom ter algo em palavras que explique os momentos da nossa vida! No entanto, acho que hoje em dia já nao funciona assim, pois a gordinha ja tem vontade de ser mulher, ser gira, os tempos mudam, mas no meu tempo foi assim!
Julgo que a palavra que procuram é "discriminação". A xenofobia deve-se apenas aplicar a pessoas de outros países, culturas, subculturas ou sistemas de crenças. Neste caso, o que a autora queria era realçar a componente de exclusão sociológica e, logo, de discriminação.
O principal problema é a generalização absurda que é feita de um caso particular (provavelmente na experiência de vida da autora, MRP), que é avaliado sobre um óculo bastante pessoal de aparente falta de auto estima, e que acaba a englobar um mundo inteiro.
Só tenho pena que aquele espaço de jornalismo não tenha sido mais honrado
concorco com o compal…no meu caso as magras que conheço são elas que gozam, apontam os dedos…e n são as "coitadinhas" que sacrificam para serem perfeitas e são julgadas…mas mesmo assim lá porque conheci cabras magras, tb as conheci gordas…e n vou escrever sobre as mesmas como se representassem um todo…há pessoas boas e más…se são gordas, magras n me interessa…neste caso a escritora é magra e é estúpida em pensar que todas as gordas são assim…em pensar que as suas amigas são chamadas cabras por inveja…devem ser umas belas cabras por acções próprias…talvez tenham escrito textos assim tb…enfim respeitar-nos uns aos outros que tal?…
para n falar que não li nenhum livro da autora nem estou interessa, se a polémica do texto é fazer as luzes da ribalta incidir sobre ela…resultou…nc iria saber que ela escreve nesse jornal, que ainda escreve de todo…conseguiu isso…a custa de denegrir imagens dos outros…mas conseguiu!…só espero que os seus leitores, que lhe compram os livros, n sejam as "gordinhas" retratadas…aí é que se mete numa boa alhada 😛
Tinkerbell, foi exactamente esse o meu pensamento x)
Se as suas leitoras forem as gordinhas, então coitada.
cada um faz a sua própria cova…what goes around…comes around! XD
E anda esta mulher a vender livros… Do pouco que já espreitei, não a acho minimamente capaz de escrever algo de jeito, e esta crónica vem apenas provar que é uma mulherzinha fútil e sem vergonha na cara.
O conteúdo deste texto é no mínimo ofensivo. Despejá-lo para uma sociedade como a nossa é gozar com a cara das pessoas. Talvez a autora não tenha noção do que as (e os) "gordinhas" sofrem no dia-a-dia, nem dos problemas de anorexia e coisas piores que opiniões destas fomentam, mas bastava um mínimo de bom senso para saber que aquilo que diz é absolutamente absurdo e vergonhoso.
Li um livro dela, um único. e Jurei para nunca mais, achei a escritora muito fútil e ignorante. E isto só vem comprovar.
Fui sempre mais "mal-tratada" como muito magra do que enquanto muito gorda e quando estava magra sempre me disseram que estava mais antipática e sempre fui alvo de muitas mais criticas; desde que engordei as pessoas tendem a ser bem mais porreiras comigo.Estranho…mas essa é a minha experiencia…
Não sei como um texto de 2010 veio de novo para a ribalta…deve ter sido a própria a dar-lhe vida para ter publicidade gratuita 😉