Lembro-me de Ti
Ysra Sigurdardóttir
Editora: Quetzal
Sinopse: Três jovens propõem-se recuperar uma velha casa de uma aldeia abandonada, algures nos Fiordes Ocidentais islandeses.
Mas não imaginam o cataclismo que este inofensivo trabalho vai desencadear. Na outra margem do fiorde, um psiquiatra investiga o suicídio misterioso de uma mulher mais velha que poderá estar ligado ao desaparecimento do seu próprio filho.
Estas duas intrigas vão convergir para uma história de um enorme suspense que os críticos têm considerado tratar-se da melhor que até agora saiu da pena de Yrsa Sigurdardóttir – Lembro-me de Ti foi galardoado com o Prémio de ficção Policial Nórdica de 2011, e os direitos de adaptação ao cinema comprados pelo produtor islandês radicado em Hollywood Sigurjón Sighvatsson (Wild at Heart e the Killer Elite, entre dezenas de outros).
Um thriller policial arrebatador, uma leitura saborosamente arrepiante.
Opinião: Apesar de não ser o primeiro livro editado em Portugal por Ysra Sigurdardóttir, Lembro-me de Ti é a primeira obra que leio sua. Penso que foi uma muito boa estreia e fiquei com vontade de ler mais obras suas.
Lembro-me de Ti passa-se na Islândia, em dois locais distintos que no fim acabam por convergir para um único. A autora foi sem dúvida de uma mestria fantástica ao conduzir situações que, ao início, nada pareciam ter a haver uma com a outra, mas que no fim se torna inevitável não se cruzarem. A descrição das paisagens também me conquistou e gostei imenso de saber mais sobre este país gelado.
A história em si não é uma das histórias clássicas de policiais, mas sim mais virada para o sobrenatural. Temos aparições, fantasmas, eventos quase inexplicáveis, mas que deixam o leitor em sentido de alerta constante. Este é um ponto forte da autora. A sua escrita é bastante natural, consistente e transmite um realismo gráfico ao leitor.
Outro ponto forte são sem dúvida as personagens. Estão muito bem caracterizadas e extremamente realistas.
De um lado temos três jovens que decidem recuperar uma casa em mau estado. À medida que o vão fazendo, estranhos acontecimentos tomam lugar. Pegadas molhadas, conchas vindas de lado nenhum, uma voz aterradora que aparece e desaparece como bem lhe apetece e aos poucos vão acontecendo alguns desastres. Descobrem ainda que dos antigos donos daquela casa, a mãe e um dos filhos morreram congelados mesmo ali ao pé da casa.
Do outro lado temos um psiquiatra que foi chamado para investigar o arrombamento de uma escola, mas que acabou por evoluir para o caso do desaparecimento do seu filho, três anos antes. O cruzamento de histórias e de coincidências começa a mexer com a cabeça deste e quando o filho lhe aparece no escritório a pedir que este conte a verdade porque só assim o encontrará, ele pensa que enlouqueceu.
A componente psicológica é bastante forte e intensa. A maneira como a autora conduz as personagens ao longo do livro, deixa o leitor ansioso. No fim existe um pico de expectativa que, confesso, me deixou um pouco à espera de mais. Penso que houve situações que mais valia a autora ter deixado em aberto e sujeito à especulação por parte do leitor.
Foi sem dúvida uma boa leitura e recomendo sem reservas. Volto apenas a frisar que este é mais um livro sobrenatural do que propriamente ficção policial. Por último, adorei a capa. Está sem dúvida lindíssima e completamente enquandrada com a história. Gostei Muito.